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Bovinos / Grãos / Máquinas

Leveduras vivas ajudam as vacas a mitigar o estresse por calor

Mais e mais novas instalações e melhorias no ambiente têm sido utilizadas para ajudar a manter a produção de leite com menores perdas nesta estação do ano tão desafiadora.

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Foto: Shutterstock

O período de verão na maior parte do Brasil traz, além das altas temperaturas, a alta umidade relativa do ar. Estas duas variáveis acabam interferindo de forma significativa na habilidade de troca de calor pelos animais com o ambiente. Sempre se menciona o impacto negativo da temperatura sobre a produção animal, notadamente na produção leiteira, mas não se deve deixar de considerar que há impacto também da alta umidade nesta produção.

Pela própria origem dos animais de produção leiteira europeias, verifica-se que vieram de regiões frias, tais como a raça Holandesa (Holstein-Friesian), a Jersey e as demais raças cuja zona de conforto térmico gira em torno de – 5 a + 20°C. Espera-se perdas econômicas quando os animais estão fora desta zona de temperatura termoneutra que podem ser: redução da ingestão de matéria seca, menores produções de leite e alteração em sua composição em sólidos, acidose ruminal, aumento do estresse oxidativo e desencadeamento de doenças, queda nos índices reprodutivos, etc. Também vale deixar claro que o estresse térmico não se restringe aos animais leiteiros, animais de corte também são afetados.

O primeiro ajuste de manejo a auxiliar os animais a combaterem o estresse térmico é fornecer água a vontade e de qualidade e com fácil acesso. Basta considerar que algumas vacas, dependendo do estádio de lactação, produção de leite e temperatura ambiental, podem consumir diariamente até 150 L de água.

Mais e mais novas instalações e melhorias no ambiente têm sido utilizadas para ajudar a manter a produção de leite com menores perdas nesta estação do ano tão desafiadora.

Há cinco maneiras pelas quais as vacas trocam calor com o ambiente: convecção, condução, radiação (estas três primeiras de são resfriamento não-evaporativo), além de transpiração e respiração (que são, por sua vez, chamadas de resfriamento evaporativo). O que é interessante destacar é que as três primeiras formas só ocorrem quando há uma boa diferença entre a temperatura ambiental e o corpo do animal. A partir de uma determinada temperatura ambiental (aprox. 20°C), a troca de calor passa a ser muito dependente do resfriamento evaporativo, ou seja, respiração e transpiração, diminuindo muito a participação percentual da troca pelos métodos não-evaporativos.

Em relação aos fatores ambientais, como mencionado, a alta temperatura, aliada à alta umidade afetam negativamente a produção de leite, tanto que pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, estabeleceram estudos que avaliaram o quanto o índice de temperatura e umidade (ITU ou THI, em inglês) afeta a produção de leite. As faixas de ITU avaliadas estão no Figura 1.

Já na Tabela 1 evidencia-se que na faixa de ITU entre 68 e 71, há perda de cerca de 280 mL de leite para cada hora em que a vaca permanecer nesta condição e isso pode chegar a algo como 320 mL de leite perdido por hora na faixa em que o ITU está entre 80 e 89.

Exemplo

Apenas para exemplificar uma avaliação feita em uma fazenda em Santa Rosa (RS), o período de verão teve a seguinte distribuição média dos ITU ao longo do dia, durante 4 meses, que gerou perdas calculadas potenciais de mais de 6 kg/vaca/dia, considerando as faixas de ITU da figura 2.

Há também aditivos sendo utilizados para mitigar o estresse térmico por meio da nutrição de bovinos. Entre eles está ranqueado a levedura viva, que atua para melhorar o rúmen, o órgão que sofre impacto direto quando o animal passa pelo estresse por calor.
Em trabalho recentemente, os pesquisadores da Universidade da Flórida liderados pelo Prof. Dr. José Santos, demonstraram que a levedura viva tem efeito benéfico sobre as vacas nestas condições desafiadoras daquele estado norte-americano e, de maneira similar, nos países em que o verão é quente e úmido, como no Brasil.

A levedura viva Saccharomyces cerevisiae de identidade CNCM I-1077 usada na dose convencional e no dobro da dose para esta condição de estresse térmico foi muito efetiva para as vacas do ensaio.

Em termos de produção de leite corrigido para energia, conforme pode ser notado na figura 3, a levedura da cepa I-1077 aumentou 1 kg de leite se usada na dose padrão e 2 kg quando usada no dobro da dose.

As doses de levedura melhoraram a eficiência alimentar em 90 e 130 g/kg de matéria seca ingerida na dose menor e maior, respectivamente. Também houve maior produção de todos os sólidos avaliados: gordura, proteína e lactose, melhoria na digestibilidade aparente dos nutrientes, melhor comportamento ingestivo, melhores parâmetros ruminais e menor resposta inflamatória das vacas suplementadas.

Em vista do exposto, além das medidas de manejo convencionais para suportar o estresse térmico, ajustes nutricionais e uso de aditivos como a levedura viva CNCM I-1077 foi muito importante para conseguir mitigar esse efeito em vacas em lactação.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: jmoro@lallemand.com.

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Fonte: Por: Lucas Mari, médico-veterinário, mestre e doutor em Ciência Animal e Pastagens Gerente de Suporte Técnico para América do Sul – Lallemand Animal Nutrition

Bovinos / Grãos / Máquinas

Especialistas enumeram estratégias para evitar erros na escolha dos aditivos para a dieta dos bovinos

Cada raça de ruminante e cada sistema de produção possuem exigências específicas, por isso a introdução de novos alimentos na propriedade deve ser feita de forma criteriosa, levando em conta a disponibilidade, o custo e a qualidade do alimento.

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Foto: Arquivo OP Rural

Desde a produção de carne até a produção de leite, o manejo nutricional adequado na pecuária é um dos pilares centrais para garantir a eficiência produtiva e a qualidade dos produtos finais. Uma dieta equilibrada garante o desenvolvimento saudável dos bovinos e deve ser formulada com base nas necessidades específicas de cada fase da vida do animal. Nutrientes essenciais, como proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais, devem ser fornecidos em quantidades adequadas para garantir o crescimento adequado, a produtividade e a saúde geral do rebanho.

Doutor em Nutrição de Ruminantes, zootecnista, médico-veterinário, pesquisador e coordenador da área de produção animal no IDR-Paraná, Vanderlei Betti: “Muitos produtores não têm plena consciência do valor agregado de sua produção e do capital investido, o que pode dificultar a gestão eficaz da propriedade” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Além de garantir que as dietas sejam balanceadas, é fundamental oferecer alimentos de alta qualidade para os bovinos, uma vez que influenciam diretamente na digestibilidade, na absorção de nutrientes e na saúde gastrointestinal dos animais. Isso inclui forragens frescas, silagem bem conservada, grãos de qualidade e suplementos nutricionais adequados. “Um animal bem nutrido não apenas apresenta um melhor desempenho produtivo, mas também possui um sistema imunológico mais robusto, reduzindo assim a incidência de doenças e problemas de saúde”, ressalta o doutor em Nutrição de Ruminantes, zootecnista, médico-veterinário, pesquisador e coordenador da área de produção animal no Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Vanderlei Betti, em entrevista exclusiva concedida ao Jornal O Presente Rural.

De acordo com o especialista, a formação de dietas balanceadas considera os recursos disponíveis, como pastagens e silagens, fornecidos pelo produtor, para verificar a necessidade de suplementação. “Uma análise do pasto e da silagem fornecida é essencial para determinar a quantidade necessária de nutrientes, garantindo que o animal receba as exigências nutricionais específicas para alcançar seu máximo potencial de produção, seja de leite ou carne, que é influenciado pela genética e pela adequada nutrição fornecida pelo produtor”, pontua.

No contexto da pecuária de corte, Betti frisa a importância de adequar a dieta para lotes maiores de animais, levando em consideração a homogeneidade do grupo e as diferentes exigências nutricionais de cada categoria animal. Ao garantir uma alimentação balanceada e específica para cada grupo, os produtores podem otimizar a produção do rebanho. “É importante monitorar de perto o desempenho individual dos animais. Variações dentro do rebanho podem indicar a necessidade de ajustes na alimentação e na gestão do lote, visando manter a homogeneidade e atender melhor às exigências nutricionais de cada animal”, pondera.

O profissional destaca dois erros comuns cometidos na nutrição de ruminantes. O primeiro é colocar mais nutrientes do que o necessário para atender as exigências de um determinado lote ou categoria animal, resultando em desperdício. “Além de jogar recursos fora, isso aumenta os custos sem trazer benefícios adicionais, impactando negativamente a rentabilidade da propriedade”, frisa.

E o segundo é balancear uma dieta deficiente em nutrientes, o que compromete o desempenho do animal e o retorno financeiro esperado. “Por isso que é tão importante fazer a anotação zootécnica detalhada do rebanho, considerando peso, idade, categoria do animal, entre outros dados, para garantir a formação de lotes homogêneos e maximizar a rentabilidade da atividade pecuária”, enaltece Betti.

Fotos: Shutterstock

Custos com alimento substituto

Cada raça de ruminante e cada sistema de produção possuem exigências específicas, por isso a introdução de novos alimentos na propriedade deve ser feita de forma criteriosa, levando em conta a disponibilidade, o custo e a qualidade do alimento. “Ao considerar o caroço de algodão como alimento substituto é essencial garantir sua disponibilidade em quantidade suficiente e por um período prolongado, além de avaliar se o preço é competitivo em relação a alternativas locais, como o farelo de soja”, menciona o pesquisador.

Outro fator que deve ser levado em consideração é o tempo de adaptação do rúmen do animal a novos alimentos, que, em média, pode ser de pelo menos 15 dias.  “É essencial garantir a disponibilidade do alimento por um período que permita essa adaptação. Além disso, o custo do nutriente substituto deve ser mais baixo em comparação com os alimentos padrão da região, como o farelo de soja, para garantir sua viabilidade como substituto”, considera Betti, contato que na pesquisa são usados o farelo de soja e o milho como os padrões para alimentos proteicos e energéticos. “Ao considerar um alimento substituto, é necessário avaliar se ele apresenta um custo inferior ou igual aos alimentos padrões estabelecidos, garantindo eficiência econômica e nutricional na formulação da dieta dos ruminantes”, pondera Betti.

Qualidade nutricional

O zootecnista salienta que os alimentos de melhor qualidade fornecem mais nutrientes disponíveis, o que permite uma redução na quantidade de alimento fornecido, resultando em economia para o produtor sem comprometer o desempenho planejado para os animais. “Para garantir uma resposta eficaz, é essencial conhecer os dados nutricionais de cada alimento fornecido na propriedade aos animais, seja forragem, concentrado ou ração formulada. A análise química desses alimentos é fundamental para assegurar que a formulação da dieta atenda às necessidades específicas dos animais, promovendo o desempenho esperado”, evidencia.

Quanto às raças, Betti é enfático ao afirmar que todas têm grande potencial, desde que sejam criadas, alimentadas e manejadas de forma adequada. “O sucesso na produção de carne ou leite começa desde o nascimento do animal. É fundamental manejar as vacas prenhes para garantir uma gestação saudável e um parto sem complicações, proporcionando um bom começo de vida para o bezerro ou a novilha. Além disso, é preciso nutrir adequadamente esses animais para que expressem todo o potencial genético herdado, porque erros na criação e recria podem resultar em perdas significativas de produção, especialmente na pecuária leiteira, onde o desenvolvimento do sistema produtivo ocorre nas fases iniciais da vida do animal”, esclarece.

Maximizando potencial de produção com uso de aditivos

O médico-veterinário menciona que os produtores que já dominam a produção de forragem com qualidade e quantidade adequadas ao longo do ano, os ajustes finos na dieta se tornam essenciais. Nesses casos, o uso de aditivos e suplementos de última geração, como aminoácidos limitantes, torna-se prioritário para maximizar o desempenho dos animais, que já estão próximos do seu potencial genético máximo.

Gerente de P&D Ruminantes da Trouw Nutrition, Marco Aurélio Porcionato: “Existem diversos aditivos que melhoram o desempenho zootécnico dos animais, de forma que sua ação resulte em maior ganho de peso, mais carne depositada nas carcaças, aumento da produção e de sólidos do leite” – Foto: Divulgação

Existe uma vasta gama de soluções nutricionais disponível para bovinos de corte e leite, permitindo a incorporação de diversos aditivos de acordo com a raça, sistema de produção, categoria, fase e estratégia nutricional. “Utilizamos diversos moduladores da microbiota ruminal, tais como ionóforos e leveduras, além de reguladores de pH ruminal, como tamponantes e alcalinizantes. Também empregamos adsorventes de micotoxinas, hidroxi-minerais, complexos vitamínicos e nutracêuticos, como ácidos graxos by-pass, e proteção contra chuvas, visando agregar valor ao negócio dos produtores”, destaca o zootecnista, mestre em Produção Animal, doutor em Zootecnia e pós-doutor em Nutrição e Produção Animal, Marco Aurélio Porcionato.

De acordo com ele, os aditivos podem aprimorar a eficiência alimentar do rebanho de duas maneiras distintas: através da incorporação de aditivos que atuam diretamente nos alimentos, ou seja, nas matérias-primas que compõem os produtos ou a dieta dos animais, auxiliando na digestão – um exemplo disso são as enzimas. E uma segunda maneira é de forma indireta, por meio do uso de aditivos que regulam a flora ruminal ou intestinal, promovendo a seleção dos microrganismos que aproveitam os alimentos de maneira mais abundante e eficaz.

Em relação aos aditivos conhecidos por promover a saúde intestinal dos ruminantes, Porcionato destaca que há duas categorias distintas: os probióticos, que consistem principalmente em microrganismos vivos que conferem benefícios à saúde, e os prebióticos, substâncias que servem como alimento para o crescimento e atividade dos microrganismos benéficos ao hospedeiro.

No que tange ao papel dos probióticos e prebióticos na saúde intestinal, o gerente ressalta que os probióticos favorecem a colonização e a restauração da flora intestinal, fortalecendo a barreira de defesa e equilibrando o fluxo de nutrientes através das células intestinais. Por outro lado, os prebióticos regulam o crescimento dessa flora, atuando como fonte de alimento para as bactérias benéficas que habitam esse ambiente intestinal.

 Benefícios da suplementação

Porcionato frisa que é fundamental que os animais recebam suplementação mineral e vitamínica que atendam suas exigências nutricionais complementando a dieta basal, que, em sua grande maioria, são as pastagens. “Os minerais e vitaminas participam de quase todos os processos bioquímicos no organismo, desempenhando papéis importantes na estrutura dos tecidos, modulações hormonais, no equilíbrio dos fluídos intra e extracelulares, além de serem catalisadores enzimáticos. Em resumo, contribuem para a manutenção, saúde, crescimento, produção e reprodução dos animais”, salienta.

O profissional afirma que existem aditivos específicos para melhorar a qualidade da carne e do leite, atuando como prebióticos ou probióticos, que resultam de forma direta ou indireta na qualidade da carne e leite, tais como: ionóforos, tamponantes, enzimas, complexos vitamínicos, sais e extratos naturais, que melhoram o marmoreio, os sólidos do leite, a composição e características desses produtos de origem animal. “É possível encontrar no mercado diversos aditivos que melhoram o desempenho zootécnico dos animais, de forma que sua ação resulte em maior ganho de peso, mais carne depositada nas carcaças, aumento da produção e de sólidos do leite, que impactam positivamente a remuneração dos pecuaristas”, informa.

 Como incorporar aditivos na dieta do gado

Quanto à incorporação de aditivos na dieta do gado, Porcionato explica que geralmente as doses desses aditivos são muito pequenas, na ordem de gramas, micro ou miligramas. “A recomendação é que se faça uma pré-mistura menor, ou seja, o aditivo com algum alimento de maior quantidade, antes de adicioná-los ao misturador ou vagão de alimentação com os demais alimentos que compõem a dieta”, menciona, ampliando: “Tanto na indústria quanto no campo, o objetivo dessa prática é garantir uma mistura mais homogênea, para que todos os animais possam ter a oportunidade de ingerir as proporções corretas de cada ingrediente da dieta”, explica.

O profissional enfatiza que não há risco associado ao uso de aditivos na alimentação do rebanho bovino. No entanto, ele ressalta a importância de garantir que o aditivo tenha sido testado e validado cientificamente e, principalmente, que possua registro e autorização do Ministério da Agricultura e Pecuária para comercialização no mercado. “Devemos seguir à risca as recomendações dos fabricantes para uso consciente e responsável de cada aditivo dentro de sua funcionalidade”, ressalta.

Quanto à escolha dos aditivos, esta pode variar de acordo com a idade, peso e condição de saúde do gado. Porcionato ressalta que a criação animal é dinâmica em seus diferentes sistemas de produção. “Nos rebanhos encontramos diferentes categorias, como de bezerros, novilhas, vacas e touros, em várias fases do ciclo produtivo. Isso nos leva a fazer escolhas de aditivos e doses mais adequadas para cada etapa, visando obter os melhores resultados zootécnicos. A adaptação das estratégias nutricionais conforme as necessidades específicas de cada categoria de animais contribui para maximizar o desempenho zootécnico e a saúde do rebanho como um todo”, evidencia.

Toque final da dieta

Porcionato ainda destaca que cada aditivo, em sua função específica, é considerado o ‘toque final’ de uma boa dieta formulada. No entanto, ele enfatiza que isso não substitui a necessidade de atender às exigências nutricionais preconizadas para cada categoria animal, ao longo das diferentes fases do ciclo produtivo nos rebanhos de corte ou leite. “Os aditivos devem ser vistos como complementos que aprimoram a dieta, mas é fundamental garantir que todas as necessidades nutricionais específicas de cada animal sejam atendidas de forma adequada para garantir sua saúde e desempenho zootécnico”, reforça.

Desafios comuns à atividade

Existem muitos produtores que enfrentam desafios na produção de forragem, seja pela escassez ou pela baixa qualidade. Para esses casos, o foco inicial deve ser na melhoria da quantidade e qualidade da forragem disponível. “Isso inclui produzir uma silagem de boa qualidade em quantidade suficiente para suprir as necessidades durante os períodos de escassez de pasto ou para atender ao confinamento completo dos animais”, aponta Betti.

O médico-veterinário diz ainda que é importante que o técnico responsável pela assistência técnica compreenda as necessidades específicas de cada produtor e sua posição dentro do sistema de produção. “Isso permite que os ajustes na dieta sejam feitos de forma eficaz, visando garantir a rentabilidade do negócio”, afirma Betti.

Segundo o doutor em Nutrição de Ruminantes, os produtores ainda enfrentam resistência para implementar práticas de registro sistemáticas para o acompanhamento zootécnico diário dos animais, seja devido à cultura arraigada, ao nível de escolaridade ou à escassez de mão de obra. “Produtores com menor nível de educação tendem a encontrar mais dificuldades em fazer anotações zootécnicas, o que ressalta a importância do papel do técnico para incentivá-los e, às vezes, até mesmo realizá-las em seu lugar”, pontua o pesquisador, ampliando: “Especialmente no sistema leiteiro, onde o trabalho é intenso, os produtores tendem a priorizar outras tarefas em detrimento das anotações. No entanto, para fazer a gestão adequada da propriedade é preciso ter informações precisas e atualizadas do rebanho”.

Por outro lado, Betti conta que produtores com maior nível educacional tendem a ter mais facilidade em realizar a gestão da propriedade, compreendendo a importância das anotações para a tomada de decisões.

Outro desafio apontado por Betti é fazer com que os produtores entendam que são empresários, com um capital investido em suas propriedades. “Terra e gado representam investimentos consideráveis, e a produção e criação de animais de alta qualidade envolvem custos substanciais. Muitos produtores não têm plena consciência do valor agregado de sua produção e do capital investido, o que pode dificultar a gestão eficaz da propriedade”, enfatiza.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Inundações no estado gaúcho geram grande preocupação entre agentes do setor pecuário

Mesmo nas regiões que não foram inundadas, os solos estão encharcados, dificultando o manejo dos rebanhos. Entre os frigoríficos, várias unidades consultadas pelo Cepea interromperam atividades por terem sido atingidos pela água ou pela dificuldade de locomoção dos funcionários.

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

A exemplo de outros setores, a pecuária bovina de corte do Rio Grande do Sul tem sido impactada pelo maior desastre da história desse estado.

Segundo indicam pesquisadores do Cepea, além de pontes e estradas destruídas, pastagens estão embaixo d’água e animais foram arrastados pela enxurrada.

Mesmo nas regiões que não foram inundadas, os solos estão encharcados, dificultando o manejo dos rebanhos. Pecuaristas consultados pelo Cepea mostram um misto de desespero e desânimo.

Entre os frigoríficos, várias unidades consultadas pelo Cepea interromperam atividades por terem sido atingidos pela água ou pela dificuldade de locomoção dos funcionários. O transporte dos animais e da carne também está comprometido.

Representantes da indústria informam ao Cepea que alguns poucos permanecem ativos apenas para compras, mas sem previsão para os embarques. Feiras e exposições previstas para maio têm sido suspensas.

O segmento de insumos também enfrenta dificuldades de escoar rações e outros itens essenciais para as propriedades rurais.

Diante da gravidade da situação, agentes de todos os elos da pecuária consultados pelo Cepea ainda têm dificuldades de planejar os próximos dias.

Quanto a possíveis impactos desse cenário ao restante do Brasil, pesquisadores do Cepea destacam que, no Rio Grande do Sul, são criadas predominantemente raças europeias, mais adaptadas ao clima frio.

Assim, o gado e a carne desse estado não têm grande circulação em outras regiões, e, por isso, as ocorrências recentes não devem influenciar significativamente as negociações pecuárias do País. Em 2023, pelo porto de Rio Grande (RS), foram exportados 2,9% da carne bovina.

Fonte: Assessoria Cepea
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Chuvas no Rio Grande do Sul prejudicam setor lácteo e podem alterar sazonalidade de preços

Há laticínios que interromperam a produção, seja por danos causados em suas estruturas industriais, falta de energia elétrica ou pela impossibilidade de efetuar a captação do leite cru nas fazendas.

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Fotos: JM Alvarenga

O setor lácteo brasileiro também tem sentido os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, na última terça-feira (07), com áreas afetadas em todo o estado e estradas/rodovias interrompidas, a circulação de insumos, do leite cru e dos lácteos vem sendo prejudicada. Além disso, a falta de energia elétrica e de água assolam diversas regiões, refletindo em toda cadeia produtiva. Pesquisadores do Cepea alertam, ainda, que o comportamento sazonal dos preços ao produtor pode ser alterado.

Há laticínios que interromperam a produção, seja por danos causados em suas estruturas industriais, falta de energia elétrica ou pela impossibilidade de efetuar a captação do leite cru nas fazendas.

Laticínios e cooperativas que ainda mantêm suas atividades relatam esforços em conjunto para conseguir viabilizar a captação de leite cru. Apesar das perdas, buscam alternativas para captar o leite de propriedades menos afetadas e para realizar a distribuição de lácteos. Essas rotas, porém, elevam o custo logístico da operação, conforme apontado pelos agentes de mercado.

A dificuldade de acesso às fazendas prejudica a aquisição sobretudo de ração, com relatos de racionamento e menor produção devido à má alimentação do rebanho. Há, também, relatos de situações mais críticas que resultam em descarte de leite no campo, devido à falta de ração, energia elétrica e combustível.

A falta de energia elétrica impacta sobremaneira o setor: no campo, impede a automação da ordenha e o resfriamento do leite; na indústria, o processamento dos lácteos e sua conservação. Fazendas e laticínios que seguiram operando contaram com geradores e combustível para sua alimentação. A falta desses itens inviabiliza a produção do leite cru e dos lácteos em muitas regiões do estado nesse momento.

O abastecimento de lácteos para os canais de distribuição tem sido bastante prejudicado, principalmente por conta da situação calamitosa de Porto Alegre e da região central do estado. Com isso, há grande dificuldade de escoamento, o que compromete o abastecimento não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em outros estados.

Colaboradores do Cepea afirmam que os prejuízos são visivelmente enormes, mas ainda incalculáveis.

Expectativa de preços

Sazonalmente, a produção de leite no Rio Grande do Sul tende a se elevar a partir da metade de abril, de modo que maio, junho e julho são meses em que, normalmente, a oferta sobe, devido às pastagens de inverno – e os preços, consequentemente, caem. Essa janela de produção possibilita que os lácteos do Sul abasteçam outros estados – já que, tipicamente, esse período marca a entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Neste ano, contudo, o cenário deve ser diferente ao refletir os problemas causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Com redução da produção do leite no estado em maio, os preços ao produtor podem se comportar de maneira atípica.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea acreditam que as perdas estruturais no campo e nas indústrias podem retardar a recuperação da oferta do leite cru e dos lácteos. Com isso, a perspectiva de preços ao produtor em alta se fortalece para este e para os próximos meses.

Em paralelo, acredita-se que, mesmo com muitas famílias desabrigadas, as compras institucionais de lácteos podem sustentar a demanda. De qualquer maneira, o aumento dos custos logísticos deve ser repassado às cotações dos lácteos.

Entretanto, não se tem, até o momento, uma projeção da intensidade dessas variações nos preços do leite cru e dos lácteos, na medida em que os agentes da cadeia ainda calculam os impactos e prejuízos das enchentes no Rio Grande do Sul. Fonte: Cepea (www.cepea.esalq.usp.br).

Fonte: Assessoria Cepea
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