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Suínos / Peixes Produção Animal

Suinocultores do Mato Grosso temem desabastecimento de milho

Devido a grande quantidade de venda antecipada do grão e ao consumo das usinas de etanol de milho, suinocultores mato-grossenses receiam ficar sem milho para alimentação dos animais

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Arquivo/OP Rural

O principal componente para a alimentação animal é o milho. Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a expectativa para a Safra 2019/2020 é de que o Brasil tenha uma produção superior a 100 milhões de toneladas do grão. O Mato Grosso é o maior produtor de milho do Brasil, porém, isso não tem feito com que os suinocultores do Estado fiquem mais tranquilos em relação ao preço e disponibilidade.

De acordo com o diretor executivo da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues de Castro, o Estado já vem sofrendo com o desabastecimento do grão. Para ele, os maiores gargalos para isso acontecer estão sendo a alta comercialização adiantada do milho e as usinas de etanol do grão, que estão ficando cada vez mais populares. “Fizemos um levantamento com o Imea (Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária) e vimos que 89% do milho que estamos colhendo já está vendido”, relata em reportagem exclusiva do jornal O Presente Rural.

Castro explica que eles observaram que desde a popularização e expansão das usinas de etanol de milho, não somente houve menos disponibilidade do grão no Estado, como também os preços aumentaram consideravelmente. “Hoje (em meados de julho) estamos falando em milho a R$35, R$36. Nessa mesma época no ano passado o preço era de R$ R$25 ou R$26. Isso nos mostra que o nosso custo de produção também vai subir, pelo menos 40%”, diz.

A liderança comenta que atrela esse aumento de custos as usinas de etanol porque elas são cada vez mais presentes no Estado, fazendo com que as cadeias produtivas seja esquecidas. “Nós temos uma grande preocupação em relação a isso, porque o único diferencial que tínhamos no Mato Grosso em relação aos outros Estados era o milho, e já nem tem mais tanto”, comenta. Castro explica que o Mato Grosso está longe dos grandes centros consumidores, o que também dificulta a comercialização dos suínos, uma vez que a maior parte da produção do Estado é para abastecer o mercado interno.

“Nós vamos nos sentar com o Governo do Estado e tentar alinhar isso, mostrando a nossa preocupação. Sabemos que estão pensando em investir no etanol de milho, que é algo que gera receita e emprego. Mas é preciso olhar também para as cadeias produtivas, por que como vamos ficar? E se faltar milho? E se tivermos que buscar milho lá fora?”, questiona.

A preocupação dos suinocultores é contundente, uma vez que segundo o levantamento da própria Conab, quanto a produção de etanol de milho no Brasil, a expectativa é que haja um aumento de 61,1% na safra 20/21. O relatório da companhia mostra ainda que no Mato Grosso a safra 2020/2021 praticamente dobrará a produção de etanol de milho, com projeção de 2,05 bilhões de litros em relação aos 1,27 bilhão da safra 2019/2020. Dessa maneira, pela primeira vez, o combustível proveniente do grão será maior que o volume oriundo da cana-de-açúcar no Estado, consolidando a operação das grandes usinas full, bem como a adaptação das indústrias flex ao novo mercado sucroalcooleiro.

“A nossa grande preocupação é que se já foram comercializados quase 90% da safra que está sendo colhida, como os produtores que normalmente não tem recursos para comprar milho antecipadamente vão ficar? Como o médio e o pequeno produtor, que não tem recurso e geralmente comprava milho aleatoriamente vão ficar?”, questiona. Castro comenta que eles sabem que será necessária uma adaptação por parte da cadeia produtiva, mas o Estado enfrenta dificuldades como estar longe de portos, de importações, ter uma logística ruim, o que dificulta e encarece a compra do grão por parte de suinocultores. “Por isso queremos alertar o Governo quanto a estas questões”, diz.

Segundo ele, é por isso que é tão importante o envolvimento do Governo nesta questão, uma vez que uma solução seria criar uma linha de crédito para o produtor conseguir ter acesso para comprar milho antecipadamente, fazer um armazém ou uma alternativa. “Isso, claro, a nível de governo federal. Quanto ao Estadual, o que queremos é que ele olhe para as cadeias produtivas, especialmente de suínos, aves e bovinos, para nos dar um benefício, diminuir algum tipo de imposto, dar algum tipo de incentivo para os produtores daqui, para que tenhamos recursos para antecipar a compra do milho”, conta.

Castro esclarece ainda que não houve um aumento significativo no plantel mato-grossense a ponto de influenciar o consumo de milho no Estado. “Subiu um pouco, hoje estamos com praticamente 150 mil matrizes. Lógico que a produtividade aumentou, assim como em todos os outros lugares. Nós produzíamos 24 animais terminados e hoje estão falando em 28 animais”, informa. “Outra coisa, o nosso problema aqui é que estamos longe dos grandes centros consumidores. Temos que levar suíno para São Paulo ou para o Sul. E isso é longe e a logística é difícil”, desabafa.

Conab sem estoque?

O diretor executivo da Acrismat conta ainda que a alternativa que os produtores tinham antes, quando faltava milho, principalmente entre fevereiro e abril, antes da safrinha, era participar dos leilões do grão organizados pela Conab. “E isso não tem mais. O Governo não faz mais estoque, não tem mais leilão. Então, o produtor vai ter que comprar antecipado”, argumenta.

Quanto a não realização de estoques de milho, em nota à reportagem de O Presente Rural, a Conab informou que a atual conjuntura do milho traz um cenário de cotações bem acima dos preços mínimos estabelecidos para o cereal, de modo que é improvável que haja aquisições neste ano.

A companhia explica que é preciso esclarecer que os estoques da Conab são formados por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). Assim, a aquisição dos produtos amparados pela norma segue as diretrizes estabelecidas pela política. “Isso implica que é necessário que o preço do produto esteja abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo federal para a formação de estoques. É nesta condição que há espaço para que a Conab atue no mercado de forma a garantir a renda mínima ao produtor e a manutenção da atividade. Assim, a compra de qualquer produto amparado pela PGPM só se torna possível a partir de um fator conjuntural de mercado. Somente com a perspectiva de que o preço fique abaixo do preço mínimo que pode haver, ou não, a deliberação quanto a formação de estoques”, diz a nota.

Quanto aos leilões de estoques públicos, a Conab diz que as determinações de venda são de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e que a composição de novos estoques se correlaciona diretamente com as questões conjunturais de mercado destacadas anteriormente.

A companhia ainda esclarece que com relação à comercialização do milho em grãos no âmbito do Programa de Vendas em Balcão (ProVB), está em tramitação uma proposta legislativa voltada para o fortalecimento, reforçando o apoio aos pequenos criadores de animais, e permitindo, assim, maior inserção no sistema produtivo pela garantia de abastecimento de milho, grão fundamental na alimentação do rebanho. “Nesse sentido, o texto prevê que não somente a PGPM poderá ser fonte de estoques públicos para a ação, mas também a compra por meio de leilões públicos e, em menor escala, por Aquisição da Agricultura Familiar, sempre a partir de definições estabelecidas pelo Mapa”, diz.

Além disso, a Conab acrescenta que não obstante o histórico de preços abaixo do mínimo, sem a correspondente formação de um quantitativo elevado de estoques pela PGPM, os estoques atuais de milho em grãos encontram-se em quantidade suficiente para satisfazer as demandas pelo produto por parte dos pequenos criadores cadastrados no Programa. “É importante salientar que a atuação da Conab visa garantir o abastecimento, e não interferir no mercado”, finaliza a nota enviada a O Presente Rural.

Outras preocupações

Castro comenta que outra preocupação que tem acendido o alerta vermelho é quanto ao mercado. “Agora ele está bom porque a China importa praticamente 71% da nossa produção. Por conta disso vemos aumento do volume de animais alojados em outros Estados. Mas, como vai ser essa produção se a China parar de importar tudo isso? Vai acontecer igual quando tínhamos a Rússia? Não temos um mercado novo e vai ter um volume imenso de carne direcionado ao mercado interno. E, com isso, a tendência é que esses pequenos e médios produtores saiam da atividade por conta de problemas por isso”, diz.

Além disso, outro ponto que atinge os suinocultores mato-grossenses é quanto a quantia de taxas e impostos que devem pagar. “Fizemos um levantamento com o IMEA, em comparativo com Estados do Sul, no que tange questões de impostos, taxas e tributos e notamos que temos impostos aqui que nos impactam muito. Por exemplo, a carne, o milho e a soja nós devemos pagar o Fethab, que é um fundo que existe aqui. Só desse imposto se paga quase R$ 2 bilhões por ano. É um dinheirão. Por isso pedimos tanta atenção para as cadeias produtivas”, afirma.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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Suínos / Peixes

Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
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