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Avicultura

Nutrição responde por 60% das emissões de CO₂eq da avicultura

É essencial adotar estratégias que visem reduzir as emissões na produção de ração, como o uso de ingredientes alternativos de baixo impacto ambiental, a otimização da eficiência nutricional e a implementação de tecnologias mais sustentáveis no processo de produção de alimentos para os animais.

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A busca por uma produção animal mais sustentável é uma prioridade global, impulsionada pela necessidade incessante de aumentar a eficiência produtiva ao mesmo tempo em que se reduz o impacto ambiental. Nesse cenário desafiador, o Brasil, reconhecido mundialmente pela sua potência agropecuária, enfrenta uma competição acirrada por inovações e soluções que possam elevar seus padrões de produção animal.

Para discutir esses desafios e as oportunidades que se avizinham, o presidente da Associação Latino-Americana de Nutrição Animal (Feedlatina), Roberto Ignacio Betancourt, autoridade reconhecida internacionalmente no campo da nutrição animal e da agricultura sustentável, participou do 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que aconteceu entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC), trazendo à tona questões como a pressão para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a necessidade de minimizar o desperdício de recursos naturais e o fomento à promoção de práticas agrícolas mais éticas e socialmente responsáveis. “É muito importante estarmos cientes que para crescermos temos que olhar o mercado global de proteína animal, pois o nosso consumo local já é elevado e a população brasileira cresce pouco. É preciso entender que o mercado global está mudando e agora não adianta apenas ter preço e qualidade. Estamos entrando numa nova era, na qual a sustentabilidade e as emissões de carbono podem fechar ou abrir mercados, ou mesmo até impor penalidades”, expõe Betancourt, que também atua como diretor do Departamento do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e representa o Brasil na Federação Internacional da Indústria de Alimentos para Animais.

Presidente da Feedlatina, diretor da Fiesp e representante do Brasil na Federação Internacional da Indústria de Alimentos para Animais, Roberto Ignacio Betancourt: “Apesar das dificuldades, a indústria avícola brasileira vem avançando, conseguindo aliar melhorias ambientais à eficiência econômica” – Divulgação/Feedlatina

Conforme o especialista, a recuperação de pastagens aliada às tecnologias e ganhos de eficiência trazidas pela nutrição animal deverão dar importantes contribuições para uma transformação na produção pecuária no Brasil nos próximos anos, com ganhos em termos de precocidade, lotação e qualidade da carne produzida no país. “O setor já experimenta uma mudança acelerada, impulsionado pelos avanços na geração de energia limpa, melhoramento genético, nutrição de precisão, conhecimento e manipulação da microbiota gastrointestinal, mas é preciso que a tecnologia chegue a todos, inclusive nos pequenos produtores, para que tenhamos um cenário que possa ser considerado de mudança estrutural nos indicadores de produção e produtividade. Os benefícios ambientais serão imensos e teremos o desafio de quantificá-los, incorporando o carbono sequestrado pelas boas práticas de produção na análise de ciclo de vida da carne”, anseia.

De acordo com o palestrante, entre os principais desafios que o Brasil enfrenta na busca por uma produção animal mais sustentável, em comparação com outros países, está a urgência de desvincular o desmatamento ilegal na Amazônia da produção animal. “Somos muito fiscalizados por termos a maior e mais preservada floresta tropical do planeta, o que nos torna alvos de muitas organizações ambientalistas, principalmente das ONGs que atuam na Amazônia, o que acaba influenciando a opinião pública global”, menciona.

À medida que o mundo avalia a sustentabilidade em métricas ligadas à análise do ciclo de vida, Betancourt observa que os números brasileiros são excelentes. No entanto, quando acrescidos das emissões resultantes da mudança no uso da terra ou desmatamento, o país acaba se tornando menos sustentável pela métrica de emissões de CO2 equivalente (CO₂eq). “Combater o desmatamento ilegal é de total interesse do setor produtivo, bem como dissociá-lo da produção formal de carne”, ressalta.

Pressão ambiental x bem-estar animal

Em relação a como a pressão ambiental e as preocupações com o bem-estar animal estão influenciando as práticas de produção da avicultura de corte no Brasil, o presidente da Feedlatina ressalta que o país faz um excelente trabalho na área de bem-estar animal, com o apoio de diversas entidades, institutos de pesquisa, empresas, cooperativas, produtores, governo e academia. “Esse esforço coletivo se reflete em um excelente desempenho na produtividade e sanidade dos animais, o que tem conquistado a confiança da opinião pública e dos consumidores, além de diminuir atritos”, salienta. Contudo, o profissional ressalta que é um trabalho contínuo, que demanda constante atenção e aprimoramento. “É preciso ter clareza de que essa é uma ação permanente, que envolve diálogo com o governo, parlamentares, mas também a necessidade de esclarecimentos junto à opinião pública em geral e aos consumidores em especial. Isso tudo à luz dos melhores indicadores que a academia e os institutos vêm produzindo nesta área. O desafio é grande, mas estamos provavelmente mais preparados para essa agenda do que os nossos concorrentes internacionais”, salienta.

Atualmente, a mesma pressão nacional e global que influencia o bem-estar animal está alcançando as questões ambientais. Enquanto o bem-estar animal está mais restrito a ações dentro das granjas, transporte e frigoríficos, a questão ambiental abrange toda a cadeia de produção, desde o produtor de grãos e matérias-primas para a produção de ração, passando pelo transporte, armazenagem, fontes de energia, impactos climáticos, condições das granjas, tratamento de dejetos, transporte, embalagens, entre outros aspectos. Ou seja, do campo à mesa, toda a cadeia produtiva está envolvida. “Talvez seja por isso que o desafio ambiental é ainda mais complexo, exigindo uma abordagem integrada e holística para lidar com as questões de sustentabilidade em toda a cadeia de produção”, argumenta, enfatizando: “A busca por práticas mais sustentáveis na avicultura de corte no Brasil demanda um esforço conjunto de todos os elos da cadeia, desde os produtores rurais até os consumidores finais, visando promover um sistema de produção mais equilibrado e responsável com o meio ambiente”.

60% das emissões

Betancourt evidencia que o setor mais crítico na avicultura de corte para as emissões de CO₂eq é a nutrição animal, que contribui com aproximadamente 60% das emissões. “Por isso dependemos da sustentabilidade de nossa agricultura para mitigar esses impactos. O frango recebe as emissões das rações no conceito de ciclo de vida.  É essencial adotar estratégias que visem reduzir as emissões na produção de ração, como o uso de ingredientes alternativos de baixo impacto ambiental, a otimização da eficiência nutricional e a implementação de tecnologias mais sustentáveis no processo de produção de alimentos para os animais”, pontua.

Legislação

Apesar do Brasil possuir uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, com instrumentos como o CAR, Código Florestal e regulamento de resíduos, além de uma matriz energética extremamente limpa, Betancourt aponta que o impacto na avicultura brasileira ainda não é totalmente positivo devido à dificuldade em transformar essas regulamentações em métricas ambientais favoráveis ao setor. “Isso se deve, principalmente, à ineficiência e a baixa participação do Brasil nas esferas globais responsáveis por estabelecer as regras desse jogo. O mundo não vai valorizar as nossas reservas florestais espontaneamente, vamos ter que brigar para colocar todo o nosso trabalho ambiental nos números globalmente aceitos”, afirma o diretor da Fiesp.

Obstáculos

O especialista reforça que a sustentabilidade caminha lado a lado com a eficiência e se traduz em ganhos de produtividade e rentabilidade, gerando benefícios para a sociedade em geral. No entanto, o principal

desafio reside na falta de conhecimento e, portanto, de valorização deste trabalho por parte do consumidor. “A regulação internacional é feita de forma a atender aos interesses locais dos grandes reguladores. O caso mais clássico é o da União Europeia, que se propõe ao papel de ‘reguladores do mundo’, mas com o discurso de elevar o patamar da sustentabilidade, impõem regras que, em grande parte dos casos, somente as tecnologias de dentro do bloco podem atender, traduzindo-se em barreiras ao comércio internacional”, frisa.

Enfático, Betancourt afirma que o principal desafio socioeconômico enfrentado pela indústria avícola do Brasil, em relação à sustentabilidade, é financeiro. “Enquanto países mais ricos, como os Estados Unidos e a Europa, podem contar com financiamento público para promover a transição ambiental, com subsídios e linhas de crédito acessíveis, o Brasil não tem situação fiscal favorável para fomentar, via financiamento público, todas as ações necessárias de transição ambiental para reduzir as emissões, uma vez que também há competição por recursos com áreas estratégicas, como saúde e educação”, analisa o especialista, acrescentando.
“O nosso desafio é estruturar mecanismos mais sofisticados de financiamento, mas, em grande parte, devem ser utilizados recursos próprios de empresas e produtores, o que pode limitar a amplitude das ações. É por isso que em conferências climáticas, países em desenvolvimento demandam a efetivação dos compromissos dos países mais ricos para fomentar a transição. O financiamento prometido pelas nações mais ricas para auxiliar nessa transição. Apesar das dificuldades, a indústria avícola brasileira vem avançando, conseguindo aliar melhorias ambientais à eficiência econômica”, garante.

Gestão de resíduos

Quanto às práticas de gestão de resíduos na produção avícola brasileira, Betancourt destaca que o setor vem evoluindo de forma significativa, com o apoio da Embrapa e outras instituições. De acordo com ele, há um histórico de sucesso na utilização de subprodutos, biodigestores, produção de biogás, biofertilizantes e na redução de resíduos. “As empresas integradoras e cooperativas agropecuárias têm desempenhado um papel fundamental na replicação dessas soluções em larga escala. Há muitos exemplos de utilização de cama de frango como substrato para a produção de biogás”, exalta, emendando: “Esses modelos de sucesso demonstram que é possível implementar práticas de gestão de resíduos mais sustentáveis na produção avícola brasileira, contribuindo não apenas para a redução do impacto ambiental, mas também para a eficiência operacional e econômica do setor”.

Sistemas de produção “mais sustentáveis”

Betancourt afirma que o principal obstáculo para a adoção de sistemas de produção mais sustentáveis, como a produção orgânica ou de aves criadas ao ar livre, na avicultura de corte brasileira é o mercado. “À medida que os custos de produção aumentam, é necessário encontrar quem esteja disposto a pagar mais para que a produção seja viável”, sintetiza.

O especialista reforça que é importante não confundir essas alternativas de criação com sustentabilidade, já que muitas vezes podem resultar em um aumento das emissões de CO2 por kg de carne produzida. “O Brasil tem a capacidade de atender a todos os anseios dos consumidores”, afirma.

Outro fator a ser considerado, observado na Europa, foi o aumento do risco de transmissão de doenças, como a Influenza aviária, para aves criadas ao ar livre. “A sanidade do plantel é um aspecto de extrema importância para a sustentabilidade do setor como um todo. Enfrentar esse desafio exige uma abordagem equilibrada, considerando não apenas os aspectos ambientais, mas também os econômicos e de saúde pública”, elenca.

União do setor

Nesta nova era de sustentabilidade, o especialista ressalta a importância da união de todos os elos da cadeia. “Ninguém será capaz de resolver todos os desafios sozinho. Para continuar crescendo no exterior, a avicultura brasileira precisa estar alinhada com a agricultura, nutrição e saúde animal, governo, logística, fontes de energia, indústria de equipamentos, educação das pessoas, centros de pesquisa, organizações trabalhistas e entidades locais e internacionais”, ressalta. “O setor que tem entidades fortes, competentes e atuantes como a ABPA, Sindirações, Sindan, leva muita vantagem. A recente presidência do Ricardo Santin no Conselho Internacional de Aves é motivo de orgulho para todos nós e mostra que estamos no caminho certo”, complementa.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

No Dia Mundial do Frango, foco setorial se concentra na garantia de abastecimento

Além da segurança alimentar, setor detém importante papel socioeconômico no Brasil.

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Foto: Shutterstock

Hoje, 10 de maio, é o Dia Mundial do Frango, data criada pelo Conselho Internacional da Avicultura (IPC, sigla em inglês) para celebrar a cadeia produtiva e estimular o consumo de uma das mais importantes e versáteis proteínas animais do mundo.

Neste ano, a avicultura do Brasil abordará uma perspectiva diferente dos anos anteriores. A celebração deste ano exaltará a importância desta proteína para a garantia de segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Em toda a cadeia produtiva, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Apenas nas fábricas são mais de 300 mil postos de trabalho de um setor com Valor Bruto de Produção superior a R$ 90 bilhões.

É uma enorme força de trabalho que produziu no ano passado 14,8 milhões de toneladas em território brasileiro – desde 2013, o Brasil adicionou cerca de 2,5 milhões de toneladas em sua produção.

Quase 35% disto é direcionado a mais de 150 países nos cinco continentes – capilaridade que proporcionou ao Brasil a liderança mundial nas exportações da proteína, sendo responsável por 38% do total do comércio internacional. Para fins de comparação, as agroindústrias brasileiras exportaram no último ano mais que as vendas internacionais de Estados Unidos e União Europeia – segundo e terceiro maiores, respectivamente – somadas, e é maior do que toda a produção da Rússia (quinto maior produtor global da proteína). São embarques que geram receitas próximas a US$ 10 bilhões (dados de 2023).

O impacto econômico e social da carne de frango para o Brasil não está apenas nos dados macroeconômicos. O peso social individualizado da proteína se vê em seu consumo per capita. Cada brasileiro consome, em média, 45 quilos da proteína – índice alcançado em 2020 e que se mantém desde então. É, de longe, a proteína animal mais consumida pelo brasileiro.

São números que mostram a relevância e a missão deste setor com o Brasil – para onde é destinada 65,3% de toda a produção nacional. “Nossa cadeia produtiva é continental, e tem papel determinante nos hábitos, na economia e na cultura gastronômica de Norte a Sul. Do campo às fábricas, são bilhões em investimentos em tecnologia de ponta para garantir a qualidade e a sanidade dos produtos, com maior produtividade. É um dos alicerces alimentares do País, e pilar econômico de diversas regiões. Neste dia, celebramos um setor resiliente, que cumpre seu papel e que seguirá atuando para que não falte o acesso a este alimento de alta qualidade para as famílias de todo o país”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Especialista aponta umidade e profundidade da cama como fatores críticos ao desenvolvimento das aves

Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

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Fotos: Shutterstock

O manejo adequado da cama de frangos de corte é uma peça fundamental no quebra-cabeça da produção avícola. Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

Bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou: “Não há um sistema de gestão único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos” – Foto: Arquivo pessoal

A bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou, elenca que o manejo correto da cama visa garantir um ambiente propício para o desenvolvimento saudável das aves. “Para alcançar esse objetivo é essencial gerenciar e manter as propriedades benéficas da cama, como absorção, evaporação, isolamento e amortecimento, com foco especial em conservar a umidade entre 20 e 25%”, ressalta Connie. Ela vai tratar deste assunto no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que acontece entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, SC.

Controlar a umidade da cama é fundamental para prevenir o crescimento de microrganismos patogênicos e garantir a saúde das aves. Uma cama bem manejada também proporciona um ambiente confortável para as aves se movimentarem, descansarem e se alimentarem, contribuindo assim para o bem-estar animal e o desempenho produtivo. Além disso, o manejo correto da cama pode ter benefícios ambientais, como a compostagem do material usado, que pode ser reaproveitado como fertilizante orgânico, contribuindo para a sustentabilidade da operação avícola.

Qualidade da cama

A qualidade da cama é de extrema importância no desempenho das aves e na saúde intestinal. A especialista em avicultura, ressalta que se a cama for mal gerida, pode se tornar um ambiente ideal para o desenvolvimento de agentes patogênicos nocivos, que podem acabar afetando as aves e provocando doenças. “Níveis excessivos de umidade na cama podem contribuir para o desenvolvimento de lesões nas patas das aves. Além disso, a cama desempenha um papel importante na produção de amônia, se não for cuidadosamente gerenciada, pode levar a níveis elevados de amônia no ambiente, o que foi demonstrado em pesquisas como prejudicial ao sistema respiratório das aves, impactando a função do sistema imunológico, podendo também aumentar o risco de proliferação de bactérias oportunistas.

Vários fatores podem influenciar a umidade da cama, incluindo o uso de água pelas aves, a densidade e as taxas de ventilação. De acordo com a doutora em Gestão Ambiental de Aves, a melhor maneira de abordar o manejo da cama é monitorar a umidade relativa do aviário constantemente e manter um registro histórico de qual é a umidade relativa do ar no aviário ao longo da vida do lote, entre lotes, para entender quão bem está sendo feito o trabalho dentro do aviário, a fim de garantir um equilíbrio adequado de umidade.

Connie diz que nos Estados Unidos aprendeu-se ao longo dos últimos 20 anos que o sucesso da gestão da cama é fortemente influenciado pela educação do produtor. “Existem diversos sistemas de gestão disponíveis para manejo das camas, porém, o sucesso deles depende da capacitação adequada dos produtores. Não há um sistema único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos”, salienta.

Quanto aos sinais de que a cama precisa ser renovada, a especialista conta que nos Estados Unidos a troca acontece quando começa a aparecer areia na cama ou quando se torna muito profunda. “Um sistema não precisa de uma cama com mais de seis polegadas, cerca de 15 cm de profundidade, pois uma cama mais profunda pode dificultar o gerenciamento da amônia e da umidade”, aponta.

Quanto ao reaproveitamento da cama, quando gerenciado corretamente, pode ser mais benéfico do que prejudicial. Isso ocorre porque a cama reutilizada já possui uma população microbiana estabelecida, o que pode acelerar o desenvolvimento da imunidade das aves. “Já em camas novas é muito mais imprevisível quais microrganismos irão povoar as aves desse alojamento, o que pode impactar o desenvolvimento do sistema imunológico dos frangos”, expõe.

Ventilação

Quanto ao manejo adequado da ventilação, seu impacto na qualidade da cama e na saúde das aves é significativo. O objetivo principal da ventilação é remover a umidade gerada pelas aves, o que está diretamente ligado à qualidade da cama e à saúde das aves. “Sem um programa de ventilação adequadamente executado, nunca será possível alcançar uma boa qualidade da cama e, consequentemente, uma boa saúde das aves. Portanto, o manejo adequado da ventilação é essencial para garantir um ambiente saudável e higiênico para as aves durante todo o ciclo de produção”, frisa a mestre em Nutrição de Aves.

Preparação do alojamento

Para garantir um ambiente saudável para as aves, as melhores práticas para a preparação inicial do alojamento antes da chegada dos pintinhos incluem o gerenciamento dos níveis de umidade, mantendo-os abaixo de 20%, e garantindo uma profundidade adequada da cama para acompanhar a deposição de umidade das aves. “É importante observar a aparência da cama, pois se ela ficar muito fina, há maior chance de níveis mais elevados de amônia. Se não houver opção de tratamento de cama para reduzir a amônia no início do lote, torna-se ainda mais crítico gerenciar”, salienta a bacharel em Ciência Animal.

Controle da proliferação de patógenos na cama

Em relação ao controle da proliferação de patógenos na cama, como Salmonella e Escherichia coli, é importante entender que nunca será possível controlar totalmente esses microrganismos, mas apenas gerenciá-los. “A área do microbioma nos aviários ainda é muito mal compreendida, e há muito a ser aprendido sobre como esses organismos interagem. No entanto, uma estratégia eficaz é gerenciar a umidade da cama, pois a água é um dos principais fatores que esses microrganismos precisam para sobreviver”, expõe Connie, acrescentando: “Mantendo a cama o mais seca possível e pelo maior tempo possível, podemos reduzir as chances de crescimento desses patógenos a níveis que impactariam negativamente nossas aves”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura ARTIGO

Será que o Brasil sabe a dimensão do desastre no Rio Grande do Sul?

Você está fazendo tudo o que pode mesmo? Quem sabe você pode ajudar só um pouquinho mais

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Fotos : divulgação Governo do Estado

O Estado do RS acabou. Da forma como a gente o conhecia, ele não existe mais. Nos resta rezar a Deus e torcer para que o Brasil e o mundo nos ajude a enterrar nossos mortos e a reconstruir um pouco do que foi devastado pelas águas – e ainda vai ser devastado, pois vem mais ciclone por aí. Quem sabe, em meio ao caos, no fundo do poço, a gente encontre uma força que nem a gente saiba que tem, algo como o Japão que se reconstrói em tempo recorde após os terremotos. ou como a Flórida, que enfrenta dezenas de furacões anuais e continua em pé!
Talvez estas palavras iniciais sejam fortes, Mas, talvez a maioria das pessoas de outras regiões do Brasil não tenha se dado conta do tamanho da tragédia. Ela é muito pior do que você vê na TV ou nos vídeos de WhatsApp! Muito, mas muito pior! É como se todo mundo desta região aqui perdesse sua casa, se enchesse tudo isso de água, por dias e mais dias, fechando estradas, escolas, lar de idosos, empresas… tudo!

Você já parou para pensar!? Então, você vai ajudar mais!?

 

Muitos não ajudam pelo medo do julgamento alheio

Por outro lado, felizmente muitas regiões do país estão ajudando, botando a mão na massa, salvando pessoas.

Cito aqui o exemplo do Pablo Marçal, que vai e volta quase todo dia a São Paulo e salvou mais gente da água do que eu e você juntos – sem contar que deu uma aula em poucos minutos ali no centro de distribuição de doações. Eu estive lá em Hamburgo Velho e agradeci a Deus por estar do lado de cá dos gradis, que separavam a fila gigantesca para buscar donativos, das pessoas que foram doar ou tomar uma dose de coragem para ajudar mais!

O Marçal poderia estar torrando o dinheiro em Dubai, mas estava em cima de uma empilhadeira, no meio da rua, discursando para arrebanhar pessoas para ajudar daqui pra frente, pois talvez o pior esteja daqui pra frente, acredite! Você não precisa gostar dele, não precisa gostar da Globo, mas toda ajuda é muito bem-vinda! E, ao citar o Marçal, cito cada um aqui da região que está empenhado em ajudar, com grana, com barco, separando doações, tirando gente da água, doando…

Temos percebido muitos golpes, muita gente reclamando, muita gente se aproveitando para aparecer… e muita gente ou empresa querendo ajudar, mas não ajuda porque tem medo de que vão dizer que está querendo fazer propaganda. Vocês não têm noção a quantidade de pessoas (ou empresas) que vem me falar isso! Ora, vamos parar de ter medo destes juízes de sofá da sala, que se escondem em casa e ficam só metendo o pau nos outros; e não fazem nada! Deixe ‘essa gente pra lá’ e daí que a Globo só veio depois da Madona, e daí que alguns dizem que o Pablo Marçal está fazendo marketing, e daí que muitos só reclamam e apontam o dedo, daí que tem gente que vai na fila duas vezes pegar 2kg de arroz e 2 litros de leite, e daí, que se danem! Ora, manda a m… diz assim: “vá cuidar da tua vida”!
E se esta tragédia tocou seu coração, vai lá você e bota o pé na lama, porque você sabe que quem reclama não fará nada, estará muito ocupado dando opinião e reclamando.

O Brasil pode fazer muito mais

Se não tua casa, graças ao bom Deus, não teve mortes, somente alguns alagamentos, pessoas perderam bens materiais e… e estamos tocando nossa vida normalmente, limpando o guarda-roupa, fazendo uma comprinha maior para doar e… e deu! Era isso, a ajuda é só isso! Mas você pode fazer mais, todo mundo pode fazer mais!

Eu sinto que muita gente ainda não acordou para o tamanho da tragédia (e está tudo certo, cada um é cada um, não reclamo destes). Mas gostaria de ajudar, então, se você quiser dormir com a consciência tranquila, faça mais. “Teoricamente” só morreram 100, mas você sabe que esse número vai aumentar muito. Quantos idosos foram levados por não conseguir se locomover, quantos bebês morreram, quantos animais ainda estão ilhados ou foram levados, bichinhos de estimação que estão abandonados, quanta gente vai morrer de doença, de leptospirose, de hipotermia (vem o frio aí), e tem muitos outros problemas que vão aparecer.
Quantas crianças não terão mais aulas, quantas crianças não terão mais pais ou avós ou amiguinhos – que viraram estrelinhas ou ainda vão virar?
Quantas crianças perderam seu bichinho de estimação ou vão perder por falta de ração? Quantos avós perderam seus netos ou ainda vão perder!
A gente não sabe nada, não sabe a dimensão desta “desgraceira” toda! Não é uma enchentezinha que sobe, alaga e no dia seguinte volta para o rio, aí você vai lá e mete o lava-jato e tudo volta ao “normal”. Serão semanas, meses, vai ter lodo, lama até nos fios da luz.
Tem cidade inteira no Vale do Taquari que acabou, estão pensando em mudar a cidade de lugar, recomeçar. Você tem noção do tamanho da tragédia? Então, graças a Deus você está bem, seu vizinho está bem, mas tem muita gente que precisa de ti, tire um tempo, reserve um dinheiro, faça sua doação, ajude mais, você pode, sim! Se você não tem grana, não tem alimento, não tem colchão, doe tempo, doe uma palavra, vá lá no campo de batalha lutar, senão, jamais ouse cantar aquele pedaço do Hino Rio-grandense que diz “Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra”… eu não quero que “nossa façanha sirva de modelo a toda terra”, eu só peço a Deus e a você que ajude a salvar o máximo de gente possível “nesta ímpia e injusta guerra”.

 

Por
Mauri Marcelo ToniDandel
Jornalista – Dois Irmãos

Fonte: Mauri Marcelo ToniDandel
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