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O que é preciso para ganhar mais na venda do boi gordo?

Médico veterinário dá dicas sobre o que o pecuarista pode fazer para obter melhores resultados e um preço melhor no momento de vender o animal

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Arquivo/OP Rural

Ser e fazer o diferente é essencial para o pecuarista que deseja ganhar dinheiro com a atividade. Fazer o mesmo de sempre já não é mais o suficiente para aqueles que realmente desejam lucrar com a pecuária de corte. É preciso que o pecuarista se destaque terminando um animal mais cedo, oferecendo um melhor marmoreio da carne e mesmo investindo mais na gestão da própria propriedade, por exemplo, para lucrar mais no final.

 Segundo o médico veterinário e nutricionista animal da Quimtia Brasil, Stephen Janzen, como qualquer outro mercado, no do boi gordo o pecuarista precisa estar atento às estratégias. “Uma delas, e a mais conhecida, é o produtor vender o boi na entressafra, quando há a menor oferta de boi e a arroba tem um preço melhor para o pecuarista. A forma dele lucrar mais é ficar atento e vender a maior quantidade possível de animais nesta época, conseguindo terminar esse boi no peso ideal na época da entressafra, que geralmente varia entre os meses julho e novembro, que é o período em que há menor oferta de pastagem no país”, comenta.

Janzen explica que na entressafra é quase certo que o pecuarista terá um preço melhor para o boi gordo. Além disso, o pecuarista precisa estar atento para quem ele irá vender. “Se o pecuarista quer ter um animal diferenciado ele precisa procurar um mercado para vender este animal. Se não, ele vai estar na vala comum de simplesmente receber o preço da arroba do mercado do momento. O correto é o pecuarista buscar esse mercado diferenciado, um frigorífico que tenha um nicho de mercado, com uma raça de animal determinada, que tem um melhor acabamento de gordura, um maior marmoreio da carne. Assim, o frigorífico vai pagar mais para o pecuarista que entregar este tipo de animal”, afirma.

O nutricionista revela que entender o mercado para qual está produzindo é imprescindível, pois somente dessa forma é possível realizar as mudanças necessárias durante a produção, o que impacta fortemente no produto final. Essas alterações podem ser tanto no manejo, quanto na genética e/ou alimentação do boi, tudo depende do que é exigido pelo frigorífico e pelo seu mercado consumidor. “Alguns preferem determinada raça, associada a idade do animal ou outra característica específica, afinal, é o frigorífico que realizará a venda de cortes e carcaças para os mais diferentes mercados”, comenta.

O especialista ainda complementa que este diferencial é que vai garantir que o pecuarista receba um adicional em cima da arroba do boi daquele dia. “Por isso é tão importante ele buscar aprimorar seu manejo e lançar mão de genéticas apropriadas para sua região e seu cliente, para que ele consiga entregar um animal de melhor qualidade, mais novo e com melhor acabamento de gordura e maior marmoreio”, esclarece.

Janzen explica ainda que o mercado que o pecuarista vai atender é o frigorífico para quem vende? “Se vai ser para o mercado interno ou de exportação. Por isso ele precisa ver junto ao frigorífico que ele entrega os animais quais as necessidades/exigências de carcaça que esse local precisa. Por isso é que é interessante que ele procure por frigoríficos que busquem por esses diferenciais na carne, para que ele consiga um preço melhor no animal que está vendendo”, afirma.

Conheça seu terreno

Conhecer bem o terreno em que o pecuarista está criando o boi faz toda a diferença. O especialista esclarece que o clima predominante na área em que o campo está localizado deve ser uma das principais preocupações na escolha das raças que serão criadas, pois algumas se adaptam mais com o calor intenso do que outras, por exemplo. Além disso, a disponibilidade de pastagem, a capacidade de lotação de piquetes e o sistema de manejo da propriedade também devem ser levados em conta.

“O pecuarista precisa, em primeiro lugar, conhecer muito bem o próprio terreno. Ele precisa saber as limitações da propriedade, de mão de obra, da terra, se haverá pastagem o suficiente para oferecer aos animais, os índices pluviométricos, enfim, ter todos estes dados bem planilhados para que ele consiga enxergar a partir destes números o que a propriedade dele consegue entregar”, informa Janzen. Assim, explica, o produtor consegue ter uma melhor ideia de, por exemplo, qual a genética melhor se adaptará a localidade, quando ele terá maior disponibilidade de pastagem, qual época de maior índice pluviométrico para ele ter um maior número de animais no pasto, quando ele precisa confinar estes animais, quanto precisará de estoque de alimentos, etc.

O nutricionista comenta que algo que acontece muito é justamente o produtor não ter conhecimento destas informações e, assim, não saber o real potencial que ele tem em mãos. “Sem as informações nas mãos o produtor perde capacidade de gerar de renda na área que ele tem”, comenta. Segundo ele, é de grande importância que o pecuarista tenha estas informações para ele conhecer a propriedade e saber todo o proveito que pode ser tirado a partir disto. “Dessa forma ele também não é pego desprevenido com falta de pasto, por exemplo, ou possuindo animais prontos diferenciados para abate e não tendo um frigorífico que vá lhe bonificar por isso. São todos pontos importantes que devem ser observados”, reitera.

Nutrição é essencial

A alimentação do boi também é um ponto fundamental na qualidade final da carne, por isso é preciso dispor de um nutricionista animal para avaliar quais nutrientes devem ser inseridos em cada fase do desenvolvimento do gado. De acordo com Janzen, o boi deve ser alimentado com ração primorosa e ter pastagem de qualidade sempre disponível e em grande quantidade, esse é o ideal, só assim a engorda será mais rápida e com excelência.

“A nutrição é um dos pilares para entregar um animal no peso ideal e no tempo certo. Não adianta ter uma boa genética se ele não tem uma nutrição adequada, sejam animais em pastejo ou confinados”, afirma o profissional. Ele diz que se for a pasto, é preciso que seja em quantidade e de boa qualidade, e se for um animal confinado, ele precisa ter oferta de um volumoso e ração de qualidade. “O melhor é que haja o assessoramento de um responsável técnico, médico veterinário ou zootecnista para fazer uma dieta correta para os animais de acordo com a fase de crescimento em que estão. Cada fase tem a sua necessidade nutricional estabelecida”, esclarece.

De olho no gerenciamento

O nutricionista alerta que mesmo seguindo todas as orientações anteriores não é possível alavancar com as vendas sem um bom gerenciamento. Isto é, o produtor deve ter a certeza da excelente capacitação de seus colaboradores e dispor sempre em mãos e fazer bom uso das informações de sua propriedade, de seus animais e dos produtos que utilizou na criação do gado, para que não tome decisões sem estudos prévios.

“O gerenciamento é o ponta pé inicial para uma boa lucratividade da atividade. Não adianta você ter um frigorífico que oferece um melhor preço ou bonificação extra no preço base da arroba se o pecuarista não conhece a propriedade dele, não tem os gastos planilhados, não sabe quanto gasta em mão de obra etc.”, diz.

Janzen reitera que é essencial este bom planejamento para obter melhores resultados. “Outro ponto importante é o planejamento e programação de abate com o frigorífico”, conclui.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Ranking revela concentração do leite nos maiores laticínios e redução no número de produtores

Participaram da pesquisa 17 laticínios e cooperativas, cinco empresas pela primeira vez, sendo nove cooperativas e oito empresas privadas.

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O Ranking do Maiores Laticínios do Brasil é uma iniciativa e realização da Associação Brasileira dos Produtores de Leite-Abraleite. A edição de 2023 completa 27 anos ininterruptos com a maioria das empresas participando desde 1997.

Participaram do ranking 17 laticínios e cooperativas, cinco empresas pela primeira vez, sendo nove cooperativas e oito empresas privadas. Seis empresas que integrariam esse ranking foram convidadas, mas não responderam. São elas Lactalis, Italac, Alvoar, Tirol, Vigor e DPA.

O Laticínios Bela Vista ocupou, pelo quarto ano consecutivo a primeira posição no ranking com captação de, aproximadamente 1,8 bilhão de litros de leite em 2023, crescimento de 13% em relação a 2022. A Unium, intercooperação de Lácteos das cooperativas Frisia, Castrolanda e Capal, manteve o segundo lugar com, aproximadamente 1,5 bilhão de litros, um crescimento de 14%.

Outros números
Diferentemente de 2022, quando houve uma queda na captação da soma das empresas que participaram do ranking em -2,4%, no ano de 2023 houve um crescimento de 5%. No mesmo sentido caminhou a Pesquisa Trimestral de Leite, divulgada pelo IBGE, que teve um crescimento no leite inspecionado de 2,5%.

As 17 empresas participantes do ranking foram responsáveis por 72% no crescimento de captação de leite inspecionado total do Brasil do ano de 2022 para 2023. O leite entregue diretamente por produtores aos 17 maiores laticínios cresceu 6,5% contra uma queda de -2,7% no leite adquirido de terceiros.

A captação das 17 empresas somou 9 bilhões de litros, representando 37% do total do leite sob inspeção no Brasil, que somou 24,5 bilhões de aproximadamente 1,8 mil laticínios sob todos os tipos de inspeção.

Presidente da Abraleite, Geraldo Borges: “Abraleite vai continuar trabalhando para aumentar o número de empresas participantes, lembrando da importância de participar para termos mais dados e informações do nosso setor leiteiro, que carece muito de informações” – Foto: Divulgação/Abraleite

O número de produtores caiu 4,2% em 2023 em relação ao ano de 2022. O tamanho médio das propriedades medido em litros/produtor/dia teve um crescimento de 10,5% passando de 426 em 2022 para 471 em 2023.

O presidente da Abraleite, Geraldo Borges, destaca que o Ranking dos Laticínios de 2023 espelha a situação vivida no mercado. “As indústrias comprando maior volume de leite, a despeito de todas as adversidades enfrentadas, provavelmente para ter maior escala de produção e reduzir custos. Treze das 17 empresas tiveram aumento na captação. O tamanho da produção diária média do produtor também em crescimento, mostrando que a queda no número de produtores foi decorrente de aumento de custos e queda de rentabilidade, causando grande desestímulo a milhares de produtores, sobretudo aos pequenos. O destaque deste Ranking é também a adesão de cinco novos laticínios que participaram pela primeira vez. A Abraleite vai continuar trabalhando para aumentar o número de empresas participantes, lembrando da importância de participar para termos mais dados e informações do nosso setor leiteiro, que carece muito de informações”, enfatiza.

Segundo o vice-presidente da Abraleite, Roberto Hugo Jank Jr. o número mostra que o leite está mais concentrado nos maiores laticínios. “Como a produção total do país não sobe há 10 anos, houve migração do leite informal para formal e dos menores laticínios para os maiores. Mas o fato dos laticínios maiores concentrarem mais leite não significa que a produção do país aumentou. A importação foi recorde e ocorreu por arbitragem cambial e custo internacional baixo, não por demanda. Houve saída expressiva de produtores da atividade e quem está ficando, está crescendo”, aponta.

Fonte: O Presente Rural
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Especialista aponta estratégias que melhoram eficiência alimentar e reduzem pegada ambiental da pecuária leiteira

Implementação de aditivos e práticas nutricionais adequadas pode ajudar a melhorar a eficiência e o desempenho de cada fase do rebanho, desde a redução das taxas de diarreia e pneumonia em bezerros até a melhoria da produção de sólidos e saúde reprodutiva em vacas em produção.

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Na busca por soluções sustentáveis para enfrentar os atuais desafios da produção agropecuária, aprimorar a eficiência alimentar emerge como uma estratégia fundamental. Na pecuária leiteira, onde a pressão sobre os recursos naturais é significativa, a otimização do uso de alimentos não só impulsiona a produtividade, mas também desempenha um papel essencial na redução do impacto ambiental.

Zootecnista, doutor em Nutrição de Ruminantes e assistente técnico comercial de bovinos de leite na Nutron Cargill, Maichel Lange: “A tecnologia é um caminho sem volta, tanto com o uso de robô como da intensificação da atividade leiteira” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

A preocupação com a produção sustentável tem levado a indústria a repensar suas estratégias. Neste contexto, a melhoria da eficiência alimentar desponta como uma abordagem proativa na busca por soluções para maximizar resultados sem agredir o ecossistema. “Ao utilizar ingredientes de melhor digestibilidade e maximizar a quantidade de nutrientes obtidos a partir de cada unidade de alimento consumido, os produtores podem não apenas reduzir os custos de produção, mas também minimizar o desperdício e as emissões de gases de efeito estufa associadas à atividade pecuária”, aponta o zootecnista, doutor em Nutrição de Ruminantes e assistente técnico comercial de bovinos de leite na Nutron Cargill, Maichel Lange.

Explorar técnicas de manejo nutricional, investir em dietas balanceadas e adotar tecnologias são outras estratégias adotadas pelo setor. Além disso, a seleção genética de animais com maior eficiência alimentar pode proporcionar ganhos significativos a longo prazo. “Ao alinhar o desempenho produtivo com a conservação dos recursos naturais e a melhoria da eficiência alimentar contribuímos para, além da promoção de sistemas produção mais sustentável na pecuária leiteira, a construção de um futuro mais resiliente e equilibrado para toda a cadeia produtiva”, ressalta Lange.

O especialista destaca que para implementar a eficiência alimentar em uma propriedade é fundamental considerar três aspectos essenciais: coleta de dados precisa, compreensão da estrutura da fazenda e alinhamento com as metas estabelecidas para a propriedade. “Fazemos esse diagnóstico geral e apresentamos para o produtor alternativas que visam a melhoria da rentabilidade do seu rebanho e da propriedade como um todo”, expõe o doutor em Nutrição de Ruminantes, mencionando que os produtores das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná se mostram bem receptivos a essas ideias, especialmente quando associadas a benefícios financeiros tangíveis.

Segundo o zootecnista, dentre os principais benefícios ao adotar um sistema de produção sustentável estão a produtividade e a longevidade do rebanho. “Ao manter a saúde do animal garantimos um ciclo de vida mais longo e produtivo. Uma vaca saudável é capaz de aproveitar de forma mais eficiente os nutrientes contidos na matéria seca que consome, o que, por sua vez, resulta em um uso mais eficaz da energia e das proteínas disponíveis. Isso não apenas reduz os custos relacionados à saúde do animal, como também aumenta sua capacidade de produção”, afirma Lange.

Otimização da eficiência alimentar

O profissional destaca que o primeiro passo para otimizar a eficiência alimentar e promover o bem-estar animal é trabalhar com o balanço nutricional, considerando a energia e a proteína. Em seguida é preciso buscar mecanismos para melhorar a eficiência da produção de volumoso. “Como os ruminantes dependem principalmente desses alimentos – silagem, pastagem, feno e pré-secado -, que compõem mais de 50% de sua dieta, aprimorar sua qualidade é essencial”, frisa.

E o terceiro item a se considerar é a ambiência para garantir um espaço confortável aos animais. “A integração desses três pontos permite a redução do uso de aditivos, priorizando uma abordagem mais

aprofundada na nutrição”, indica.

Quanto aos resultados alcançados pelos produtores que adotaram essas estratégias, Lange diz que observou uma melhoria significativa na produção de sólidos, especialmente importante para a indústria de laticínios, que valoriza a qualidade desses produtos. Além disso, segundo ele, houve um aumento na produtividade na fazenda e uma redução no uso de medicamentos e antibióticos, o que é fundamental para a saúde dos animais e também reflete uma preocupação ambiental, já que a vaca melhora a digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN). “Essas práticas não só beneficiam os produtores em termos de eficiência e sustentabilidade, mas também atendem às demandas do mercado por alimentos de qualidade e produzidos de forma responsável”, evidencia o especialista.

Estratégias promissoras

Entre as estratégias mais promissoras adotadas para adquirir uma maior eficiência alimentar no rebanho leiteiro, Lange destaca que está o trabalho com a vaca futura. “É preciso trabalhar com o animal desde sua fase inicial, ou seja, quando a bezerra ainda está no ventre, garantindo uma boa nutrição para a vaca e um ambiente com conforto térmico para seu desenvolvimento. Após o nascimento, é essencial garantir a ingestão de colostro nas primeiras horas de vida, proporcionando um ambiente limpo e confortável. Em seguida, é necessário implementar um protocolo de acompanhamento da criação dessa novilha, o que possibilita que tenhamos uma perspectiva da longevidade desse animal”, explica o doutor em Nutrição de Ruminantes.

Por sua vez, quando a vaca já está produzindo leite, Lange diz que entra em cena o uso de aditivos e estratégias de melhoramento genético para otimizar sua produção. “É importante identificar as necessidades específicas do rebanho e adotar tecnologias adequadas para garantir sua saúde e desempenho”, menciona.

Quanto à longevidade da vaca e sua produção ao longo da vida, Lange explica que os índices como intervalo entre partos são fundamentais. De acordo com o profissional, o intervalo entre partos deve ser de 12 a 13 meses, o que significa que a vaca produzirá um bezerro a cada ano. “Recomendamos que a vaca tenha seu primeiro bezerro aos 24 meses de idade, com isso, em média, as vacas nacionais deixam três bezerros na fazenda ao longo de sua vida”, relata, acrescentando: “Sabemos que o pico de produção da vaca hoje acontece entre o quarto e quinto parto, então nosso objetivo é prolongar a vida produtiva da vaca, buscando que ela permaneça na fazenda por pelo menos cinco partos, o que resulta em uma produção média de leite ao redor de 305 a 310 dias por lactação. Este ciclo visa otimizar a produtividade do rebanho e garantir uma produção sustentável a longo prazo”.

Saúde intestinal e impactos ambientais

Quando o rúmen e o intestino estão saudáveis, os animais conseguem absorver melhor os nutrientes, evitando desperdícios. Lesões nos tecidos de absorção podem resultar na excreção inadequada de nutrientes, como nitrogênio e carboidratos, nas fezes, o que não só representa uma perda de recursos valiosos, mas também contribui para a poluição ambiental. “Nosso objetivo é manter o sistema digestivo dos bovinos saudável para maximizar a eficiência na utilização dos nutrientes e minimizar o impacto ambiental da produção pecuária”, cita.

Principais sistemas de produção

Segundo Lange, os principais sistemas de produção de leite no Brasil são semiconfinado, compost barn e free stall. No sistema semiconfinado, as vacas passam parte do dia em pastagens e parte recebendo suplementação no cocho, enquanto no compost barn as vacas passam toda a lactação dentro de um sistema de cama, e no free stall os rebanhos leiteiros ficam confinados em áreas com camas individualizadas, corredores de acesso e pistas de trato. “Atualmente, o sistema compost barn é o mais prevalente no Paraná, oferecendo condições favoráveis para o bem-estar animal e a eficiência na produção leiteira”, frisa.

Desafios diários no campo

Dentre os principais desafios que os produtores enfrentam na implementação de práticas mais sustentáveis em sua produção, visando uma melhor eficiência do gado leiteiro, reside na qualidade da assistência técnica. Segundo Lange, muitos produtores estão focados apenas nos custos, quando na verdade deveriam estar atentos ao retorno máximo sobre o investimento realizado no rebanho. “Convencer os produtores a considerar a receita máxima, que leva em conta o custo-benefício real, é um desafio significativo”, admite.

Outro desafio se concentra na produção de volumoso de qualidade. “A qualidade do volumoso limita a produção no Brasil, pois muitos produtores investem em sementes e adubação, mas falham na produção adequada de silagem. O processamento da fibra e dos grãos muitas vezes é negligenciado, assim como a qualidade das lonas utilizadas para ensilar”, analisa Lange.

O terceiro grande desafio é a questão da mão de obra. O profissional aponta que ao fazer ajustes no manejo e na dieta é essencial considerar o bem-estar das pessoas que trabalham na fazenda. “As recomendações devem ser coerentes com a logística da fazenda e garantir que todos estejam felizes e satisfeitos com suas tarefas”, destaca.

Gestão de custo da propriedade

O doutor em Nutrição de Ruminantes explica que quanto mais leite a vaca produzir e quanto maior for sua eficiência, menor será o custo por litro de leite produzido. “O custo de uma vaca que produz 40 litros de leite por dia em comparação com uma vaca que produz 25 litros/dia é superior a 40%. Então o produtor precisa entender que para dobrar a sua produção não é preciso dobrar o investimento, mas sim tornar seu sistema mais viável, mais assertivo, ou seja, é preferível que tenha cinco vacas que produzam 35 litros/dia ao invés de 10 vacas que produzam 20 litros/dia”, exemplifica.

Existem várias ferramentas para o produtor mensurar o custo de uma vaca, mas Lange é enfático ao dizer que a nutrição é determinante na produção diária do leite. “O custo total com a nutrição dos animais representa cerca de 50 a 60% do custo total da fazenda, às vezes até mais. Por exemplo, o custo médio diário da dieta de uma vaca que produz entre 30 e 35 litros de leite pode chegar a R$ 40. O custo é significante dentro da atividade leiteira, por isso que a cada dia mais queremos melhorar a eficiência alimentar para garantir a viabilidade econômica da atividade leiteira”, justifica.

Lange enfatiza que o produtor tem se atentado cada vez mais para a gestão do custo da propriedade. “É preciso tratar a propriedade leiteira como uma empresa e o produtor tem que entender que ele é um empresário. Cada vez mais a sustentabilidade econômica da atividade está em evidência e o produtor precisa entender que ao comprar um produto mais tecnificado o seu retorno tende a ser maior também”, salienta Lange.

Implementação de tecnologias

O uso de tecnologias nas atividades agropecuárias é uma tendência irreversível, especialmente no que diz respeito à robótica. No entanto, Lange ressalta que a tecnologia não é uma solução mágica para aumentar a produção de forma imediata. “A tecnologia é um caminho sem volta, tanto com o uso de robô como da intensificação da atividade leiteira. No entanto, friso para muitos produtores que estão cogitando migrar para o sistema de ordenha robótica fazer o ‘feijão com arroz’ bem feito para depois implementar esse sistema. Porém muitos produtores ainda acreditam que se colocar a ordenha robótica isso vai aumentar a produção de leite, mas, o que temos nos deparado é com casos em que a implementação impactou negativamente a produção, com o produtor não conseguindo manter o mesmo número de ordenhas diárias após a instalação do robô”, evidencia Lange.

O zootecnista diz ainda que é importante compreender que a tecnologia aplicada à ordenha não vai aumentar automaticamente a produção de leite, mas sim facilitar a logística dentro da fazenda e reduzir a dependência de mão de obra. “Isso significa que os produtores terão mais tempo para se dedicar a outras atividades importantes, como cuidar de bezerros, atender vacas doentes e preparar os alimentos. Nesse sentido, a tecnologia tem o potencial de ser uma ferramenta valiosa para melhorar a eficiência e o bem-estar dos animais, desde que seja implementada de forma estratégica e cuidadosa, levando em consideração as necessidades específicas de cada fazenda e do rebanho”, reforça.

Manejo eficiente

A gestão eficiente do rebanho na atividade leiteira requer um manejo cuidadoso em todas as fases, desde a produção da bezerra até a vaca em produção. Os desafios enfrentados durante o pré-parto, o período seco e até mesmo problemas de saúde na bezerra podem impactar de forma significativa na produção futura de leite. “É essencial que os produtores compreendam o sistema como um todo e adotem estratégias específicas de manejo para cada categoria de animal, pois a vaca que está produzindo hoje começou sua lactação na lactação passada, então se ela sofreu ou teve problema durante o pré-parto ou no período seco, seja com calor ou por deficiência de algum nutriente, isso vai impactar na futura produção de leite”, ressalta Lange.

A implementação de aditivos e práticas nutricionais adequadas pode ajudar a melhorar a eficiência e o desempenho de cada fase do rebanho, desde a redução das taxas de diarreia e pneumonia em bezerros até a melhoria da produção de sólidos e saúde reprodutiva em vacas em produção. “A diarreia sofrida por uma bezerra terá um impacto na produção de leite durante sua primeira lactação. Por isso que o manejo deve ser preciso e adaptado a cada categoria de animal. Dentro de um manejo adequado, introduzimos aditivos que visam aprimorar a eficiência em cada fase específica. Por exemplo, disponho de um aditivo que melhora o ganho de peso dos bezerros, reduzindo as incidências de diarreia e pneumonia. Para novilhas em fase reprodutiva, optamos por adotar um aditivo ou uma abordagem nutricional que promova uma melhor saúde reprodutiva sem resultar em ganho excessivo de peso. Para vacas em produção é possível empregar aditivos com o objetivo de aprimorar a produção de sólidos, saúde reprodutiva, saúde do casco e bem-estar geral. Esses aditivos podem incluir fitogênicos, posbióticos ou eubióticos, que são derivados do metabolismo da levedura. Acredito que ao implementarmos medidas básicas já estaremos realizando um trabalho significativo”, revela Lange.

O profissional ainda lembra que o ciclo de produção na pecuária leiteira requer um planejamento estratégico a longo prazo. “Começar hoje com práticas básicas e consistentes é o primeiro passo para garantir uma produção de sucesso no futuro”, destaca.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Raça Brahman terá jurado internacional na 89ª ExpoZebu

Este ano quem comandará os julgamentos da raça será o jurado norte-americano Kelvin Moreno, com apoio da jurada auxiliar Poliana de Castro Melo.

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Foto: Divulgação

A 89ª edição da ExpoZebu será palco das comemorações dos 30 anos da chegada da raça Brahman no Brasil. Quem passar pelo Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), entre os dias 27 de abril e 05 de maio, poderá acompanhar a evolução da raça e as competições pelos grandes campeonatos.  “Será uma edição especial da ExpoZebu, pois estamos comemorando 30 anos da primeira importação de Brahman. A raça avançou muito nessas três décadas e vamos apresentar toda essa evolução aos visitantes dos mais diversos países que passarem pela ExpoZebu”, ressalta o presidente da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), Gustavo Rodrigues.

Este ano quem comandará os julgamentos da raça será o jurado norte-americano Kelvin Moreno, com apoio da jurada auxiliar Poliana de Castro Melo. Kelvin Moreno foi indicado pela diretoria da ACBB e atuará tanto no julgamento de pista quanto no Brahman a Campo. De família de selecionadores de Brahman no Texas, ele já atuou em exposições de vários países e é secretário/tesoureiro da American Brahman Breeders Association. No Brasil, Moreno vem contribuindo com o desenvolvimento de projetos científicos junto à ABCZ.

O julgamento da raça Brahman será de 1º a 3 de maio, começando com a competição “Brahman a Campo” no primeiro dia e segundo dia. Já os animais inscritos para a pista serão avaliados nos dias 2, 3 e 4 de maio. A expectativa é de que participem 150 exemplares nas duas competições.

A agenda da raça na ExpoZebu contempla ainda a Assembleia Geral Ordinária, no dia 1º de maio, às 19 horas, na Casa do Brahman. Já no dia 02 de maio, às 20 horas, acontece o 3º Leilão de Sêmen ACBB, também na sede da ACBB. Outra oportunidade de adquirir a genética Brahman será durante o Leilão Portobello e Terra Verde, agendado para o dia 03, às 20 horas, na Confraria/Armazém do Boi.

 Mérito ABCZ
O criador da raça Brahman, Marcos Henrique Pereira Alves, será um dos homenageados com a comenda “Mérito ABCZ”, juntamente com outras 18 personalidades do agronegócio brasileiro. A premiação acontecerá durante a abertura oficial da ExpoZebu no dia 4 de maio, antes das disputas dos Grandes Campeonatos.

Titular da Fazenda Transmontana, localizada em Vassouras/RJ, Marcos Henrique é selecionador da raça Brahman desde 2000 e associado da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil. O criatório está entre os que mais realizam provas de ganho em peso a pasto no estado, utilizando touros mais bem avaliados nessas competições.

Em 2024, a fazenda já confirmou sua participação na 4ª Prova de Eficiência e Performance Brahman/BoicomBula, que será realizada pela ACBB. Outro projeto para 2024 é a realização do 20° Leilão Brahman Transmontana, oficializado pela entidade.

Fonte: Assessoria ACBB
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CBNA – Cong. Tec.

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