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Avicultura

Nutrição, manejo e genética: o tripé da saúde locomotora em frangos

Seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves.

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As questões relacionadas à saúde locomotora em frangos de corte têm, nos últimos anos, despertado uma preocupação crescente na indústria avícola. O rápido crescimento genético das aves para atender à demanda do mercado tem levado a um aumento na incidência desses problemas, principalmente de artrites.

A seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves. Condições de manejo inadequadas, como densidade populacional elevada, má qualidade da cama, ventilação inadequada e estresse térmico, podem contribuir para o aumento da incidência de problemas locomotores.

A falta de espaço e a qualidade inadequada do substrato podem causar lesões nas articulações e dificultar o movimento das aves. A nutrição também desempenha um papel fundamental na saúde locomotora das aves. Dietas desequilibradas em minerais e vitaminas essenciais, como cálcio, fósforo e vitamina D, podem comprometer a saúde óssea e articular das aves. A formulação cuidadosa das dietas, adaptada às necessidades específicas das aves em diferentes estágios de crescimento, é essencial para prevenir deficiências nutricionais que possam contribuir para o desenvolvimento de artrites.

Médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes: “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo” – Fotos: Divulgação

Além disso, medidas preventivas, como o monitoramento regular da saúde locomotora das aves e a identificação precoce de problemas, são fundamentais para garantir o bem-estar das aves e a sustentabilidade da indústria avícola. Investimentos em pesquisa contínua e educação para produtores são essenciais para promover práticas de manejo sustentáveis e melhorar o desempenho econômico e ambiental da produção avícola.

Diante desse cenário, se faz necessário uma abordagem multifatorial, envolvendo estratégias de manejo integradas para reduzir a incidência de artrites e problemas locomotores em frangos de corte. Isso inclui a seleção criteriosa de linhagens genéticas com melhores características de saúde locomotora, o fornecimento de ambientes de alojamento adequados e a implementação de programas nutricionais. Sobre essa temática, a médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes, tratou no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), realizado entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Multifatoriais

Os aspectos mais relevantes que estão relacionados com os problemas locomotores são fatores traumáticos ou mecânicos, infeciosos, nutricionais, ambientais e relacionados ao manejo. Esses fatores podem ainda estar associados ou ocorrer de forma isolada. Jovanir menciona que a cama de má qualidade, que não foi adequadamente manejada no intervalo entre lotes, pode levar à instabilidade na locomoção do pintainho pela presença de cascões e desnivelamentos e resultar em microfraturas e fendas em áreas de crescimento ósseo nas extremidades dos ossos longos, como tíbia e fêmur.

Por outro lado, camas úmidas podem predispor às lesões de coxim plantar, as pododermatites, que além de provocar dor, são portas de entrada para bactérias e vírus presentes na cama. “O aumento na umidade nas camas pode ser resultado da baixa digestibilidade da dieta (granulometria inadequada, micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos), da ambiência inadequada (manejo de placas evaporativas, ventilação e estresse térmico) e das disbacterioses, que alteram a estabilidade da microbiota intestinal, comprometendo a funcionalidade da mucosa intestinal”, ressalta a médica-veterinária.

A doutora em Zootecnia explica que bactérias oportunistas podem atravessar a barreira epitelial intestinal através das junções firmes entre as células e por meio da via hematogênica chegam até às microfraturas e fissuras osteocondróticas na extremidade proximal do fêmur e da tíbia, contribuindo com o quadro de necrose e degeneração das áreas de metáfise dos ossos longos. “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. Esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, além da ocorrência de artrites assépticas”, pontua Jovanir.

Além desses fatores, a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado”, ressalta Jovanir, acrescentando: “Nessa situação, a troca de genes de resistência entre bactérias do ambiente por meio de elementos genéticos móveis contribui para a manutenção dessas bactérias portadoras de genes de patogenicidade e de resistência aos antibióticos de um lote para outro. Além disso, o curto período de intervalo entre lotes, o aumento da densidade de alojamento e os erros de manejo, mantém essas cepas mais resistentes e mais patogênicas que podem acometer as aves e resultarem em diferentes manifestações de lesões e comprometimento do sistema locomotor”.

As artrites e problemas locomotores acarretam uma série de consequências adversas nas aves, incluindo dor, comprometimento do bem- -estar animal, dificuldade locomotora,

restrição de acesso à água e ração, prostração sobre a cama, ingestão de cama e inalação de amônia, aumento da taxa de mortalidade (com aves eliminadas), queda no desempenho produtivo, aumento das condenações no abatedouro devido à fragilidade óssea, dermatites/celulites e aerossaculite.

Perdas operacionais no abatedouro

No ambiente do abatedouro, esses problemas também se refletem em perdas operacionais, visto que a redução da velocidade no processo de abate é necessária devido ao aumento das condenações, além dos riscos microbiológicos adicionais decorrentes do aumento da presença de patógenos durante o processamento das carcaças.

Nutrição: papel-chave na prevenção

A nutrição tem papel fundamental em prover nutrientes para o crescimento ósseo. É importante que os níveis nutricionais sejam ajustados à necessidade das aves e aos processos de fabricação de ração. Um desafio é fazer com que esses nutrientes cheguem até o osso. “A baixa digestibilidade dos ingredientes, granulometria inadequada, ocorrência de micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos presentes nos ingredientes podem levar às falhas nos processos de digestão e absorção e em agressão à mucosa intestinal, resultando em sobras de substratos que podem desestabilizar e romper a homeostase do microbioma intestinal, contribuindo com a proliferação das bactérias patogênicas”, expõe a mestre em Nutrição Animal.

De acordo com ela, o aumento, principalmente de proteína não digerida e resultante do aumento do turnover celular da mucosa intestinal, leva a putrefação e a produção de substâncias e moléculas (aminas biogênicas, ácidos graxos de cadeia ramificada, amônia, indol e escatol) que afetam a funcionalidade da mucosa intestinal. “Além da redução da absorção de nutrientes, ocorre aumento da permeabilidade intestinal, ativação do sistema imunológico do hospedeiro, translocação bacteriana, lipopolissacarídeos e padrões moleculares associados a microrganismos (MAMPs) através da barreira endotelial e liberação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-11 e IL-17, que podem ativar a osteoclastogênese e aumentar a reabsorção óssea, principalmente das trabéculas, localizadas nas regiões proximais dos ossos longos”, enfatiza.

Genética das linhagens

O constante melhoramento genético tem resultado em mudanças no crescimento e na deposição de tecido muscular, alterando a conformação da carcaça pela maior deposição de carne de peito, movendo o centro de gravidade dos frangos de corte para frente. “Isso tem contribuído para que a ave adapte sua postura com modificação das propriedades morfológicas, biofísicas e mecânicas da estrutura óssea, o que afeta diretamente as regiões proximais da tíbia e fêmur e a quarta vertebra, ponto de sustentação do peso a ave. Além disso, ossos crescem acompanhando a taxa de crescimento muscular em função da gravidade que o peso vivo exerce, entretanto, não mineralizam o suficiente até a idade de abate”, frisa Jovanir.

Dessa forma, a docente diz que é importante compreender que a rápida taxa de crescimento das atuais linhagens de frangos de corte não é causa das artrites e problemas locomotores, mas sim se constitui num fator de predisposição. “Isso é confirmado pela variação na ocorrência e na gravidade dos problemas locomotores e artrites entre as linhagens genéticas, regiões, clima e até entre aviários de uma mesma companhia avícola”, menciona.

Principais desafios de manejo

Um dos principais desafios enfrentados, segundo Jovanir, é manter um ambiente adequado e saudável que permita a expressão natural do comportamento das aves, enquanto atende às necessidades de bem-estar, saúde e produtividade das mesmas. “As aves respiram, comem (ração e cama) e bebem, portanto, diminuir a carga de microorganismos patogênicos e antígenos que possam perturbar a homeostase do sistema imune de mucosas contribui não só para a redução de problemas locomotores e artrite, como também para a redução de outras condições que afetam o bem-estar das aves, a produtividade e a rentabilidade da cadeia avícola”, salienta a doutora em Zootecnia.

O manejo da cama e do ambiente das aves se constituem no maior desafio que precisa ser enfrentado. Com as constantes melhorias genéticas, o aumento da taxa de crescimento e da taxa metabólica das aves vêm acompanhado do aumento do consumo de ração, da produção de gases e da excreção de água. “A cama retém esses substratos, os quais são metabolizados pela microbiota, alterando o perfil e a diversidade, gerando ainda mais umidade e amônia”, enfatiza, ampliando: “A umidade excessiva contribui com a ocorrência direta dos problemas locomotores e artrites, enquanto que a amônia é o principal agressor da mucosa respiratória, predispondo a ocorrência de aerossaculite e outros problemas respiratórios”.

Alojamento e densidade populacional

Na eclosão, os pintainhos apresentam placas de crescimento ósseo espessas e frágeis e ossos fino e porosos. O período logo após a eclosão é um estágio crítico para o desenvolvimento ósseo e, por isso, de acordo com Jovanir, as práticas realizadas no incubatório devem prevenir lesões mecânicas e amenizar estressores e contaminações que possam impactar o crescimento e a mineralização óssea.

Somado a isso, o tempo e a qualidade do transporte dos pintainhos até as granjas podem ser fatores primários da ocorrência de problemas locomotores em frangos de corte. “No alojamento é necessário adotar estratégias que minimizem os impactos sobre essas estruturas ósseas frágeis e oferecer um ambiente adequado que permite o estabelecimento de uma microbiota simbiótica, uma vez que o pintainho não é colonizado pela transferência da microbiota materna, a exemplo de outras espécies”, pontua a médica-veterinária. O maior número de aves por metro quadrado implica em maior volume de excretas, maior umidade na cama e pior qualidade do ar, fatores fortemente associados a ocorrência dos problemas locomotores e artrite. “A densidade populacional de um aviário deve ser muito bem calculada e dimensionada levando em conta a capacidade de manter o ambiente em torno da ave adequado para o seu bem-estar, comportamento natural, produtividade e saúde”, reforça Jovanir.

Sinais clínicos comuns

Entre os sinais clínicos mais comuns de artrites e problemas locomotores em frangos de corte, estão a dificuldade locomotora (andar com dor), claudicação, busca por equilíbrio ao andar com abertura de asas, dedos tortos, assimetria entre pernas, articulações (especialmente articulação tibiotársica) quentes e com aumento de tamanho, além de aves em posição de decúbito ou sentadas.

Controle e prevenção

As medidas de controle e prevenção para reduzir a ocorrência de artrites e problemas locomotores são basicamente as mesmas previstas nos programas sanitários que as empresas e agroindústrias aplicam para reduzir a ocorrência de qualquer enfermidade ou distúrbio. “É importante que os programas sanitários sejam pautados em dados históricos de cada cooperativa ou agroindústria da ocorrência desses problemas para que seja possível a interpretação e entendimento dos fatores envolvidos e traçadas estratégias mais especificas e assertivas no controle”, enfatiza, evidenciando que além da adoção de estratégias sanitárias, nutricionais e ambientais, deve haver um comprometimento coletivo de todos os envolvidos com a cadeia avícola.

Na fábrica de ração, a especialista diz que devem ser implantados e acompanhados programas de qualidade em todas as etapas de fabricação e de processamento. “As estratégias devem ser aplicadas ainda nos matrizeiros, visando a qualidade da casca do ovo, a transferência de nutrientes para o embrião e o controle sanitário”, menciona.

No incubatório, Jovanir destaca a necessidade de realizar estudos que busquem oportunidades de aprimoramento no desenvolvimento do tecido ósseo, bem como melhorias nos processos aos quais o pintainho recém-eclodido é submetido. “É fundamental que o pintainho seja transportado para as granjas sem impacto sobre o aparelho locomotor”, frisa.

Nas granjas, a docente explica que as camas devem estar secas, trituradas e aquecidas, uma vez que a presença de cascões causa instabilidade nas articulações de ossos longos, ainda com grande quantidade de tecido cartilaginoso. “A altura dos bebedouros nipple é um fator que pode comprometer a saúde das placas de crescimento dos ossos, devido ao esforço para beber água. O manejo do ambiente das aves, a qualidade do ar e água são fatores fundamentais para controlar a diversidade e a carga microbiológica e eliminar organismos competitivos, promovendo a manutenção da estabilidade do microbioma simbiótico no ambiente intestinal da ave”, reforça.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Especialista aponta desafios e estratégias na nutrição para aumentar imunocompetência em frangos de corte

Estratégias de manejo alimentar, como a formulação de dietas balanceadas e enriquecidas de nutrientes específicos, uso de aditivos alimentares para promover a saúde intestinal, implementação de programas de vacinação e o monitoramento da qualidade da água de bebida são essenciais para fortalecer a imunocompetência em frangos de corte desde a fase inicial.

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Em tempos em que a produção avícola enfrenta desafios complexos, compreender como a nutrição afeta diretamente a capacidade imunológica das aves desde os estágios iniciais pode representar um diferencial significativo para os produtores. As implicações dessas descobertas não apenas podem otimizar os resultados de produção, mas também contribuir para o bem-estar e a saúde das aves, garantindo um setor avícola mais resiliente e sustentável. A imunocompetência nas fases iniciais e sua relação com a nutrição foi tratada pelo médico-veterinário e professor de Vacinologia Veterinária na Universidade Federal do Paraná, Breno Castello Branco Beirão, no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), evento realizado em meados de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Médico-veterinário e professor de Vacinologia Veterinária na Universidade Federal do Paraná, Breno Castello Branco Beirão: “A qualidade da dieta da matriz afeta a transferência imune pelo ovo, ou seja, há efeitos indiretos da qualidade da dieta da matriz sobre a progênie” – Foto: Divulgação

Durante sua palestra, o profissional tratou sobre os desafios nutricionais, estratégias de manejo alimentar e os impactos na saúde e desempenho das aves, destacando a importância vital dessa abordagem para uma produção avícola resiliente e sustentável. “Uma nutrição adequada desempenha um papel fundamental na saúde e no desempenho das aves de corte, especialmente durante as fases iniciais de crescimento. Além disso, a prevenção de doenças através do fortalecimento do sistema imunológico é essencial para garantir a produtividade e a rentabilidade da produção avícola”, afirmou o docente.

A imunocompetência nos estágios iniciais da vida é um fator determinante que afeta diretamente a saúde e a produtividade das aves de corte. Beirão explica que as aves não nascem com o sistema imunológico totalmente desenvolvido, sendo que ele amadurece gradualmente nos primeiros dias de vida em contato com o ambiente. “Esse período inicial é crítico, pois as aves são mais suscetíveis a invasões por patógenos, exigindo atenção especial dos produtores para garantir sua saúde e bem-estar”, aponta.

Além disso, Beirão diz que é fundamental compreender que se o sistema imunológico for comprometido durante essa fase, seu amadurecimento pode ser prejudicado, resultando em um estado imunológico imaturo, que persistirá ao longo da vida da ave.

Em relação aos nutrientes essenciais para promover a imunocompetência em pintinhos de corte e sua influência na resistência a doenças, Beirão destaca que todos são fundamentais, no entanto, alguns se destacam por sua importância, uma vez que apresentam um impacto significativo na resposta imunológica. “A constituição proteica da dieta é considerada o principal fator, sendo indispensável para o desenvolvimento da imunidade. Sem uma quantidade adequada de proteínas na dieta, a imunidade fica comprometida. Além disso, outros nutrientes desempenham papéis essenciais, como os micronutrientes, incluindo o zinco, e as vitaminas, entre as quais a vitamina A, fundamental para a saúde das mucosas, uma barreira importante contra patógenos”, esclarece.

Importância da dieta materna

O papel da dieta materna na imunocompetência dos pintinhos de corte durante a fase de incubação e eclosão é de extrema importância. A qualidade e composição da dieta da matriz afetam diretamente o desenvolvimento do sistema imunológico dos pintinhos antes mesmo de eles eclodirem. “Vitaminas, minerais e antioxidantes presentes na dieta da matriz são transferidos para os embriões através dos ovos e desempenham um papel fundamental na formação e maturação do sistema imunológico dos pintinhos. Além disso, a qualidade da dieta da matriz afeta a transferência imune pelo ovo, ou seja, há efeitos indiretos da qualidade da dieta da matriz sobre a progênie”, ressalta.

Efeitos de dietas desequilibradas

Dietas desequilibradas ou deficientes em nutrientes essenciais podem ter impactos significativos na saúde das aves, especialmente em termos de imunidade e saúde intestinal. Embora seja verdade que na avicultura comercial os programas de alimentação sejam geralmente bem formulados para atender às necessidades nutricionais das aves, ainda existem situações em que desequilíbrios momentâneos podem ocorrer, especialmente durante períodos de estresse ou desafios imunológicos. “Um sistema imunológico enfraquecido devido à deficiência nutricional pode resultar em uma resposta imune inadequada às infecções, tornando as aves mais propensas a ficarem doentes e a experimentarem taxas mais altas de mortalidade”, expõe o médico-veterinário.

Além disso, dietas deficientes também podem afetar negativamente a saúde intestinal das aves. O intestino é um órgão crucial para a absorção de nutrientes, e qualquer perturbação em sua função pode levar a distúrbios digestivos e redução na absorção de nutrientes. Beirão diz ainda que é essencial garantir que as aves recebam uma dieta equilibrada e adequada em todos os estágios de seu ciclo de vida. “Isso não apenas vai promover a saúde e o bem-estar das aves, mas também vai contribuir para a produtividade e a rentabilidade da produção avícola”, pontua.

Estratégias de manejo alimentar

Estratégias de manejo alimentar, como a formulação de dietas balanceadas e enriquecidas de nutrientes específicos, uso de aditivos alimentares para promover a saúde intestinal, implementação de programas de vacinação e o monitoramento da qualidade da água de bebida são essenciais para fortalecer a imunocompetência em frangos de corte desde a fase inicial.

Os probióticos, por exemplo, são microrganismos benéficos que podem ajudar a restaurar e manter o equilíbrio da microbiota intestinal, contribuindo para uma melhor saúde digestiva e imunológica. Os prebióticos, por sua vez, são substâncias que estimulam o crescimento e a atividade desses probióticos no trato gastrointestinal, promovendo um ambiente intestinal saudável. Ácidos orgânicos e antioxidantes também podem desempenhar papéis importantes na redução da carga bacteriana patogênica e na proteção das células contra danos oxidativos, respectivamente, contribuindo para uma melhor saúde geral das aves.

Além disso, é essencial monitorar e garantir a qualidade da água de bebida fornecida às aves. “A água desempenha funções essenciais na fisiologia das aves e pode afetar diretamente a digestão e a absorção de nutrientes. Água contaminada ou de má qualidade pode comprometer a saúde das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e prejudicando a eficácia da nutrição fornecida através da dieta”, reforça Beirão.

Desafios nutricionais

Os desafios nutricionais enfrentados durante a fase inicial de crescimento das aves de corte são diversos e podem ter impactos significativos na imunocompetência e no desempenho geral das aves. “Um dos principais desafios é garantir que as aves recebam uma dieta balanceada e de alta qualidade desde o início. Isso envolve fornecer os nutrientes essenciais necessários para um crescimento saudável, bem como evitar deficiências ou excessos que possam comprometer a saúde das aves”, salienta o especialista.

Além disso, garantir a ingestão adequada de nutrientes essenciais é fundamental para promover a imunocompetência das aves. “Deficiências de nutrientes importantes, como vitaminas, minerais e aminoácidos, podem enfraquecer o sistema imunológico das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e infecções”, menciona o profissional.

Segundo Beirão, outro desafio nutricional importante é lidar com fatores ambientais que podem afetar a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes pelas aves. “Mudanças na temperatura ambiente, estresse térmico, qualidade do ar e outros fatores ambientais podem influenciar o comportamento alimentar das aves e sua capacidade de absorver nutrientes adequadamente”, afirma o médico-veterinário.

Esses desafios nutricionais não apenas representam obstáculos para o crescimento e o desenvolvimento saudável das aves, mas também têm um impacto direto na imunocompetência das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e comprometendo seu desempenho geral. “É essencial adotar estratégias de manejo alimentar eficazes para enfrentar esses desafios e garantir a saúde e o bem-estar das aves desde as fases iniciais de crescimento. Isso inclui a formulação cuidadosa de dietas balanceadas, o uso estratégico de suplementos nutricionais, o monitoramento regular da saúde das aves e a implementação de medidas para mitigar os efeitos adversos de fatores ambientais sobre a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes”, evidencia.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Resultados uniformes e consistentes para uma maior eficiência econômica em granjas avícolas

A eficiência alimentar é o principal indicador de performance técnica na produção de aves e suínos. Com os preços da carne e ovos em alta, mas nem sempre compensando os aumentos dos custos com a alimentação, a taxa de conversão alimentar se torna o primeiro indicador a ser melhorado.

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A grande pressão nos preços tem forçado todas as organizações a melhorarem sua eficiência econômica de uma maneira profunda. O mundo da produção animal não está imune a essa limitação, muito pelo contrário. Tanto para a produção de carne de frango, ovos ou carne suína, os custos com a alimentação representam mais de 50% dos custos de produção no campo. Este é o motivo pelo qual é essencial focar na eficiência alimentar.

Porém, na cadeia alimentar, o campo não é a única parte envolvida. Empresas de produção e abatedouros têm suas próprias dificuldades. Ainda que, atualmente, o foco principal seja em custos com energia e mão de obra, estas empresas também têm que gerenciar as oscilações na produção. Na verdade, o número e o peso dos animais no frigorífico nunca alcançam o que foi planejado na logística. Por outro lado, a mortalidade e as variações de manejo na performance de crescimento são fontes de divergências que penalizam os frigoríficos e toda a cadeia de produção.

Hoje, é possível melhorar a situação através de ações em ambas:

A resiliência da economia das propriedades através da eficiência alimentar.
A eficiência econômica através da uniformidade na produção.
A eficiência alimentar para a sustentabilidade econômica das granjas

A eficiência alimentar é o principal indicador de performance técnica na produção de aves e suínos. Com os preços da carne e ovos em alta, mas nem sempre compensando os aumentos dos custos com a alimentação, a taxa de conversão alimentar se torna o primeiro indicador a ser melhorado.

Algumas soluções técnicas com o objetivo de baixar o custo de alimentação rapidamente se mostram limitadas. A performance, ou pelo menos a taxa de consumo de ração, devem ser mantidas para continuar tirando o máximo de proveito dos altos preços da venda dos produtos. Portanto, cada vez que um novo ingrediente é adicionado ou as margens de segurança para exigências nutricionais são reduzidas, uma medida para proteger os resultados deve ser implementada. Aditivos nutricionais à base de óleos essenciais e formulados para performance têm seu papel nessa estratégia, e com baixo investimento.

Uma outra abordagem é a melhoria na produtividade da carne e ovos. Nessa situação, o alvo é reduzir a taxa de conversão alimentar para baixar os custos com a alimentação e/ou produzir mais pelo mesmo preço. Novamente, aditivos formulados com óleos essenciais são relevantes pelo seu investimento acessível e retorno elevado (Figura 1). Este exemplo de resultado consistente foi demonstrado por uma pesquisa através de uma meta-análise baseada em 25 experimentos conduzidos em granjas comerciais de sete países diferentes.

Figura 1 – Aumento na taxa de crescimento e eficiência alimentar de frangos de corte consumindo um blend de extrato de plantas. Blend de extrato de plantas = Dieta Controle + 100 ppm de extrato de plantas.

 

Por fim, o sucesso da operação atualmente reside na uniformidade dos resultados obtidos apesar da diferença entre as granjas. A combinação certa de ativos na dosagem correta se torna uma solução que proporciona resultados uniformes e consistentes em uma variedade de ambientes. Quanto mais completa e sinérgica é a composição, mais efetivo é o produto (Figura 2). Isto foi muito bem descrito em uma meta-análise baseada em artigos publicados sobre a resposta do carvacrol na performance de frangos de corte.

Figura 2 – Associação sinérgica de carvacrol e especiarias potencializam os benefícios e o uso em frangos de corte.

Uniformidade para simplificar o planejamento da produção e melhorar a eficiência econômica

Na dinâmica de organização da produção, a chave para alcançar eficiência econômica reside em um planejamento estruturado: é essencial alinhar o envio de animais para abate que correspondam em número e qualidade às demandas diárias dos frigoríficos. No entanto, a criação de frangos representa um desafio considerável para a exatidão de um planejamento matemático.

O produto capaz de fazer animais de diferentes propriedades atingirem o mesmo peso no mesmo dia ainda não está disponível. Entretanto, aves alimentadas com um blend de extratos sinérgico apresentam um ganho de peso maior e mais uniforme. As divergências de performance observadas entre um lote e outro são de fato menores, assim como as diferenças de planejamento. Simplesmente, reduzindo os atrasos em diferentes propriedades fica fácil ganhar um dia efetivo de produção que, dependendo da situação, pode ser aproveitado para um vazio sanitário mais seguro ou um aumento na produção geral: ganhar um dia de produção por ciclo equivale a um acréscimo de 2% na produção anual.

Esta é a razão pela qual uma linha de agentes naturais à base de extratos de plantas e especiarias é utilizada para aprimorar a eficiência alimentar e reforçar a uniformidade na produção, contribuindo assim para melhorias contínuas na produtividade geral:

  • Lotes mais lucrativos para os produtores: redução de conversão alimentar.
  • Lotes mais homogêneos no frigorífico: diminuição de penalizações aos produtores, melhor performance ao abate.
  • Resultados mais consistentes entre um lote e outro: otimizando o planejamento de produção.

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Fonte: Por Jean-François Gabarrou, gerente Científico Animal Care da Phodé
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Avicultura

Nutrição responde por 60% das emissões de CO₂eq da avicultura

É essencial adotar estratégias que visem reduzir as emissões na produção de ração, como o uso de ingredientes alternativos de baixo impacto ambiental, a otimização da eficiência nutricional e a implementação de tecnologias mais sustentáveis no processo de produção de alimentos para os animais.

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A busca por uma produção animal mais sustentável é uma prioridade global, impulsionada pela necessidade incessante de aumentar a eficiência produtiva ao mesmo tempo em que se reduz o impacto ambiental. Nesse cenário desafiador, o Brasil, reconhecido mundialmente pela sua potência agropecuária, enfrenta uma competição acirrada por inovações e soluções que possam elevar seus padrões de produção animal.

Para discutir esses desafios e as oportunidades que se avizinham, o presidente da Associação Latino-Americana de Nutrição Animal (Feedlatina), Roberto Ignacio Betancourt, autoridade reconhecida internacionalmente no campo da nutrição animal e da agricultura sustentável, participou do 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que aconteceu entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC), trazendo à tona questões como a pressão para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a necessidade de minimizar o desperdício de recursos naturais e o fomento à promoção de práticas agrícolas mais éticas e socialmente responsáveis. “É muito importante estarmos cientes que para crescermos temos que olhar o mercado global de proteína animal, pois o nosso consumo local já é elevado e a população brasileira cresce pouco. É preciso entender que o mercado global está mudando e agora não adianta apenas ter preço e qualidade. Estamos entrando numa nova era, na qual a sustentabilidade e as emissões de carbono podem fechar ou abrir mercados, ou mesmo até impor penalidades”, expõe Betancourt, que também atua como diretor do Departamento do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e representa o Brasil na Federação Internacional da Indústria de Alimentos para Animais.

Presidente da Feedlatina, diretor da Fiesp e representante do Brasil na Federação Internacional da Indústria de Alimentos para Animais, Roberto Ignacio Betancourt: “Apesar das dificuldades, a indústria avícola brasileira vem avançando, conseguindo aliar melhorias ambientais à eficiência econômica” – Divulgação/Feedlatina

Conforme o especialista, a recuperação de pastagens aliada às tecnologias e ganhos de eficiência trazidas pela nutrição animal deverão dar importantes contribuições para uma transformação na produção pecuária no Brasil nos próximos anos, com ganhos em termos de precocidade, lotação e qualidade da carne produzida no país. “O setor já experimenta uma mudança acelerada, impulsionado pelos avanços na geração de energia limpa, melhoramento genético, nutrição de precisão, conhecimento e manipulação da microbiota gastrointestinal, mas é preciso que a tecnologia chegue a todos, inclusive nos pequenos produtores, para que tenhamos um cenário que possa ser considerado de mudança estrutural nos indicadores de produção e produtividade. Os benefícios ambientais serão imensos e teremos o desafio de quantificá-los, incorporando o carbono sequestrado pelas boas práticas de produção na análise de ciclo de vida da carne”, anseia.

De acordo com o palestrante, entre os principais desafios que o Brasil enfrenta na busca por uma produção animal mais sustentável, em comparação com outros países, está a urgência de desvincular o desmatamento ilegal na Amazônia da produção animal. “Somos muito fiscalizados por termos a maior e mais preservada floresta tropical do planeta, o que nos torna alvos de muitas organizações ambientalistas, principalmente das ONGs que atuam na Amazônia, o que acaba influenciando a opinião pública global”, menciona.

À medida que o mundo avalia a sustentabilidade em métricas ligadas à análise do ciclo de vida, Betancourt observa que os números brasileiros são excelentes. No entanto, quando acrescidos das emissões resultantes da mudança no uso da terra ou desmatamento, o país acaba se tornando menos sustentável pela métrica de emissões de CO2 equivalente (CO₂eq). “Combater o desmatamento ilegal é de total interesse do setor produtivo, bem como dissociá-lo da produção formal de carne”, ressalta.

Pressão ambiental x bem-estar animal

Em relação a como a pressão ambiental e as preocupações com o bem-estar animal estão influenciando as práticas de produção da avicultura de corte no Brasil, o presidente da Feedlatina ressalta que o país faz um excelente trabalho na área de bem-estar animal, com o apoio de diversas entidades, institutos de pesquisa, empresas, cooperativas, produtores, governo e academia. “Esse esforço coletivo se reflete em um excelente desempenho na produtividade e sanidade dos animais, o que tem conquistado a confiança da opinião pública e dos consumidores, além de diminuir atritos”, salienta. Contudo, o profissional ressalta que é um trabalho contínuo, que demanda constante atenção e aprimoramento. “É preciso ter clareza de que essa é uma ação permanente, que envolve diálogo com o governo, parlamentares, mas também a necessidade de esclarecimentos junto à opinião pública em geral e aos consumidores em especial. Isso tudo à luz dos melhores indicadores que a academia e os institutos vêm produzindo nesta área. O desafio é grande, mas estamos provavelmente mais preparados para essa agenda do que os nossos concorrentes internacionais”, salienta.

Atualmente, a mesma pressão nacional e global que influencia o bem-estar animal está alcançando as questões ambientais. Enquanto o bem-estar animal está mais restrito a ações dentro das granjas, transporte e frigoríficos, a questão ambiental abrange toda a cadeia de produção, desde o produtor de grãos e matérias-primas para a produção de ração, passando pelo transporte, armazenagem, fontes de energia, impactos climáticos, condições das granjas, tratamento de dejetos, transporte, embalagens, entre outros aspectos. Ou seja, do campo à mesa, toda a cadeia produtiva está envolvida. “Talvez seja por isso que o desafio ambiental é ainda mais complexo, exigindo uma abordagem integrada e holística para lidar com as questões de sustentabilidade em toda a cadeia de produção”, argumenta, enfatizando: “A busca por práticas mais sustentáveis na avicultura de corte no Brasil demanda um esforço conjunto de todos os elos da cadeia, desde os produtores rurais até os consumidores finais, visando promover um sistema de produção mais equilibrado e responsável com o meio ambiente”.

60% das emissões

Betancourt evidencia que o setor mais crítico na avicultura de corte para as emissões de CO₂eq é a nutrição animal, que contribui com aproximadamente 60% das emissões. “Por isso dependemos da sustentabilidade de nossa agricultura para mitigar esses impactos. O frango recebe as emissões das rações no conceito de ciclo de vida.  É essencial adotar estratégias que visem reduzir as emissões na produção de ração, como o uso de ingredientes alternativos de baixo impacto ambiental, a otimização da eficiência nutricional e a implementação de tecnologias mais sustentáveis no processo de produção de alimentos para os animais”, pontua.

Legislação

Apesar do Brasil possuir uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, com instrumentos como o CAR, Código Florestal e regulamento de resíduos, além de uma matriz energética extremamente limpa, Betancourt aponta que o impacto na avicultura brasileira ainda não é totalmente positivo devido à dificuldade em transformar essas regulamentações em métricas ambientais favoráveis ao setor. “Isso se deve, principalmente, à ineficiência e a baixa participação do Brasil nas esferas globais responsáveis por estabelecer as regras desse jogo. O mundo não vai valorizar as nossas reservas florestais espontaneamente, vamos ter que brigar para colocar todo o nosso trabalho ambiental nos números globalmente aceitos”, afirma o diretor da Fiesp.

Obstáculos

O especialista reforça que a sustentabilidade caminha lado a lado com a eficiência e se traduz em ganhos de produtividade e rentabilidade, gerando benefícios para a sociedade em geral. No entanto, o principal

desafio reside na falta de conhecimento e, portanto, de valorização deste trabalho por parte do consumidor. “A regulação internacional é feita de forma a atender aos interesses locais dos grandes reguladores. O caso mais clássico é o da União Europeia, que se propõe ao papel de ‘reguladores do mundo’, mas com o discurso de elevar o patamar da sustentabilidade, impõem regras que, em grande parte dos casos, somente as tecnologias de dentro do bloco podem atender, traduzindo-se em barreiras ao comércio internacional”, frisa.

Enfático, Betancourt afirma que o principal desafio socioeconômico enfrentado pela indústria avícola do Brasil, em relação à sustentabilidade, é financeiro. “Enquanto países mais ricos, como os Estados Unidos e a Europa, podem contar com financiamento público para promover a transição ambiental, com subsídios e linhas de crédito acessíveis, o Brasil não tem situação fiscal favorável para fomentar, via financiamento público, todas as ações necessárias de transição ambiental para reduzir as emissões, uma vez que também há competição por recursos com áreas estratégicas, como saúde e educação”, analisa o especialista, acrescentando.
“O nosso desafio é estruturar mecanismos mais sofisticados de financiamento, mas, em grande parte, devem ser utilizados recursos próprios de empresas e produtores, o que pode limitar a amplitude das ações. É por isso que em conferências climáticas, países em desenvolvimento demandam a efetivação dos compromissos dos países mais ricos para fomentar a transição. O financiamento prometido pelas nações mais ricas para auxiliar nessa transição. Apesar das dificuldades, a indústria avícola brasileira vem avançando, conseguindo aliar melhorias ambientais à eficiência econômica”, garante.

Gestão de resíduos

Quanto às práticas de gestão de resíduos na produção avícola brasileira, Betancourt destaca que o setor vem evoluindo de forma significativa, com o apoio da Embrapa e outras instituições. De acordo com ele, há um histórico de sucesso na utilização de subprodutos, biodigestores, produção de biogás, biofertilizantes e na redução de resíduos. “As empresas integradoras e cooperativas agropecuárias têm desempenhado um papel fundamental na replicação dessas soluções em larga escala. Há muitos exemplos de utilização de cama de frango como substrato para a produção de biogás”, exalta, emendando: “Esses modelos de sucesso demonstram que é possível implementar práticas de gestão de resíduos mais sustentáveis na produção avícola brasileira, contribuindo não apenas para a redução do impacto ambiental, mas também para a eficiência operacional e econômica do setor”.

Sistemas de produção “mais sustentáveis”

Betancourt afirma que o principal obstáculo para a adoção de sistemas de produção mais sustentáveis, como a produção orgânica ou de aves criadas ao ar livre, na avicultura de corte brasileira é o mercado. “À medida que os custos de produção aumentam, é necessário encontrar quem esteja disposto a pagar mais para que a produção seja viável”, sintetiza.

O especialista reforça que é importante não confundir essas alternativas de criação com sustentabilidade, já que muitas vezes podem resultar em um aumento das emissões de CO2 por kg de carne produzida. “O Brasil tem a capacidade de atender a todos os anseios dos consumidores”, afirma.

Outro fator a ser considerado, observado na Europa, foi o aumento do risco de transmissão de doenças, como a Influenza aviária, para aves criadas ao ar livre. “A sanidade do plantel é um aspecto de extrema importância para a sustentabilidade do setor como um todo. Enfrentar esse desafio exige uma abordagem equilibrada, considerando não apenas os aspectos ambientais, mas também os econômicos e de saúde pública”, elenca.

União do setor

Nesta nova era de sustentabilidade, o especialista ressalta a importância da união de todos os elos da cadeia. “Ninguém será capaz de resolver todos os desafios sozinho. Para continuar crescendo no exterior, a avicultura brasileira precisa estar alinhada com a agricultura, nutrição e saúde animal, governo, logística, fontes de energia, indústria de equipamentos, educação das pessoas, centros de pesquisa, organizações trabalhistas e entidades locais e internacionais”, ressalta. “O setor que tem entidades fortes, competentes e atuantes como a ABPA, Sindirações, Sindan, leva muita vantagem. A recente presidência do Ricardo Santin no Conselho Internacional de Aves é motivo de orgulho para todos nós e mostra que estamos no caminho certo”, complementa.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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