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Manejo de inverno na avicultura

Deve-se sempre respeitar os pontos críticos minimizando, assim, as chances de aparecimento de alguma enfermidade

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Artigo escrito por Felipe José Feitoza Bastos, coordenador técnico comercial de aves na Agroceres Multimix

Num país de grande extensão, como o Brasil, fica muito difícil ter ou criar um parâmetro único de manejo, levando em consideração as diferenças entre as 5 regiões existentes em todo o território nacional. Mas alguns pontos são cruciais, e não podem ser esquecidos.

Normalmente, as instalações avícolas são construídas visando diminuir os efeitos das condições climáticas de cada estação, principalmente do verão e do inverno. Porém, cuidados especiais devem ser adotados, principalmente nos primeiros dias de vida, pois as aves são expostas a mudanças muito drásticas, de diversos aspectos, sejam eles: ambientais, físicos, fisiológicos e nutricionais, de acordo com cada fase de desenvolvimento do animal, devendo-se, assim, respeitar as exigências de temperatura e umidade de cada fase de criação.

Uma das formas mais utilizadas para otimização e aproveitamento de calor em galpões é a diminuição de espaços, com a utilização parcial do galpão, mais conhecido como “casulo de alojamento”, onde os pintos devem ser alojados, com acesso fácil à água e ração. No momento do alojamento, a distribuição das caixas de pintos deve ser uniforme por todo o casulo, previamente aquecido e, de preferência, com baixa intensidade de luz para deixar a ave mais tranquila. Posteriormente a esse momento, ainda no primeiro dia de alojamento, deve-se fornecer 24h de luz, facilita/ndo assim, o consumo de água e ração.

Após o segundo dia é necessário instituir um programa de luz que seja mais adequado para sua região. No inverno, é importante que coincida o período de escuro com o pôr do sol para que as aves estejam acordadas durante o período mais frio da noite. Controlando isso, bem como a temperatura, a umidade e a renovação de ar, de forma precisa, facilita aos galponistas agirem mais rapidamente, caso haja a necessidade de alteração de algum desses parâmetros. O monitoramento de temperatura e umidade, de forma mais rigorosa, deve-se estender até o final da segunda semana de vida das aves, podendo variar em função do clima.

Até aproximadamente seu 12º dia de vida o pinto não consegue regular sua temperatura corpórea, por isso é tão importante seguir as exigências de temperatura para que as aves encontrem conforto térmico ambiental para seu crescimento. Deve-se levar em consideração que a temperatura, no momento do alojamento e durante o 1°dia, deve ser de 32ºC, reduzindo, em média, 3ºC a cada semana até chegar aos 20ºC, como observado no quadro 1 abaixo.

Outro ponto importante a ser pensado sobre o inverno é a densidade de alojamento. Normalmente, nesse período, trabalha-se um pouco mais adensado, chegando em média entre 50 e 60 pintos por m², sempre aumentando os espaços dos círculos de proteção, a cada três dias, até que todo o galpão esteja ocupado, o que acontece por volta do 15º dia de alojamento. Lembrando sempre de aquecer previamente o novo espaço do galpão a ser utilizado, além de observar bem o comportamento das aves. No quadro 2, observa-se o comportamento esperado das aves, de acordo com o conforto térmico.

Outros fatores devem ser considerados importantes e requerem atenção. Um deles é a temperatura da água de bebida, que deve estar entre 18 e 21ºC. Em alguns casos, as tubulações do sistema de água são superaquecidas, deixando a água com alta temperatura, inviabilizando seu consumo pelas aves. Um outro fator importante é a redução dos níveis de energia e sódio da dieta e o uso preferencial de ração farelada, pois em períodos mais frios, o consumo de ração aumenta significativamente, podendo levar, consequentemente, ao comprometimento de algumas funções fisiológicas que propiciem o surgimento da Síndrome Ascítica (SA).

Para a cama utilizada no aviário deve-se optar por um material que tenha fácil oferta na região da criação, que tenha um alto poder de absorção e ajude no controle da umidade e temperatura do galpão. Após distribuição uniforme em todo o galpão, esse material deve ter, aproximadamente, 5cm de espessura em relação ao piso. Nos casos de cama reutilizada, quando possível, priorizar a utilização de cama nova pelo menos no casulo. Em todos os casos, deve-se ficar atento à compactação do material utilizado nas primeiras 24h após o alojamento, evitando possíveis problemas com altura dos equipamentos, o que pode levar a casos de restrição a comedouros e bebedouros.

Um dos fatores que vai influenciar diretamente na qualidade da cama é a ventilação mínima, que deve ser monitorada diariamente, principalmente no inverno, pois, em virtude da imensidão do território brasileiro, são identificados diversos tipos de climas, sendo os principais: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical úmido, semiárido e subtropical, podendo ter grande amplitude térmica em diversas regiões. Por isso, independente do dimensionamento do sistema de ventilação da granja, os níveis de CO2, amônia e umidade relativa do ar, devem ser monitorados com atenção redobrada, para que as aves tenham acesso a oxigênio de qualidade, podendo desempenhar da melhor forma suas necessidades metabólicas.

Em regiões que apresentam a estação de inverno bem definida, assim como as regiões com variações consideráveis na amplitude térmica neste período, pode ocorrer uma maior incidência de problemas sanitários. Dessa forma, deve-se sempre respeitar os pontos críticos citados anteriormente, como: menor densidade no alojamento das aves, maior cuidado no alojamento e nas primeiras semanas, ajustes nutricionais, monitoramento de temperatura, umidade e ventilação, atenção com o calendário de vacinação, e, dependendo da região, caso haja necessidade, reforços de campo, minimizando, assim, as chances de aparecimento de alguma enfermidade.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de julho/agosto de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Monitoramento molecular: a chave para o controle das doenças virais na avicultura

Desenvolvimento contínuo de vacinas e o aprimoramento do diagnóstico molecular são fundamentais para a sustentabilidade da avicultura brasileira.

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Foto: Shutterstock

A avicultura brasileira enfrenta grandes desafios em função de doenças infecciosas que comprometem de forma persistente a saúde das aves e, consequentemente, a segurança sanitária da cadeia avícola. Entre as principais ameaças estão o Reovírus, a Bronquite Infecciosa (IBV) e a Doença de Gumboro (IBDV). A importância do monitoramento molecular para o controle dessas enfermidades foi tratada pelo biólogo e doutor em Genética, Jorge Marchesi, durante o 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em setembro na cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná.

Com uma ampla diversidade genética, o especialista enfatizou que a variabilidade do Reovírus está associada a problemas como artrite viral e a síndrome da má absorção, gerando impactos expressivos no desempenho produtivo das aves. Para identificar a cepa do vírus, Marchesi citou a importância de fazer a tipificação molecular do Reovírus utilizando o gene sigma para diferenciar as cepas vacinais das cepas de campo. “Compreender as nuances genéticas do Reovírus é muito importante para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle para minimizar os danos causados por essas infecções, bem como permite que tenhamos uma resposta mais eficaz para o manejo da doença”, salientou.

O doutor em Genética destacou que a associação dos diferentes Reovírus com infecções por Escherichia coli (E. coli), especificamente a Escherichia coli patogênica aviar (APEC), agrava o quadro clínico das aves afetadas. “Essa interação pode resultar em complicações adicionais, dificultando ainda mais o manejo sanitário nos plantéis”, reforça.

Bronquite Infecciosa

Em relação à linhagem GI-23 da Bronquite Infecciosa (IBV), Marchesi destacou a complexidade do cenário viral no Brasil. Caracterizada por uma alta diversidade genética, a GI-23 representa um dos maiores desafios para os programas de vacinação no país. “As cepas brasileiras do IBV continuam a ser um problema persistente para os avicultores, exigindo um monitoramento constante para rápida tomada de decisões, uma vez que muitas das cepas possuem características que escapam da imunidade conferida pelas vacinas, situação que traz implicações diretas na saúde das aves, contribuindo para o surgimento de lesões graves nas traqueias e rins”, pontua.

O monitoramento contínuo das cepas de IBV é uma das principais estratégias de controle da doença defendidas por Marchesi. Segundo ele, o acompanhamento sistemático não apenas fornece dados para a adaptação dos programas vacinais, como também ajuda na tomada de decisões para prevenir surtos e minimizar os impactos econômicos associados à Bronquite Infecciosa. “Diante desses desafios, o setor deve estar atento à evolução do vírus e disposto a ajustar suas abordagens de manejo sanitário para garantir a saúde das aves”, frisa.

Doença Infecciosa da Bursa

Outra patogenicidade tratada pelo especialista foi a Doença Infecciosa da Bursa, causada pelo IBDV (vírus da Doença de Gumboro). Classificado em genogrupos com alta diversidade genética, o vírus está amplamente distribuído no Brasil. “Essa variabilidade genética torna o vírus um desafio para o manejo sanitário, especialmente em relação ao impacto no desempenho dos lotes contaminados”, expõe.

A coinfecção com o vírus da Bronquite Infecciosa agrava ainda mais a situação, pois reduz a resposta imunológica das aves afetadas. “Essa combinação de infecções pode comprometer gravemente as aves, levando a grandes perdas produtivas e econômicas”, ressalta.

Estudos indicam que o IBDV G4, além de afetar o desempenho dos lotes, também interfere na imunidade materna das aves jovens, colocando em risco a saúde de todo o lote. “O que requer um controle rigoroso dos lotes, busca por vacinas mais eficientes para minimizar perdas produtivas e monitoramento da

Biólogo e doutor em Genética, Jorge Marchesi: “Temos que conhecer o que está acontecendo dentro dos aviários para poder combater os patógenos de forma assertiva” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

s cepas de IBDV para tomada de decisões mais assertivas”, reforça.

Uso de ferramentas moleculares

Marchesi frisou que um maior controle dessas doenças está na ampliação do uso de ferramentas moleculares, como o PCR, para monitoramento mais preciso e rápido, além da necessidade de atualizar constantemente os programas vacinais em resposta à evolução genética dos patógenos. “O desenvolvimento contínuo de vacinas e o aprimoramento do diagnóstico molecular são fundamentais para a sustentabilidade da avicultura brasileira”, salientou. “Temos que conhecer o que está acontecendo dentro dos aviários para poder combater os patógenos de forma assertiva. Hoje existem diversas metodologias disponíveis e com um custo acessível para gerar informação para que, a partir destas informações coletadas, possamos tomar decisões que colaboram e contribuem para reduzirmos cada vez a presença destes vírus nas unidades de produção”, complementou.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Especialista revela os principais fatores por trás das falhas no controle da Salmonella na produção avícola

Controle é um dos maiores desafios sanitários enfrentados pela avicultura no Brasil, com implicações diretas na segurança alimentar e na qualidade dos produtos avícolas.

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O controle da Salmonella é um dos maiores desafios sanitários enfrentados pela avicultura no Brasil, com implicações diretas na segurança alimentar e na qualidade dos produtos avícolas. Para mitigar os riscos, a adoção de medidas preventivas em toda a cadeia produtiva é fundamental, e um dos pontos para o sucesso dessa estratégia está na gestão da cama das aves. O manejo adequado da cama é essencial para minimizar a contaminação ambiental, criando barreiras contra a proliferação da bactéria e promovendo a saúde dos lotes.

Além da cama, cada etapa da cadeia produtiva, desde a granja até o processamento final, deve seguir rígidos protocolos de biosseguridade para reduzir a disseminação da Salmonella, assegurando a produção de alimentos seguros e de alta qualidade para o mercado consumidor.

Para compreender a gravidade do problema, é importante conhecer o agente causador. A Salmonella é uma bactéria gram-negativa e apresenta mais de 2,6 mil sorotipos móveis identificados. “Entre os mais críticos para a avicultura estão a S. Typhimurium, sua variante e a S. Enteritidis, que têm alta capacidade de disseminação e são comumente associadas a surtos de doenças em humanos”, explicou o médico-veterinário sanitarista Marcos Antonio Dai Prá durante sua palestra no 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em setembro na cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná. “Os sorotipos da S. Minnesota e S. Heidelberg são os mais prevalentes em ambientes avícolas e representam uma preocupação constante ao setor”, frisou.

As consequências dessas infecções vão além da saúde animal, afetando diretamente a qualidade dos produtos finais, o que se traduz em perdas financeiras expressivas. “A contaminação por Salmonella impacta a exportação, a reputação dos produtores e gera custos elevados para o controle sanitário”, ressaltou Marcos.

Por outro lado, as Salmonellas imóveis, como S. Pulorum e S. Gallinarum, apresentam apenas dois sorotipos, contudo essas variantes estão relacionadas a graves perdas econômicas, principalmente devido à necessidade de eliminação de plantéis inteiros quando a infecção é detectada, o que compromete diretamente a produção. “O controle eficaz da Salmonella exige uma abordagem integrada, que inclui o monitoramento contínuo das cepas prevalentes, melhorias no manejo da cama e o fortalecimento dos protocolos de biosseguridade em toda a cadeia produtiva”, enfatizou o profissional.

Fatores que levam a falhas nos programas de controle

Médico-veterinário sanitarista, Marcos Antonio Dai Prá: “O controle eficaz da Salmonella exige uma abordagem integrada, que inclui o monitoramento contínuo das cepas prevalentes, melhorias no manejo da cama e o fortalecimento dos protocolos de biosseguridade em toda a cadeia produtiva” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O especialista menciona que, embora o controle de Salmonella seja essencial para garantir a sanidade na avicultura, muitos programas falham em atingir os resultados esperados. Segundo o médico-veterinário sanitarista, essa falha pode ser atribuída a seis fatores principais: inexistência de um programa de controle estruturado, programas de controle não integrados, ausência de um coordenador para gerir um comitê de controle de Salmonella, interrupções nos programas, a necessidade de investimento contínuo e, por fim, a falta de conhecimento epidemiológico sobre a bactéria

 

A falta de entendimento sobre a complexidade epidemiológica da Salmonella é um dos principais obstáculos. Marcos listou alguns fatores que complicam o controle eficaz da bactéria. O primeiro ponto é que a maioria das Salmonellas tem a capacidade de infectar uma grande variedade de animais e produtos de origem animal, passando a ser uma ameaça constante em várias fases da produção avícola.

A disseminação da bactéria pode ser facilmente transportada dentro de um plantel ou da granja e pode ocorrer de diversas fontes, como reprodutoras, incubatórios, abatedouros, fábricas de ração e até o ambiente de criação.

Além disso, não há tratamentos com antibióticos ou outros procedimentos capazes de eliminar a infecção após a contaminação da ave. “Muitas vezes, as aves permanecem portadoras da bactéria durante toda a vida, liberando a bactéria de forma intermitente e em baixos níveis”, evidenciou.

Outro ponto levantado é a dificuldade no diagnóstico. Em um momento, pode-se isolar a Salmonella em um plantel e, em outro, os testes podem falhar em detectá-la. “A amostragem adequada é fundamental, especialmente no caso de S. Gallinarum e S. Pullorum, que têm eliminação mais constante. Além disso, as aves podem ser infectadas simultaneamente por mais de um sorotipo, o que torna o controle ainda mais complexo”, expôs.

A sorotipificação é um procedimento chave num programa de controle de Salmonella, pois permite identificar as diferentes variedades presentes em um lote. Marcos também frisou que não há boa imunidade cruzada entre os diferentes sorotipos, o que significa que as vacinas disponíveis não são polivalentes e podem ser ineficazes contra todas as variantes presentes.

Enquanto a transmissão vertical clássica ocorre com os sorotipos S. Gallinarum e S. Pullorum, a transmissão de Salmonella da matriz para a progênie geralmente ocorre via contaminação da casca do ovo. “A persistência da bactéria no ambiente também depende da presença de matéria orgânica, o que reforça a necessidade de limpeza rigorosa nas granjas”, reforçou o profissional.

Outro desafio está no número de amostras coletadas para análise, que muitas vezes é insuficiente, levando a falsos negativos. “Resultados negativos nem sempre refletem a realidade, tornando ainda mais difícil garantir que um lote esteja livre da bactéria”, pontua Marcos.

Ferramentas de controle

A tipificação da Salmonella é uma ferramenta indispensável no controle eficaz da bactéria, especialmente diante da grande diversidade de

sorotipos que afetam a avicultura. Marcos explica que existem diferentes métodos de tipificação que são utilizados para identificar a presença e o tipo de Salmonella em plantéis e unidades de produção, cada um com suas vantagens e especificidades.

O esquema de Kauffmann White é um dos métodos tradicionais e amplamente aplicados. Baseado na identificação de antígenos somáticos (O), flagelares (H) e capsulares (Vi), o método utiliza antissoros específicos para detectar as características da bactéria. Embora eficaz, é um processo manual que requer um tempo maior para a obtenção dos resultados.

Com o avanço das tecnologias moleculares, a técnica de microarranjo de DNA tem se tornado uma aliada moderna no combate à Salmonella. “Essa metodologia envolve uma coleção de pontos microscópicos, normalmente preenchidos com DNA, que contêm sondas para moléculas-alvo específicas. Isso permite a identificação automatizada de mais de 300 sorotipos de Salmonella, tornando o processo de tipificação mais ágil e preciso”, destaca Marcos.

Outra tecnologia bastante utilizada é o PCR em tempo real. Este método identifica diferentes sorotipos a partir da análise de DNA, oferecendo resultados rápidos e de alta precisão. Segundo Marcos, o PCR em tempo real é muito empregado em pesquisas sanitárias e está presente em normativas oficiais, pois permite a detecção rápida de sorotipos de importância sanitária. “Esse método tem sido amplamente aceito por sua capacidade de gerar resultados em um tempo consideravelmente menor, o que é muito importante quando estamos lidando com surtos de doenças”, ressalta o especialista.

A tipificação como ferramenta de controle é essencial para garantir a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva, proporcionando intervenções mais eficazes e robustas, especialmente no combate à resistência e aderência do sorotipo específico de Salmonella presente. “Esse processo também impulsiona o aprimoramento contínuo em pesquisa e desenvolvimento, permitindo uma avaliação detalhada da eficiência de produtos sanitizantes e aditivos alimentares. Além disso, o controle de qualidade e a segurança alimentar são fortalecidos, pois a identificação precoce da presença de Salmonella, desde a origem no campo até o produto final, viabiliza a implementação de medidas corretivas rápidas, minimizando riscos de contaminação e garantindo a integridade dos alimentos”, salienta.

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Avicultura

Evolução da Bronquite Infecciosa desafia vacinação na avicultura moderna

Essa doença causa uma série de problemas que afetam a produtividade e a rentabilidade das granjas.

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Altamente contagiosa, a Bronquite Infecciosa (IBV) é uma doença respiratória que afeta diretamente a produção de aves, trazendo grandes impactos econômicos. Com uma alta taxa de mutação e a capacidade de se recombinar com outras cepas, o vírus permanece uma ameaça persistente, exigindo atenção contínua de produtores e especialistas em sanidade animal.

O vírus IBV é caracterizado por sua variabilidade genética e capacidade de evoluir rapidamente. O fenômeno de recombinação entre cepas de campo e vacinas já foi observado, embora a maioria dessas recombinações desapareça rapidamente. Apesar de décadas de uso de vacinas em regiões como Estados Unidos, Europa e partes da Ásia, as cepas recombinadas das vacinas não se tornaram um problema significativo. No entanto, especialistas alertam que o risco de mutações e recombinações ainda é uma preocupação, especialmente em áreas de alta pressão viral.

Imunologista e pesquisador sênior do Instituto Royal GD, na Holanda, Sjaak de Wit: “Em áreas onde várias cepas estão em circulação, a combinação inteligente de diferentes vacinas pode ajudar a ampliar a proteção cruzada” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Segundo o imunologista e pesquisador sênior do Instituto Royal GD, na Holanda, Sjaak de Wit, a diversidade de cepas em circulação no mundo faz com que o controle da doença seja complexo. Ele destaca que cepas como a BR1 (local), Var2 (originária do Oriente Médio) e Q1 (originária da Europa/Ásia) são atualmente predominantes no Brasil. Além disso, a introdução de novas cepas de outras regiões amplia ainda mais os desafios no controle da doença.

Os impactos da Bronquite Infecciosa vão muito além dos prejuízos diretos à saúde das aves. A doença causa uma série de problemas que afetam a produtividade e a rentabilidade das granjas, desde uma queda na ingestão de ração até a redução no crescimento dos animais. “Frangos de corte infectados pelo IBV sofrem de sintomas respiratórios como espirros, roncos e secreção nasal, além de mortes súbitas por sufocamento”, explicou Wit durante sua participação no 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado no dia 10 de setembro em Cascavel, no Oeste do Paraná, acrescentando: “A síndrome da cabeça inchada e infecções bacterianas secundárias, como as causadas por Escherichia coli e Ornithobacterium rhinotracheale, também agravam o quadro clínico, aumentando as taxas de condenação no abate”.

Em galinhas poedeiras e reprodutoras, o imunologista expõe que o vírus compromete a qualidade dos ovos, resultando em cascas mais frágeis, irregulares ou manchadas, e um aumento de ovos considerados de segunda categoria. Além disso, há uma redução na taxa de eclosão dos ovos, o que compromete a produção de pintinhos. “Infecções severas também podem causar a condição de camadas falsas, em que as aves parecem saudáveis, mas são incapazes de produzir ovos devido a danos irreversíveis no oviduto”, relatou.

A doença, quando combinada com fatores como clima desfavorável ou imunossupressão, pode ser ainda mais devastadora. “A combinação de infecções virais com problemas ambientais e dietas inadequadas também aumenta a gravidade da IBV. Micotoxinas presentes na ração, por exemplo, podem piorar o quadro de aves infectadas, comprometendo ainda mais o desempenho produtivo”, ressalta.

Ferramentas de controle

A vacinação é uma das principais ferramentas para o controle da Bronquite Infecciosa, mas sua aplicação exige cautela e planejamento. De acordo com o imunologista, a eficácia da vacina pode variar dependendo da combinação de cepas utilizadas e das condições do campo. “A recomendação é o uso de vacinas homólogas, que oferecem proteção mais eficaz contra cepas específicas. No entanto, em áreas onde várias cepas estão em circulação, a combinação inteligente de diferentes vacinas pode ajudar a ampliar a proteção cruzada”, salienta.

Além da vacinação, a melhoria das condições de manejo, como ventilação adequada e controle de estresse térmico, também desempenha um papel fundamental na prevenção e mitigação da doença. “A detecção precoce por meio de técnicas de diagnóstico eficazes, como testes de RT-PCR e genotipagem, é essencial para identificar de forma rápida as cepas circulantes e ajustar as estratégias de vacinação”, enfatiza Wit.

O pesquisador menciona que, com o surgimento de novas cepas e a contínua evolução do vírus, o setor precisa investir cada vez mais em tecnologias de diagnóstico, vacinas eficazes e boas práticas de manejo para minimizar os prejuízos e assegurar a sustentabilidade da produção avícola.

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Fonte: O Presente Rural
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