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Avicultura

ABPA lança nova etapa de campanha de prevenção à Influenza aviária

Biosseguridade de toda a avicultura do país é tema da ação, que integrará cadeia produtiva em esforço nacional pela blindagem do setor.

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A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lançou hoje a nova etapa da campanha nacional setorial de prevenção à Influenza aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), ação que integrará esforços de toda a cadeia produtiva em uma mobilização para ampliar a difusão das informações sobre os cuidados contra a enfermidade no Brasil.

Nesta nova etapa, a campanha setorial ampliará seu escopo, contemplando também produções não comerciais, as chamadas subsistência ou “fundo de quintal” e o público em geral. Para isso, serão produzidos novos materiais para distribuição por Whatsapp e outras redes sociais, incluindo vídeos, cards, e arquivos para impressão.

O vídeo principal da campanha pode ser conferido aqui: Link

A nova etapa da campanha de prevenção também subsidiará entidades estaduais do setor para ações regionais. Folders e cartazes em formato eletrônico serão disponibilizados para distribuição em locais mais sensíveis ao tema, como áreas litorâneas e núcleos de produção.

A ABPA também mantém informações gerais sobre cuidados, orientações sobre notificação e outros dados no site oficial da campanha Brasil Livre de IA.

“O trabalho de preservação da biosseguridade na avicultura nacional segue intensificado, o que permitiu ao Brasil manter a avicultura industrial livre de Influenza Aviária. Por outro lado, todos devem se manter em total atenção, considerando o período de migração das aves para o Hemisfério Sul. Exatamente por isso, ampliamos o foco da nossa campanha para públicos que, embora não se voltem à produção industrial e não tenham influência no abastecimento nacional e nas exportações, devem também ser agentes de preservação do status sanitário do Brasil”, destaca o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

O Brasil é o único país entre os grandes produtores a nunca registrar casos de Influenza Aviária na produção industrial. Por isso, o país é reconhecido como livre da enfermidade perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Como evitar trincas e deformações nos ovos incubados para garantir pintinhos saudáveis

As condenações podem ocorrer em qualquer etapa da cadeia produtiva, sendo que no campo as principais causas são doenças, que podem ser transmitidas por bactérias, fungos, vírus, protozoários ou problemas fisiológicos; nutrição inadequada e manejo incorreto

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Foto: Shutterstock

O manejo integrado da cadeia avícola representa uma abordagem estratégica que desempenha um papel fundamental na redução das condenações de frangos de corte, beneficiando tanto a qualidade do produto quanto a eficiência da produção. Esse método holístico leva em consideração uma série de fatores interconectados que influenciam diretamente o bem-estar das aves e a qualidade da carne. Essa temática foi tratada pelo médico-veterinário e gerente regional de Serviço Técnico da Cobb-Vantress, Eduardo Löewen.

De acordo com ele, as condenações podem ocorrer em qualquer etapa da cadeia produtiva, sendo que no campo as principais causas são doenças, que podem ser transmitidas por bactérias, fungos, vírus, protozoários ou problemas fisiológicos; nutrição inadequada e manejo incorreto, enquanto que na planta de abate as condenações podem ocorrer por problemas de saúde ocasionados durante o alojamento, qualidade da carne ou contaminação. “Garantir um programa de saúde bem estruturado, que inclui medidas preventivas e de controle de enfermidades desempenha um papel essencial na prevenção de condenações na planta de abate. A identificação precoce e o tratamento adequado de doenças são práticas-chave para assegurar um produto final de qualidade”, enfatizou Löewen.

Médico-veterinário Eduardo Löewen – Foto: Jaqueline Galvão/OPR

O médico-veterinário explica que a nutrição adequada é o segundo ponto de atenção para assegurar o desenvolvimento saudável das aves, uma vez que reduz o risco de doenças e aumenta a produtividade. “Os níveis nutricionais devem ser ajustados de acordo com a fase de produção das aves. O percentual de gorduras também é importante, pois contribui para a qualidade da carne. Os aditivos, como vitaminas e minerais, ajudam a complementar a dieta das aves. A qualidade da matéria-prima influencia na digestibilidade dos nutrientes, por isso é muito importante tomar cuidado para não oferecer um ambiente propício para a proliferação de micotoxinas, que podem contaminar os alimentos e são causa frequente de hemorragias nas aves, o que leva a sua condenação”, afirmou.

O terceiro ponto é o manejo, que envolve ambiência, equipamento de granja, qualidade de cama, densidade, apanha, carregamento, transporte e descarregamento das aves no frigorífico. “Não há como ter um lote com boa qualidade, contaminação reduzida ou com contaminação zerada se não tivermos a saúde, a nutrição e o manejo sob controle”, salientou Löewen, destacando a importância de um diagnóstico preciso das causas das condenações para que as medidas corretivas sejam eficazes. “É preciso olhar para o todo dentro de uma granja, não apenas para um ponto isolado”, frisou.

Manejo de matrizes x qualidade de ovos

O manejo de matrizes está intimamente ligado à qualidade dos ovos, uma vez que o principal objetivo do setor é obter um elevado percentual de fêmeas vendáveis ou de primeira linha. Esse é o cerne do processo de produção de matrizes no fim da cadeia. “Para atingir esse objetivo é fundamental minimizar o percentual de ovos que precisam ser descartados, reduzindo assim o refluxo, que afeta na mortalidade dos animais e nas condenações no abatedouro. Não é possível obter frangos de qualidade se começarmos com ovos de baixa qualidade. Este é um dos maiores desafios enfrentados pelo setor de matrizes, uma vez que ainda não inventaram nada que seja capaz de transformar um ovo ruim em um pintinho de qualidade”, enalteceu.

De acordo com o profissional, para assegurar uma produção saudável é primordial produzir ovos de qualidade, realizar um planejamento minucioso que leve em consideração o volume desejado e as demandas do mercado. “O mercado da avicultura é uma verdadeira sanfona. Em um ano, o setor pode enfrentar uma crise, e no seguinte, desfrutar de lucratividade. Durante os períodos de crise, os produtores frequentemente reduzem a quantidade de aves alojadas, resultando em escassez de produtos no mercado. Por outro lado, nos anos de bonança, a produção é ampliada, gerando produto excedente. Quando se opta por diminuir os alojamentos e a consequente oferta de pintinhos e ovos, tende a impactar fortemente o setor de matrizes, que para recuperar a normalidade entre oferta e demanda vai levar um tempo, prática essa que não permite que o setor alcance seu potencial máximo. Para que isso não aconteça é preciso saber o potencial de produção da linhagem com a qual está se trabalhando”, expressa.

Outro ponto apontado por Löewen é a falta de mão de obra. “O departamento de granjas de matrizes é um setor que tem que ter mão de obra. Por mais que esse setor esteja se tecnificando, tem que ter gente para apertar muito botão ainda dentro da granja. Mas, infelizmente, não temos mais quantidade e nem qualidade de mão de obra para trabalhar nas granjas de matrizes. Nesse setor, a partir do momento que passamos a tecnificar vamos ter perda de processo e de índice zootécnico, contudo o setor terá que se adaptar a isso”, apontou.

Ovos incubados com qualidade

A qualidade do ovo incubado é a base para se obter pintinhos saudáveis e, consequentemente, produtos finais de excelência nas prateleiras dos supermercados. Segundo o médico-veterinário, a linha que conecta a produção ao consumidor é direta e reta e para atingir o padrão desejado é necessário que haja alto padrão sanitário. “A primeira característica essencial de um ovo incubado de qualidade é a integridade e limpeza da casca, aliadas à ausência de contaminação. Esses pontos são cruciais para garantir o desenvolvimento saudável do embrião e a obtenção de pintinhos robustos”, avaliou Löewen.

Dentro desse contexto, o médico-veterinário destaca a importância da qualidade do ninho, da cama utilizada, das práticas de coleta e dos procedimentos de desinfecção, elementos esses que desempenham papéis interdependentes no processo de produção e características de ovos incubados. “A qualidade do ninho influencia diretamente na condição do ovo antes mesmo de ser coletado. Independente da linhagem, cada empresa tem que ter um padrão definido do que quer e não quer aproveitar, esse é o primeiro ponto. Além disso, é preciso saber que ovos sujos de sangue não devem ser aproveitados. Sabemos que quando faltam ovos no mercado muitas empresas optam por aproveitar esse produto, no entanto, é importante que saibam que estão entrando em uma área de risco”, frisou o profissional.

A escolha e a manutenção adequada da cama são igualmente importantes para garantir uma casca íntegra, limpa e livre de contaminação. “Uma cama de qualidade contribui para a limpeza do ovo, evitando a adesão de sujidades que poderiam comprometer sua integridade. Além disso, uma cama bem manejada ajuda a controlar a umidade, criando um ambiente menos propício para a proteção de microrganismos indesejados”, comenta Löewen.

O profissional elenca ainda que as práticas de coleta desempenham um papel vital na preservação da integridade dos ovos incubados. “Manejo cuidadoso durante a coleta minimiza os riscos de danos à casca, mantendo a integridade até o momento da incubação. E os processos de desinfecção representam a barreira final contra possíveis contaminações. A implementação de protocolos específicos contribui para garantir a sanidade dos ovos incubados, estabelecendo um ambiente seguro para o desenvolvimento embrionário”, evidencia.

Características do ovo incubado

Löewen cita que diversas características podem influenciar de forma expressiva a qualidade no processo de incubação dos ovos. Segundo ele, ovos sujos representam grande risco de onfalite, uma infecção polimicrobiana associada principalmente à Salmonella. Já as trincas nos ovos podem levar a uma menor taxa de eclosão ou até mesmo impedir a eclodibilidade, assim como deformações nos ovos resultam em embriões malformados, por consequência não eclodem e geram refugo na produção comercial.

E a presença de gemas duplas em um ovo indica a formação de dois embriões, aumentando a complexidade do processo de incubação, sendo geralmente descartados. Por fim, os ovos invertidos quando incubados apresentam baixa eclosão e pico de refluxo. “Aqui entra a questão de mão de obra e da qualidade e quantidade da coleta. É fundamental, é básico, mas tem que ser feito. Seja ninho mecânico ou manual, nós precisamos tirar esse ovo rápido da cama ou do ninho e colocar ele em condições aceitáveis para que vire um bom pintinho. Determinadas linhagens têm mais tendência de ter ovo na cama por exemplo e cabe a cadeia adaptar o manejo e às condições de cada granja”, salientou.

O profissional explica que a galinha deposita o ovo no ninho/cama a uma temperatura de 40ºC. À medida que esfriam e chegam a temperatura ambiente ocorre a formação de aspirador no interior do ovo. Esse aspecto é de especial importância quando consideramos a possibilidade de contaminação. “Se o ovo estiver sujo, seja por resíduos do ninho ou da cama, a probabilidade de contaminação aumenta consideravelmente. Além disso, à medida que os lotes de ovos envelhecem, observa-se um aumento na porosidade das cascas. Lotes mais antigos apresentam uma casca mais porosa, o que, por sua vez, amplia a propensão à contaminação. Por isso é essencial que seja realizado uma seleção criteriosa para descartar ovos inadequados, a fim de garantir um processo de incubação bem-sucedido e uma produção saudável de aves”, elenca Löewen.

Coleta de qualidade

A coleta de ovos desempenha um papel muito importante na prevenção e redução da contaminação. Trincas, microtrincas ou trincas aranhas podem resultar em um ovo de baixa qualidade, especialmente se possuírem cascas mais finas, aumentando desta forma o risco de contaminação.

Embora a automação da coleta de ovos seja uma tendência, Löewen diz que o desafio do ovo de cama persiste, pois, a falta de mão de obra para sua remoção é um problema recorrente. Estratégias como o uso de comedouros suspensos estão sendo adotadas para minimizar a escassez de profissionais deste setor no campo. “Ao abaixar o comedouro durante a alimentação e elevá-lo posteriormente, evita-se que as galinhas continuem procurando alimento, o que, por sua vez, proporciona um maior percentual de ovo de cama, contribuindo para uma coleta mais eficiente e de maior qualidade”, menciona.

De acordo com uma pesquisa apresentada pelo palestrante, no ano 2000 havia apenas 3% de ovos em ninhos automáticos. Vinte anos após esse número já alcançava 67%. “Ao que tudo indica essa automatização deve ocorrer por completo no setor e o grande desafio vai ser colocar essa galinha dentro do ninho para pôr seu ovo”, acredita.

Bactérias na casca do ovo

Foto: Shutterstock

Uma pesquisa sobre a população de bactérias na casca do ovo revelou que ovos limpos de ninho apresentam em média de três a quatro mil bactérias por centímetro quadrado, enquanto ovos sujos de ninho possuem uma concentração mais elevada, variando entre 25 e 28 mil bactérias. Já os ovos provenientes do chão ou do piso mostram presença entre 390 a 450 mil bactérias por centímetro quadrado.

Segundo o profissional, essa disparidade na carga bacteriana mostra que um lote de matrizes com 30% de ovos de cama possui cerca de 30% de ovos mais contaminados. “Essa condição resulta na geração de pintinhos de qualidade inferior que vai chegar ao fim do ciclo para o abate”, aponta Löewen, ampliando: “Muitas das vezes o ovo de ninho é mais contaminado que o ovo de chão, porque quando fica por muito tempo dentro do ninho a galinha pode defecar em cima do ovo”.

Manejo de cama

Lidar com o manejo de cama em uma granja de matrizes, especialmente na região Sul do Brasil, apresenta desafios consideráveis, devido às condições climáticas. “Para garantir a qualidade da cama é essencial que ela seja trabalhada todos os dias. A umidade na cama é particularmente preocupante, pois um ovo que cai em uma cama molhada corre o risco de contaminação por Salmonela e outras bactérias”, alerta, enfatizando: “A incubação de ovos contaminados pode resultar em surpresas indesejadas, conhecida no setor como ‘kinder ovo’, que é uma surpresinha dentro do ovo que não sabemos bem o que é, mas uma hora vai aparecer. Evitar a ocorrência desse problema é crucial, pois um único ovo contaminado no incubatório pode desencadear uma contaminação em cascata, afetando todos os ovos”.

Causas de qualidade ruim do ovo

A qualidade da casca do ovo pode ser influenciada por uma variedade de fatores. Um dos aspectos a considerar é a idade do lote de ovos, pois à medida que envelhecem, é comum observar um aumento no tamanho dos ovos. No entanto, esse crescimento não é proporcional à quantidade de casca, resultando em ovos maiores com cascas mais finas. Além disso, doenças virais, como bronquite e pneumovírus, também podem impactar os níveis de qualidade da casca do ovo, expõe o médico-veterinário. “Nós precisamos investir e focar melhor em diagnóstico. Quem trabalha no campo tem que ter o diagnóstico que confirme ou que pelo menos direcione o que está acontecendo no lote”, pontua Löewen.

Situações de estresse térmico e distúrbios fisiológicos também podem levar as poedeiras a se alimentarem pouco, além de apresentarem ofegação e abertura do bico e das asas para facilitar a troca de calor. “Esse esforço excessivo para dissipar calor pode levar à alcalose metabólica, afetando a formação da casca, resultando em ovos com cascas mais finas e frágeis. A compreensão desses elementos é crucial para melhorar a produção de ovos com cascas mais resistentes e garantir um produto final de alta qualidade”, evidencia.

Idade da matriz x produção de ovos

Löewen aponta que questões nutricionais desempenham um papel vital na qualidade dos ovos e é essencial manter um equilíbrio adequado de cálcio, fósforo e vitamina D na dieta das galinhas. Problemas como a má qualidade da gordura e o excesso de magnésio também podem impactar os resultados na formação da casca do ovo. Além disso, a presença de micotoxinas, a ambiência da unidade de produção e até mesmo o peso da matriz influencia diretamente na qualidade dos ovos. “Galinhas com excesso de peso têm maior probabilidade de desconforto térmico, resultando em ofegação e, consequentemente, piora na qualidade da casca do ovo”, comenta.

Outro fator importante a considerar é com relação a idade da ave/lote e os componentes do ovo. “Quanto maior a idade da ave/lote menor é o percentual de postura, afetando tanto a produção de gema quanto da casca. Isso contribui para o aumento no tamanho do ovo, mas, ao mesmo tempo, diminui a qualidade da casca, gerando ovos com características menos desejáveis”, ilustra.

Desinfecção de ovos

A desinfecção dos ovos é um processo fundamental para garantir a sua qualidade, e o método mais comum e amplamente utilizado é a fumigação. No entanto, existem também outras abordagens, como o uso de ozônio e lâmpada infravermelha, entre outras alternativas. O profissional salienta que é preciso realizar a desinfecção no máximo duas horas após a coleta dos ovos para garantir sua eficácia. “O procedimento envolve 15 minutos de queima e 15 minutos de exaustão. Existem variações na fumigação, como simples ou dupla, e é essencial compreender o grau de contaminação e considerar a qualidade do produto que está sendo incubado, trabalhando de maneira estratégica para atender aos padrões exigidos pelo mercado”, evidencia Löewen.

Uniformidade

A busca pela uniformidade dos pintinhos no frango de corte começa com a garantia da uniformidade das galinhas e dos ovos. É um processo interligado que destaca a importância de cuidados específicos em relação ao manejo e à seleção das aves para alcançar os resultados desejados na produção avícola. “Não tem como ter uniformidade de pinto se não tiver uniformidade da galinha e do ovo. Porém, a partir do momento em que as genéticas focam em ter um frango de corte com melhor desempenho, ou seja, menor conversão alimentar e maior ganho de peso, essa característica acaba sendo antagônica às características de produção das matrizes”, avalia o médico-veterinário.

Löewen enfatiza que garantir a uniformização dos frangos é uma tarefa difícil para o setor, uma vez que os animais estão cada vez mais vorazes. “Talvez os incubatórios acabam se tornando um meio entre as granjas de matrizes poedeiras e de frango de corte, não que a unidade produtora de frango não dê atenção, mas talvez o incubatório seja o local mais estratégico ou mais delicado para identificar essa questão da qualidade dos pintinhos”, constata.

Qualidade do ovo

Garantir a qualidade do ovo é um processo que envolve diversas etapas, cada uma desempenhando um papel específico no resultado final. Dentre os principais fatores a serem considerados, destacam-se a qualidade do ovo incubado, a temperatura da casca, a perda de umidade, a janela de nascimento, e, por fim, o transporte dos pintinhos para a granja de corte. “Essa atenção é necessária independentemente da linhagem, visto que cada uma possui características específicas, como seu tempo de incubação e produção de calor específico. É imperativo respeitar as particularidades de cada linhagem, evitando a mistura indiscriminada de ovos dentro de uma mesma máquina de incubação. A decisão de trabalhar com uma temperatura única durante a incubação pode comprometer a qualidade do processo”, aponta.
Outro ponto é o percentual de refugos, que influenciados por diferentes temperaturas, pode variar entre 98,5%, 100% e 102%. “Essas variações não impactam apenas o percentual de eclosão, mas também afetam a pressão cardíaca e a saúde do fígado”, conclui.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na Nutrição e Saúde Animal clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

A importância do manejo para reduzir impacto do calor extremo na avicultura

Especialista defende manejo estratégico pode reduzir perdas de desempenho e mortalidade em granjas de aves em dias mais quentes

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Foto e texto: Assessoria

Ventiladores, nebulizadores, área de sombreamento e flushing para disponibilizar água mais fresca para as aves. Estas são algumas das ferramentas de primeira hora que podem ajudar o avicultor a reduzir o impacto do calor no desempenho dos animais sem a necessidade de grandes investimentos, defendeu o especialista em Ambiência da Cobb-Vantress na América do Sul, José Luís Januário. O país já viveu até o mês de novembro quatro ondas de calor intenso, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Estas ondas de calor provocaram forte impacto no desempenho das aves, levando a mortalidade em casos extremos.

De acordo com meteorologistas do Observatório do Clima, o calorão é cada vez menos uma exceção e tem sido mais frequente nas últimas décadas, com termômetros atingindo os 40º C e trazendo prejuízos enormes para a agropecuária em geral e a avicultura em especial. Para se ter uma ideia, a previsão é chegarmos ao dobro de dias de calor extremo no ano até 2075. O desafio é enorme com novos recordes de temperaturas e alerta de grande perigo para 15 estados e o Distrito Federal emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O calor foi intensificado pelo El Niño, fenômeno que deixa as águas do oceano mais quentes e a expectativa é de piora. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), conforme a temperatura média global aumenta, cresce também a frequência e a intensidade de ondas de calor.

Este cenário traz um desafio a mais para o produtor que deve enfrentar extremos de calor com frequência cada vez maior neste e nos próximos anos. Isso porque o estresse calórico impacta o equilíbrio metabólico das aves levando a perdas de desempenho em um primeiro momento e a mortalidade em casos severos. Assim, estratégias de manejo para reduzir perdas em dias mais quentes têm sido cada vez mais importantes. “Em primeiro lugar o produtor deve usufruir do vento. O galpão deve ter ventilação satisfatória, com número de equipamentos de ventilação adequados e ter nebulizadores, como estrutura convencional e mais simples, por exemplo”, afirmou o especialista.

 

Ventilação dos galpões

Januário destaca que de 60% a 85% do calor da granja é produzido pelas próprias aves. “Quanto mais calor faz, mais condução e irradiação de calor para dentro dos aviários. E mais calor as aves emitem para o ambiente. Então, atuar em cima das aves é uma boa estratégia”, disse.

O especialista salienta, nos galpões convencionais em maior importância, e naqueles mais tecnificados também, os benefícios de uma localização leste – oeste dos aviários. “É para que o sol passe no sentido longitudinal do galpão”. Ele ainda ressalta a importância de ter, em média, um ventilador para área de 50 a 60 metros quadrados e um bico de nebulização para cada área de 10 a 15 metros quadrados de galpão.

De acordo com ele, é importante oferecer velocidade de vento adequada, de 3,5 a 5 metros por segundo de velocidade de acordo com o comprimento do galpão. “As trocas de ar nos galpões mais climatizados, de exaustores, devem ocorrer desde a entrada até a saída entre 35 e 40 segundos. Por isso é necessário ter uma boa velocidade de ar”.

Sobre o posicionamento dos ventiladores, Januário explica que eles devem estar retos no galpão com a altura do motor a uma distância de 1,20 m a 1,50 m do piso, formando um ângulo de 90 graus. “Para obrigar a se criar um possível túnel de ventilação positiva e a troca de calor das aves por convecção, ou seja, o ar passando pelo corpo das aves, resfriando-as, e retirando este calor ao redor e sobre elas”.

E, se de um lado ventiladores e nebulizadores são ferramentas necessárias para combater os efeitos do calor intenso no desempenho dos animais, do outro lado, sombreamento com árvores (se possível), cortinas, telas “sombrites” e outros equipamentos, como forro de cortina abaixo dos telhados e materiais isolantes dessa superfície – desde o forro até o telhado do galpão – contribuem para reduzir a intensidade de radiação solar. “Porque o calor do sol entra também pelas laterais e principalmente pela grande superfície de contato ao meio externo do galpão, pelo telhado, onde nossa atenção deve ser ainda maior nas construções novas. Este calor é somado ao calor já emitido pelas aves no ambiente”.

 

Água

Outro ponto importante é a água de bebida dos animais. De acordo com o especialista, a temperatura adequada para a água é de 18 a 24 graus. “Em dias quentes, a água fica na temperatura ambiente e é muito difícil manter isto, então seria necessário resfriar esta água. Contudo, um sistema de refrigeração de água pode ter um custo elevado para o produtor. Neste caso, ele pode mitigar estes efeitos com um processo de flushing, esgotando o encanamento de água para que ela esteja sempre nova e mais fresca. O flushing do sistema de água deve ser mais frequente nas granjas na primavera e no verão”.

 

Alerta – sinal amarelo

Identificar o momento em que os animais começam a sentir os efeitos do estresse pelo calor é importante para o produtor iniciar um manejo para combater as perdas de desempenho. “Quando começam a sentir o calor, os animais se afastam uns dos outros, começam a abrir as asas e a respirar um pouco mais cansados. Estes são os primeiros sinais de que o estresse está se instalando”, afirma José Luis.

Segundo ele, o bico aberto indica que as aves já entraram em processo de perda de calor, e número de aves aumentando nesta situação, “assim já começa a comprometer o metabolismo e o equilíbrio termorregulador das aves. A ave entra em estresse calórico, iniciando todo o mecanismo para perder calor pela forma evaporativa do sistema respiratório, começa então a ter dificuldade para ganhar peso, reduz a produtividade, entra em exaustão e pode chegar à mortalidade por colapso cardíaco e respiratório em casos mais graves”.

 

A tendência de investimentos em tecnologias de climatização

O especialista ressalta, entretanto, que estas dicas são iniciativas de “primeira hora”, como mencionado no início do texto. “São medidas que ajudam o produtor a reduzir o impacto do calor extremo em galpões convencionais sem a necessidade de grandes mudanças. Contudo, vale ressaltar que investimentos em tecnologias de climatização têm sido mais eficientes e com bom retorno sobre o investimento”, afirma.

Ele destaca equipamentos modernos de climatização, como exaustores e painéis evaporativos que resfriam o ar que entra no aviário, por exemplo. “São mais caros, mas mais efetivos, mais eficientes. E, cremos, seria uma melhor opção para aqueles que estão em fase de estudos sobre melhorar rapidamente ou não”.

Considerando a perspectiva de meteorologistas do Observatório do Clima de aumento de dias mais quentes no médio e longo prazo, Januário aposta que pequenas alterações de melhorias, ou transformação total para climatizados, será uma das ferramentas mais importantes de evolução de processos, de construções, de manejo e de aprimoramento das relações entre os aspectos construtivos e de desempenho, da sustentabilidade, do bem-estar animal e, sobretudo, da eficiência produtiva da nossa avicultura.

 

Fonte: Ass. Cobb
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Avicultura

Frigoríficos enfrentam desafios para adaptar processamento de aves mais pesadas

Os abatedouros devem cumprir a legislação exigida por órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Agricultura e Pecuária e também do Codex Alimentarius.

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Parte essencial da cadeia de abastecimento de alimentos, os frigoríficos foram responsáveis por abater 29,3 milhões de cabeças de bovinos, 13,5 milhões de suínos e 6,6 bilhões de aves no Brasil em 2022, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Para assegurar os mais elevados padrões de segurança alimentar, plantas industriais precisam seguir rigorosamente as normas estabelecidas de inspeção sanitária dos animais antes do abate, controle da temperatura e da umidade durante o processamento, uso de procedimentos de limpeza e desinfecção, além de testagem de produtos para detectar contaminantes, garantindo, assim, a qualidade e a inocuidade dos alimentos que chegam às mesas dos consumidores.

De acordo com o médico-veterinário e consultor global para Abatedouros da Ceva, José Maurício França, os abatedouros devem aderir aos requisitos globais estabelecidos nos acordos internacionais. No entanto, é importante ressaltar que diferentes países e culturas possuem suas particularidades, que incluem questões étnicas e religiosas, por exemplo, o que muitas vezes pode influenciar e colocar em conflito os requisitos de segurança alimentar. “À medida que o mercado global se expandiu, a economia se tornou mais liberalizada e o acesso aos alimentos mais acessível, desencadeou uma preocupação crescente do setor em relação à intensificação da produção animal. Quanto maior a produção de animais, maior a probabilidade de riscos à segurança alimentar, incluindo a transmissão de doenças relacionadas aos alimentos. Muitos desses riscos, do ponto de vista epidemiológico, têm origem animal, o que aumenta ainda mais a responsabilidade de quem produz e abate os animais, uma vez que isso exige a necessidade de um controle mais abrangente a fim de garantir a manutenção da segurança alimentar”, ressalta França.

Médico-veterinário e consultor global para Abatedouros da Ceva, José Maurício França – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Os abatedouros devem cumprir a legislação exigida por órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Agricultura e Pecuária e também do Codex Alimentarius. “A sinergia desses requisitos é essencial para garantir que tanto os padrões de legalidade quanto as questões culturais, religiosas e outras variáveis sejam consideradas, de modo a preservar a inocuidade dos alimentos. A prioridade é garantir que o consumo de alimentos de origem animal não represente nenhum risco à saúde dos consumidores”, salienta o especialista.

Avicultura de corte

Em relação a avicultura de corte, França destaca que a rápida evolução das características genéticas, da nutrição e da ambiência em que as aves são criadas tem superado as estruturas das unidades de produção, que não acompanharam na mesma velocidade esse ritmo de mudança. Com isso, os animais chegam ao frigorífico cada vez mais pesados, porém dentro das mesmas gaiolas e caminhões. “Hoje os frangos são criados para atingir pesos cada vez maiores, e esses animais são transportados em caminhões e gaiolas que não foram projetados para acomodações de animais tão pesados”, menciona, enfatizando: “Embora a mecanização e a automação tenham sido fornecidas para acelerar o processo de produção, também apresentam desafios, uma vez que os frangos, devido ao seu tamanho e peso, tornaram-se mais frágeis, com ossos menos resistentes, e, muitas vezes, ainda são manipulados de maneira semelhante a quando eram menores. Além disso, as máquinas de processamento estão ajustadas para atender aos requisitos de uniformidade que nem sempre se alcança dentro das instalações de criação”.

O desafio atual é integrar a tecnologia e o conhecimento usados na genética e na nutrição das aves com o processo industrial de abate. “O setor industrial enfrenta dificuldades em lidar com a crescente tecnologia, produtividade e desempenho zootécnico que se ganhou com as aves, porque lidar com aves muito pesadas e desuniformes potencializa o risco de condenações, contaminações e problemas de saúde, principalmente associadas aos sistemas locomotor e respiratório”, salienta o especialista.

Somado a isso, França ressalta que por muito tempo a ‘mão pesada’ dos serviços de inspeção sanitária foi apontada como um problema. “As condenações de aves no frigorífico não são responsabilidade exclusiva dos serviços veterinários de inspeção federais, porque muitas vezes o diagnóstico preciso das condições das aves não é feito no campo, o que resulta em problemas complexos quando as aves chegam ao frigorífico. Esta falta de diagnóstico no campo torna o processo de abate de frangos ainda mais desafiador e destaca a necessidade de melhorar a comunicação e o monitoramento em todas as etapas da produção e abate de aves”, reforça.

Adequação ao frango mais pesado

O peso médio dos frangos abatidos no Brasil é de 2,2 quilos, um aumento de 20% em relação a 10 anos atrás. Esse aumento é resultado de uma série de fatores, como a seleção genética e a melhoria das condições de manejo.

O aumento do peso do frango traz inúmeros desafios para os abatedouros, incluindo a necessidade de adequar as plantas industriais, investir em novos equipamentos e melhorar o planejamento. As aves mais pesadas são mais difíceis de manusear e podem causar danos às instalações, por isso o abate e a desossa exigem máquinas mais potentes. “Para se adequar ao frango mais pesado, os abatedouros precisam realizar uma série de investimentos. Entre as medidas necessárias estão modernização das instalações, treinamento dos funcionários, revisão dos procedimentos operacionais para garantir a segurança e a eficiência do processo. Além dos investimentos técnicos, os abatedouros também precisam promover uma maior integração entre as diferentes etapas da cadeia produtiva. Isso é essencial para garantir que o frango seja abatido no momento certo, de acordo com as necessidades do mercado”, elenca França.

Integração da cadeia produtiva

A integração da cadeia produtiva é essencial para garantir que o frango seja produzido e comercializado de forma eficiente e sustentável. Quando as diferentes etapas da cadeia trabalham de forma coordenada, é possível reduzir custos, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do produto final. “No caso do frango mais pesado, a integração da cadeia é ainda mais importante. Isso porque o aumento do peso das aves exige ajustes em todos os elos da cadeia, desde a criação até o abate e a comercialização”, frisa França.

Para garantir a integração da cadeia produtiva, segundo França, é necessário que os diferentes agentes envolvidos trabalhem juntos. Isso pode ser feito por meio de parcerias, acordos comerciais e outras iniciativas que promovam a colaboração entre os diferentes setores da cadeia.

Bem-estar animal durante o abate

O bem-estar animal é um requisito essencial na criação e abate de animais. Por meio de práticas sustentáveis, as empresas do setor alimentício devem atender a uma série de fatores, incluindo ética, qualidade do produto e respeito ao meio ambiente.

O consumidor final está cada vez mais exigente. Para se alinhar às expectativas dos clientes, as empresas precisam ir além da certificação em bem-estar animal. É preciso comunicar essa informação de forma clara e transparente a todas as esferas do mercado. “O que as pessoas prezam muito é a necessidade de se respeitar o animal, que de alguma forma está servindo a sociedade como alimento. Então nós, enquanto médicos-veterinários, temos que dar certeza que existe respeito na produção e no abate. É importante destacar que esses processos sempre existiram, ou seja, sempre houve o abate do frango, a pendura, o transporte. O que acontece é que hoje isso é mais visado”, descreve França.

No Brasil, segundo o especialista, algumas empresas já oferecem produtos certificados com bem-estar animal e é esperado que essa tendência continue a crescer nos próximos anos. “O que precisa acontecer é que esses indicadores de bem-estar animal norteiem a tomada de decisão e os investimentos das empresas, que haja um processo de maturidade, até o ponto de certificar todos produtos e o rótulo mostrar isso, que é o que já acontece em outros lugares do mundo como a Europa, que trabalha fortemente com produtos certificados, incluindo carne de frango, bovina e suína”, ressalta.

Resíduos e subprodutos do frango

Os abatedouros de frango produzem uma grande quantidade de resíduos e subprodutos, como penas, vísceras, ossos, sangue e gordura. Esses resíduos podem representar um problema ambiental, uma vez que podem contaminar o solo, a água e o ar.

No entanto, os frigoríficos de frango estão cada vez mais preocupados com a sustentabilidade e estão buscando maneiras de aproveitar esses resíduos de forma sustentável. “Os resíduos têm ganhado um valor cada vez maior porque, na verdade, são matérias-primas, fontes de proteína, que não são aproveitadas para consumo humano, mas que cada vez mais ganham espaço na alimentação animal, principalmente para os animais de companhia. Existem hoje negócios em que o próprio fígado de frango e a moela, que são fontes proteicas para consumo humano, acabam sendo destinadas para a produção de produtos pet devido seu valor nutricional”, destaca o médico-veterinário.

A reciclagem é uma das tendências mais promissoras para o aproveitamento dos resíduos e subprodutos dos abatedouros de frango, quando transformados em novos produtos, como farinhas e óleos, podem ser usados como ingredientes em rações para animais e em uma variedade de aplicações. “Na nutrição essas farinhas e óleos derivados têm outras aplicabilidades que remetem a sustentabilidade. Com isso, o produto deixa o status de graxaria, para agora ganhar status de produto com apelo de pegada de carbono, de aplicabilidade, de resultado, então o que se vê é o setor aprendendo a dar valor ao subproduto”, afirma o profissional.

A eficiência no aproveitamento de resíduos tornou-se uma prioridade nos frigoríficos, impulsionando o desenvolvimento e implementação de tecnologias inovadoras para maximizar a utilização de recursos e reduzir o desperdício. Uma gestão eficaz dos resíduos não apenas promove a sustentabilidade, mas também impacta diretamente a lucratividade da operação.

Um indicador crítico nesse contexto é a porcentagem de resíduos gerados. Uma taxa de resíduos elevada, superior a 5-6%, é considerada indesejável, pois indica ineficiência no processo do frigorífico. “Um dos principais desafios no processamento de resíduos é garantir a inocuidade dos produtos resultantes. Isso envolve a eliminação de possíveis patógenos, o que é realizado por meio de processos de pasteurização e tratamento térmico”, ressalta França.

Apesar de serem resíduos, são produtos de alto valor biológico. Eles contêm proteínas de alta qualidade e aminoácidos essenciais, que são importantes na alimentação animal. “Os resíduos de frigoríficos são suscetíveis à oxidação devido à exposição ao oxigênio, o que resulta em uma alta taxa de perecibilidade. Para mitigar esse problema, são usados antioxidantes e conservantes para prolongar a vida útil dos produtos, garantindo que eles mantenham sua qualidade por mais tempo. Fazer o tratamento adequado desses resíduos é fundamental para preservar seu valor nutricional e garantir que possam ser incorporados de forma eficaz na dieta dos animais de estimação”, expõe.

Um passo à frente

Em relação às tecnologias e processos empregados nos frigoríficos no Brasil, quando comparado com o resto do mundo, França diz que se observa uma diferença significativa, destacando que existem antagonismos e condições que são típicas de cada país. “Depois de muito me perguntar porque não era tudo igual ao Brasil, onde tudo é muito exigido e cobrado, descobri que a resposta está na vocação exportadora incomparável do Brasil. O que acontece é que criamos uma resiliência e um grau de maturidade para atender a uma ampla variedade de critérios internacionais, passando o país a ser considerado como se fosse um filtro para o restante do mundo”, explica o especialista.

França diz que os países adotam abordagens distintas dentro da cadeia produtiva. Ele menciona que na América Central há um cuidado mais rigoroso na criação dos animais, resultando em índices zootécnicos que, às vezes, superam os do Brasil. No entanto, o Brasil também possui frigoríficos de alta qualidade que superam os padrões europeus e de outros lugares. “Além disso, a localização geográfica desempenha um papel fundamental na qualidade do produto final. Por exemplo, no Oriente Médio, a qualidade da carcaça pode ser influenciada pelas condições da região”, menciona.

Tecnologia a favor do setor

A digitalização dos dados desempenha um papel fundamental na melhoria da eficiência e qualidade da carne de frango, desde a identificação de problemas até a proposição de soluções inovadoras que beneficiam toda a cadeia de produção, do campo ao consumidor final.

França relembra que originalmente os equipamentos e sistemas eram projetados para a identificação de um problema, como defeitos nas carcaças, mas agora há um impulso em direção a uma abordagem mais holística da análise de dados na indústria de processamento de carne de frango. “Isso é essencial para entender como lidar com a contaminação e o material que não foi plenamente aproveitado, permitindo que a indústria avance na direção de uma produção mais eficiente e de maior qualidade. A verdadeira mudança reside em transformar a análise de dados em uma ferramenta que forneça não apenas diagnósticos, mas também aponte respostas para resolvê-los de maneira eficaz”, enfatiza o especialista.

O médico-veterinário evidência que o uso da inteligência artificial (IA) na indústria de processamento de carne está ganhando cada vez mais espaço, embora muitas vezes seja ainda mantido em sigilo. “Isso ocorre em grande parte devido à natureza experimental e aos investimentos associados a esses projetos pilotos. À medida que a tecnologia evoluir e demonstrar seu valor, mais empresas tendem a explorar essa inovação, mas ainda sem divulgar seu uso abertamente”, menciona, enfatizando que os frigoríficos que já implementaram sistemas de inteligência artificial o fizeram com um foco claro em atender as demandas do mercado.

França destaca que para garantir que os benefícios da IA sejam totalmente aproveitados é fundamental que as melhorias comecem no campo, a fim de garantir que a carne de frango atenda não apenas aos requisitos do mercado, mas também aos mais altos padrões de qualidade desde sua origem. “Isso envolve uma compreensão mais profunda dos processos de criação de aves, alimentação, cuidados de saúde e logística, para que o produto de origem seja o melhor possível. O uso da inteligência artificial deve ser uma extensão das melhorias já realizadas na produção primária”, relata.

Perdas por condenação

No Brasil, estima-se que as perdas por condenação representem cerca de 5% do total de carne produzida. Para reduzir as condenações, o profissional destaca que é fundamental mensurar as perdas e ganhos em diferentes áreas da produção avícola. “É um fato inegável que, em alguns lugares, as perdas diminuíram, e isso é algo tangível, mensurável, bem como é possível olhar para essas situações e compreender o que foi feito para alcançar essa redução. Por outro lado, há locais onde as perdas aumentaram, e também é possível entender as razões por trás desse cenário”, cita.

A condenação da carcaça de frango pode ocorrer por doenças, contaminação e lesões, podendo em alguns casos ser parcial e em outros completa. “Até alguns anos atrás havia uma perda muito grande por condenação, mas não sabíamos porquê. Essa informação também não chegava até o produtor no campo e quando compartilhada não era bem compreendida. Isso começa a mudar com a modernização do Sistema de Inspeção Veterinária, em que as informações são compartilhadas de forma mais eficiente para que possam ser aproveitadas no campo, possibilitando que os produtores identifiquem as causas das perdas em suas granjas e adotem medidas corretivas e estratégicas para sanar o problema”, assinala França.

Segundo o profissional, hoje as condenações passaram a ser utilizadas como métrica de ação no campo, tornando-se uma parte intrínseca do cotidiano das empresas. “Mas para alcançar melhorias neste processo é necessário entender como que o frango, com seu peso e sua uniformidade, pode trazer melhores resultados. Algumas vacinas desempenham um papel crucial na promoção da uniformidade, o que, por sua vez, permite trabalhar com uma velocidade maior de abate e esse aumento na eficiência operacional se traduz em ganhos financeiros para a empresa”, salienta o especialista.

Entre algumas medidas que podem ser adotadas para reduzir as perdas por condenação, França cita que estão a melhoria dos sistemas de manejo e transporte de animais, que incluem redução do estresse dos animais, a minimização de ferimentos e a prevenção de doenças; o uso de tecnologias inovadoras, como sensores e inteligência artificial, que podem ajudar a identificar e prevenir as perdas por condenação; e a educação dos produtores sobre as causas que podem acarretar perdas por condenação é essencial para que eles possam adotar medidas corretivas.

Melhorias do setor

Para buscar melhorias no setor, França evidencia a necessidade de compreender o negócio como um encadeamento. Isso envolve olhar para a produção avícola não apenas como a criação de frangos em um espaço, a entrega para o frigorífico como se fosse um negócio distinto e a negociação da carne como se pertencesse a outra empresa. “A relação entre o cliente e o fornecedor, dentro da mesma organização, deve ser caracterizada por sinergia, não antagonismo ou competição. O que ocorre frequentemente é que as pessoas tendem a interpretar a competitividade nos negócios como um processo linear, onde a responsabilidade termina assim que o frango é entregue à plataforma ou colocado na câmara fria, quando, na verdade, a responsabilidade é diluída entre todos os elos da cadeia de produção”, reforça o médico-veterinário.

França ressalta que falta uma comunicação eficaz entre as diferentes etapas do processo, que envolve o campo até o departamento comercial das empresas. “O produtor muitas vezes desconhece como é realizada a venda do frango, enquanto a equipe comercial não tem conhecimento sobre as condições de criação dos animais. É essencial estabelecer uma comunicação mais eficaz, reunindo profissionais do incubatório, da engorda e de outros setores, para planejar a melhor maneira de entregar o frango ao frigorífico. A integração é a chave. O abatedouro não tem como transformar o processo de criação. E muitas vezes essa dissonância entre um pedido de venda da carne com o frango que está chegando para o abate está criando desafios significativos e desperdiçando oportunidades valiosas”, avalia o profissional.

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Fonte: O Presente Rural
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