Avicultura
ABPA apresenta projeções positivas para a avicultura brasileira
O ano de 2023 deve ser marcado por novos aumentos na produção e na presença internacional da avicultura brasileira.
Por meio de uma coletiva de imprensa, realizada no dia 16 de agosto, na sede da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em São Paulo, SP, o presidente da entidade, Ricardo Santin, expôs as projeções da produção e das exportações de aves e de ovos do Brasil. Conforme a apresentação, o ano de 2023 deve ser marcado por novos aumentos na produção e na presença internacional da avicultura brasileira.
O presidente Santin iniciou a exibição enaltecendo que o Brasil continua livre de Influenza Aviária nos plantéis comerciais, pois até o momento foram registrados apenas casos em aves silvestres e de fundo de quintal. “É importante frisarmos isso e também continuarmos atuando de forma preventiva, mantendo uma boa biossegurança e biosseguridade nas granjas”, mencionou.
Neste ano a disponibilidade de produtos no mercado interno deverá alcançar 9,85 milhões de toneladas, volume 1,5% superior às 9,70 milhões de toneladas registradas em 2022. Com isto, o consumo per capita de carne de frango deverá ficar em 46 quilos neste ano, o que corresponde a um aumento de 1,5%, ante aos 45,2 quilos per capita registrados no ano passado.
Pela primeira vez na história o setor deverá superar a barreira de 5 milhões de toneladas exportadas, se confirmadas as projeções da ABPA. Neste ano, a expectativa da entidade é de embarques totais de 5,20 milhões de toneladas, volume 8% superior aos embarques registrados em 2022, com 4,82 milhões de toneladas.
Conjuntura econômica
O presidente Santin explanou a respeito do panorama econômico do Brasil, evidenciando que o primeiro semestre de 2023 foi marcado por uma boa cotação do dólar, o que favoreceu as exportações brasileiras, pois propiciou que o país mantivesse uma boa competividade com relação aos preços. “A estabilidade do dólar deve manter a competitividade para as exportações brasileiras neste segundo semestre. Isso é muito benéfico e importante para o nosso setor”, avaliou.
Com relação aos dados que mostram um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), bem como a diminuição da taxa Selic, que deve propiciar condições melhores para empréstimos financeiros, o presidente destacou que este cenário deve favorecer ainda mais o mercado de aves para o ano de 2024.
No que diz respeito a queda no consumo no início deste ano, ele apontou que os números inferiores estão relacionados com o endividamento financeiro das famílias, que gerou uma menor renda. “Por outro lado, o governo federal acaba de apresentar ações que devem beneficiar para que as famílias superem dificuldades financeiras. É o caso do Bolsa Família que deve receber R$ 168 bilhões em 2024. Sabemos que grande parte de valor deverá ser utilizado com alimentação, o que deve beneficiar nosso setor”, afirmou.
Custo de produção das aves
Santin reforçou que os custos de produção da avicultura são diretamente influenciados pelo panorama global dos insumos. Ele relembrou que desde o ano de 2018 o setor enfrenta um aumento nos dois principais produtos que são utilizados como fonte de alimentação dos animais, que é a soja e o milho. “Nestes últimos quatro anos, registramos um aumento de 98% nos custos de produção das aves, o que trouxe muitas problemáticas para o setor. A boa notícia é que, neste ano, estes custos caíram cerca de 11%, o que está trazendo alento aos produtores”.
O presidente da ABPA reforçou as boas condições da safra de grãos no Brasil e no mundo. De acordo com Santin, não vai faltar milho no país, haja vista que as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que a safra deste ano deve bater um novo recorde para o Brasil. “Conforme a Conab, o Brasil deve produzir um volume de 129 milhões toneladas de milho, o que garante as nossas necessidades. Inclusive, este montante vai atender as demandas do mercado interno e deve ser escoado para exportação cerca de 45 milhões de toneladas. A boa safra é importante porque esse número positivo garante um preço mais razoável para todo o mercado”, observa.
Exportação da carne de frango
O líder da APBA também apresentou a projeção de um aumento de 8,2% de volume de exportação e mais 7% de receita, apontando que o Paraná foi o estado que mais vem crescendo. Ele enalteceu que o mais importante deste quadro é que o Brasil continua livre da IA nos planteis comerciais, e os casos diagnosticados em aves silvestres e de subsistência não afetaram os números da exportação. “Crescemos 8,2 %. Esse é um dado muito positivo e mostra que o mercado internacional reconhece e confia no trabalho que vem sendo desenvolvido no nosso país com relação a IA, que é um trabalho bastante sério e que conta com o apoio de muitas entidades, juntamente com o governo e os avicultores”, opina.
No que concerne aos maiores importadores de carne de frango do Brasil, Ricardo apresentou que a China e o Japão continuam sendo os maiores destinos dos produtos brasileiros e que este mercado deve crescer ainda mais. Ele evidenciou que o momento é de consolidação do Brasil como o maior exportador mundial, sendo que no panorama de médio prazo estão sendo registradas oportunidades muito positivas. “Quando verificamos os números de exportações, observamos que ano após ano eles crescem de forma significativa, o que também aponta para uma importante sustentabilidade brasileira no mercado externo”, sugere.
Outro apontamento significativo feito pelo presidente diz respeito ao aumento de exportações brasileiras, mas também ao aumento de renda nos países mais pobres. “Quando observamos a média de consumo de carne nos países asiáticos, que é bem abaixo da média mundial, verificamos que existe um grande mercado ainda a ser explorado, ou seja, existem muitos mercados que possuem grandes populações e que ainda não acessamos ou que podemos atender ainda mais, conforme o perfil econômico for melhorando em cada país”.
O presidente da ABPA destacou que o Brasil continua sendo o maior exportador mundial de carne de frango, seguido pelos Estados Unidos e depois pela Europa. Conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a soma das exportações dos EUA e da Europa não deve chegar ao montante de exportação brasileira. Ele frisou que a produção da Europa está estável, mas que a exportação caiu com bastante velocidade. “O mercado americano não é diferente da Europa, eles não diminuíram a produção, mas também não aumentaram. Ou seja, verificamos uma queda da Europa e uma estabilidade nos Estados Unidos, que é o nosso principal concorrente, o que deve possibilitar um desenvolvimento ainda maior das exportações do nosso país”, sugere.
Conforme relatórios disponibilizados pelo governo chinês e apresentados pelo presidente da ABPA, a produção de frango na China decaiu nos últimos meses, o que possibilitou maiores oportunidades para o Brasil, que conquistou mais espaço junto ao mercado chinês. Santin ainda destacou a competência que os EUA demonstrou ao lidar com a IA, que mesmo sendo registrada em solo americano, conseguiu manter a exportação para a China, por meio da regionalização dos estados. “Isso é um alento e traz esperança no caso da IA chegar em algum plantel comercial do nosso país. Caso isso aconteça esperamos receber um tratamento igual ao que foi dado aos Estados Unidos”.
Influenza aviária
O presidente Ricardo enalteceu que a imagem acima mostra que é preciso aprender a conviver com a gripe aviária. “Aliás, o mundo já está convivendo. A exemplo do EUA, China e Japão também possuem casos ativos, mas estão trabalhando na segregação dos estados ou até municípios, o que está favorecendo a continuação dos trabalhos. Aqui no Brasil também estamos preparados para enfrentar isso. Continuamos trabalhando fortemente nas medidas de biosseguridade, mas também estamos preparados caso a doença atinja algum plantel comercial”, assegurou.
O presidente também explicou sobre a importância das mudanças de emissão dos certificados sanitários, que podem ser alterados de país livre de IA, para zona, região ou até mesmo compartimento livre de IA. “Há pouco tempo participamos de reunião com os ministros da agricultura do Japão, Coreia e Arábia Saudita e nestes três destinos tivemos a confirmação da regionalização por estados. Eles também estão estudando os pedidos de regionalização por municípios. Acreditamos que estes procedimentos irão favorecer a manutenção dos negócios externos, caso sejam atingidos pela IA”, indicou.
De acordo com ele, a ABPA e o governo brasileiro devem continuar desenvolvendo este procedimento e manter um diálogo atento com os países que comercializam com o Brasil. “Estamos negociando e enviando documentos a todos os países que são nossos parceiros para alinharmos a regionalização do status sanitário. Caso o Brasil venha a ser atingido pela IA em planteis comerciais, devemos estar preparados para segregar o local do surto. Conforme indicação da OMSA, num primeiro momento deve-se fazer a delimitação de 10km de onde foi diagnosticado o surto. A segregação pode ser de município, estado, zona ou compartimento”, informou.
Conforme o diretor de mercados da ABPA, Luis Rua, o Brasil possui atributos muito importantes relacionados à exportação, porque existem mercados internacionais que exigem produtos bem específicos e que atualmente só o Brasil consegue produzir em grandes volumes. “Isso é muito benéfico para nós porque conseguimos atender demandas bem específicas de outros países e que dificilmente algum outro país vai conseguir atender. Desta forma, caso a IA chegue em algum plantel comercial brasileiro, temos muitas medidas para tomar e proteger o restante da produção”, afirma.
Com relação aos casos de IA registrados no Brasil, o presidente da ABPA destacou que embora o Japão tenha embargado o recebimento dos produtos brasileiros, a ABPA é contra esta prática até porque isso não é uma recomendação da OMSA. “Porém, nós precisamos respeitar a opinião contrária do Japão. Por outro lado, a partir deste caso do Espírito Santo pudemos observar a seriedade com que a IA está sendo trabalhada no Brasil, pois foi muito pouco tempo que durou o embargo, já que o Brasil foi bastante competente para testar e comprovar que havia superado a dificuldade”, apontou.
Ele acrescentou destacando que as medidas do governo japonês são justificáveis, haja vista que eles esperam relatórios comprovando as medidas que o Brasil está tomando no combate e na prevenção da IA. “O Japão é um país que exige ter ciência do que o Brasil está fazendo para combater esta enfermidade, essa é uma regra deles. O que é importante lembramos que o nosso governo fez a lição de casa, promovendo testes e fazendo os relatórios solicitados”, afirmou.
Projeções de carne de frango
O presidente também explicou que a projeção inicial deste ano, feita pela ABPA, no 1º semestre, apontava que a produção de 2023 seria superior a 15 milhões de toneladas. “Agora que iniciamos este 2º semestre observamos uma mudança no comportamento das empresas que estão fazendo ações preventivas, como diminuir o número de alojamentos ou diminuindo o peso médio das aves. Desta forma, acreditamos que a produção será de 14,8 milhões de toneladas. O que é um número bastante significativo”, sustentou Santin.
O presidente ainda argumentou sobre o aumento na disponibilidade e oferta da carne de frango, que pode fazer com que os preços pagos ao produtor também sejam ajustados. De acordo com ele, essa retomada que a economia brasileira está tendo deverá sustentar as demandas pela carne de frango. “O segundo semestre sempre é marcado por um consumo aumentado. Acreditamos que neste ano não será diferente, teremos uma maior oferta do produto, mas também teremos um maior consumo”.
O presidente frisou que estas projeções podem ou não se confirmar porque as empresas que trabalham neste mercado sabem da responsabilidade que elas possuem e estão sempre atentas às regulações do mercado. Desta forma, é possível que elas façam adequações com relação à produção, uma vez que a sustentabilidade delas no mercado depende de como esses quesitos são trabalhados nas empresas. “Neste momento é primordial que as empresas melhorem as questões de biosseguridade e estejam atentas às mudanças do mercado”, advertiu.
Para 2024, a ABPA projeta uma produção brasileira de 15,5 milhões de toneladas de carne de frango. “É claro que este número pode ser alterado, pois são inúmeras as variáveis, mas o cenário que temos hoje que é: a não chegada da IA nos nossos planteis comerciais, o mundo consumindo mais carne e o Brasil com a tendência de melhorar a capacidade econômica das pessoas noz faz acreditar e possibilitam vislumbrar um aumento na produção em 2024, bem como um aumento na exportação”, almeja.
Com relação ao aumento no volume de exportações, o presidente destacou, mais uma vez, que o Brasil pode absorver alguns mercados que eram atendidos pelos EUA. “As projeções em números mostram que temos um panorama muito positivo para o Brasil neste segundo semestre, principalmente quando olhamos para os países que são nossos concorrentes, mas que hoje estão abrindo novas oportunidades para os produtos brasileiros”.
Ovos
Relativamente ao mercado de ovos, a produção total do país deverá chegar a 52,55 bilhões de unidades em 2023, número 1% maior que as 52,06 bilhões de unidades produzidas em 2022. O consumo per capita de ovos do Brasil deverá encerrar o ano em torno de 242 unidades, número 0,5% maior que as 241 unidades per capita consumidas em 2022. Nas exportações, as projeções indicam embarques totais de 32,5 mil toneladas de ovos do Brasil, número 240% superior ao total exportado em 2022, com 9,47 mil toneladas.
Esses números foram apresentados pelo presidente Santin que exaltou a conquista do setor, que pela primeira vez, durante a presidência dele, vai exportar mais de 1% da produção, o que é um recorde. “Isso não acontecia desde 2006. Neste ano nossa exportação subiu 165%, sendo que Minas Gerais é o maior exportador, seguido por Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Outro fenômeno bastante positivo é que esta exportação, além do grande volume, é uma exportação que conseguimos valor agregado, pois também exportamos ovos líquidos, em pó e processados, o que mostra a capacidade da nossa indústria”, argumentou.
Maiores compradores
Santin informou que o Japão é o país que mais compra ovos do Brasil. Ele destacou também o mercado de Taiwan que não comprava nada do Brasil, mas que neste ano já ocupa a segunda posição. “Temos a esperança de que Taiwan reconheça a qualidade do nosso produto e continue importando ovos de galinha do Brasil. Os outros países que são nossos compradores também aumentaram bastante o consumo durante este ano de 2023. Isso é uma grande conquista para o setor”, destaca.
SIAVS 2024
Ainda durante a coletiva, o presidente Santin informou que o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs) passa a ser chamado de Salão Internacional de Proteína Animal e vai abranger também a bovinocultura e piscicultura. A edição de 2024 está marcada para os dias 06 a 08 de agosto, no Parque Anhembi, SP. De acordo com ele, será mais um grande evento que vai trazer as principais tendências do setor de proteína animal.
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Avicultura Dia Mundial do Ovo
Consumo da proteína animal em 2024 deve ser o maior da história
Produção será recorde, se aproximando de 57 bilhões de unidades.
Ao longo deste ano, a cada segundo, as granjas brasileiras têm produzido em ritmo recorde, alcançando cerca de 1.800 unidades por segundo, ressalta a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em meio às comemorações do Dia Mundial do Ovo, celebrado esta sexta-feira (11).
Conforme perspectivas da associação, o Brasil deverá encerrar o ano alcançando o marco de 56,900 bilhões de unidades de ovos produzidos nas granjas de norte a sul do país. O número é recorde, e supera em 8,5% a produção registrada no ano anterior, com 52,448 bilhões de unidades.
A produção, de acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, tem sido impulsionada pelo aumento do consumo da proteína, que deverá encerrar o ano no maior patamar da história do setor.
Conforme as projeções da associação, cada brasileiro deverá consumir até 263 unidades ao longo dos 12 meses deste ano, 21 unidades a mais em relação à 2023, quando o índice chegou a 242 unidades.
“Está mais competitivo produzir ovos em 2024. Os custos estão mais ajustados e o consumidor tem demandado mais o produto. As perspectivas para o setor são positivas e nossos indicadores apontam a ampliação dos níveis de consumo para o próximo ano. Além do fato de ser uma das proteínas mais versáteis e acessíveis disponíveis, o ovo já é reconhecido pelos consumidores de todas as classes e perfis de consumo como um dos alimentos mais completos que existem. Exatamente por isso, o ovo deixou de ser visto apenas como um simples produto e passou a ser um alimento que tem influência tanto para a segurança alimentar, como para a saúde pública”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
O Dia Mundial do Ovo é comemorado em todas as nações produtoras e consumidoras dessa proteína. É o caso do Brasil, que atualmente é o quinto maior produtor desta proteína, e mantém níveis de consumo bem acima da média internacional, que é de 230 unidades.
No Brasil, o Dia Mundial do Ovo é organizado pelo Instituto Ovos Brasil.
Avicultura
Presidente da ABPA traça panorama da avicultura para a próxima década
Atualmente, a carne de frango brasileira é enviada para mais de 150 países, o que destaca a diversidade dos mercados atendidos e a importância estratégica do Brasil no fornecimento global do alimento.
O Brasil se consolidou como um gigante na avicultura mundial, ocupando o segundo lugar entre os maiores produtores de carne de frango do planeta, com uma produção de 14,8 milhões de toneladas em 2023. No cenário internacional, o país lidera as exportações, detendo um market share de 36,9% das vendas globais do produto, tendo exportado 5,1 milhões de toneladas no último ano, volume que gerou uma receita de US$ 9,7 bilhões.
Nos últimos 20 anos, a produção nacional de carne de frango totalizou 245 milhões de toneladas, deste total 73 milhões de toneladas foram para o mercado externo, resultando em uma receita superior a US$ 122 bilhões. Atualmente, a carne de frango brasileira é enviada para mais de 150 países, o que destaca a diversidade dos mercados atendidos e a importância estratégica do Brasil no fornecimento global do alimento.
Com 5,296 bilhões de cabeças abatidas em 2023, a indústria gera cerca de três milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil, movimentando um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 92 bilhões, representando 8% do Valor Bruto da Produção (VBP) do agronegócio nacional. “Esses números reafirmam a competência e a robustez da cadeia produtiva avícola no país”, ressaltou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, durante sua participação no 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado no dia 10 de setembro em Cascavel, Oeste do Paraná.
Santin apresentou uma visão abrangente sobre a avicultura brasileira, enaltecendo o crescimento sustentado do setor e a sua capacidade de adaptação frente aos desafios globais, como as mudanças climáticas e as pressões de sustentabilidade, bem como abordou o papel do Brasil na segurança alimentar mundial, reforçando a responsabilidade de manter a qualidade e a competitividade do produto brasileiro.
Líder nacional na produção e exportação de carne de frango no ano passado, o Paraná processou 2,090 bilhões de cabeças de frango, representando cerca de 39,47% do total produzido no país, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Completam o ranking dos três principais estados produtores Santa Catarina, com 13,88% (735 milhões de cabeças), e o Rio Grande do Sul, com 11,40% (604 milhões). Goiás e São Paulo assumem as posições seguintes, com 9,10% (482 milhões) e 8,65% (458 milhões), respectivamente. Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pernambuco completam a lista dos maiores produtores, com os demais estados respondendo por 3,58% da produção. “Esses dados se referem aos frigoríficos que possuem SIF para abate das aves”, menciona Santin.
Mercado
Do total de carne de frango produzida no Brasil em 2023, 65,4% foi destinada ao mercado interno, enquanto 34,6% foi exportada, reafirmando a relevância do setor tanto para o abastecimento doméstico quanto para o comércio internacional. O desempenho nas exportações, contudo, sofreu uma leve retração no início de 2024. “Nos primeiros sete meses do ano, o Brasil exportou 3,052 milhões de toneladas de carne de frango, uma queda de 0,3% em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram embarcadas 3,062 milhões de toneladas”, expôs Santin.
Em termos de receita, a redução foi mais significativa: os embarques geraram US$ 5,526 milhões, ante US$ 6,028 milhões no ano anterior, refletindo a oscilação dos preços no mercado global. “Esse cenário é reflexo do recente caso da Doença Newcastle no Rio Grande do Sul, estado que teve suas exportações barradas para vários países, mas que com a atuação rápida da defesa sanitária do país controlou o foco e restabeleceu as exportações, porém ainda algumas nações não retomaram as compras do estado e nem do país”, avisa Santin.
Principais destinos das exportações em 2024
Entre janeiro e julho de 2024, a China se manteve como o principal destino da carne de frango brasileira, com 160,261 mil toneladas importadas, seguida pelos Emirados Árabes Unidos (117,002 mil toneladas) e pela África do Sul (107,079 mil toneladas). Japão e Arábia Saudita completaram o top 5, com 84,012 mil e 60,540 mil toneladas, respectivamente. Filipinas, Iraque, União Europeia, México e Coreia do Sul também se destacaram como mercados relevantes para o produto brasileiro.
O Paraná se mantém como o maior estado exportador de carne de frango do país, com uma participação de 42% das exportações totais. Apenas entre janeiro e julho de 2024, o estado embarcou 1,3 milhão de toneladas.
Crescimento moderado na produção e exportações
O setor de carne de frango no Brasil segue em constante expansão, com projeções de crescimento moderado para os próximos anos. O país detém 14,6% do market share da produção global, sendo o segundo maior produtor de carne de frango no mundo. Os Estados Unidos lideram com 20,6% da produção, enquanto a China aparece em terceiro lugar com 14%. A União Europeia (UE) segue com 10,9%, e a Rússia completa o ranking dos principais produtores, com 4,8%.
De acordo com estimativas da ABPA, a produção brasileira de carne de frango deve atingir 15,1 milhões de toneladas em 2024, representando um aumento de 1,8% em relação ao volume produzido em 2023. Para 2025, a expectativa é que a produção continue a subir, alcançando 15,35 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 2,3%.
Quando se trata de exportações, o Brasil se destaca ainda mais, liderando o mercado mundial com 36,9% de participação. Esse desempenho coloca o país à frente dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição com 23,7% do share global, seguidos pela União Europeia com 12,3%, Tailândia com 7,9% e China com 3,69%. “Essa liderança reflete a eficiência do setor avícola brasileiro, que é amplamente reconhecido pela qualidade de seus produtos e sua capacidade de atender a mercados exigentes”, salienta Santin.
A ABPA projeta que o país exporte até 5,25 milhões de toneladas de carne de frango em 2024, uma alta de 2,2% em comparação com o ano anterior. No entanto, o ritmo de crescimento das exportações deve ser um pouco mais moderado em 2025, com uma projeção de 5,35 milhões de toneladas exportadas, um aumento de 1,9%.
Já em termos de disponibilidade interna, o mercado brasileiro também deve registrar crescimento. A estimativa para 2024 é de que 9,85 milhões de toneladas estejam disponíveis no mercado doméstico, um acréscimo de até 1,6%. Para o ano seguinte, a previsão é de um crescimento de 1,5%, o que resultaria em 10 milhões de toneladas disponíveis para o consumo no Brasil.
Quanto ao consumo per capita de carne de frango, a expectativa é de estabilidade. O consumo deve se manter em torno de 45 quilos por habitante em 2024, com estimativa de aumentar para 46 quilos per capita em 2025. Essa estabilidade reflete a forte presença da carne de frango na alimentação dos brasileiros, consolidando-a como uma das principais fontes de proteína animal no país.
Aumento dos custos de produção
Apesar do forte desempenho no mercado mundial, o setor de carne de frango no Brasil enfrenta desafios relacionados ao aumento dos custos de produção. Em 2018, o custo do quilo do frango vivo era de R$ 2,80, mas em 2024 esse valor subiu para R$ 4,42, refletindo o impacto de diversos fatores econômicos. No entanto, de 2023 até julho de 2024, houve uma redução de 5,4% nos custos de produção, um alívio para os produtores, embora o cenário ainda demande atenção.
Os principais insumos do setor, o milho e a soja, representam mais de 70% dos custos de produção, sendo fundamentais para a alimentação das aves. Em agosto de 2024, o preço da saca de 60 kg de milho chegou a R$ 59,60, enquanto a soja alcançou R$ 129,20 por saca, pressionando as margens de lucro dos produtores. “Essa volatilidade nos preços dos insumos é uma preocupação constante, especialmente em um contexto de demanda crescente por carne de frango tanto no mercado interno quanto externo”, menciona Santin, acrescentando: “O mercado avícola brasileiro, apesar dos desafios, continua a se destacar globalmente pela sua capacidade produtiva e pela liderança nas exportações, mas a gestão eficiente dos custos será crucial para manter a competitividade nos próximos anos”.
Desafios logísticos ameaçam competitividade
O agronegócio brasileiro, um dos setores mais robustos da economia, enfrenta grandes desafios logísticos que ameaçam sua competitividade no cenário global. Um dos principais problemas está relacionado à defasagem da infraestrutura portuária, com o Brasil operando 12 anos e quatro gerações de navios atrás das tecnologias de ponta disponíveis mundialmente. “Essa defasagem impacta diretamente a capacidade de escoamento da produção nacional, essencial para atender à demanda crescente por produtos agropecuários no exterior”, aponta Santin.
Em 2021, a situação atingiu um ponto crítico: a demanda por cargas nos portos brasileiros ultrapassou a capacidade operacional de todos os terminais. E as projeções, segundo Santin, indicam que a tendência é de agravamento nos próximos anos, à medida que a produção agrícola e pecuária continua a crescer. O gargalo logístico tem repercussões tanto para armadores quanto para embarcadores, criando um cenário de ineficiência e custos elevados.
Impactos para os armadores: filas e navios menores
Para os armadores, a falta de capacidade nos portos resulta em longas filas de navios aguardando atracação. A escassez de infraestrutura moderna força o uso de navios menores, que, além de menos eficientes, aumentam o tempo e os custos das operações. “Isso gera um acúmulo de embarcações paradas nos portos, elevando os gastos e prejudicando a fluidez das exportações”, ressalta.
Desafios para os embarcadores
Para os embarcadores, a logística ineficiente gera uma série de desafios adicionais. Entre os problemas mais significativos está a dificuldade de entregar as cargas a tempo nos portos, o que obriga as empresas a aumentar os estoques de produtos e, consequentemente, eleva os custos de armazenagem e transporte. “As despesas portuárias também sobem, pressionando as margens de lucro de produtores e exportadores”, salienta Santin.
Além disso, os atrasos na entrega das mercadorias aos clientes internacionais comprometem a reputação dos exportadores brasileiros e podem resultar na perda de contratos. “A incapacidade de escoar a produção de forma eficiente limita o volume de produção, já que os produtores se veem forçados a frear a produção para evitar acúmulos indesejados nos estoques”, comenta Santin.
O cenário logístico brasileiro exige atenção urgente, especialmente para manter a competitividade do agronegócio. “A modernização da infraestrutura portuária e o investimento em soluções logísticas mais eficientes são fundamentais para garantir que o setor continue a crescer para atender à crescente demanda global”, reforça o presidente da ABPA.
Compromisso com a sustentabilidade
A avicultura brasileira se destaca por seu compromisso com a sustentabilidade, o que tem fortalecido sua posição no mercado global. O setor adota práticas e tecnologias que, além de promover ganhos produtivos, também otimizam o uso de recursos naturais, contribuindo para a preservação ambiental e a redução da pegada de carbono.
Entre as principais iniciativas está o uso crescente de energia solar nas granjas, que tem ajudado a reduzir os custos com eletricidade e, ao mesmo tempo, diminuir o impacto ambiental. “Outro avanço importante é o uso de biodigestores, que transformam resíduos orgânicos gerados pela produção avícola em biogás, uma fonte de energia limpa e renovável, além de gerar biofertilizantes que podem ser reutilizados nas lavouras, fechando o ciclo de sustentabilidade”, sustenta Santin.
A atividade também é favorecida pelo uso de insumos produzidos localmente, como milho e soja, ingredientes fundamentais na alimentação das aves. Isso não só fortalece a economia interna, mas também reduz a dependência de importações e minimiza a pegada de carbono associada ao transporte de insumos.
Outro ponto de destaque é que a produção de carne de frango no Brasil ocorre majoritariamente fora do bioma amazônico, preservando uma das áreas mais sensíveis e biodiversas do mundo. “A escolha de áreas com condições climáticas favoráveis para a criação de aves contribui para a redução do uso de energia e insumos, já que essas regiões oferecem um ambiente natural adequado para a produção em larga escala”, menciona.
Além disso, a aplicação de tecnologias voltadas para o aumento da eficiência produtiva tem permitido ao setor otimizar o uso de água, grãos e energia. Sistemas de monitoramento avançado e automação em granjas garantem o controle rigoroso de cada etapa da produção, desde a alimentação das aves até o controle climático dos aviários, promovendo a sustentabilidade e o bem-estar animal.
Essas iniciativas refletem o compromisso da avicultura brasileira com a sustentabilidade, reforça Santin, um diferencial competitivo que vem ganhando relevância nos mercados internacionais, onde consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à origem e impacto ambiental dos produtos que consomem. “O setor avícola do Brasil demonstra que é possível crescer de forma responsável, contribuindo para a preservação do meio ambiente e garantindo a produção eficiente de alimentos de qualidade”, enaltece Santin.
Drivers de mudança mundial até 2030
Até 2030, três grandes drivers continuarão a moldar o cenário global: o crescimento populacional, o crescimento econômico e o aumento da renda per capita. “Esses fatores terão impacto profundo nas dinâmicas globais, exigindo adaptações tanto das economias quanto das sociedades para lidar com os desafios e aproveitar as oportunidades”, enfatizou Santin.
A Organização das Nações Unidas estima que a população global chegue 8,5 bilhões de pessoas até 2030. Esse aumento populacional pressiona ainda mais os recursos naturais e os sistemas urbanos, especialmente nas regiões com maior densidade demográfica, como o Sul da Ásia e partes da África Subsariana. As previsões econômicas indicam um crescimento global, mas com ritmos diferentes entre regiões. “As economias emergentes, como Índia, Indonésia e África, despontam como as grandes protagonistas, impulsionadas por investimentos em tecnologia, industrialização e educação. Ao mesmo tempo, desafios como as mudanças climáticas e as tensões geopolíticas poderão impactar negativamente o crescimento em algumas regiões. Países que conseguirem investir em energia renovável e inovação tecnológica estarão mais bem posicionados para enfrentar as incertezas”, aponta Santin.
O aumento da renda per capita em várias partes do mundo será um fator-chave para impulsionar o consumo e elevar a qualidade de vida de milhões de pessoas. No entanto, esse crescimento trará consigo desafios, como a necessidade de equidade econômica e social. “O poder de compra crescente de novas classes médias, principalmente na Ásia, impulsionará novos mercados, criando uma demanda cada vez maior por alimentos que primam pela qualidade e sustentabilidade, o que torna o Brasil ainda mais importante no cenário global”, avalia Santin.
Consumo global de proteína animal
O consumo global de proteína animal está projetado para crescer mais de 14% até 2033, impulsionado por fatores como o aumento populacional, a elevação da renda e mudanças nas preferências alimentares dos consumidores. De acordo com dados recentes da Rabobank, o crescimento varia entre diferentes tipos de proteína, com as aves liderando a expansão, registrando um aumento de mais de 22%, seguidas pelos ovos (mais de 21%) e os frutos do mar (mais de 12%). O consumo de carne bovina deve crescer mais de 9%, enquanto o de carne suína espera um aumento superior a 7%.
Os mercados emergentes serão os grandes responsáveis por esse crescimento, respondendo por 90% da expansão no consumo de proteínas até 2033. A Ásia, com estimativa de aumento de 55%, é a região mais promissora, seguida pela América Latina, com crescimento de 20%, e pela África, com 15%. Mercados desenvolvidos, por outro lado, devem contribuir com apenas 10% desse aumento, refletindo uma maturidade no consumo e uma mudança para hábitos mais sustentáveis.
Santin reforça que o avanço do consumo de proteína animal está diretamente relacionado ao crescimento populacional, que deve atingir 9,7 bilhões de pessoas até 2050, e ao aumento da renda, permitindo que mais pessoas em regiões emergentes tenham acesso a essas fontes alimentares. Além disso, a preferência dos consumidores por dietas ricas em proteínas segue se diversificando, com maior ênfase em proteínas mais saudáveis e sustentáveis.
Perspectiva geopolítica e impacto dos BRICS+
Do ponto de vista geopolítico, países do BRICS+ desempenharão um papel importante na expansão da demanda por proteínas. Juntos, os BRICS devem representar 45% desse crescimento, enquanto a expansão para BRICS+ (com a inclusão de novos países) pode alcançar 50%. “Se considerados os potenciais novos membros do BRICS+, essa participação pode chegar a 75%”, salienta Santin.
Em contraste, os países ocidentais são responsáveis por apenas 10% desse crescimento, revelando uma clara transferência da demanda para as economias emergentes.
Insegurança alimentar
Apesar das projeções de aumento no consumo de proteínas, o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo”, o Sofi, publicado em julho de 2024, revela um quadro alarmante. Em 2023, cerca de 733 milhões de pessoas, o equivalente a uma em cada 11 no mundo, passaram fome, com destaque para a África, onde uma em cada cinco pessoas sofre de insegurança alimentar. O relatório aponta que o mundo retrocedeu 15 anos, com níveis de desnutrição semelhantes aos de 2008/2009. “Caso as tendências atuais continuem, estima-se que 582 milhões de pessoas estarão cronicamente subnutridas em 2030”, alerta Santin.
Além disso, cerca de 2,33 bilhões de indivíduos enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave em 2023, destacando a necessidade urgente de soluções para equilibrar o aumento da demanda por alimentos com a realidade da fome global.
Desafios e oportunidades na produção de proteínas
A crescente demanda por proteínas vem acompanhada de desafios importantes. Segundo Santin, as emissões de gases de efeito estufa, o desmatamento e a perda de biodiversidade encabeçam a lista de questões a serem enfrentadas pela indústria. Outros desafios incluem o uso e a escassez de água, resíduos e contaminação hídrica, uso de antibióticos, condições de trabalho, bem-estar animal e segurança alimentar.
Por outro lado, o setor também encontra oportunidades, especialmente no desenvolvimento de proteínas sustentáveis e alternativas, que ganham força como uma solução para reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos. “Governança eficiente e práticas mais responsáveis serão fundamentais para que a indústria de proteínas possa atender à crescente demanda global sem comprometer os recursos naturais e a saúde do planeta”, afirma Santin, enfatizando que a indústria de proteínas enfrenta uma década decisiva, onde os desafios ambientais, sociais e econômicos precisarão ser equilibrados com o crescimento da demanda, especialmente nos mercados emergentes, para garantir uma cadeia de produção sustentável e inclusiva.
Competitividade do setor
Como uma das mais robustas do mundo, a avicultura brasileira se destaca por pontos de excelência que garantem sua competitividade no cenário global. Entre os fatores que impulsionam o sucesso do setor, Santin menciona os recursos naturais abundantes, como a vasta disponibilidade de grãos para ração, e o uso avançado de tecnologia e conhecimento. “O Brasil investe de forma massiva em inovação, com melhorias em genética, nutrição e manejo, resultando em ganhos de eficiência produtiva”, destaca.
Outro ponto diferencial do setor é o empreendedorismo rural, com produtores comprometidos com as boas práticas e a modernização constante. “A coordenação das cadeias de valor também fortalece a posição da avicultura brasileira, assegurando que a produção, processamento e exportação estejam bem integrados, o que facilita a competitividade em mercados externos”, evidencia Santin.
Entraves da avicultura brasileira
Apesar dos fatores positivos, o setor enfrenta entraves que limitam seu potencial. Entre os quais, Santin cita a logística e a infraestrutura como os maiores desafios, especialmente em relação ao escoamento da produção para os portos de exportação. “A precariedade de estradas e a alta dependência do modal rodoviário elevam os custos e comprometem a competitividade no mercado internacional”, pontua.
Outro entrave está relacionado às tarifas de importação e à falta de acordos comerciais mais amplos, que restringem o acesso a mercados estratégicos e tornam as exportações “O sistema tributário complexo e a insegurança jurídica no Brasil também são obstáculos significativos, afetando a previsibilidade dos negócios e o ambiente de investimentos no setor”, afirma.
Principais pontos de atenção para 2024
O presidente da ABPA ressalta que 2024 traz uma série de fatores externos que devem ser monitorados pela avicultura brasileira. O conflito entre Rússia e Ucrânia continua a afetar o mercado de grãos, insumos essenciais para a produção de ração, pressionando os custos de produção. Além disso, as tensões no Oriente Médio e as eleições presidenciais nos Estados Unidos podem gerar instabilidades no comércio internacional e afetar os fluxos de exportação.
As enfermidades sanitárias como Influenza Aviária, Doença de Newcastle e Peste Suína Africana também exigem atenção redobrada, com a necessidade de reforçar medidas de biosseguridade para evitar impactos na produção e exportação.
Outro ponto crítico citado por Santin são os custos de produção, que continuam altos devido à volatilidade dos preços dos grãos, como milho e soja, principais componentes da ração animal. “A sustentabilidade e as mudanças climáticas também ganham cada vez mais relevância, com consumidores e mercados exigindo práticas mais sustentáveis ao longo de toda a cadeia produtiva”, reforça.
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Avicultura
Aves não sentem sabor: MITO!
Evidências comportamentais e genéticas já demonstraram que as aves têm uma capacidade precisa para detectar diferentes modalidades gustativas, desafiando o amplo consenso de que as aves têm menor acuidade gustativa do que os mamíferos.
A revisão cronológica da anatomia relacionada ao paladar e comportamento alimentar das aves mostra um atraso de 50 anos na descoberta do sistema gustativo (papilas gustativas), em comparação com mamíferos. Este fato está relacionado ao entendimento de que as aves não possuem papilas gustativas na língua e uma secreção limitada de saliva.
No entanto, hoje sabe-se que o sistema gustativo é o sentido que evoluiu do sistema quimio-sensorial presente na cavidade oral de aves, a fim de avaliar o valor nutricional dos alimentos, detectando compostos relevantes, como aminoácidos, ácidos, peptídeos, carboidratos, lipídios, cálcio, sais e compostos tóxicos ou antinutricionais.
O que dizem as pesquisas recentes?
Nos últimos anos surgiram novos estudos, principalmente devido ao advento da metagenômica, os quais evidenciaram que o sistema gustativo é tão crucial para as aves quanto para os mamíferos. Apesar de muitas semelhanças, também existem diferenças fundamentais entre os sistemas gustativos de aves e mamíferos em termos de anatomia, distribuição das papilas gustativas, natureza e estrutura molecular dos receptores gustativos. Geralmente, as aves têm cavidades orais menores, menor número de papilas gustativas e sua distribuição na cavidade oral segue o padrão de deglutição dos alimentos. Além disso, as diferenças entre as espécies de aves no tamanho, estrutura e distribuição das papilas gustativas estão associadas ao tipo de dieta e outras adaptações ecológicas.
Como ocorre a percepção de sabores pelas aves?
As aves têm mais diversidade em termos de estruturas anatômicas das papilas gustativas, com pelo menos três tipos identificados. Além disso, os padrões de distribuição das papilas gustativas são mais diversos e estão localizados principalmente no palato, e não na língua. As aves possuem capacidade de perceber sabores doces, umami, azedos, amargos, ácidos, salgados, cálcicos e de gorduras.
E o uso de palatabilizantes nas dietas?
O uso de palatabilizantes pode melhorar o sabor de uma ração para torná-la mais atraente para o animal ou até mesmo mascarar sabores desagradáveis. Consequentemente, há aumento da ingestão, resultando maior desempenho zootécnico e maior produtividade. Além disso, há uma ligação direta entre a palatabilidade do alimento e o bem-estar animal, uma vez que uma dieta palatável estimula os sentidos e traz emoções positivas à ave.
As aves podem restringir o consumo quando percebem sabores muito intensos?
Sobre o acesso a uma água ou alimento com características muito ácida/azeda/amarga/alcalina, há uma restrição de consumo por mecanismos de defesa do próprio animal. Por exemplo, estudos em aves mostraram que, em geral, existe uma tolerância ao meio ácido ou soluções alcalinas, mas evitando soluções ácidas ou alcalinas extremas.
Qual é a importância do entendimento da percepção sensorial em aves?
O paladar das aves desempenha um papel fundamental na escolha da ração e no seu nível de consumo. Por exemplo, é comum que frangos de corte e poedeiras tenham uma preferência por ingredientes que contenham cálcio na sua composição, como grãos, ossos e cascas. Estes sinais gustativos podem desempenhar um papel fundamental no reconhecimento de dietas deficientes ou suplementadas com cálcio.
As aves são mais sensíveis aos sabores da água do que aos sabores da ração, consumindo quase o dobro da água em relação à ração. É conhecido que as aves preferem água levemente ácida ou água suplementada com tiamina e açúcares, rejeitando sabores como xilose e sacarina. É comum observarmos no campo que quando as aves possuem acesso a uma água de pH natural alcalino que passa a ser acidificada, há um aumento expressivo no consumo de água. Por outro lado, quando este processo de acidificação ocorre de forma muito intensa, baixando-se muito o pH, verifica-se uma redução do consumo.
Uma grande diversidade de vitaminas, minerais ou ácidos orgânicos são comumente adicionados a dieta dos animais, seja via água ou ração. No entanto, o efeito da palatabilidade destes aditivos sobre o consumo dos animais é amplamente conhecido na suinocultura e pouco explorado para as aves. Alguns estudos já demonstraram que produtos à base de ácido acético, fórmico e propiônico, por exemplo, não são tão palatáveis quanto produtos à base de ácido fosfórico, cítrico e ascórbico. Considerando que as aves possuem uma percepção gustativa bem desenvolvida, a composição destes aditivos é fator determinante para estímulo ou restrição ao consumo de uma água ou ração tratada com estes produtos.
Conclusões
Evidências comportamentais e genéticas já demonstraram que as aves têm uma capacidade precisa para detectar diferentes modalidades gustativas, desafiando o amplo consenso de que as aves têm menor acuidade gustativa do que os mamíferos. Desta forma, trabalhar com a nutrição de modo a promover a palatabilidade das dietas e estimular o consumo de água e ração é uma prática fundamental para garantir o sucesso da produção.
As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: marketing@americannutrients.com.br.
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