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Suínos / Peixes Saúde Animal

Vacina na produção animal é crucial também para a saúde humana

Na produção animal, as vacinas são ferramentas de extrema importância para manter os planteis e seus consumidores livres de doenças

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O mundo todo busca uma vacina contra a Covid-19, doença causada nos seres humanos pelo novo Coronavírus. Na produção animal, as vacinas são ferramentas de extrema importância para manter os planteis e seus consumidores livres de doenças. Para entender um pouco mais sobre o que são, como agem e outras questões, o jornal O Presente Rural entrevistou a pesquisadora Ana Paula Bastos e pesquisador Luizinho Caron, ambos da Embrapa Suínos e Aves, com sede em Santa Catarina. Confira e bom aprendizado.

O Presente Rural (OP Rural) – As vacinas servem para que?

Ana Paula Bastos e Luizinho Caron (Bastos e Caron) – As vacinas são substâncias biológicas, produzidas a partir de partes ou o microrganismo completo, atenuado ou morto, introduzidas nos animais a fim de protegê-los das respectivas doenças. Na prática, elas ativam o sistema imunológico, “ensinando” o organismo do animal a reconhecer e combater vírus e/ou bactérias em futuras infecções. Para isso, são compostas por componentes ou toxinas do microrganismo que causa a doença, ou pelo próprio agente patogênico em versões atenuadas (o vírus ou a bactéria enfraquecidos) ou inativadas (os agentes estão mortos). Portanto, as vacinas contêm antígenos de vírus, bactérias, toxinas bacterianas ou parasitas.

O objetivo da vacinação é estimular o sistema imunológico do animal a produzir anticorpos contra o antígeno administrado para evitar o desenvolvimento da doença caso o animal tenha contato futuro com esses vírus, bactérias ou parasitas e assim proporcionando proteção contra infecções a longo prazo. A maioria das vacinas estimula tanto uma resposta humoral quanto uma resposta mediada por células.

Algumas vacinas que são raras podem induzir uma imunidade estéril, ou seja, após vacinado por um determinado período o sistema imune é capaz de barrar via anticorpos qualquer tentativa de replicação do vírus no animal após o desafio. O mais próximo disso é a vacina contra Peste Suína Clássica (PSC), mas a maioria das vacinas não consegue inibir a replicação do vírus ou a proliferação da bactéria, mas evita a manifestação dos sinais clínicos ou da doença que esta provoca. Na produção de suínos muitas vezes uma vacina que reduz ou mitiga as perdas econômicas promovidas pelas doenças, já proporciona uma grande melhora no desempenho produtivo.

OP Rural – Como são produzidas?

Bastos e Caron – Várias estratégias básicas são usadas para fazer vacinas. Os pontos fortes e as limitações de cada abordagem são descritos aqui.

As vacinas podem ser vivas, contendo organismos vivos que se multiplicarão no suíno ou inativada, contendo apenas microrganismos mortos que não se multiplicarão no animal.

Em vacinas vivas, os microrganismos geralmente foram atenuados (isto é, sua virulência foi reduzida ou eliminada), de modo que, embora se multiplique no suíno, normalmente não causa nenhuma doença. Exemplos são a vacina PRRS (embora algumas possam causar reações leves), vacinas contra a doença de Aujeszky (pseudo-raiva) e vacinas clássicas da peste suína. As vacinas vivas atenuadas têm a vantagem de que, por se multiplicarem no suíno, dão um estímulo antigênico maior, resultando em uma imunidade mais forte e duradoura, além disso, são vacinas em que efeitos colaterais no local da aplicação ou generalizado (em todo o corpo) como choque anafilático ou anafilactoide serem muito raros, pois a dose de antígeno utilizada para a imunização é muito pequena. No entanto, essas vacinas têm a desvantagem de serem sensíveis e portanto, facilmente inativadas (mortas) e assim tornando-se inúteis em condições incorretas de armazenamento (colocadas no calor) ou durante a administração (por exemplo, por exposição a anti-sépticos ou desinfetantes), pois estas vacinas necessitam estar vivas ao serem administras aos animais para possam se replicar em seus tecidos e induzirem a imunidade.

As vacinas inativadas (mortas) podem conter microrganismos inteiros, partes antigênicas de organismos ou antígenos que foram sintetizados quimicamente. Um exemplo de uma vacina de organismo inteiro comumente usada é a vacina contra erisipela (Na América do Norte, essas vacinas são frequentemente chamadas de bacterinas). A imunidade produzida por vacinas inativadas pode ser aumentada pela adição de adjuvantes.

As vacinas inativadas também podem conter toxinas que foram modificadas para que estimulem uma resposta imune, mas não sejam tóxicas para o animal. As toxinas que foram modificadas dessa maneira são chamadas de toxóides. A vacina clássica desse tipo é o toxóide tetânico, que é comumente usado em cavalos, mas raramente em suínos. Em suínos, algumas das vacinas contra E. coli (diarreia de leitões) e as vacinas clostridiais contra disenteria de leitões contêm toxóides.

Vacinas autógenas são aquelas preparadas com patógenos infecciosos de rebanhos correlacionados a serem vacinados à partir de bactérias ou vírus patogênicos específicos isolados do animal doente. Os organismos causais devem ser isolados, crescidos, mortos e transformados em uma forma de vacina segura. Vacinas autógenas podem ser úteis quando surtos graves de doenças ocorrem e vacinas comerciais padrão não estão disponíveis.

Uma desvantagem de vacinar um rebanho é que você não pode usar exames de sangue para verificar se o organismo está presente no rebanho ou não. Todos os suínos terão resultados positivos, o que tem implicações óbvias para um programa de erradicação baseado em exames de sangue, por exemplo, a erradicação da peste suína ou da doença de Aujeszky (pseudo-raiva). Para superar isso, foram desenvolvidas vacinas com genes deletados. Uma parte do gene do organismo que codifica um antígeno foi removida para que, quando o organismo se multiplique no suíno, ele não estimule anticorpos contra essa parte do antígeno. Os exames de sangue especiais podem distinguir entre a variedade de anticorpos da doença e os estimulados pela vacina. Uma nova geração de tais vacinas manipuladas por genes chamadas em inglês “DIVA” (Differentiation of infected from vaccinated animals) ou vacina marcada que diferencia animal vacinado de infectado.

Vale ressaltar que o desenvolvimento de uma vacina é um processo complexo que envolve uma série de etapas, as quais levam tempo para serem cumpridas. Este processo engloba vários processos experimentais e de pesquisa; isto é, até uma vacina ser licenciada para uma doença e chegar aos produtores são necessários estudo, análises, aplicação em modelos experimentais (cobaias) e exames de reações de inocuidade e a eficácia. O processo de pesquisa para uma vacina começa com o estudo do agente causador da doença (vírus ou bactéria), a equipe isola o agente em laboratório e observa como esse agente provoca a doença. Posteriormente segue as seguintes fases de desenvolvimento: ensaios pré-clinicos, ensaios clínicos e licenciamento.

OP Rural – Como são definidas as vacinas que serão usadas?

Bastos e Caron – De modo ideal, espera-se que uma vacina seja capaz de conferir proteção prolongada do animal frente a uma nova exposição ao agente patogênico, caracterizando a imunidade de longa duração ou memória. A memória imunológica é que permitirá uma resposta imune intensa frente a uma nova exposição desse microrganismo patogênico. Vacinas devem apresentar facilidade de administração, custo de aquisição acessível, adequada estabilidade da vacina durante o armazenamento e após a inoculação no organismo, adequação à programas de vacinação em massa e capacidade de estimular imunidade forte e duradoura. Devem causar o menor número possível de efeitos colaterais e não afetar o desempenho produtivo dos animais. Contudo, a maioria das vacinas requer múltiplas doses para imunizar adequadamente e a via de administração gera custo extra para o produtor, como mão-de-obra disponível e treinada para executar adequadamente a vacinação.

Como solução, novas tecnologias estão sendo utilizadas para tornar as vacinas resistentes a diferentes temperaturas e usam adjuvantes que em conjunto também aumentam a imunogenicidade (a capacidade de uma substância provocar uma resposta imune), combinam antígenos vacinais e sistemas de entrega para as mucosas, pele ou via parenteral livre de agulha, melhorando os procedimentos de imunização, fazendo com que esse manejo no sistema de produção seja adequado e eficiente nas categorias críticas sob o ponto de vista imunológico na produção; como exemplo, os leitões e as porcas lactentes na suinocultura.

O suinocultor também deve avaliar se a vacinação irá gerar retorno econômico a curto, médio ou a logo prazo. Destacamos que isso não se aplica para as vacinas para enfermidades infecciosas graves e que são impostas pelas autoridades sanitárias oficiais, quando o principal objetivo é erradicação e controle das enfermidades. Tentar equilibrar o custo-benefício da vacina e outros insumos é difícil. As granjas comerciais não são projetadas para pesquisa; portanto, às vezes é difícil tirar conclusões de seu uso. No sentido mais básico, as vacinas são ferramentas de gerenciamento de riscos econômicos e de doenças. Portanto, impressões clínicas, dados de produção e informações financeiras devem ser usadas para avaliar o sucesso. Para tal, deve-se avaliar, portanto, o custo da vacina, custo da vacinação (mão de obra, agulhas, seringas, armazenamento), e o retorno gerado a partir da vacinação com a melhora da qualidade da carcaça, redução de condenações, melhora no ganho de peso, redução no uso de antibióticos ou tratamentos terapêuticos, aumento da média de leitões nascidos vivos por porca. Conhecer bem o seu sistema de produção para poder avaliar a probabilidade de um surto de alguma enfermidade que possa trazer sérios danos ao desempenho produtivo da granja também deve ser considerado.

OP Rural – Isso difere de região para região ou país? Ou ainda, quais as mais usadas no Brasil?

Bastos e Caron – O programa de vacinação difere entre países, estados, regiões e sistema de produção. Infelizmente não existe um programa de vacinação que possa ser recomendado para todas as granjas, já que o programa deve ser elaborado pelo médico veterinário, levando em conta os problemas sanitários e o manejo empregado em cada granja. Esse programa poderá ser alterado de acordo com o surgimento de novas vacinas, mudança no padrão das enfermidade e aparecimento de novas doenças, bem como também em função de alterações no manejo. Assim, é importante acompanhar os índices produtivos e ter o acompanhamento de um veterinário que conheça bem a etiologia, patogenia, epidemiologia das enfermidades, para utilizar todas as ferramentas de forma a obter o melhor resultado econômico possível.

Na suinocultura brasileira, nas áreas livre de Peste Suína Clássica (PSC) é proibida a vacinação, como nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de alguns estados do Norte e Nordeste. Esta é uma enfermidade cuja notificação é obrigatória. Para esses casos está previsto a implantação das medidas do programa de contingenciamento contra PSC do PNSS (Programa Nacional de Sanidade de Suídeos). Todavia, alguns estados do Norte e Nordeste do Brasil ainda são endêmicos para a peste suína clássica. Dessa forma, o MAPA – DSS – estabeleceu um programa de vacinação estratégica e obrigatória, em que profissionais dos órgãos de defesa estadual vão a todos os estabelecimentos onde há suídeos e vacinam os animais. Associado a este programa também são tomadas medidas de controle de transito e de entrada e saída de animais nestas regiões. Após dois ou três anos de encerrar o programa de vacinação estão previstos inquéritos epidemiológicos para avaliar o “status” sanitário do estado, ou região. A vacina utilizada contra a PSC é uma vacina atenuada chamada cepa Chinesa, a qual é altamente eficiente, mas a impossibilidade de se diferenciar sorologicamente animais vacinados de animais que foram infectados com vírus de campo é uma dificuldade par o programa de erradicação. O que implica na retirada da vacinação e a necessidade de se aguardar algum tempo, de renovação do plantel para se realizar os inquéritos epidemiológicos.

As principais doenças que acometem os suínos no Brasil e necessitam de vacinação são a Parvovirose, a Leptospirose, a Colibacilose, a Erisipela, a Circovirose, a Rinite atrófica, e a Pneumonia enzoótica. Sugerimos aqui um programa mínimo de vacinação para um rebanho suíno, lembrando que algumas criações podem exigir outras vacinas.

Leitoas: Na quarentena ou chegada na granja, recomenda-se a primeira dose de parvovirose, erisipela e leptospirose e com 20 a 30 dias após a chegada, a segunda dose. Com 70 dias de gestação, devem ser aplicadas as primeiras doses de colibacilose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica. Com 90 dias, as respectivas segundas doses.

Porcas: Dose única de colibacilose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica aos 90 dias de gestação. Dose única também para a parvovirose, leptospirose e erisipela de 10 a 15 dias após o parto.

Cachaços: Na quarentena ou chegada na granja, uma dose de parvovirose, erisipela, leptospirose e uma de rinite atrófica. Após, renovar a dose de rinite atrófica semestralmente e a de parvovirose anualmente.

Leitões: De acordo com a recomendação do fabricante ou veterinário, uma ou duas doses de pneumonia enzoótica e circovirose. É importante evitar o período de castração ou desmame dos leitões para fazer a aplicação das vacinas. Isso porque nesses períodos, o estresse do leitão é muito grande, comprometendo o desenvolvimento de uma resposta imunológica satisfatória.

Outras doenças comuns a suínos que requerem vacinação são a Peste suína clássica, a Leptospirose, a Erisipela, a Pleuropneumonia, a Doença de Aujeszky e a Paratifo, que devem ser aplicadas se assim recomendadas.

OP Rural – Como as vacinas ajudam no bem-estar dos animais?

Bastos e Caron  – Em 1979 a Farm Animal Welfare Council publicou um documento com os princípios que hoje norteiam as boas práticas de bem-estar animal e a legislação relativa ao assunto. Nesse documento postulam as 5 liberdades dos animais, dentre essas consta o animal estar livre de dor, doença e injuria.

A saúde animal é um fator de importância crucial na agricultura moderna, a saúde precária em si é um problema de bem-estar para os animais em questão. Ademais, a falta de bem-estar animal, mesmo na ausência de qualquer doença, também é importante porque pode afetar a produtividade. Sendo, desta forma, importante promover a boa saúde animal e o bem-estar animal para ajudar a garantir boa produtividade e segurança alimentar. Proteger a saúde dos animais por meio da vacinação leva a um melhor bem-estar, e a manutenção do bom bem-estar garante que os animais possam responder com êxito à vacinação. É claro que a vacinação tem enormes vantagens para o bem-estar animal e, embora os possíveis efeitos colaterais da vacinação ou a administração da vacina possam ter um efeito negativo no bem-estar de alguns animais, os danos causados ​​por esses efeitos indesejados devem ser pesados ​​contra os benefícios indubitáveis ​​para grupos de animais. A vacinação pode ser usada durante surtos de doenças como uma alternativa viável, evitando assim os problemas de bem-estar que o abate em massa na granja pode causar.

É importante compreender que existe uma conexão entre bem-estar e saúde o que pode aumentar a resistência a doenças infecciosas, enquanto um estado de bem-estar pobre pode reduzir a resistência imune do animal e, assim, predispor a doenças. Uma resistência reduzida pode levar ao desenvolvimento de doenças clínicas do estado de portadores, e pode significar que a doença nunca é completamente eliminada e que o animal permaneça portador. A ausência de bem-estar em um momento crítico, por exemplo castração sem analgesia, também pode afetar a resposta à vacinação, um ambiente de estresse resulta em imunossupressão, o que pode afetar a resposta efetiva à vacinação e aos desafios sanitários do ambiente de produção.

Além da produtividade dos animais e da segurança alimentar, a vacinação desempenha um papel importante na saúde humana através do controle de algumas doenças zoonóticas ou de doenças que predispõem os animais a desenvolver infecção por microrganismos zoonóticos, como exemplo temos as doenças que afetam o sistema imunológico tais como a circovirose. Como contextualizado acima, a vacinação promove o bem-estar animal, protegendo a saúde animal, mas também possui outros benefícios, por exemplo investigações recentes analisaram o potencial das vacinas em imunocastração – uma alternativa aos métodos tradicionais cruentos.

OP Rural – A vacina deixa os animais imunes a determinadas doenças? Como elas melhoram o ambiente das granjas?

OP Rural – O termo imunização se refere à indução de imunidade frente a um determinado agente. A imunização ativa ocorre pela exposição do animal ao agente infeccioso ou por vacinação.

As vacinas contêm um agente que se assemelha a um microrganismo causador de doença e ela ajuda a estimular uma resposta imune sem causar a própria doença. Isso cria uma exposição precoce a organismos causadores de doenças, onde o sistema imunológico dos animais é capaz de se recuperar do agente infeccioso ao qual o animal é vacinado. Mesmo assim, controlar a exposição de suínos a microrganismos normais e patogênicos é absolutamente essencial para o sucesso em sistemas alternativos. Um surto de doença pode ser desencadeado pela introdução de um animal saudável da maneira errada, para não falar de animais infectados e pessoas e equipamentos contaminados. É importante o produtor ter controle da exposição de animais jovens ou novos a organismos já existentes na granja até que seus sistemas imunológicos estejam prontos. Para melhorar a resistência a doenças dos suínos é importante a combinação da utilização de boas práticas de produção e a vacinação.

O ambiente das granjas também é melhorado na medida em que as doenças reduzem a imunidade geral do rebanho a infecções ambientais e aumentam muito a circulação de patógenos no meio ambiente, favorecendo a disseminação e o aparecimento de doenças infecciosas e mesmo aquelas que podem afetar a carne e a saúde do consumidor como a Salmonella.

OP Rural – Os animais são submetidos a estresse quando vacinados. Há novas tecnologias, como dose única, novos equipamentos, robôs, etc. para evitar tal estresse?

Bastos e Caron – Avanços recentes em tecnologias e também uma melhor compreensão de patogenicidade, imunologia e epidemiologia abriram novas oportunidades para a prevenção de doenças infecciosas na suinocultura em um nível sem precedentes. Alguns dos avanços que consideramos entre os mais impactantes, inclui avanços na entrega e apresentação de antígenos para o sistema imunológico, plataformas que permitem uma resposta aprimorada a doenças emergentes e avanços na fabricação das vacinas.

Melhorias recentes no entendimento da virulência e patogenicidade combinadas com métodos biológicos moleculares eficazes deram lugar ao planejamento racional de vacinas, onde os fatores de virulência foram seletivamente eliminados ou silenciados funcionalmente. Isso levou a vacinas que mantêm as propriedades benéficas das vacinas vivas, reduzindo o risco de uma possível reversão da virulência. Dentro dessas novas estratégias de vacinação as pesquisas também se direcionaram para a investigação de vacinas alternativas, focadas no desenvolvimento de adjuvantes efetivos e sistemas de liberação controlada. Veículos de drogas biomateriais oferecem uma solução potencial. Para a entrega da droga, os biomateriais mais utilizados são os lipossomas, as micropartículas poliméricas, nanopartículas, as vesículas e as micelas. Dentro desse tipo de sistema existem as “partículas semelhantes a vírus” (virus like particles-VLP), esse sistema nos possibilita, o desenvolvimento de vacinas que possam ser administradas de maneira massal, por meio da veiculação da vacina na água de bebida, na ração ou pela aspersão do inóculo sobre suínos, com essa possibilidade é possível reduzir o estresse da aplicação nos suínos, bem como redução de gastos de material para administração, reduz mão-de-obra e menor necessidade de treinamento para administração. Como consequência, se surge novas vacinas e formas de administração teremos novas tecnologias para a administração delas, principalmente de forma massal.

Um exemplo interessante é a vacina para Lawsonia intracellularis atenuada que é administrada aos animais através da água de bebida para prevenir a Ileíte ou Enteropatia Proliferativa Suína.

A vacinação de suínos em escala comercial é normalmente realizada por injeção, onde em cada suíno a vacina é administrada individualmente. Embora os sistemas de vacinação por spray tenham sido desenvolvidos para a avicultura, esses sistemas são adaptados para esse sistema de produção e não são adequados para uso com suínos. O mecanismo de pulverização normalmente inclui um dispositivo de chuveiro localizado acima do gabinete e pulveriza a vacina para baixo na parte superior aberta. Esse sistema não é adaptado para suínos, tendo que atender a anatomia diferente dos animais (aves e suínos), comportamento distinto, eficácia na absorção e tamanho dos droplets pulverizados. Os droplets, portanto, lixam as partes superiores do corpo dos pintinhos. Existe, portanto, a necessidade de um sistema de vacinação por spray especificamente projetado para uso com suínos, equipamentos já estão sendo desenvolvidos para atender essa demanda (patente # WO 2009/099869 A2), portanto o próximo passo é desenvolver vacinas que possam ser administradas por pulverização, que não causam resíduo ambiental e que penetre adequadamente nas mucosas dos suínos.

Por fim, existem empresas que já estão ofertando a administração de vacinas utilizando a tecnologia RFID (identificação por radiofrequência), que através de dispositivos ocorre a administração das vacinas por vias intradérmica e intramuscular, e por meio de um software ocorre uma rastreabilidade completa e automatizada do processo de vacinação.

OP Rural – Como seria a suinocultura sem vacinação?

Bastos e Caron – A vacinação é vital na promoção da saúde e do bem-estar animal. A vacinação ajuda a proporcionar estabilidade econômica e sustentável para o suinocultor e as comunidades que eles servem. Quando os animais não são vacinados, isso leva a uma resistência reduzida a doenças, ao desenvolvimento de doenças clínicas, baixa produtividade, falta de segurança alimentar, surgimento de doenças exóticas e pandemias. Ademais, não são apenas os animais que correm risco quando as vacinas não são feitas; a saúde pública entre humanos também é protegida através da vacinação de animais.

A suinocultura sem vacinação voltaria ao passado 50 ou 60 anos no nosso entendimento. O não uso de vacinas inviabilizaria a produção em escalas de produção maiores, aumentaria muito as perdas, mesmo para propriedades pequenas e as incertezas da produção seria incrementada sensivelmente. A consequência disso mais evidente seria que a carne suína seria uma carne rara e muito cara para os consumidores, o mesmo aconteceria com a carne de frango e ovos. Então os produtos de origem animal seriam muito mais caros e pouco acessíveis aos consumidores piorando muito a qualidade da alimentação principalmente para as classes menos favorecidas. Hoje já existem muitas iniciativas e produção sem o uso antimicrobianos de forma preventiva, no entanto, mesmo sistemas orgânicos de produção fazem uso das vacinas para prevenir doenças e perdas nos rebanhos.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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