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Setor lácteo da região Sul apresenta plano de competitividade

Obetivo é que setor produtivo e a indústria atinjam um padrão máximo de eficiência e acessem o mercado externo. Reunião também empossou novos dirigentes da CT de Bovinocultura de Leite da Faep.

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O setor lácteo dos três Estados da região Sul deve concentrar esforços, ao longo dos próximos anos em superar dois desafios: atingir um padrão máximo de eficiência e acessar o mercado externo de forma considerável. As diretrizes fazem parte do “Plano de Desenvolvimento da Competividade Global do Leite Sul-Brasileiro”, da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB). O projeto foi apresentado por Airton Spies, consultor da ALSB, em reunião da Comissão Técnica (CT) de Bovinocultura de Leite da Faep, realizada na terça-feira (28), na sede do Sistema Faep/Senar-PR, em Curitiba (PR).

Fotos: Divulgação/Faep

“A cadeia do leite é importantíssima, por ser um alimento de máxima importância a todos os seres humanos, e por sua importância social, já que não temos um local em que não haja produção leiteira”, disse o diretor-secretário do Sistema Faep/Senar-PR, Livaldo Gemin, na abertura do evento. “Temos aqui representantes do governo, da indústria e dos produtores, dos três Estados do Sul. Temos que concentrar esforçar para superar essa condição, de ter que vencer uma crise a cada ano. Temos que nos unir, com foco na competitividade do nosso setor”, completou Ronei Volpi, então presidente da CT de Bovinocultura de Leite da Faep.

O plano apresentado é resultado de nove anos de debates e ideia surgidas ao longo de reuniões da ALSB. Alguns alertas fizeram com que os elos da cadeia produtiva se mobilizassem. O primeiro deles diz respeito à estagnação da produção. Entre 2000 e 2014, a produção de leite no Sul aumentou 104%, chegando a 25 bilhões de litros processados pela indústria. Desde então, no entanto, a produção vem andando de lado. Além disso, nos últimos anos, o setor tem enfrentado sucessivas crises. A mais recente, relacionada à importação maciça de leite de países do Mercosul. Acesse o documento na íntegra

Hoje, o Sul produz 40,7% do leite consumido no país, embora a região contenha 15% da população brasileira. Ou seja, boa parte dos lácteos produzidos por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul já são destinados a outras regiões. O problema é que o mercado interno já está saturado. Outro problema é que a produção de outros países também é uma ameaça. Países como Uruguai e Argentina, por exemplo, conseguem que seus produtos cheguem ao Brasil a preços até 10% menores, mesmo com o custo logístico da exportação. “Nosso grande desafio é ampliar a competitividade do nosso produto e ganhar mais mercados. Se produzirmos um litro de leite a mais, esse litro terá que ir para fora. Isso é um dilema para nós. Temos a necessidade de chegar ao mercado global, porque só o mercado interno não representa o nosso potencial”, aponta o consultor da ALSB, Airton Spies.

Entre os gargalos identificados pela ALSB estão a baixa eficiência agronômica e zootécnica no campo, o baixo rendimento industrial do leite, a alta volatilidade nos preços e entraves logísticos, desde a questão energéticas até a infraestrutura rodoviária. Por isso, o plano se foca na superação desses gargalos, com foco na eficiência. Para Spies, esse cenário vai fazer com que apenas produtores e empresas eficientes permaneçam na atividade. Outro ponto decisivo é que o setor se debruce sobre os próprios números, com objetivo de otimizar processos e reduzir os custos de produção. Só a partir da excelência é que os lácteos da região Sul poderão se impor no mercado internacional e rechaçar o produto estrangeiro.

“Para sermos competitivos temos que ser eficientes para baixar custos e termos uma logística eficaz”, resumiu Spies. “Precisamos de união, continuar sentados e conversando. A cada reunião, damos um passo à frente. Ainda temos um degrau para chegar ao mercado internacional, que é a redução de 20% dos custos de produção. Precisamos resolver isso. Mas quando resolvermos, o céu será o limite”, concluiu.

Aliança Láctea Sul Brasileira

A Aliança Láctea Sul Brasileira foi criada em 2014, para se constituir num fórum público-privado para harmonizar e fomentar o desenvolvimento produtivo, industrial e comercial do setor lácteo do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O colegiado surgiu a partir de esforços conjuntos dos três Estados, que, juntos, se consolidam como a principal bacia leiteira do país.

Novos dirigentes tomam posse
Durante a reunião, um momento solene marcou a posse dos novos dirigentes da CT de Bovinocultura de Leite da Faep. Eduardo Lucacin, médico veterinário e produtor em Mariluz, assume a presidência, e Roger van der Vinne, médico veterinário e produtor em Carambeí, a vice-presidência. Além disso, a composição do colegiado ganhou novos membros, com destaque para um aumento significativo na representação feminina. Antes, havia apenas uma mulher no grupo, agora são sete.

Ronei Volpi, Lisiane Rocha Czech, Eduardo Lucacin e Roger van der Vinne durante a posse dos novos dirigentes

“Em 27 anos de profissão, esse é o cargo que mais me honra. É uma função de grande responsabilidade, principalmente depois do Dr. Ronei, que nos deixa um exemplo de vida e dedicação pela cadeia do leite. Por outro lado, é um desafio que fiquei honrado e feliz em aceitar. Vamos trazer renovação e manter esse padrão de trabalho feito até hoje”, afirmou Lucacin.

Após 30 anos à frente da CT, Ronei Volpi deixa o cargo e passa a ser consultor do colegiado, com intuito de ajudar na transição dos novos dirigentes. Volpi é reconhecido como uma grande liderança do setor de leite no Paraná e no Brasil. Ele foi um dos idealizadores do Conselho Paritário de Produtores/Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR), primeiro colegiado do tipo no país, e teve papel fundamental na criação da Aliança Láctea Sul-Brasileira, que reúne representantes dos três Estados da região. Atualmente, Volpi é presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Comissão Nacional de Bovinocultura de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Características da cadeia do leite
O gerente de Cadeias Produtivas do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Hernani Alves, apresentou os resultados preliminares de um levantamento realizado pela instituição sobre a caracterização socioeconômica e tecnológica dos estabelecimentos leiteiros no Paraná. O trabalho foi uma demanda da Aliança Láctea.

Hoje, o Paraná é o segundo maior produtor de leite do país, com 4 bilhões de litros de leite por ano, o que equivale a 13% da produção brasileira. A pecuária de leite é a principal atividade em 32 mil propriedades rurais do Paraná – número que serviu de embasamento para a pesquisa realizada com os produtores rurais. O nível de confiança do levantamento realizado pelo IDR-Paraná é de 95%.

Segundo os dados apresentados na reunião, 80% dos estabelecimentos produzem até 500 litros de leite por dia, enquanto 20% das propriedades produzem 76% do leite do Paraná. Na avaliação de Alves, esses números ratificam o que foi dito por Spies em sua apresentação, sobre as exigências do setor que farão com que apenas produtores e empresas eficientes permaneçam na atividade.

Praticamente não há mais sazonalidade na produção de leite paranaense, da qual 49% são entregues nas cooperativas e 44% em laticínios privados. Até mil litros por dia, é uma atividade majoritariamente familiar. Além disso, 54% dos produtores de leite são membros efetivos de alguma cooperativa, enquanto 28% participam de associações de produtores.

Os produtores de leite que participaram da pesquisa também apontaram o que consideram serem os principais desafios da atividade nos próximos cinco anos. As questões mais citadas foram o alto custo de produção (75%), baixa lucratividade (70%) e falta de valorização da atividade leiteira (48%).

Entre os planos para a propriedade leiteira elencados pelos produtores, estão o aumento da produção diária (55%), melhoramento genético do rebanho (44%), aumento do rebanho (35%) e investimento em novos equipamentos e automação (20%).

Fonte: Sistema Faep/Senar-PR

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Programa Leite Bom SC entra na fase de elaboração de projetos para financiamento de investimentos no meio rural

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Foto: Divulgação/SAR

As medidas voltadas aos financiamentos e subvenção de juros do Programa Leite Bom Santa Catarina, por meio do Pronampe Leite SC e Financia SC Leite, estão em operação no Estado. Os produtores já receberam as orientações nos escritórios locais da Epagri, agora a fase é de elaboração dos projetos para acessar esses programas, que irão tramitar pela Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (SAR).

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Programa Leite Bom SC foi lançado em abril deste ano pelo Governo do Estado, o objetivo é beneficiar direta ou indiretamente os 22,2 mil produtores catarinenses e garantir R$ 300 milhões em apoio ao setor nos próximos três anos. Consiste em um pacote de medidas divididas em três ações: o decreto para suspender a concessão de incentivos fiscais na importação de leite e derivados por Santa Catarina, os financiamentos aos produtores e os incentivos fiscais para a indústria leiteira.

Os dois programas de financiamento e subvenção de juros do Programa Leite Bom SC: Pronampe Leite SC e Financia SC Leite são operacionalizados pela SAR e Epagri, o cronograma de pagamento prevê o início do repasse dos recursos para julho, a distribuição dos investimentos será proporcional ao número de produtores de leite de cada município. O objetivo é fortalecer a cadeia produtiva, com investimento de R$ 150 milhões, em três anos.  “O leite representa 13,1% do valor da produção agropecuária estadual, somos o 4º produtor nacional de leite com 3,2 bilhões de litros por ano, por isso buscamos formas de incentivar toda a cadeia produtiva para manter a qualidade, ampliar os incentivos e potencializar a produção”, afirma o secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Valdir Colatto.

O Pronampe Leite SC é voltado para investimentos na melhoria dos processos produtivos leiteiros, entre eles melhoramento genético, benfeitorias, instalações, humanização do trabalho e qualidade do leite. Consiste na subvenção de juros de 5% nos financiamentos agropecuários. O limite de enquadramento é de R$ 100 mil com prazo de até oito anos para pagamento da subvenção. Ele é destinado aos produtores enquadrados no Pronaf e Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural).

A estimativa é que esse programa atenda cinco mil produtores de leite (22% do setor). O valor total de apoio do Governo do Estado é de R$ 67,5 milhões, com estimativa de valor alavancado na economia de R$ 300 milhões.  Por exemplo, o produtor que acessar o limite de R$ 100 mil terá o benefício da redução de juros de R$ 22,5 mil em oito anos.

Foto: JM Alvarenga

O Financia SC Leite é voltado a investimentos no sistema produtivo leiteiro por meio do Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), o Financia SC Leite atenderá os produtores que se enquadram no Pronaf. O programa oferece empréstimo de até R$ 40 mil por produtor, sem juros e com subvenção de 30%, o que significa um abatimento de até R$ 12 mil no empréstimo. O prazo de pagamento é de cinco anos.

A estimativa é beneficiar 2,2 mil produtores somente com essa linha de financiamento (10% do setor). Para esse apoio, o Governo do Estado/SAR/FDR irão destinar R$ 82,5 milhões, em três anos. O retorno da subvenção, estimado em R$ 57,75 milhões, será destinado à criação de um fundo para o setor do leite.

Pacote de ações do Programa Leite Bom SC

O Programa Leite Bom SC consiste em um pacote de medidas do Governo do Estado divididas em três ações: o decreto, os financiamentos aos produtores e os incentivos fiscais para a indústria leiteira. Ainda no mês de abril, o Governo do Estado publicou decreto  para suspender a concessão de incentivos fiscais na importação de leite e derivados por Santa Catarina.  A nova regra entrará em vigor no próximo mês de julho, com efeitos até 31 de julho de 2025.

Em outra frente, o Governo do Estado também enviará projeto à Assembleia Legislativa para garantir incentivos fiscais à agroindústria leiteira de Santa Catarina, o que na prática ajuda a equacionar a competitividade do setor.  O projeto está sendo elaborado. Serão R$ 150 milhões, concedidos de maneira escalonada, a partir da aprovação da legislação pelos deputados estaduais. Serão R$ 75 milhões no primeiro ano, R$ 50 milhões no segundo e outros R$ 25 milhões no terceiro.

Foto 32 – Programa foi lançado em abril deste ano com o objetivo de beneficiar direta ou indiretamente os 22,2 mil produtores catarinenses e garantir R$ 300 milhões em apoio ao setor nos próximos três anos.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária
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Paraná quer estender eficiência da bacia leiteira dos Campos Gerais a outras regiões

Embora as regiões Oeste e Sudoeste se destaquem pelos volumes expressivos, é no Centro-Sul que se encontra a excelência na qualidade e competitividade, graças ao trabalho articulado de cooperativas e produtores locais.

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Fotos: Giuliano De Luca/OP Rural

Em 2023, o Paraná produziu aproximadamente 4,4 bilhões de litros de leite, consolidando-se como o segundo maior produtor do Brasil, ficando atrás apenas de Minas Gerais, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná. Nos últimos 10 anos, a atividade cresceu 18,9%, mas a produção leiteira do Estado destaca-se não apenas pelo volume, mas também pela qualidade e eficiência, especialmente na região dos Campos Gerais. Embora as regiões Oeste e Sudoeste se destaquem pelos volumes expressivos, é no Centro-Sul que se encontra a excelência na qualidade e competitividade, graças ao trabalho articulado de cooperativas e produtores locais. Hernani Alves da Silva, engenheiro agrônomo e gerente de Projetos e Cadeias Produtivas do Emater/PR, oferece em entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural uma visão aprofundada deste cenário dinâmico e, em sua visão, promissor.

Engenheiro agrônomo e gerente de Projetos e Cadeias Produtivas do Emater/PR, Hernani Alves da Silva: “A produção de leite no Paraná, em termos de volume, qualidade e competitividade, está bem resolvida em algumas regiões, particularmente na região Centro-Sul do Estado” – Foto: Arquivo pessoal

O Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite no Paraná, realizado em 2023 pelo IDR-Paraná, revela um panorama diversificado e em constante evolução. “A produção de leite no Paraná, em termos de volume, qualidade e competitividade, está bem resolvida em algumas regiões, particularmente na região Centro-Sul do Estado, onde estão presentes as cooperativas Capal, Castrolanda, Frísia e Witmarsum, que formam o Pool Leite”, explica Hernani.

Ele destaca que estas cooperativas têm demonstrado uma capacidade exemplar de organização e eficiência, atuando de forma conjunta em toda a cadeia produtiva. “Nesta região observamos alta escala de produção/propriedade, excelente qualidade do produto e competitividade no mercado, através da organização e estruturação destas cooperativas e operação conjunta na produção (fornecimento de insumos e assistência técnica), na logística (operam em conjunto o recolhimento da produção e industrialização) e no mercado (operam em conjunto), atendendo as expectativas do mercado. Nesta região a ‘crise do leite’ é menos impactante. Existe maior segurança dos produtores para aumento sustentável da produção, produtividade, melhoria da qualidade e acesso ao mercado, com produtos diferenciados”, elenca.

O profissional explica que as regiões Oeste e Sudoeste também têm mostrado avanços significativos, com alta densidade econômica na cadeia produtiva e melhorias contínuas na qualidade do leite, impulsionadas pela assistência técnica das cooperativas e do IDR-Paraná. No entanto, ele cita que “existem oportunidades para a produção de leite, como condições edafoclimáticas, culturais e sociais, mas as crises relacionadas ao mercado e a preços de leite geram insegurança e travam o crescimento”.

Por outro lado, nas demais regiões do Estado, como Noroeste e Norte, “o diagnóstico nos mostra grandes desafios, como baixa escala de produção, baixa oferta de assistência técnica e extensão rural, A ATER oficial e as cooperativas não têm conseguido atender esta demanda. Idade média elevada dos produtores, com dificuldades na sucessão familiar, falta de infraestrutura, como estradas, energia trifásica, comunicação e internet”, são outros pontos citados pelo gerente do Emater.

Tecnologia e inovação

A adoção de tecnologias de ponta tem sido um diferencial para os produtores de leite no Paraná. Hernani destaca que “o diagnóstico nos mostra que temos avançado na produção de leite no Paraná, com melhoria na escala de produção, uso de raças especializadas (melhoramento genético) – 76,4% dos produtores estão utilizando raças especializadas – Jersey, holandesa ou cruzamento destas raças. Além disso, a utilização de sistemas automatizados de ordenha e manejo do rebanho, assim como ferramentas de gestão zootécnica e econômica, tem transformado a produção leiteira no Estado. Também avançamos, principalmente nas propriedades médias e grandes, no uso de tecnologia da informação, com o uso de sistemas automatizados de ordenha e manejo do rebanho e no uso de ferramentas de gestão zootécnica, qualidade do leite e gestão econômica através da Associação de Produtores (APCBRH)”.

Isso ajudou o Estado a ter uma produção ao longo de todo o ano e se posicionar estrategicamente entre os produtores de lácteos do país. “A produção e produtividade do leite já não apresenta sazonalidade no Estado, oportunizando melhor acesso ao mercado em relação a outros Estados na oferta da produção”, observa Hernani. “De maneira geral ocorreram incrementos importantes na produção de alimentos volumosos, através do uso de tecnologias disponíveis, materiais genéticos, manejo e fertilidade do solo e no próprio manejo da produção de forragens, com melhoria na produtividade e qualidade dos alimentos”.

Desafios atuais

Apesar dos avanços, os produtores enfrentam desafios técnicos e de mercado que precisam ser superados para garantir a sustentabilidade do setor. Hernani identifica vários obstáculos: “O Diagnóstico da produção de leite no Estado nos mostrou alguns desafios: alto custo de produção, baixa lucratividade, falta de valorização da atividade leiteira, elevada carga de trabalho diária (penosidade), sucessão familiar nas unidades produtivas, pressão da sociedade por baixos preços e falta de assistência técnica”, enumera.

Sustentabilidade

A sustentabilidade ambiental e econômica é uma prioridade para os produtores de leite no Paraná. Hernani explica que “de uma maneira geral os sistemas de produção de leite são sustentáveis no Paraná, do ponto de vista ambiental. A maioria da produção é oriunda de sistemas com base na pastagem e/ou suplemento no cocho com forragem (silagem de milho e silagem de gramíneas). Nestes sistemas é comum o uso de sistema integrado de produção, com o sistema silvipastoril, que consiste na combinação de árvores, pastagem e gado numa mesma área e ao mesmo tempo, oferecendo boas condições de ambiente para produção de leite”.

Nos sistemas mais intensificados, como confinados e semiconfinados, a sustentabilidade ambiental é mantida com tratamentos adequados dos dejetos e boas práticas de bem-estar animal. “Nestes sistemas mais intensivos também apresentam boas condições de bem-estar animal, oferecendo conforto térmico para produção e reprodução e conforto físico (alojamento animal), preservando a saúde dos animais”, aponta o profissional.

Crescimento sustentável

As perspectivas para o setor de laticínios no Paraná são otimistas, aponta Hernani. Ele prevê um aumento na produção por propriedade e uma redução no número total de propriedades, sem comprometer a produção total. “O diagnóstico da atividade leiteira nos mostra a tendência de aumento na produção/propriedade, e redução no número de propriedades, sem redução da produção total. Permanecerão na atividade as propriedades com sistema de produção mais ajustado, com eficiência na gestão técnica e econômica da propriedade”, cita.

Um diagnóstico do estudo de 2023 revela que 54,71% dos produtores planejam aumentar a produção diária, enquanto 43,77% pretendem melhorar geneticamente o rebanho. Apenas 1,78% consideram vender a propriedade, indicando uma confiança geral no futuro do setor (veja gráfico 1 com mais intenções dos produtores de leite do Paraná).

Políticas públicas

O governo estadual desempenha um papel importante no apoio ao desenvolvimento do setor de laticínios. Hernani destaca políticas públicas importantes como o PRONAF e o Banco do Agricultor Paranaense, que oferecem crédito e apoio financeiro aos produtores. “Algumas políticas públicas disponibilizadas aos produtores de leite, principalmente na oferta de crédito para custeio e investimento e sustentabilidade econômica dos sistemas de produção. Na disponibilidade de crédito se destacam o PRONAF – Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar, que disponibiliza crédito àquelas famílias que se enquadram como agricultores familiares, destinando apoio financeiro às atividades agropecuárias exploradas mediante emprego direto da força de trabalho do produtor e sua família, com juros subsidiados e prazos adequados”.

Outra política importante é o Banco do Agricultor Paranaense, que “possibilita ao Governo do Estado conceder subvenção econômica a produtores rurais, cooperativas e associações

Foto: Shutterstock

de produção, comercialização e a agroindústria familiar, além de projetos que utilizem fontes renováveis de energia e programas destinados à irrigação”. Hernani também destaca a importância do serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural (IDR-Paraná), que “atualmente consegue atender 22% dos produtores de leite do Estado, e os resultados obtidos são animadores, do ponto de vista econômico, social e ambiental, mostrando a importância desta política pública para a cadeia produtiva do leite no Paraná, que é essencialmente formada por agricultores familiares”.

Mercados

A diversificação da produção de laticínios, incluindo queijos especiais e iogurtes, é uma área com grande potencial de crescimento. Hernani sugere que “melhorar a qualidade e o rendimento industrial do leite, com aumento do percentual de gordura e proteína na composição e pagamento por sólidos totais”, é crucial para a diversificação bem-sucedida.

O setor de laticínios do Paraná tem demonstrado resiliência frente às crises, apostando na fidelização e formalização das relações entre produtores e indústrias. Hernani menciona a necessidade de “fidelizar e formalizar o relacionamento técnico e comercial entre produtores de leite e indústrias de laticínios por meio de parcerias duradouras, como no exemplo do Pool Leite”.

Melhorar a eficiência e o desempenho dos sistemas de produção, adequando-os aos princípios da sustentabilidade e bem-estar animal, é fundamental para acessar novos mercados. Hernani enfatiza a importância de “produzir leite com alta qualidade, a custo baixo e com organização logística eficiente para ser competitivo no mercado global como os principais exportadores mundiais, melhorar a eficiência e o desempenho agronômico e zootécnico dos diversos sistemas de produção de leite no Paraná, adequando a produção aos princípios da sustentabilidade, governança socioambiental (ESG) e bem-estar animal”.

Foto: Gisele Rosso

Hernani também destaca a necessidade de “melhorar a logística e a infraestrutura nas regiões produtoras de leite com investimentos em estradas, energia trifásica e internet, além de conquistar e manter a excelência sanitária e biossegurança dos rebanhos com serviço de defesa agropecuária e sanidade robusta”.

Alianças estratégicas

As parcerias entre produtores, indústrias, instituições de pesquisa e o governo são fundamentais para o desenvolvimento do setor. Hernani ressalta a necessidade de melhorar a organização e governança da cadeia produtiva do leite com estratégias setoriais pré-competitivas, eliminação de assimetrias tributárias, intercooperação visando eficiência na logística e investimentos em marketing geral para aumento do consumo de lácteos.

Ele também destaca a importância de proporcionar ao produtor rural e ao empresário industrial, qualificação em gestão empresarial, fomentando o empreendedorismo e a expansão sustentável do seu negócio, desenvolvimento de modelos de fidelização e contratualização da relação entre produtores de leite e indústrias, bem como modelos de pagamento do leite por qualidade e por sólidos. “Estímulo à inovação e investimentos por parte do IDR-Paraná, APCBRH e parcerias no desenvolvimento de equipamentos” também são apontados como cruciais por Hernani para garantir a competitividade do setor.

Com um olhar no futuro e uma base sólida de inovação e sustentabilidade, o Paraná está bem posicionado para continuar entre os líderes da produção de leite no Brasil. A combinação de excelência técnica, apoio institucional e resiliência dos produtores garante que o setor de laticínios do Estado continue a crescer e prosperar.

Gráfico 1: Em 2023 o IDR-PR fez o seguinte questionamento. No horizonte de 5 anos, quais os seus planos para a sua propriedade?

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Produtores paranaenses têm mais uma semana para atualizar cadastro de rebanho

Até agora 71,3% do rebanho está com o cadastro regularizado. A partir de 1º de julho, a Adapar faz busca ativa de animais não cadastrados, o que pode gerar multa. Produtor ficará impedido de retirar Guia de Trânsito Animal.

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Foto: Gilson Abreu/AEN

Esta é a última semana para que os produtores de animais façam de forma espontânea a atualização de seus rebanhos. A campanha, obrigatória para todos os detentores de animais de produção de qualquer espécie, começou em 1º de maio e encerra no próximo domingo (30). Segundo relatório parcial divulgado nesta segunda-feira (24) pela Adapar, 71,3% das explorações pecuárias já foram atualizadas.

A partir da próxima segunda-feira (1º) o produtor que não atualizar o rebanho estará sujeito a penalidades previstas na legislação, inclusive multas. Além disso, aqueles que não cumprirem a exigência ficarão impedidos de obter a Guia de Trânsito Animal (GTA), documento que possibilita a movimentação de animais entre propriedades e para abate nos frigoríficos.

Foto: Shutterstock

A Adapar passará a fazer busca ativa de rebanho com cadastro não atualizado podendo gerar multa. A atualização precisa ser feita para todas as espécies animais existentes na propriedade (bovinos, búfalos, equinos, asininos, muares, suínos, ovinos, caprinos, aves, peixes e outros animais aquáticos, colmeias de abelhas e bicho-da-seda).

Os produtores podem utilizar o aplicativo Paraná Agro, o site da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) ou cumprir a obrigação presencialmente em uma das Unidades Locais da Adapar, Sindicatos Rurais ou Escritório de Atendimento de seu município.

O acesso ao sistema também está disponível de forma direta por meio deste link. Para fazer a comprovação, o produtor deve ter o CPF cadastrado. Nos casos em que seja necessário ajustar o cadastro inicial (correção de e-mail ou outra informação), o telefone para contato é (41) 3200-5007.

Campanha

Conforme divulgado nesta segunda-feira (24) pelo Departamento de Saúde Animal (Desa) da Adapar, mais de 136 mil explorações pecuárias foram comprovadas. Ainda estão pendentes atualizações de 54.923. Estes dados demonstram percentual de 71,3% de comprovações de explorações em todo o Paraná.

Até agora 11 municípios completaram 100% de suas atualizações, mas alguns ainda estão muito abaixo da média estadual. É o caso de Paranacity que, na última colocação, tem apenas 26% de atualização. Mandirituba, com 33,3%; Flórida, com 34,9%; Bocaiúva do Sul, com 35,6%; e Quatro Barras, com 35,8%, também estão com números baixos.

Segundo o Departamento de Saúde Animal, existem 155 mil propriedades no Paraná e pouco mais de 191 mil explorações pecuárias, sendo que as principais espécies somam

Foto: Roseli Piekas Capra

aproximadamente 8,6 milhões de bovinos, 7 milhões de suínos, 20 mil aviários, 240 mil equídeos, além de outros animais.

Área livre

O Paraná foi reconhecido internacionalmente como Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 27 de maio de 2021. Como compromisso do Estado, há a necessidade de se realizar o cadastro de todos os animais uma vez por ano, durante os meses de maio e junho.

O gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, alertou que a atualização do rebanho é importante para os próprios produtores, pois possibilita uma ação rápida nos casos de suspeita inicial de doenças nos animais. “O status de Área Livre Sem Vacinação que o Estado conquistou após muito esforço exige uma vigilância permanente, e é isso que queremos ao exigir a atualização do rebanho das propriedades rurais do Estado”, afirmou.

O diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins, destacou que o trabalho dos profissionais da entidade não parou após a conquista na OIE. “Agora estamos ainda mais vigilantes, cuidando com muita atenção das fronteiras e das divisas do Estado, trocando muitas informações com os Conselhos de Sanidade Agropecuária e com entidades representativas do setor, e precisamos desse auxílio dos produtores para que nos forneçam os dados e juntos consigamos manter o status do Paraná”, disse.

Fonte: AEN-PR
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