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Suínos / Peixes Nutrição

Fibra insolúvel como ferramenta no combate ao estresse calórico

Utilização de fibras insolúveis se apresenta como uma ferramenta eficaz e segura na saciedade das fêmeas em gestação

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito pelo doutor Manfred Pietsch, gerente global de negócios de nutrição animal da  J. Rettenmaier & Söhne

A estratégia de utilização de fibras  insolúveis durante a fase reprodutiva de fêmeas suinas, pode trazer grandes ganhos à suinocultura brasileira através do combate ao estresse calórico.

Sabe-se que matrizes suínas, especialmente animais lactantes, reduzem a ingestão de alimentos devido ao estresse calórico, consequentemente diminuem sua produção de leite e reduzem sua performance reprodutiva. Os efeitos do estresse calórico sobre a performance dos animais é largamente documentado, muitos produtores preocupados com esta situação, adotam estratégias que levam algumas vezes a resultados negativos.

Para ajudar as fêmeas suinas  a lidar com as altas temperaturas, medidas básicas podem ser tomadas pelos produtores como investimentos em climatização de instalações de maternidade e gestação, aumento da densidade da dieta e redução dos níveis de proteina. O aumento da energia através do aumento de gordura é altamente recomendado, pois a digestão deste nutriente não gera calor, ao contrário das fontes de fibras fermentáveis,  que representam a fonte de maior volume de incremento calórico das dietas.

Fontes de fibra como farelo de trigo e casca de soja, são amplamente utilizadas em dietas de gestação no Brasil, como ferramenta para a saciedade das fêmeas em gestação, porém, estas fontes quando não bem selecionadas, representam alto risco de contaminação da dieta por micotoxinas, resultando em problemas reprodutivos. Outro ponto a ser considerado na utilização dessas fibras solúveis é o fato de serem fermentáveis e gerarem um grande incremento calórico nas fêmeas, que já se encontram em ambientes de alto estresse calórico, repensar a estratégia de utilização de fibras nesta fase, pode ser um ponto importante no caminho para a solução ou minimização deste problema.

Diferença entre as Fibras

É necessário realizarmos uma distinção entre fibras fermentáveis e não-fermentáveis , celulose e lignocelulose são classificadas como fibras inertes, ou seja, elas tem baixa fermentação e com isso praticamente não geram calor. Sendo assim, as chamadas fibras inertes não interferem na temperatura dos animais. Além disso, possuem como características a alta capacidade de expansão através da absorção de água, resultando na saciedade dos animais, e o baixo risco de contaminação por micotoxinas

Fêmeas em gestação, muitas vezes estão sob um volume restrito de alimentação, sofrendo estresse devido a luta por espaço no comedouro, estresse esse que se soma ao estresse calórico de fonte ambiental e ao estresse interno devido ao calor gerado durante o processo de fermentação de fibras solúveis. Como exemplos de fibras solúveis podemos citar a polpa cítrica, a polpa de beterraba, a casca de soja e o farelo de trigo.

Fibra na Lactação

No Brasil, a maioria das dietas são baseadas em milho e soja, e normalmente não se utilizam fontes de fibra nas dietas de lactação, visto que as fontes tradicionais como o farelo de trigo e a casca de soja, diminuem a densidade energética e nutricional destas dietas, aspectos tão necessários na fase de lactação.

Porém, esta visão da utilização de fibras em dietas para lactação, não se aplica quando se utiliza fontes de fibras não fermentáveis, como a lignocelulose por exemplo, visto que sua inclusão é baixa, em torno de 1%, com grande efeito principalmente sobre o volume de água ingerido pelas fêmeas na fase de lactação. O  aumento da ingestão de água, favorece a ingestão de alimento, resultando em uma maior produção de leite e gerando leitegadas mais pesadas no desmame, menor perda de escore corporal e melhores índices reprodutivos nos partos subsequentes. A maior ingestão de água aumenta a taxa de produção de urina, funcionando desta maneira como fonte de eliminação de calor pelo animal, diminuindo seu estresse calórico.

Teste realizado no IFIP na França, para avaliar o efeito da adição de uma fibra insolúvel ( lignocelulose ), oriunda de madeira sem casca, no consumo de água e na duração do parto com inclusão de fibra de 2% na fase de gestação e 1% na fase de lactação, demonstrou que os animais do grupo de teste consumiram 20% mais água em relação as dietas sem adição de fibras insolúveis  e resultaram em um parto de menor duração, visto que as fibras insolúveis melhoram o trânsito intestinal, reduzindo a chance de constipação, que obstruiria o canal do parto.

A utilização de fibras insolúveis nas dietas de lactação, foi testada na região centro oeste no Brasil, onde encontramos altas temperaturas acarretando grande estresse calórico em fêmeas, principalmente na fase de lactação. Foi adicionado 1% de Fibra Insolúvel ( lignocelulose sem casca ) na dieta de lactação resultando em aumento de até 600 gramas do peso dos leitões desmamados. O aumento da produção de leite pode ser evidenciado visualmente conforme mostrado nas fotos de antes e depois da utilização da fibra insolúvel na dieta de Lactação.

Resumo

A utilização de fibras insolúveis (lignocelulose) se apresenta como uma ferramenta eficaz e segura na saciedade das fêmeas em gestação, sem ocasionar o agravamento do estresse calórico ambiental. Nas dietas de lactação as fibras insolúveis contribuem com o aumento do consumo de água, redução do estresse calórico, aumento da produção de leite, aumento do peso da leitegada e redução das perdas de escore corporal.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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Suínos / Peixes

Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
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Suínos / Peixes

O que faz o Vale do Piranga ser o polo mineiro de incentivo à suinocultura?

Além de oferecer oportunidades de aprendizado e capacitação por meio de seminários, ampliando as habilidades dos colaboradores de granjas e profissionais da área, feira facilita o acesso dos produtores rurais do interior mineiro às mais recentes tecnologias do agronegócio.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A Suinfair, maior feira de suinocultura de Minas Gerais, acontece no Polo Mineiro de Incentivo à Suinocultura, situado no Vale do Piranga, uma área que se destaca nacionalmente pela sua produção suinícola. Esta região representa, aproximadamente, 35% do rebanho de suínos de Minas Gerais, produzindo anualmente cerca de 370 milhões de quilos de carne suína. O trabalho diário de levar alimento à mesa de diversas famílias faz com que mais de cinco mil empregos sejam gerados diretamente pela suinocultura, além das mais de trinta e cinco mil pessoas que trabalham indiretamente na área.

Com um histórico consolidado, a região foi oficialmente reconhecida como Polo Mineiro de Incentivo à Suinocultura por meio de legislação, o que fortalece ainda mais a cadeia produtiva local. Nesse contexto, a Suinfair surge como uma iniciativa voltada para as necessidades específicas dos suinocultores.

Além de oferecer oportunidades de aprendizado e capacitação por meio de seminários, ampliando as habilidades dos colaboradores de granjas e profissionais da área, a Suinfair facilita o acesso dos produtores rurais do interior mineiro às mais recentes tecnologias do agronegócio.

Desde equipamentos estruturais até grandes máquinas agrícolas e robôs, os suinocultores têm a chance de conhecer de perto as inovações do mercado e estabelecer contatos diretos com os fabricantes. Isso resulta na concretização de negócios baseados em condições justas, fomentando o crescimento dos produtores e incentivando a presença dos fornecedores na região.

A Suinfair é, portanto, um evento feito sob medida para a suinocultura, representando uma oportunidade única de aprendizado, networking e desenvolvimento para todos os envolvidos nesse importante segmento do agronegócio.

Fonte: Assessoria Suinfair
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CBNA – Cong. Tec.

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