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Suínos / Peixes

É possível produzir carne suína sem a utilização de óxido de zinco?

Professor associado da Universidade Estadual de Londrina na área de Produção e Nutrição de Suínos, doutor Caio Abércio da Silva, responde.

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Fotos: Arquivo/OP Rural

O óxido de zinco é muito utilizado na suinocultura, pois oferece benefícios pontuais na saúde dos suínos, tanto no que diz respeito a melhoria dos índices de crescimento bem como na prevenção e tratamento da diarreia, que é uma das doenças que mais afetam os suínos na fase de creche. Por outro lado, a suinocultura acompanha as preocupações crescentes sobre o potencial negativo dos impactos ambientais atribuídos a esse aditivo. Durante o 20º Congresso Nacional da Abraves, que teve início hoje (16) e segue até o dia 19 de outubro, em Porto Alegre, RS, o médico-veterinário e professor associado da Universidade Estadual de Londrina (UEL) na área de Produção e Nutrição de Suínos, doutor Caio Abércio da Silva, irá proferir uma palestra que instiga a produção de suínos sem o emprego do óxido de zinco nas dietas. Confira uma entrevista exclusiva com o professor na qual é abordado questões relacionadas à saúde dos suínos, bem-estar animal, segurança alimentar e práticas sustentáveis.

O Presente Rural – Por que o óxido de zinco é usado na dieta de suínos, como ele age e quais seus benefícios?

Doutor Caio Abércio da Silva – Foto: Arquivo Pessoal

Caio Abércio da Silva – O óxido de zinco (ZnO), sob altas doses, entre 1500 a 3000 ppm, é um importante aliado para o controle dos quadros de diarreia, típicos no período inicial da fase de creche, melhorando por consequência o desempenho zootécnico e reduzindo quadros de mortalidade. O ZnO age em nível gastrintestinal, auxiliando na preservação da mucosa intestinal e promovendo as secreções digestivas, também potencializa os sistemas antioxidantes e as células de defesa, além do efeito antibacteriano contra a Escherichia coli F4 (K88), principal agente da diarreia pós-desmame.

O Presente Rural – Fale mais sobre os benefícios no uso de óxido de zinco e por que é importante encontrar alternativas?

Caio Abércio da Silva – O ZnO é prioritariamente um aditivo preventivo dos quadros de diarreia, mas que tem outras virtudes por consequência. Assim, diante dos desafios que seguem se apresentando no pós-desmame, a ausência deste aditivo, de alta eficácia, pede que busquemos outros, comumente, denominados alternativos, para cumprir este mesmo papel. Ao termos mais leitões nascidos e mais desmamados por porca, expomos estes primeiramente a um menor aporte de colostro e por consequência a uma menor proteção imune. Ao termos mais nascidos, mais leves serão estes ao nascimento e ao desmame, o que os deixa mais vulneráveis aos desafios que decorrem na fase, como consumir ração prontamente e em boa quantidade nos primeiros dias pós-desmame. Em nossos estudos, é de conhecimento geral que leitões mais leves são mais sujeitos ao estresse oxidativo, um estado que piora a saúde do leitão em nível intestinal e sistêmico.

O Presente Rural – Quais são os motivos para evitar o uso do óxido de zinco na produção de suínos?

Caio Abércio da Silva – A Comunidade Europeia é protagonista deste banimento, que se efetivou em 2022, e que vem inquietando todo o mundo. As razões envolvem basicamente duas questões, de caráter ambiental e de saúde humana/animal. No primeiro aspecto, o Zn, como um metal pesado e de baixa absorção, é excretado ao ambiente via fezes, e, portanto, tem um efeito poluidor. No segundo tema, o ZnO, sob condição contínua de uso, é capaz de promover a resistência bacteriana, que pode representar um risco tanto para a saúde do animal quanto para o homem.

O Presente Rural – Quais são as alternativas viáveis ao óxido de zinco na produção de suínos e como essas alternativas funcionam?

Caio Abércio da Silva – Existem vários aditivos que podem ser utilizados para minimizar a ausência do ZnO. Destacam-se os ácidos orgânicos, os prebióticos, os probióticos, os extratos vegetais (taninos, polifenóis, sanguinarina…) e os óleos essenciais. Também há produtos que adotam o Zn sob níveis bem baixos (comparados com as doses de ZnO usadas preventivamente) que permitem que este mineral, pela estrutura molecular ao qual é vinculado, determine efeitos positivos sobre o controle da diarreia.
Cada aditivo alternativo tem um ou algumas ações que são distintas entre si. Todavia, em geral cumprem um papel antimicrobiano e modulador da flora não patogênica, por vezes melhoram o processo digestório, estimulam secreções enzimáticas e têm ação antinflamatória e antioxidante.

O Presente Rural – Quais são os principais desafios enfrentados pelos produtores de suínos ao adotar práticas sem o uso do óxido de zinco?

Caio Abércio da Silva – Um dos maiores desafios é o surgimento de quadros de diarreia. No entanto, nem toda a diarreia está associada à piora da performance. Devemos entender que sua intensidade e duração devem ser consideradas e que há quadros que decorrem de processos não patogênicos. Mais relevante ainda é compreender que a diarreia pós-desmame é um quadro multifatorial. Isso é essencial ser levado em conta.

O Presente Rural – Como as práticas de produção de suínos sem o óxido de zinco afetam o bem-estar dos animais ou seus índices zootécnicos?

Caio Abércio da Silva – Reconhecida que a causa mais importante de um distúrbio entérico está vinculado principalmente a E. coli e não atuar frente a esse problema, será um desafio para o produtor. Além disso, o reconhecimento da multifatoriedade dos quadros diarreicos, o que é o quadro mais comum, não significa que sem o zinco a casa cairá. Deveremos cercar todos os fatores para minimizar estes danos, o que, se não for realizado, resultará em animais com menor desempenho, refugos, com enfermidades sistêmicas oportunistas e com mais mortes. Ou seja, o bem-estar foi comprometido.

O Presente Rural – Qual é o impacto ambiental da produção de suínos sem o uso de óxido de zinco em comparação seu uso?

Caio Abércio da Silva – Visualizo que este cenário será equacionado com ciência e determinação de todos os protagonistas do segmento. As experiências europeias mostram que as dificuldades da isenção do ZnO podem ser superadas com esforço, tecnologias e dedicação. Há muitos aspectos que negligenciamos por termos essa ferramenta, o ZnO, disponível.

O Presente Rural – Os consumidores estão cada vez mais preocupados com a segurança alimentar. Como a produção de suínos sem óxido de zinco atende a essas preocupações?

Caio Abércio da Silva – De forma direta, não. Mas indiretamente, pode ser que sim. Devemos fazer uma ressalva, contudo. Se considerarmos que o ZnO pode determinar o surgimento de bactérias resistentes, seu banimento é positivo no sentido da segurança alimentar, mas devemos levar em conta que o caminho para o homem ser acometido por uma bactéria patogênica resistente, por consumir uma proteína animal, é bem limitado.

O Presente Rural – Existem benefícios para a qualidade da carne suína ao adotar práticas sem óxido de zinco?

Caio Abércio da Silva – A relação do óxido de zinco com a qualidade de carne é desprezível. Primeiro que seu uso se limita às idades mais jovens dos animais, segundo que sua absorção é pequena e terceiro que não há vínculos efetivos do zinco com a qualidade da carne.

O Presente Rural – Como a pesquisa e a inovação estão contribuindo para desenvolver melhores práticas na produção de suínos sem o uso de óxido de zinco?

Caio Abércio da Silva – A pegada para continuarmos vivendo bem sem o ZnO é fazendo melhor a tarefa de casa. Há alguns pontos clássicos defendidos, testados e validados em nível científico e no campo por aqueles que já estão sem este mineral na condição preventiva na dieta de seus leitões há algum tempo. Podemos de forma sucinta apontar que atenção para garantir elevadas somas de ingestão de colostro são essenciais, assim como a promoção de um elevado consumo alimentar antes e após o desmame, ou seja, devemos ensinar/estimular o leitão lactente a consumir creep-feeding bem e o mais precocemente possível e, após o desmame, ingerir maiores somas rações de qualidade (rações que contenham ingredientes com baixo poder tamponante, com elevados níveis de substitutos lácteos, com grandes inclusões de ingredientes processados e aminoácidos industriais e que tenham ingredientes de alta digestibilidade e de referência para a modulação imune). Portanto, trabalhem com rações pré-iniciais I e II de alta qualidade, usem ácidos orgânicos, recorram aos demais aditivos alternativos (prebióticos, probióticos, extratos vegetais, óleos essenciais), mesmo em associação; e manejem com dedicação seus animais, agora de forma ainda mais efetiva.

O Presente Rural – Quais são as perspectivas futuras para a produção de suínos sem óxido de zinco e quais são os conselhos que o senhor tem para os produtores que desejam adotar essa abordagem?

Caio Abércio da Silva – Não vejo que este desafio será crítico. Temos muita informação e resultados que apontam que há saídas viáveis para continuarmos avançando com os índices zootécnicos de nossas granjas e empresas. Busquem apoio de seus nutricionistas, sanitaristas e assistentes de campo, o trabalho será mais exitoso com o esforço e o conhecimento de todos.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

 

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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