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Suínos / Peixes

Competição por tetos afeta desempenho e taxa de mortalidade em rebanhos hiperprolíferos

No entanto, esse aumento na prolificidade das fêmeas suínas tem apresentado um grande desafio em relação a disponibilidade de tetos para todos os leitões.

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Fotos: Shutterstock

Com os avanços do melhoramento genético, as fêmeas suínas têm se tornado cada vez mais hiperprolíficas, aumentando sua capacidade de reprodução e o número de leitões nascidos vivos. De acordo com um levantamento feito pela Agriness, a média de nascidos vivos em 2021 foi de 13,75 leitões por ninhada, mas em granjas com melhor desempenho, esse número pode chegar a 15,47.

No entanto, esse aumento na prolificidade das fêmeas suínas tem apresentado um grande desafio em relação a disponibilidade de tetos para todos os leitões. Em geral, as fêmeas suínas possuem entre 13 a 15 tetos funcionais, podendo variar ao desmame. “A restrição de tetos disponíveis leva a uma competição acirrada entre os leitões para acessar o teto da fêmea, o que prejudica a mamada e pode resultar em lesões corporais tanto nos leitões quanto no complexo mamário da matriz. Esses fatores interferem diretamente no crescimento e no desempenho dos leitões, além de aumentar as taxas de mortalidade pré-desmame”, relatou Ana Paula Gonçalves Mellagi, doutora em Ciências Veterinárias e professora do Departamento de Medicina Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Doutora em Ciências Veterinárias e professora do Departamento de Medicina Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ana Paula Gonçalves Mellagi – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

A especialista explica que nestes casos os leitões menores, em particular, enfrentam dificuldades em obter a quantidade necessária de colostro e leite para sobreviver, o que agrava os índices de mortalidade por esmagamento e fome. Diante desse cenário, é preciso buscar alternativas práticas para reduzir as taxas de mortalidade de pré-desmame e melhorar o desempenho dos animais.

Entre as alternativas destacadas pela docente da UFRGS está o uso de mães de leite, o aleitamento artificial, a uniformização com leitões excedentes e a socialização pré-desmame. “Essas práticas têm como objetivo viabilizar melhores oportunidades de acesso ao leite, garantindo que todos os leitões tenham uma alimentação adequada para um desenvolvimento saudável”, pontua.

Uso de mães de leite

Entre as abordagens utilizadas para lidar com o problema dos leitões excedentes e promover maior sobrevivência e crescimento está o uso de mães de leite. Essas são fêmeas suínas que adotam leitões de outras leitegadas após terem desmamado sua própria ninhada.

De acordo com doutora em Ciências Veterinárias, existem duas estratégias principais para esse manejo, conhecidas como uma etapa e duas etapas. Na estratégia de uma etapa, fêmeas recentemente desmamadas são selecionadas para receber leitões recém-nascidos de outra ninhada, permanecendo com elas durante uma lactação completa. Já na estratégia de duas etapas, são envolvidas no processo duas fêmeas: uma com uma semana de lactação é planejada para receber leitões com até 24 horas de vida, enquanto os leitões de sete dias de idade são alocados em outra matriz com uma lactação mais avançada. “O objetivo dessas estratégias é garantir que todos os leitões tenham acesso ao leite, mesmo que sejam amamentados por fêmeas com diferença de idade lactacional em relação à idade dos leitões. No entanto, há preocupações quanto a perda de condição corporal das fêmeas utilizadas como mães de leite, uma vez que passam mais tempo em lactação”, revela Ana Paula.

Um estudo comprovou que a utilização de mães de leite aumentou o peso dos leitões até o terceiro dia de vida, não havendo diferenças para o peso ao desmame. Na pesquisa também não foi observado alterações na condição corporal das fêmeas, que passaram por até duas semanas a mais de lactação. No entanto, Ana Paula diz que foram apontadas preocupações com relação a problemas locomotores, lesões de úbere e possíveis prejuízos no desempenho subsequente das fêmeas envolvidas nesse manejo.

Outra pesquisa mostra que o número de leitões nascidos totais foi menor em mães de leite (16,2 leitões) em relação às demais (17,2 leitões). Como consequência, a especialista relata que pode haver uma redução no número desmamados por leitegada e desmamados/fêmea/ano.

Além dos controles diretos no número de leitões, um dos desafios observados é a redução na eficiência do uso das gaiolas de maternidade quando há um alto percentual de uso de mães de leite no sistema de produção. “Isso ocorre porque a presença de uma mãe de leite ocupa um espaço que poderia ser utilizado por outra fêmea convencional, o que consequentemente diminui o número de fêmeas cobertas por lote”, expõe Ana Paula, acrescentando: “A separação do leitão de sua mãe biológica resulta em um alto nível de estresse quando ele é transferido para outra fêmea. Nesse processo, o leitão precisa estabelecer uma nova ordem de tetos e criar um vínculo com a mãe adotiva”.

Contudo, a doutora em Ciências Veterinárias afirma que a utilização da estratégia de uma etapa pode reduzir esse estresse, uma vez que a ordem de tetos pode ser estabelecida até o terceiro dia de vida. Por outro lado, na estratégia de duas etapas, os leitões são transferidos tardiamente, o que significa que eles terão que restabelecer a ordem de tetos, gerando um desafio maior devido a maior disputa por tetos.

Além do impacto no bem-estar dos leitões, Ana Paula aponta que o uso de mães de leite também tem consequências na disseminação de agentes patogênicos. “Estudos recentes indicam que esse manejo pode facilitar a transmissão do vírus da Influenza A e da Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRS), aumentando a pressão de infecção durante a fase lactacional e desmamando leitões positivos”, ressalta.

Aleitamento artificial

Uma alternativa recomendada para leitegadas com leitões excedentes é o aleitamento artificial, que visa garantir uma fonte de nutrição para os leitões. Atualmente, existem os sistemas de deck, em que os leitões têm acesso apenas ao leite ou ao sucedâneo artificial; e o sistema de suplementação, no qual os leitões têm acesso tanto ao leite da fêmea quanto ao sucedâneo. “O objetivo destes sistemas é facilitar o aleitamento dos leitões excedentes ou com baixa viabilidade, que poderiam vir a óbito se mantidos em condições normais com a fêmea. No entanto, em ambos os sistemas é necessário ter cuidado com a idade dos leitões, a formulação do sucedâneo, a mistura de lotes durante a transferência e a higiene dos equipamentos”, menciona Ana Paula.

Várias questões são levantadas em relação a esse manejo, principalmente em relação ao desempenho e à sobrevivência da leitegada. Um estudo mostrou que o peso ao desmame, o ganho de peso diário e a mortalidade não foram afetados em leitegadas suplementadas com sucedâneo de leite. Já em outra pesquisa foi observada uma melhora no ganho de peso nas primeiras 24 horas de vida e uma redução na taxa de mortalidade em leitões de baixo peso. Por outro lado, leitegadas alimentadas apenas no sistema de deck (com leite artificial) podem apresentar menor peso ao desmame, provavelmente devido à mudança na dieta e ao estresse da separação da fêmea. “O aleitamento artificial e o acesso ao sucedâneo reduziram as competições e o número de lesões faciais nos leitões, melhorando o bem-estar dos animais. O acesso ao sucedâneo de leite também reduziu as disputas por tetos, consequentemente, diminuindo esse número de brigas. Porém, quando apenas os decks são usados para alimentar os leitões, observou-se um aumento do comportamento de belly-nosing (lamber a barriga), bem como mordeduras nas orelhas e caudas de outros leitões”, salienta a docente da UFRGS.

Leitegada com leitão excedente ao número de tetos

Em granjas produtoras de leitões, o sucesso econômico está diretamente relacionado a um maior número de leitões desmamados por fêmea, baixa taxa de mortalidade e pesos adequados ao desmame. No entanto, em situações em que há restrições no uso de mães de leite ou com desafios sanitários, Ana Paula diz que é necessário traçar abordagens para desenvolver estes leitões excedentes. “O manejo em bandas pode ser uma alternativa, no qual a disponibilidade para formação de mães de leite pode ser reduzida, dependendo do intervalo entre os lotes”, frisa.

Além disso, devido às perdas neonatais concentrarem-se nos primeiros dias de vida, é possível que as glândulas mamárias da fêmea apresentem involução não estimulada em uma fase muito precoce da lactação. Em outra pesquisa, em que leitegadas foram uniformizadas em relação ao número funcional de tetos da fêmea, classificados como DEC: dois leitões a menos; CON: mesmo número de leitões e tetos funcionais; e INC: dois leitões a mais, observou-se que o tamanho da leitegada ao desmame foi estatisticamente maior para o grupo INC em comparação com o DEC, mas não houve diferença em relação ao grupo CON (13,3, 11,3 e 12,6 leitões, respectivamente).

Em outro estudo, ao uniformizar leitegadas com um leitão a mais em relação ao número de tetos, constatou-se um aumento de 0,67 leitão no desmame, porém, esses leitões estavam mais leves do que aqueles em leitegadas com a mesma quantidade de leitões e tetos. De forma semelhante, em outro experimento observou-se que a uniformização de leitegadas com um leitão adicional ao número de tetos resultou em um aumento de 0,4 leitão no desmame, resultando em um melhor aproveitamento dos tetos funcionais até o desmame.

Já em um outro estudo foram avaliadas leitegadas formadas com um número de leitões igual ao número de tetos funcionais (LS14 – 14 leitões); leitegadas com mais leitões do que tetos (LS17 – 17 leitões) e associadas à suplementação com sucedâneos lácteos ao longo de toda a lactação (+MILK) ou sem (-MILK). “Nesta pesquisa observou-se uma interação entre o tamanho da leitegada e a suplementação, em que o peso ao desmame foi maior para o grupo LS17+MILK em comparação com o LS17-MILK, sem efeito do suplemento em leitegadas com 14 leitões”, explica Ana Paula, complementando: “A implementação de abordagens como o uso de substitutos de leite para leitegadas com leitões excedentes tem mostrado resultados positivos na redução da mortalidade e no aumento do peso ao desmame”.

Ainda de acordo com a especialista, leitegadas com leitões excedentes demandam um maior esforço metabólico por parte da fêmea para produzir a quantidade de leite necessária, contudo, as fêmeas modernas nem sempre conseguem suprir essa demanda, resultando em impactos negativos na sua condição corporal durante o período de lactação.

Segundo Ana Paula, embora haja um consenso de que fêmeas com um grande número de leitões possam enfrentar um maior catabolismo lactacional, estudos recentes com leitões excedentes não relatam as condições das fêmeas ao desmame, porém, recentemente, constatou-se que leitegadas com um leitão adicional em relação ao número de tetos têm pouca ou nenhuma influência na perda de condição corporal da fêmea, além disso, o escore de lesão no aparelho mamário das fêmeas não foi comprometido pelo tamanho da leitegada em relação ao número de tetos. “Em situações de desafios sanitários ou quando há uma alta demanda por mães de leite, a uniformização com um leitão excedente pode ser uma estratégia para aumentar a produtividade e otimizar o número de fêmeas no plantel”, sugere Ana Paula.

Socialização de leitegadas

Os leitões começam a interagir com outras leitegadas por volta da segunda semana de vida, quando a fêmea retorna ao grupo de origem em condições de vida livre. Porém em condições comerciais, isso ocorre pela primeira vez ao desmame.

Em rebanhos hiperprolíferos, a mistura de leitegadas no período pré-desmame tem se mostrado uma estratégia eficaz para o desenvolvimento dos leitões. “Essa prática possibilita que os animais tenham acesso aos tetos de outras fêmeas, melhorando sua habilidade social e formação de hierarquias e de dominância estáveis, além de promover taxas de crescimento maiores após o desmame”, enfatiza.

Conforme a especialista, a socialização das leitegadas traz diversos benefícios. Estudos indicam que entre 29% e 39% dos leitões em leitegadas socializadas mamam em outras fêmeas. “Essa prática é especialmente benéfica quando o acesso aos tetos é limitado, auxiliando no ganho de peso da leitegada. Em experimentos, a socialização é realizada entre seis e 14 dias de idade, demonstrando um aumento significativo no comportamento lúdico em relação ao grupo não socializado”, evidencia Ana Paula.

Promover a mistura das leitegadas antes do terceiro dia de vida dos leitões pode reduzir disputas e aumentar os eventos de cross-suckling, beneficiando especialmente os leitões de fêmeas com baixa produção de leite. Outra prática de aleitamento coletivo é o multi-suckling, que permite a socialização tanto das fêmeas quanto das leitegadas. Embora apresente vantagens em termos de bem-estar animal, essa prática também pode aumentar a taxa de mortalidade devido ao risco de esmagamento dos leitões.

Estudos demonstram que leitões socializados antes do desmame apresentaram um aumento de 81% no consumo de ração entre o primeiro e o segundo dia pós-desmame, além de um ganho de peso 82% maior até o quinto dia em comparação com leitegadas submetidas ao manejo convencional de lactação. “É crucial encontrar um equilíbrio entre os aspectos econômicos e o bem-estar animal, garantindo um ambiente saudável para os suínos, maximizando sua eficiência produtiva. A implementação de medidas adequadas de manejo, aliada à seleção genética criteriosa, pode contribuir para enfrentar os desafios e otimizar os resultados na produção suinícola”, considera Ana Paula.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

 

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Cadeia do peixe mira profissionalização e negócios

Profissionais capacitados e atualizados são essenciais para impulsionar a inovação, aumentar a eficiência produtiva e garantir a competitividade no mercado global.

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Foto: Jaelson Lucas

A piscicultura e a pesca no Brasil têm se mostrado setores de vital importância econômica e alimentar, com um potencial de crescimento extraordinário. No entanto, para que esse potencial seja plenamente alcançado, é crucial enfatizar a constante profissionalização dessas áreas como uma ferramenta fundamental para impulsionar seu desenvolvimento.

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo no número de congressos e feiras de negócios dedicados à piscicultura e pesca. Recentemente, o evento Inovameat em Toledo e os próximos eventos organizados pelo IFC Brasil em Foz do Iguaçu, Itajaí e Belém até o fim deste ano destacam-se como importantes plataformas para a troca de conhecimento, experiências e tecnologias inovadoras.

Esses eventos não são apenas oportunidades para networking, mas também são catalisadores para a profissionalização do setor. Eles oferecem espaços para debates sobre as melhores práticas, novas técnicas de produção, avanços tecnológicos e questões regulatórias, fundamentais para elevar os padrões de qualidade, segurança e sustentabilidade da piscicultura brasileira.

É inegável que a profissionalização é um dos principais impulsionadores do crescimento desses setores. Profissionais capacitados e atualizados são essenciais para impulsionar a inovação, aumentar a eficiência produtiva e garantir a competitividade no mercado global. Além disso, a profissionalização contribui para a valorização do trabalho no campo, incentivando a adoção de práticas sustentáveis e responsáveis.

Um dos aspectos mais promissores é que a produção de peixes no Brasil vem crescendo a uma taxa superior à média das outras proteínas animais. Esse crescimento é resultado não apenas do potencial natural do país, mas também do esforço contínuo de profissionalização e modernização do setor.

É fundamental que os governos, instituições acadêmicas, empresas e profissionais do setor continuem investindo na profissionalização da piscicultura e da pesca. Isso inclui o desenvolvimento de programas educacionais, capacitação técnica, acesso a tecnologias inovadoras e apoio à pesquisa e desenvolvimento.

Ao destacar a importância da profissionalização, reconhecemos que ela não é apenas uma necessidade, mas sim uma oportunidade para transformar a piscicultura e pesca brasileira em um setor ainda mais próspero, sustentável e competitivo no cenário internacional.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Giuliano De Luca, jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural.
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Suínos / Peixes

Primeiro trimestre registra crescimento expressivo nas exportações brasileiras de peixe de cultivo

Foram US$ 8,73 milhões movimentados no setor entre janeiro e março, maior valor registrado para o período desde 2020.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Consideráveis aumentos de 48% em valor e de 20% em peso estão entre os principais resultados das exportações brasileiras da piscicultura nos três primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Foram US$ 8,73 milhões movimentados no setor entre janeiro e março, maior valor registrado para o período desde 2020, quando a Embrapa começou a acompanhar sistematicamente esse mercado. Detalhando por mês, foram US$ 2,58 milhões em janeiro, US$ 2,61 milhões em fevereiro e US$ 3,54 milhões em março.

Foto: Cláudio Neves

Ainda representando percentual pequeno com relação a toda a produção nacional, as exportações brasileiras da piscicultura têm aumentado de maneira consistente nos últimos anos. De acordo com Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura na área de economia aquícola, o aumento da produção e da profissionalização da cadeia da piscicultura são alguns dos fatores que explicam o crescimento das exportações. “Apesar do mercado nacional absorver a grande maioria da produção, as empresas do setor têm buscado diversificar os canais de venda por meio das exportações”, expõe.

Entre as categorias de produtos, a mais exportada no primeiro trimestre de 2024 foi a de filés frescos ou refrigerados, que respondeu por 65% de todo o valor movimentado: U$ 5,65 milhões. Na sequência, com 23% do valor movimentado no período, aparece a categoria de peixes inteiros congelados. Esses e outros dados estão disponíveis de maneira gratuita no Informativo de Comércio Exterior da Piscicultura – Trimestre 01/2024. O boletim é editado pela Embrapa Pesca e Aquicultura e conta com a parceria da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Série histórica

A edição referente ao primeiro trimestre de 2024 é a 17ª ininterrupta. O trabalho da Embrapa de acompanhamento das exportações brasileiras da piscicultura começou em 2020; portanto, está entrando no quinto ano seguido. O que já permite construir uma série histórica e apontar algumas características desse setor. Manoel explica que a consolidação da tilápia como carro-chefe é a principal característica verificada ao longo desse período. “A importância do mercado norte-americano como principal destino das vendas e o crescimento dos embarques de filés frescos de tilápia são outros pontos de destaque”, ressalta.

Entre janeiro e março deste ano, 95% de todo o peixe exportado pelo Brasil foi tilápia. A espécie movimentou U$ 8,31 milhões. Na sequência, ambos com 2% de participação, aparecem bagres e curimatás.

E, também conforme dito pelo pesquisador, os Estados Unidos, novamente, foram o principal destino das exportações brasileiras da piscicultura no primeiro trimestre de 2024. Com 89% de participação, os valores movimentados chegaram a U$ 7,77 milhões. A seguir, cada país com 2%, estão China, Japão, Colômbia e Canadá. Diferença significativa entre o primeiro e os demais destinos.

Tilápia

Fazendo o recorte para a principal espécie exportada (que também é a mais cultivada no Brasil), dos U$ 8,31 milhões movimentados pela tilápia, U$ 5,64 milhões (ou 68%) foram na categoria de filés frescos ou refrigerados. Na sequência, com 23% da movimentação financeira (U$ 1,87 milhão), aparece a categoria de tilápia inteira congelada.

Com relação ao preço, quatro das cinco categorias tiveram aumento no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. A categoria que conseguiu maior preço foi a de filé fresco ou refrigerado, com U$ 7,57 por kg, registrando aumento de 17% com relação ao preço do primeiro trimestre do ano passado, que foi de U$ 6,45 por kg.

Paraná (com 81% dos valores), São Paulo (responsável por 12%) e Bahia (com 4% do total movimentado) foram os três estados que mais exportaram tilápia no primeiro trimestre de 2024. Nos três, a categoria de filés frescos ou refrigerados foi a líder.

E para os próximos trimestres, alguma mudança relevante pode acontecer? Quem responde é o pesquisador Manoel: “as exportações de outros peixes de cultivo têm crescido, em particular do tambaqui. Organizações e empresas da cadeia do tambaqui têm realizado ações para abertura de mercados no exterior (ex: Estados Unidos) e é possível que isso resulte num aumento das exportações nos próximos meses de 2024”.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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Suínos / Peixes

Propriedade no Paraná é reconhecida modelo em sustentabilidade

O que diferencia o trabalho da família Zanatta é sua abordagem holística, que abrange desde a conservação de nascentes de água até a adoção de energia solar na piscicultura, visando tornar sua propriedade completamente autossustentável.

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Foto: Divulgação

Quando em 2016 decidiram ingressar na piscicultura, o casal de produtores Jairo e Sandra Zanatta assumiram o compromisso de preservar a área verde, conservar os recursos naturais e adotar boas práticas sustentáveis para garantir a longo prazo o equilíbrio do ecossistema e a sustentabilidade da sua propriedade, localizada na linha Marrecos, distrito de Margarida, no interior de Marechal Cândido Rondon (PR).

Casal de piscicultores Sandra e Jairo Zanatta produzem tilápia há oito anos e recentemente recebeu o 1º lugar do Prêmio Produtor Rural Sustentável: reconhecimento classificou a propriedade para a etapa nacional da premiação – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com uma área de 12,6 alqueires, a fazenda possui 12 tanques escavados destinados à criação de tilápias, com possibilidade para alojar até 500 mil peixes por ciclo produtivo, que varia de 10 a 11 meses. “São 70 mil metros quadrados de lâmina d’água”, conta o piscicultor. “Dependendo da época que alojamos os peixes, atingimos uma produção de 1,2 a 1,3 lotes por ano”, complementa.

A produção anual alcança entre 400 a 450 toneladas, com uma média de peso de 950 gramas por peixe. De acordo com os produtores, há espaço para ampliar o negócio em mais 30 mil metros quadrados de lâmina d’água, o que possibilitaria chegar até 100 mil metros quadrados em seu sistema produtivo.

Recentemente, Zanatta foi reconhecido entre mais de 300 produtores com o 1º lugar do Prêmio Produtor Rural Sustentável, iniciativa promovida pelo Sicoob Central Unicoob no Paraná, destacando sua propriedade como autossustentável. A premiação o classificou junto com outras 11 propriedades na etapa nacional, sendo ele o único representante do Paraná. “Independente de ganhar ou ficar entre os primeiros, figurar entre as propriedades mais sustentáveis do Brasil é muito gratificante, além de ser uma demonstração do reconhecimento do trabalho que realizamos para preservar e conservar as nascentes e a área verde, do cuidado com o manejo da atividade e o uso da geração de energia limpa”, salienta, contando que uma equipe da cooperativa já esteve na propriedade para validar as informações repassadas e a data prevista para divulgação do resultado da etapa nacional é em meados de maio. “Nossa expectativa é figurar entre os seis melhores do Brasil”, ressalta.

Compromisso inabalável com a sustentabilidade

O que diferencia o trabalho da família Zanatta é sua abordagem holística, que abrange desde a conservação de nascentes de água até a adoção de energia solar na piscicultura, visando tornar sua propriedade completamente autossustentável.

Propriedade possui duas usinas de minigeração de energia renovável através de placas fotovoltaicas que atende toda a propriedade, incluindo os aeradores, os alimentadores automáticos e o bombeamento de água para os tanques escavados

Sua visão vai além da mera produção, Jairo entende que cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade compartilhada e que, ao adotar práticas sustentáveis, não apenas preserva os recursos naturais, mas também garante a viabilidade de seu negócio a longo prazo. “Ao iniciarmos na piscicultura, priorizei a preservação das nascentes. Hoje são quatro minas de água preservadas. Também priorizamos a mata no entorno da propriedade, inclusive com plantio de novas árvores. Também instalamos duas usinas para minigeração de energia renovável através de placas fotovoltaicas e para garantir a qualidade da água nos tanques escavados usamos probióticos uma vez por semana. Além disso, a propriedade foi totalmente automatizada, incluindo a alimentação dos peixes, realizada por alimentadores automáticos em cada açude, integrados ao sistema de geração de energia limpa. E os peixes mortos são destinados à compostagem”, explica.

Na usina principal, instalada em 2021, com 280 placas, é produzida energia para toda a propriedade, incluindo os aeradores e os alimentadores automáticos. Na segunda usina, 28 placas geram energia dedicada exclusivamente ao bombeamento de água para os tanques escavados. O investimento total foi de cerca de R$ 450 mil nos dois sistemas. “Desde que temos as usinas conseguimos uma redução de custos com energia elétrica de aproximadamente 95%. Embora o investimento ainda não esteja totalmente pago, já se mostra altamente vantajoso”, exalta Jairo.

Aprimorar operações

Jairo e Sandra destacam que, embora a propriedade seja considerada autossustentável, a busca por melhores práticas é constante. “Estamos empenhados em aprimorar nossas operações diariamente, buscando tecnologia e inovação para tornar nossa produção ainda mais sustentável”, enaltecem, acrescentando: “É muito gratificante ver que, como resultado desse esforço contínuo, fomos reconhecidos pela cooperativa Sicoob, que nos projetou para buscar o título de propriedade autossustentável a nível nacional”.

Qualidade da água

Para garantir a qualidade da água para o cultivo e o bem-estar dos peixes, Jairo conta que a água utilizada tem origem em uma mina do Rio Marrecos. “Além disso, realizamos medidas sanitárias rigorosas, como manejo adequado e alimentação de qualidade. A qualidade da água é priorizada, sendo tratada semanalmente com probióticos para mitigar o estresse hídrico causado pelo calor excessivo. Contamos também com o suporte da equipe veterinária e técnica da C.Vale, cooperativa à qual somos integrados”, mencionam os produtores.

Propriedade fica localizada na Linha Marrecos, Distrito de Margarida, no interior de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná

Desafios

O casal de piscicultores afirma que o desafio atual que persiste na criação de tilápia é relacionado ao estresse hídrico devido às altas temperaturas, que, em alguns dias chegaram a superar 40ºC. “Isso nos obriga a reduzir a quantidade de alimentação, resultando em um ganho de peso diário menor, o que acaba comprometendo a conversão alimentar. Essa situação afeta não apenas nossa propriedade, mas toda a piscicultura. Apesar dos desafios, realizamos um controle rigoroso e manejo cuidadoso para buscar constantemente melhorias”, enfatizam.

Outra forma de garantir o bem-estar e o conforto térmico para controlar a temperatura da água devido ao calor excessivo é por meio do bombeamento e renovação de água, além da aeração. “Essas práticas de manejo são essenciais para proporcionar conforto aos peixes, controlar a mortalidade e garantir a sanidade do ambiente”, afirma Jairo.

Prêmio Produtor Rural Sustentável

O Prêmio Produtor Rural Sustentável é uma iniciativa promovida pelo Sicoob Central Unicoob, com o propósito de reconhecer e premiar os produtores rurais cooperados que se destacam por suas práticas sustentáveis no setor agropecuário brasileiro. Nesta edição foram oito produtores do Paraná reconhecidos por suas boas práticas de sustentabilidade. Somente a família Zanatta se classificou para a etapa nacional.

O prêmio valoriza as ações implementadas por produtores rurais financiados pelo Sicoob, que adotam práticas de produção sustentável alinhadas com os princípios do ESG (ambiental, social e governança). Este reconhecimento destaca tanto as iniciativas ambientais quanto as sociais e de governança desses produtores, contribuindo para o avanço da sustentabilidade no campo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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