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Coccidiose subclínica ainda é grande vilã nas granjas

Doença é bastante presente nas granjas do mundo inteiro, mas forma subclínica é de mais difícil detecção, provocando prejuízos muito maiores ao avicultor

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Arquivo/OP Rural

Apesar de ser um problema antigo nos aviários de todo o mundo, a coccidiose ainda é uma grande dor de cabeça para o produtor rural. Isso porque ela pode ser de difícil diagnóstico. A grande dificuldade está, principalmente, em identificar a forma subclínica da enfermidade, que causa grandes prejuízos para a propriedade. A atenção deve ser redobrada, uma vez que se não tomados os cuidados e manejos necessários, a doença que esteve em um lote, pode passar para o próximo. Em função da magnitude que a enfermidade tem nos planteis, a Huvepharma realizou em fevereiro o 1º Fórum de Coccidiose Aviária. A atividade foi exclusivamente para conversar com profissionais sobre a doença.

 Segundo o médico veterinário doutor Paulo Lourenço, atualmente o principal problema quando se fala nesta doença é quanto ao impacto econômico que ela provoca. “Isso porque ainda não desenvolvemos ferramentas para controlar a doença na sua totalidade”, explica. Ele afirma que um grande desafio do produtor atualmente é fazer com que o frango consiga expressar totalmente o potencial genético. “Todos os fatores ligados a essa condição vão interferir na capacidade desse animal em transformar, assimilar, absorver e utilizar aquilo que damos em carne”, diz. O profissional conta que a coccidiose é onipresente, ou seja, está em qualquer lugar do mundo. “Pode ser em um galpão convencional, climatizado ou o mais moderno que existe, até mesmo em aves SPF (livre de patógenos específicos)”, afirma.

O principal problema quanto a coccidiose, de acordo com Lourenço, é o diagnóstico da forma subclínica da doença. “Esta forma é muito difícil de ser diagnosticada. Muitas vezes falta rotina disciplinada de necropsia, porque nós (médicos veterinários) estamos cada vez mais afastados do campo. Se eu não estou abrindo o animal e vendo, imagine o produtor”, alerta. Ele explica que algumas espécies de coccidiose não causam lesões, o que dificulta ainda mais o diagnóstico, impedindo uma avaliação correta. “Existem muitos programas de controle que são incorretos e incompletos. Dessa forma, como a doença na sua forma clínica não aparece, nós não vemos que a doença está presente e assim ela acontece de lote em lote”, afirma.

O médico veterinário conta que em um estudo foi detectado em 80% dos casos em que foi detectada a doença, eram duas ou mais espécies de parasitas. “Alguns estudos mostram a tenella e a maxima como as mais prevalentes. Outros, já mostram a acervulina e a maxima. O que podemos observar com estes estudos é que a maxima e a acervulina são as mais prevalentes nos planteis”, conta.

O especialista explica que desde o início em que a doença foi detectada nos planteis foi percebida a necessidade das práticas de manejo. “Foi visto a importância do eficaz controle, mantendo a cama do aviário seca e controlando os pontos de umidade”, diz. Porém, mesmo conhecendo conceitos básicos de controle, ainda é necessária atenção do avicultor. Com toda a evolução na pesquisa, ainda assim atualmente não existe uma vacina altamente eficiente e protetora para o controle da coccidiose, comenta Lourenço. “Os pontos mais tradicionais que adquirimos no passado e temos no presente é o uso do anticoccidiano, para a maximização do desempenho e minimização das lesões”, comenta.

Para resolver esta e várias outras situações referentes a coccidiose, para Lourenço, é necessário fazer o que se diz que se faz: as boas práticas de manejo. “Essa é uma questão de melhorar todas as ferramentas que temos disponíveis e adotar o programa para vários lotes”, afirma. Ele reitera que o controle chave da doença está devidamente ligado a enterite neucrótica, dermatite gangrenosa, osteomielite, aerossaculite e peri-hepatite. “Estas são os cinco principais problemas onde o controle da coccidiose falha. Se os índices dessas doenças estão altos, pode revisar o programa que pode haver alguma reação com coccidiose”, afirma. Lourenço confirma que está mais do que provado que estas situações patológicas que vão surgindo e sendo prevalentes em uma quantidade maior do que se espera pode estar relacionado a problemas de coccidiose subclínica.

Outro ponto destacado pelo professor é que vendo o quanto estas outras enfermidades estão relacionadas é importante que o avicultor veja que o ambiente é fundamental para o bom desenvolvimento das enfermidades. “Assim vemos como a cama realmente passa a ter um papel importante dentro desse aspecto. A qualidade da cama está diretamente relacionada as questões da coccidiose”, afirma. Ele diz que programas de manejo onde há negligência, levando a falta de atenção das pessoas com a cama e impactando também na qualidade do ar e da água a prevalência da doença tende a ser maior.

Os impactos econômicos da doença

Quando se fala sobre os prejuízos que a coccidiose causa em uma granja, o pensamento vai diretamente para o bolso do avicultor. Quanto exatamente o produtor perde quando a enfermidade ataca o aviário? Foi esta a pergunta que o médico veterinário Marcel Falleiros respondeu. Ele explica que em frangos de corte são principalmente três tipos de coccidiose de maior importância econômica: a acervulina, maxima e a tenella. “A acervulina e a maxima são Eimeria que não tem tanta patogenicidade. A que mais tem é a tenella. As duas primeiras causam perdas, mas não aumentam muito a mortalidade”, explica. 

O médico veterinário expõe que o primeiro estudo que saiu de forma correta foi um levantamento feito em 1998 sobre quais os reais impactos econômicos da enfermidade para o avicultor. “Com ele, se chegou a conclusão de que mundialmente se perdia US$ 1,5 bilhões por ano com relação a coccidiose clínica e subclínica”, conta. No ano seguinte, outro pesquisador fez um levantamento parecido, porém, este levou em consideração todos os aspectos envolvidos na produção de frango de corte: logística, produção de carne, rendimento no abatedouro, entre outros. “Ele ampliou o trabalho anterior e chegou a conclusão que esse número dobrava. Ou seja, a perda com a enfermidade era de, aproximadamente, US$ 3 bilhões por ano”, informa.

No ano de 2006, outro levantamento igual ao de 1999 foi feito, confirmando os números de perdas apresentados no trabalho. “Temos que pensar que conforme vamos aumentando a produção, esse número da perda também aumenta. Mas em 2006 ainda estávamos em US$ 3 bilhões em perdas por ano. Mas se fossemos fazer este estudo este ano, usando os mesmos métodos do trabalho de 1999 com certeza o número seria superior”, acredita.

Outros autores fizeram um levantamento em relação ao que se gasta na avicultura para tentar prevenir problemas de coccidiose. “Hoje gastamos em torno de US$ 800 milhões por ano na questão de prevenção da doença”, conta Falleiros. Neste trabalho, explica, o autor chegou a conclusão de que 17,5% do custo é com prevenção e tratamento de coccidiose. Já 80,5% são custos pelos efeitos subclínicos da doença, ligados diretamente a perda de peso e aumento da conversão alimentar. “A nossa maior perda em processo de coccidiose, principalmente subclínica, está em relação a perda de peso e aumento da conversão. Esses são hoje o nosso maior impacto econômico”, afirma.

Em 2016, na Inglaterra, outro autor fez um levantamento das principais doenças que afetavam a produção, tanto na avicultura de corte quanto em postura. “Após o térmico do estudo, foram feitos gráficos para apresentação dos dados. O primeiro deles foi em relação ao número de vezes em que a doença aparece nestes sistemas de produção. No top três mais importantes a coccidiose está em primeiro lugar no frango de corte, com mais de 40 menções da doença apresentando perdas”, conta. Neste mesmo estudo, foi feita ainda uma correlação com o índice de infecção das doenças. “Ali foi percebida uma correlação direta entre a clostridiose e a coccidiose. Houve uma porcentagem de quase 95% de barracões acometidos que tinham coccidiose por clostridiose. Assim, chegamos a conclusão de que a coccidiose subclínica era primária e levava a uma colstridiose na sequência”, explica.

O estudo mostrou ainda uma correlação com relação ao aumento de conversão alimentar entre as duas doenças. “Eles chegaram a conclusão de que a clostridiose e a coccidiose podem fazer com que a conversão alimentar varie até 16%. Isso significa dizer que se você tem uma conversão média de 1,65 essa conversão pode vir a 1,9. Podemos ter 25 pontos a mais de conversão alimentar”, informa.

Outra comparação feita no mesmo estudo foi quanto a aviários que faziam o controle e aqueles que não faziam. “Eles queriam ver qual o custo da doença por animal. Naqueles que eles não controlaram, houve um custo de centavos de euro por animal, no caso da clostridiose, seis vezes maior do que naqueles que controlaram”, mostra. Falleiros explica que no caso da coccidiose houve um custo um pouco maior, porém, os estudiosos alegaram que a coccidiose subclínica levava a um aumento da clostridiose e assim fizeram a relação direta entre as duas doenças.

Um dado que também sempre chama muito a atenção do avicultor é quanto ao custo de produção. Na Índia, em 2010, foi feito um levantamento sobre a questão. “Eles chegaram a conclusão de que a redução do ganho de peso e o aumento da conversão é responsável por mais de 90% da perda que se tinha relacionado a coccidiose”, expõe.

Situação do Brasil

O médico veterinário lamenta que no Brasil não foram desenvolvidos estudos atuais desta forma para saber exatamente como a doença atua nas granjas nacionais. “Tem um trabalho que é de 1994 que faz esse levantamento da avicultura nacional. É bem amplo, mas ele já tem mais de 20 anos”, diz. Neste trabalho, explica Falleiros, chegaram a conclusão de que as empresas sofrem variações de 1 até 15% com coccidiose clínica e subclínica. “Uma empresa que poderia ter uma média de conversão de 1,60 e está com média de 1,80. Eventualmente está perdendo isso em alguns momentos do ano”, comenta.

Falleiros informa que 65% das empresas brasileiras tem problemas com coccidiose. “Mas acredito que ainda possa ser maior que isso, devido ao fato de não levantarmos dados. Existem poucos estudos que nos trazem estes números”, lamenta. Ele conta que em 1993 foi feito um levantamento. “Naquele ano chegaram a conclusão de que o Brasil perdeu US$ 19,1 milhões com coccidiose, principalmente com perda de peso e aumento da conversão. Foram US$ 11,8 milhões com produção de carne e US$ 1,25 milhões com aumenta da conversão e, em consequência, maior consumo de ração”, explica.

Foco deve estar na integridade intestinal

O médico veterinário afirma que para solucionar ou amenizar o problema é necessário manter a integridade intestinal da ave. “Um trabalho feito nos Estados Unidos em 2014 mostra que os custos com alimentação são de aproximadamente 67%. Um frango pesando 2,2 quilos traz uma receita de 124 euros para cada 100 quilos de peso vivo. Os custos estão aqui. A margem de lucro é de 21 euros para cada 100 quilos de peso vivo”, apresenta. Ele comenta que estes números demonstram a importância de se manter um intestino íntegro. “Se não, vai tudo para o ralo. Se conseguimos manter a integridade intestinal, o frango consegue expressar todo o potencial genético e ter a manutenção da saúde como um todo”, diz.

Falleiros conta que um levantamento feito no Brasil mostra que o país tem uma piora de 4 a 10 pontos na conversão e redução do peso vivo de 30 a 120g por ave. “Essa redução de gramas por dia pode variar de 1 a 3 pontos. O aumento da mortalidade varia de 1 a 5%. Além disso, o impacto sobre o desempenho atual da parte subclínica e esse custo pode chegar até 10 centavos de dólar por ave. É perda de dinheiro”, afirma.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Ricardo Faria: do empreendedorismo na infância ao comando de um império no agronegócio

História de Ricardo não é fruto de um acaso ou de um golpe de sorte, mas sim de uma jornada empreendedora que teve início em experiências simples da infância, quando ele já demonstrava habilidades comerciais e um espírito inquieto, sempre em busca de oportunidades.

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Fotos: Divulgação

Ricardo Castellar de Faria, ou o Rei do Ovo, hoje conhecido como um dos grandes nomes do setor avícola brasileiro, construiu sua trajetória no agronegócio com uma visão estratégica que começou a ser moldada ainda na infância. Em 2024, Ricardo entrou para a lista dos maiores bilionários do Brasil, publicada pela Forbes, ocupando a 21ª posição com um patrimônio de R$ 17,45 bilhões. À frente da Granja Faria, ele é responsável por um dos maiores conglomerados de produção de ovos da América Latina, com 20 milhões de aves alojadas e uma produção anual de 5,2 bilhões de ovos. Em reportagem exclusiva ao jornal O Presente Rural, Ricardo Faria conta um pouco de sua história.

Aliás, a história de Ricardo não é fruto de um acaso ou de um golpe de sorte, mas sim de uma jornada empreendedora que teve início em experiências simples da infância, quando ele já demonstrava habilidades comerciais e um espírito inquieto, sempre em busca de oportunidades.

Ricardo Faria nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, e, ainda criança, mudou-se com sua família para Santa Catarina. Desde a infância, ele revelou um instinto natural para os negócios, aproveitando as oportunidades ao seu redor, algo que se tornaria uma marca ao longo de sua vida. “Descobri a paixão pelo empreendedorismo na infância. Nascido em Niterói, me mudei para Santa Catarina aos 3 anos e logo percebi que trabalharia por conta própria. Tive várias experiências que mostraram meu tino comercial, como vender papelão para reciclagem e colher frutas no sítio do meu pai para vender em frente à minha casa. Aos oito anos, durante as férias de verão, consegui vender picolés nos jogos do Criciúma”, conta.

Essas experiências moldaram sua mentalidade empreendedora. Enquanto muitas crianças de sua idade ainda se ocupavam apenas de brincadeiras, Ricardo estava aprendendo sobre lucro, negociação e atendimento ao cliente — lições que se mostrariam valiosas em seus empreendimentos futuros. Esses primeiros passos, embora simples, foram cruciais para sua formação como empresário.

O começo formal

Após um período de intercâmbio nos Estados Unidos, Ricardo voltou ao Brasil e optou por cursar Agronomia, uma escolha que refletia tanto seu interesse pelas questões rurais quanto a tradição de sua família, que mantinha um pequeno negócio de produção de uniformes para frigoríficos. Foi nesse cenário que Ricardo deu seus primeiros passos formais no mundo dos negócios.

“Depois de fazer intercâmbio nos EUA e voltar ao Brasil, optei por cursar Agronomia. Logo, comecei a gerenciar um pequeno negócio do meu pai, que produzia uniformes para frigoríficos. Aos 20 anos, percebi a oportunidade de alugar os uniformes, assumi os riscos, ampliei o projeto e fundei a Braslave, que mais tarde se transformou na Lavebras”.

Foi na Lavebras, empresa de lavanderia industrial que ele fundou, que Ricardo começou a desenvolver o olhar estratégico que mais tarde aplicaria na Granja Faria. A ideia inovadora de alugar uniformes, em vez de vendê-los, permitiu a Ricardo expandir o negócio rapidamente. Em 2017, ele vendeu a Lavebras para uma multinacional francesa por R$ 1,3 bilhão, consolidando sua primeira grande conquista empresarial.

Com a venda da Lavebras, Ricardo voltou seu foco para um novo setor: a produção de ovos. Fundada em 2006, a Granja Faria começou em Nova Mutum, Mato Grosso, e rapidamente cresceu graças à visão estratégica de seu fundador. O conhecimento sobre logística e operações, desenvolvido na Lavebras, foi essencial para o sucesso do novo negócio

A construção de um império no agronegócio

A Granja Faria não demorou para se destacar no mercado brasileiro de produção de ovos. Em 2008, apenas dois anos após sua fundação, a empresa começou a produzir ovos férteis em parceria com a BRF, um dos maiores conglomerados de alimentos do Brasil. A produção inicial, em Videira (SC) e Fazenda Vila Nova (RS), marcou o início da expansão da empresa, que logo se tornaria uma das maiores do setor avícola.

Em 2013, Ricardo realizou uma das aquisições mais estratégicas de sua carreira ao comprar a Avícola Catarinense, uma empresa com mais de duas décadas de atuação no mercado avícola. Essa aquisição transformou a Granja Faria, que passou de um parceiro da indústria a um player independente no mercado.

“Em 2013, a compra da Avícola Catarinense marcou um ponto de virada na trajetória da granja. Esse foi o primeiro grande acontecimento que transformou a companhia. Deixamos de ser apenas parceiros da indústria e nos tornamos um player com independência, reforçando a importância estratégica do movimento de aquisições para o crescimento da empresa”, lembra.

Com essa aquisição, a Granja Faria não apenas expandiu sua capacidade de produção, mas também começou a atuar com mais força no mercado internacional. A crise global da gripe aviária, em 2014, abriu novas oportunidades para a empresa, que se posicionou rapidamente no segmento de ovos férteis, tanto no Brasil quanto no exterior.

A diversificação e o crescimento sustentável

Ricardo Castellar de Faria, ou o Rei do Ovo

Nos anos seguintes, a Granja Faria continuou a crescer e diversificar suas operações. Além da produção de ovos férteis, a empresa começou a investir na produção de ovos comerciais, ampliando sua presença no mercado de consumo. Em 2018, a Granja Faria deu um novo passo importante ao entrar no segmento de ovos caipiras e orgânicos, com a criação da marca “Ares do Campo”, uma das líderes nesse nicho.

Essa diversificação não apenas aumentou as receitas da empresa, como também ajudou a consolidar a Granja Faria como uma marca que atende diferentes perfis de consumidores, algo que Ricardo Faria sempre teve como objetivo. “Minha visão de mercado é clara: quero atender todos os perfis de consumidores, sem exceções. Acredito que o mercado de ovos é tão diverso quanto os próprios compradores e, por isso, nossa missão é oferecer um portfólio democrático, que abrange desde os ovos convencionais até os mais especializados, como orgânicos, caipiras e ovos enriquecidos com selênio e ômega 3”, menciona.

A diversificação dos produtos e a expansão das unidades de produção foram acompanhadas por um forte compromisso com a sustentabilidade. Ricardo destaca que sempre foi um defensor de práticas sustentáveis, e a Granja Faria implementou diversas iniciativas para reduzir seu impacto ambiental, como o uso de energia solar e a criação de sistemas de tratamento de efluentes. “Na Granja Faria, buscamos adotar práticas mais sustentáveis, como: investimento em tecnologias que otimizam o uso de recursos, visando à redução do consumo de água e energia; implementação de sistemas de tratamento de efluentes para minimizar o impacto ambiental; e exploração de fontes de energia renovável, como a solar”.

A expansão internacional e o futuro da Granja Faria

O sucesso da Granja Faria no mercado nacional permitiu que a empresa começasse a explorar mercados internacionais, especialmente na produção e exportação de ovos férteis. Com mais de 20 milhões de aves em seu plantel, a Granja Faria produz, em média, 5,2 bilhões de ovos por ano, atendendo tanto o mercado interno quanto o externo.

“A abertura de portas para o mercado internacional começou a se desenhar diante do surto global de gripe aviária em 2014, que trouxe desafios, mas também abriu oportunidades no mercado de ovos férteis. Naquele cenário, a Granja Faria estava pronta para um crescimento rápido graças à estrutura da Avicola Catarinense, e encontrou um mercado global receptivo”, aponta.

Do total de 5,2 bilhões de ovos, em 2023 a Granja Faria alcançou a marca de 239 milhões de ovos férteis produzidos, com uma média diária de 655 mil ovos. No mesmo ano, a empresa produziu 151 milhões de pintinhos de um dia, atendendo principalmente os mercados dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.

E os lucros da empresa não poderiam ser diferentes, se não vultuosos. “Em 2023, registramos um lucro líquido de R$ 204,6 milhões, com um Ebitda de R$ 645,9 milhões, o que representou aumentos de 19,9% e 83%, respectivamente, em comparação com 2022”, menciona.

Essa capacidade de produção coloca a Granja Faria entre as maiores empresas do setor avícola da América Latina, e a empresa não mostra sinais de desaceleração. Em 2024, a Granja Faria expandiu sua presença no Brasil com a aquisição da Granja Vitagema, localizada em Parnamirim (RN), marcando sua primeira operação na região Nordeste do país.

“Somo uma empresa listada na B3, embora não tenhamos ações negociadas publicamente, e, por isso, não podemos divulgar previsões ou expectativas futuras. O que posso adiantar é que estamos trabalhando na internacionalização da companhia”, conta.

O futuro da Granja Faria parece promissor, com planos de expansão tanto no mercado nacional quanto internacional. A empresa já atua em 10 estados brasileiros, com 24 granjas e aproximadamente 4 mil funcionários. O foco de Ricardo agora é consolidar a liderança da empresa no Brasil e abrir novas frentes de negócios no exterior. “A visão de longo prazo da Granja Faria envolve o fortalecimento de sua posição de liderança no mercado brasileiro e a expansão para novos mercados internacionais, sempre com foco na sustentabilidade e na qualidade dos produtos”, aponta.

Visão

O menino que vendia papéis para reciclagem e picolés nos jogos de Criciúma, sempre inquieto e atento às oportunidades, transformou-se no homem que hoje, aos 49 anos, lidera um dos maiores impérios do agronegócio. À frente da Granja Faria, Ricardo Faria comanda um conglomerado com 24 granjas, 20 milhões de aves alojadas e uma produção anual de 5,2 bilhões de ovos. São números que impressionam, mas que, acima de tudo, simbolizam a visão estratégica e os compromissos que ele sempre manteve ao longo de sua carreira. “A lição mais importante que aprendi foi a importância da qualidade, da inovação e da adaptação às mudanças do mercado”.

Com uma trajetória marcada por decisões estratégicas e pela capacidade de enxergar oportunidades onde poucos viam, Ricardo Faria se consolidou como um dos maiores empresários do agronegócio brasileiro. Sua liderança na Granja Faria não é apenas sucesso individual, mas também reflete a força do agronegócio brasileiro em um cenário global cada vez mais competitivo.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Fatores que influenciam a escolha do probiótico para aves

Escolha do probiótico mais adequado de acordo com a realidade de produção de cada empresa avícola é um dos desafios mais importantes dentro do contexto de saúde intestinal e nutrição animal em escala global.

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Foto: Arquivo/OP Rural

 Artigo escritor por Anita Menconi, Médica-veterinária e Diretora de Negócios da Linha de Especialidades de Monogástricos da Evonik nas Américas, e por Vinícius Teixeira, Médico-veterinário e Gerente Técnico para Saúde Intestinal da Evonik

Os probióticos são usados há muitos anos na avicultura. São tecnologias estratégicas para manter uma boa saúde intestinal, importante para atingir um bom desenvolvimento das aves, aumentar a eficiência produtiva no campo e, consequentemente, melhorar a rentabilidade de um setor que trabalha com margens apertadas em sua busca constante pela eficiência. Contudo, a escolha do probiótico mais adequado de acordo com a realidade de produção de cada empresa avícola é um dos desafios

mais importantes dentro do contexto de saúde intestinal e nutrição animal em escala global. Isso porque o nutricionista precisa escolher a cepa mais adequada de probiótico entre as inúmeras disponíveis no mercado, assim como a quantidade de inclusão na dieta para atingir o resultado esperado, caso contrário, não terá o efeito desejado.

Apesar de ser um produto usado largamente nesta atividade, a inclusão do probiótico deve considerar o processo de fabricação da ração, como a peletização, por exemplo, além de considerar se esta cepa vai chegar íntegra no intestino dos animais e o potencial genético dessa cepa frente aos objetivos da produção. O desafio na escolha do probiótico está no fato de ele pertencer a um campo muito vasto e com resultados muito variáveis. Por isso é importante ter em mente que os probióticos não são iguais.

Mesmo que a gente veja a mesma espécie, os probióticos são diferentes porque a capacidade de uma cepa é diferente da outra. Elas têm características genéticas que precisam ser avaliadas, por isso o primeiro passo é entender que a oferta de probióticos não é igual. Outro ponto importante a considerar é a maneira como ele será aplicado via ração, pois estamos manipulando um organismo vivo que precisa chegar vivo até o animal.

Se as condições de peletização impactam diretamente o resultado, então, algumas perguntas precisam ser respondidas, como qual é a inclusão necessária? Como fazer esta inclusão na dieta das aves? Como testar a viabilidade dos esporos na ração pronta para o consumo? Como estamos misturando na ração? Estamos entregando a quantidade necessária? Sem estas respostas não é possível atingir resultados satisfatórios, já que se trata de uma ferramenta que não pode ser tratada como uma substituição aos antimicrobianos promotores de crescimento, já que eles não são antibióticos. Estamos falando de uma ferramenta importante para promover uma melhor saúde intestinal dos animais e sua consequente melhora no desempenho, mas se não for utilizada da maneira correta, não vai haver resultado. Existe uma série de casos de resultados inconsistentes no uso de probióticos porque eles foram usados de maneira incorreta. Ainda hoje há bastante equívoco na sua utilização.

Os probióticos

Ajustar a saúde intestinal. Esta é a primeira consequência do uso dos probióticos. Ele cria um balanço da saúde intestinal. Com a produção intensiva, especialmente falando de frango de corte, que precisa crescer em um espaço muito curto de tempo. Este processo leva a um desbalanço da saúde intestinal, então, o probiótico é uma bactéria benéfica que vai passar pelo trato gastrointestinal e auxiliar esta microbiota, tornando-a mais equilibrada. Ele contribui com a produção de ácido láctico, por exemplo, que passa pelo intestino e traz benefícios para a microbiota ali presente, auxiliando em seu crescimento e desencorajando o crescimento das bactérias patógenas. O segundo efeito depende do desafio de produção de cada empresa avícola. Para indicar a melhor cepa, é importante saber qual é o desafio que aquele lote enfrenta. É Salmonella, por exemplo? Ou Clostridium? Para cada desafio existe um tipo de probiótico adequado.

Experimentos

Conhecer a genética e saber a capacidade metabólica de efeito nas aves de cada probiótico é o primeiro passo para saber a melhor indicação. Isso porque o estudo dos probióticos envolve desde a parte genética das cepas até o entendimento da segurança delas. Pesquisas em laboratórios avaliam quais são essas bactérias e se elas são seguras. Algumas delas podem carregar genes antimicrobianos, por exemplo.

A segunda questão importante a ser levantada é quais testes foram realizados nestas cepas, não apenas os laboratoriais, como também os experimentais e qual foi a experiência de uso em campo. É importante avaliar desde a genética dos probióticos até a avaliação de como podem ser usados a campo, via ração e em quais condições é possível ajudar e promover de fato uma melhoria da saúde destes animais.

Para escolher o probiótico mais adequado

Se o bom desempenho produtivo das aves começa com uma boa saúde intestinal é importante ajudar as aves a formar uma microbiota saudável. Dentre as diversas ferramentas de modulação da saúde intestinal, a classe dos probióticos é mais versátil com diferentes possibilidades de mecanismos de ação.

Um bom probiótico deve ter alguns atributos para a escolha de uma boa cepa probiótica. Um deles é a presença de Bacillus sp. em sua composição. Os Bacillus são administrados em forma de esporos, que é o estágio dormente e resistente destas espécies de bactérias. Na forma de esporos geralmente são estáveis em diversas faixas de pH, frente a tripsina, termotolerantes e estáveis no armazenamento. Mas é importante ressaltar que nem todos os Bacillus são iguais, eles possuem diferentes graus de resistência ou de efetividade na promoção de uma boa microbiota.

Outro ponto importante é a existência de ensaios in vitro e in vivo que comprovem a sua efetividade. Um patógeno que é efetivo em um ensaio in vitro pode não ser in vivo, pois não possui a habilidade de crescer no ambiente intestinal, o que mostra a relevância de o probiótico ter o seu mecanismo de ação conhecido. Como os probióticos não são todos iguais, é fundamental entender o mecanismo de ação do probiótico escolhido de forma que atenda sua necessidade. Não podemos imputar um mecanismo de ação de um produto para outro de mesma cepa.

A segurança da cepa probiótica é primordial. Como estamos introduzindo bactérias em grandes quantidades dentro de nosso sistema produtivo, devemos ter certeza de sua segurança, desta forma é importante que essas cepas não possuam genes para enterotoxinas hemolíticas, hemolisina e para citotoxinas. Dessa maneira, é importante a investigação de genes relacionados a resistência a antibióticos, assim as cepas probióticas não devem conter plasmídeos identificados, nenhum gene relevante para a resistência a antibióticos, em especial aos de classe terapêutica, e tudo isso deve ser validado por ensaios de concentração inibitória mínima (MIC).

A resistência da cepa ao processamento térmico, ácidos orgânicos e formaldeído também são pontos de atenção na escolha de um probiótico. Esse tipo de resistência demonstra a resiliência de uma cepa aos aditivos mais comumente utilizados e à exposição ao calor, seja este no processamento da ração ou mesmo dentro dos silos das granjas. Também é importante avaliar a compatibilidade das cepas com antibióticos promotores de crescimento ou anticoccidianos. Essas moléculas e os probióticos não são antagonistas e, em alguns sistemas produtivos de aves, essas combinações se fazem necessárias e esse tipo de compatibilidade traz benefícios ao sistema produtivo.

Enfim, é importante saber a recuperação do probiótico e a avaliação de sua viabilidade. Sempre que estiver utilizando um probiótico, exija de seu fornecedor a recuperação e avaliação da viabilidade do produto em uso. Esse tipo de avaliação demostra se o investimento que está sendo realizado em um probiótico está sendo entregue de fato aos animais com cepas viáveis que irão germinar e produzir seus efeitos benéficos ao hospedeiro.

As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: maria.ongarato@evonik.com.

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Fonte: O Presente Rural com Anita Menconi e Vinícius Teixeira
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Avicultura

Monitoramento molecular: a chave para o controle das doenças virais na avicultura

Desenvolvimento contínuo de vacinas e o aprimoramento do diagnóstico molecular são fundamentais para a sustentabilidade da avicultura brasileira.

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Foto: Shutterstock

A avicultura brasileira enfrenta grandes desafios em função de doenças infecciosas que comprometem de forma persistente a saúde das aves e, consequentemente, a segurança sanitária da cadeia avícola. Entre as principais ameaças estão o Reovírus, a Bronquite Infecciosa (IBV) e a Doença de Gumboro (IBDV). A importância do monitoramento molecular para o controle dessas enfermidades foi tratada pelo biólogo e doutor em Genética, Jorge Marchesi, durante o 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em setembro na cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná.

Com uma ampla diversidade genética, o especialista enfatizou que a variabilidade do Reovírus está associada a problemas como artrite viral e a síndrome da má absorção, gerando impactos expressivos no desempenho produtivo das aves. Para identificar a cepa do vírus, Marchesi citou a importância de fazer a tipificação molecular do Reovírus utilizando o gene sigma para diferenciar as cepas vacinais das cepas de campo. “Compreender as nuances genéticas do Reovírus é muito importante para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle para minimizar os danos causados por essas infecções, bem como permite que tenhamos uma resposta mais eficaz para o manejo da doença”, salientou.

O doutor em Genética destacou que a associação dos diferentes Reovírus com infecções por Escherichia coli (E. coli), especificamente a Escherichia coli patogênica aviar (APEC), agrava o quadro clínico das aves afetadas. “Essa interação pode resultar em complicações adicionais, dificultando ainda mais o manejo sanitário nos plantéis”, reforça.

Bronquite Infecciosa

Em relação à linhagem GI-23 da Bronquite Infecciosa (IBV), Marchesi destacou a complexidade do cenário viral no Brasil. Caracterizada por uma alta diversidade genética, a GI-23 representa um dos maiores desafios para os programas de vacinação no país. “As cepas brasileiras do IBV continuam a ser um problema persistente para os avicultores, exigindo um monitoramento constante para rápida tomada de decisões, uma vez que muitas das cepas possuem características que escapam da imunidade conferida pelas vacinas, situação que traz implicações diretas na saúde das aves, contribuindo para o surgimento de lesões graves nas traqueias e rins”, pontua.

O monitoramento contínuo das cepas de IBV é uma das principais estratégias de controle da doença defendidas por Marchesi. Segundo ele, o acompanhamento sistemático não apenas fornece dados para a adaptação dos programas vacinais, como também ajuda na tomada de decisões para prevenir surtos e minimizar os impactos econômicos associados à Bronquite Infecciosa. “Diante desses desafios, o setor deve estar atento à evolução do vírus e disposto a ajustar suas abordagens de manejo sanitário para garantir a saúde das aves”, frisa.

Doença Infecciosa da Bursa

Outra patogenicidade tratada pelo especialista foi a Doença Infecciosa da Bursa, causada pelo IBDV (vírus da Doença de Gumboro). Classificado em genogrupos com alta diversidade genética, o vírus está amplamente distribuído no Brasil. “Essa variabilidade genética torna o vírus um desafio para o manejo sanitário, especialmente em relação ao impacto no desempenho dos lotes contaminados”, expõe.

A coinfecção com o vírus da Bronquite Infecciosa agrava ainda mais a situação, pois reduz a resposta imunológica das aves afetadas. “Essa combinação de infecções pode comprometer gravemente as aves, levando a grandes perdas produtivas e econômicas”, ressalta.

Estudos indicam que o IBDV G4, além de afetar o desempenho dos lotes, também interfere na imunidade materna das aves jovens, colocando em risco a saúde de todo o lote. “O que requer um controle rigoroso dos lotes, busca por vacinas mais eficientes para minimizar perdas produtivas e monitoramento da

Biólogo e doutor em Genética, Jorge Marchesi: “Temos que conhecer o que está acontecendo dentro dos aviários para poder combater os patógenos de forma assertiva” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

s cepas de IBDV para tomada de decisões mais assertivas”, reforça.

Uso de ferramentas moleculares

Marchesi frisou que um maior controle dessas doenças está na ampliação do uso de ferramentas moleculares, como o PCR, para monitoramento mais preciso e rápido, além da necessidade de atualizar constantemente os programas vacinais em resposta à evolução genética dos patógenos. “O desenvolvimento contínuo de vacinas e o aprimoramento do diagnóstico molecular são fundamentais para a sustentabilidade da avicultura brasileira”, salientou. “Temos que conhecer o que está acontecendo dentro dos aviários para poder combater os patógenos de forma assertiva. Hoje existem diversas metodologias disponíveis e com um custo acessível para gerar informação para que, a partir destas informações coletadas, possamos tomar decisões que colaboram e contribuem para reduzirmos cada vez a presença destes vírus nas unidades de produção”, complementou.

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Fonte: O Presente Rural
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