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Suínos / Peixes

Cinco ações que devem ser implementadas para melhoria do desempenho e otimização de recursos na reprodução de suínos

Segundo o relatório anual de desempenho da Agriness, a média de leitões nascidos vivos nos últimos 15 anos aumentou em mais de 3 leitões por parto nas melhores granjas.

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Foto: Ari Dias

O Brasil é o quarto maior produtor e quarto maior exportador de carne suína do mundo. Seus dois principais modelos de produção, verticalizado ou independente, são responsáveis por produzir aproximadamente 5 milhões de toneladas de carne suína anualmente, com um incremento médio anual de 4 a 5% no volume de carne produzido. (ABPA, 2023). Além disso, mais de 1,2 milhão de pessoas vivem diretamente da suinocultura no Brasil.

Segundo o relatório anual de desempenho da Agriness, a média de leitões nascidos vivos nos últimos 15 anos aumentou em mais de três leitões por parto nas melhores granjas. Além da melhoria reprodutiva nos últimos 15 anos houve também uma economia aproximada de 2 a 3 kg de ração por ano por animal, além de uma melhoria na qualidade de carne e rendimento de carcaça.

Ao observar a rentabilidade na suinocultura nos últimos 15 anos, apesar dos ciclos de altas e baixas, percebe-se uma margem positiva de US$ 3 a US$ 4 por suíno terminado (figura 1). O aumento de produtividade associado com a melhoria da eficiência alimentar foram fatores decisivos para manter a competitividade da cadeia.

Além das estratégias para melhoria de produtividade técnica é ainda mais importante o conhecimento do sistema e uma visão econômica de toda a cadeia produtiva para que as corretas leituras do sistema sejam feitas e as decisões sejam mais assertivas beneficiando o sistema como um todo.

Dessa forma, serão descritas a seguir cinco ações que devem ser implementadas para melhoria do desempenho e otimização dos recursos na produção de suínos.

1. Programa Genético

A implementação de um programa genético bem definido é uma das bases para todo o sistema de produção, visto que características desejáveis como tamanho de leitegada, taxa de crescimento, eficiência alimentar, rendimento e qualidade de carcaça estão intrinsicamente relacionados ao potencial genético da raça/cruzamento escolhido.

As empresas de genéticas possuem em seu portfólio animais eficientes para diferentes características, porém é papel do gestor definir qual utilizar e a(s) características que melhor atendem os objetivos desejados, com avaliações constantes dentro de cada sistema.

Ao modo que a genética escolhida impulsiona os resultados do sistema produtivo é necessário a utilização de:

• Animais eficientes: bom desempenho de crescimento e eficiência alimentar;

• Animais prolíficos: mais animais disponíveis para comercialização;

• Animais saudáveis: capacidade de sobrevivência em todas as fases da vida, aumentando a renda e reduzindo custos com tratamentos farmacológicos.

Dessa forma, o conhecimento dos distintos grupos genéticos e dos fatores ambientais que afetam essas características permitem designar quais seriam os melhores genótipos e também qual ambiente favoreceria um grupo-alvo de características.

Além disso, o controle interno da produção de sêmen/machos (central de produção de sêmen) e as granjas núcleos (produção de bisavós e avós) são fatores importantes para serem pensados estrategicamente no sistema.

  2. Sanidade/Biossegurança

Assegurar o status sanitário em um sistema de produção de suínos requer investimentos e processos, ainda mais em sistemas produtivos intensivos, cujo elevado número de animais e a alta movimentação humana favorecem a propagação de agentes patogênicos. A ocorrência de determinadas doenças na produção animal pode acarretar em impactos negativos no desempenho e bem-estar animal, sendo, portanto, um dos pilares principais da suinocultura. Além da piora de desempenho na produção uma gestão inadequada do programa sanitário pode levar a perdas importantes na indústria, com aumento na condenação de carcaças e perdas de qualidade do produto final.

Para que um suíno expresse seu potencial produtivo é necessário que o mesmo esteja em equilíbrio com o ambiente que o cerca. Para isso é necessário que se faça uma análise sistemática de cada fase de produção para adaptar, da melhor forma possível, os meios de controle dos desafios que interferem na eficiência do sistema.

Dessa forma, alguns pontos importantes devem ser observados na elaboração de protocolos sanitários e biossegurança:

• Programa de biossegurança externo e interno, para evitar a entrada de novas doenças e a manifestação clínica de agentes já existentes no sistema.

• Atualização constante do programa de vacinação frente aos principais agentes patogênicos de interesse do sistema.

• Ações individualizadas e temporais: identificar o momento de vulnerabilidade da unidade ou sistema para que seja adaptado um protocolo (vacinal, medicamentoso ou de manejo) específico frente ao desafio encontrado.

• Protocolos efetivos e claros que observem a otimização dos recursos humanos e tecnológicos sempre considerando a análise de custo-benefício.

Além disso, é necessário ter pessoas buscando diariamente alternativas e/ou soluções aos desafios encontrados dentro de cada unidade, visto que as respostas, na maioria das vezes, estão dentro do próprio sistema. Algumas vezes as soluções para os desafios sanitários podem estar em encontrar estratégias não medicamentosas, como definição de fluxo de produção, ambiência, vazio sanitário e linhagens genéticas entre outas

 3. Programa Nutricional

Estabelecer um programa nutricional para alimentação dos suínos vai muito além da formulação correta de uma dieta. Impactando em mais de 70% dos custos de produção, a área da nutrição tem um papel importante na saúde financeira do sistema de produção de suínos.

Atualmente os índices produtivos não são mais os mesmos do passado, com animais mais eficientes e prolíficos as exigências nutricionais também precisam ser reavaliadas e testadas constantemente. Dessa forma, é importante que o sistema detenha em mãos o controle da produção/formulação das dietas para que se consiga, de forma estratégica, alocar recursos onde o maior retorno produtivo/financeiro seja alcançado.

O sistema de alimentação também deve ser pensado dentro de um programa nutricional, ao modo que é preciso que o animal tenha a dieta disponível de acordo com sua exigência. A utilização de sistemas automatizados facilita a distribuição, reduzem a necessidade de mão-de-obra e garantem, em muitos casos, acesso ad libitum ao alimento fresco com o mínimo de desperdício.

4. Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

Cada sistema de produção possui características individuais, sejam elas de instalações, manejos, pessoas e etc. Assim, ter uma estrutura de P&D dentro do sistema de produção garante uma vantagem competitiva nos negócios, pois ao criar, testar, validar ou aprimorar manejos, protocolos ou insumos já utilizados, produzindo informações para a tomada de decisão dentro do sistema.

A parceria com centros de pesquisa e universidades também se faz importante para o melhoramento constante da produtividade. Disponibilizando espaço dentro do sistema de produção tem-se a oportunidade da utilização do capital intelectual (de professores e alunos) e de equipamentos que a academia detém para que a alta qualidade das informações sejam geradas.
A adoção de tecnologias para o incremento produtivo é um fator que cada vez mais as empresas precisam estar em adequação. Sistemas de controle de qualidade das doses inseminantes (Sistema CASA, por exemplo), climatização/ambiência nas instalações, automatização de sistemas de alimentação, controle de qualidade de insumos (Sistema NEAR, por exemplo), entre outras tecnologias empregadas no sistema que geram ganhos em produtividade e otimização dos recursos disponíveis.

Além disso, o desenho do fluxo de produção é determinante onde se busca a melhora dos custos por animal produzido. Ter o controle dos custos por pirâmide de produção traz benefícios quanto a tomada de decisões, seja de caráter sanitário, zootécnico ou financeiro. O desenho do tamanho das unidades de produção também é algo a ser levado em consideração nas novas construções. Em unidades grandes tem-se o desafio de se manter em altas produtividades, contudo não é somente a produtividade que mantém um sistema de produção em competitividade.

5. Desenvolvimento de equipe

Os recursos humanos empregados dentro do sistema têm um papel fundamental no avanço produtivo. Uma equipe experiente possui domínio sobre o sistema de produção, abrindo margens para que o sistema consiga ser cada vez mais eficiente.

No entanto, um dos grandes desafios enfrentados pelos produtores é o crescente custo com a mão de obra. Diante disso, a intensificação da produção a partir da melhoria dos resultados da produtividade, bem como o uso de tecnologias de automação, são pontos chave quando se pensa em otimização dos recursos humanos nos diferentes sistemas de produção, seja ele independente ou integrado.

Ao modo em que se ganha em escala de produção a otimização da mão-de-obra torna-se um alvo constante em qualquer sistema produtivo. Para isso, alguns pontos devem ser observados:

• Direcionamento de funções e priorização de atividades;

• Simplificação e clareza nos manejos rotineiros;

• Automatização de atividades sempre que possível;

• Qualificação constante da equipe;

• Possuir estratégias para construir um time engajado e motivado para buscar melhorias constantes.

A carne suína é a fonte de proteína mais importante no mundo sendo o Brasil um importante player desse mercado. Nos últimos anos a atividade está em constante evolução no país e tem se destacado pelos incrementos de produtividade em todas as fases da cadeia. Apesar dos ganhos técnicos sempre as estratégias de ganho econômico devem ser observadas pois, apesar do Brasil se destacar pelo eficiente custo de produção, as margens econômicas da atividade são reduzidas. Para a sustentabilidade do sistema de produção as estratégias “macro” do sistema como a definição do programa genético, sanitário e nutricional devem estar bem alinhadas com a gestão do dia a dia das pessoas e nesse mesmo aspecto o programa interno de pesquisa e desenvolvimento deve ser implementado para que respostas sejam encontradas e implementadas com mais assertividade para a melhoria continua do sistema.

Fonte: Rafael Kummer, médico-veterinário doutor em Reprodução de Suínos.

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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