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Bovinos / Grãos / Máquinas

Aliada de peso no combate à mastite

Informações de qualidade empoderam a cadeia leiteira e abrem caminhos para que desafios como a mastite – e tudo o que a rodeia – sejam resolvidos com maior assertividade.

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Foto: Shutterstock

De perfil multifatorial, a mastite permanece sendo um dos grandes obstáculos da produção leiteira tanto no Brasil quanto no mundo. São inúmeras as pesquisas que se voltam a esse tema, já que a doença reflete em fatores importantíssimos como custos de produção, qualidade do leite, longevidade dos animais, fornecimento de bonificações oriundas das indústrias lácteas, entre outros.

Um dos principais passos é buscar informações atuais sobre tecnologias e soluções que podem contribuir para o controle da mastite e – dentro da realidade de cada fazenda – serem colocadas em prática. A atualização de conceitos e ações é válida tanto para o próprio produtor de leite como também para as pessoas que compõem a sua equipe, desde técnicos até os colaboradores que lidam diretamente com os animais todos os dias.

Cursos, treinamentos, capacitações e eventos são sempre muito bem-vindos e devem entrar no cronograma da propriedade. Esse alinhamento é fundamental a fim de que todos falem “a mesma língua” e, juntos, tracem um roteiro preventivo e medidas de ações contra a mastite que melhor se encaixem na propriedade.

Influência dos médicos-veterinários e das suas informações na prescrição de antibióticos

Uma pesquisa realizada na Nova Zelândia buscou determinar os fatores que influenciam a prescrição de antibióticos por médicos-veterinários e o seu respectivo uso por produtores de leite. Foram entrevistados 22 produtores de leite e 206 médicos veterinários, estes, avaliados quanto ao comportamento e itens que afetam a prescrição. Além disso, a atitude de ambos foi analisada quando levantou-se a questão sobre o risco de resistência antimicrobiana.

Entre os produtores, o principal motivo para a escolha de um antimicrobiano foi o aconselhamento veterinário, seguido pela experiência pessoal e da fazenda. Eles afirmaram que os veterinários eram a fonte mais confiável de aconselhamento para o uso de antimicrobianos.

Sobre o risco de resistência antimicrobiana, foi relatado conhecimento ou preocupação limitados, com apenas 47% e 26% concordando ou concordando fortemente que o uso de antimicrobianos em sua fazenda aumentaria o risco de resistência em seu rebanho e em humanos. A prescrição de antimicrobianos pelos veterinários foi predominantemente baseada no diagnóstico e na resposta à terapia anterior e eles consideraram principalmente razões técnicas ao prescrevê-los.

Deve-se destacar a importância do médico-veterinário nesses casos e como informações coerentes podem guiá-lo para determinar a melhor escolha para casos de mastite na fazenda leiteira. Importante considerar também o valor do histórico do rebanho, índices zootécnicos e dados do plantel, já que muitos se baseiam nas respostas que aquele determinado animal apresentou em situações passadas para a elaboração de um plano atual.

O estudo concluiu que são necessárias mudanças nos padrões de uso de antibióticos nas fazendas e que uma comunicação clara por parte dos veterinários sobre a escolha, conhecimento e uso prudente de antimicrobianos é fundamental. Há também a sua influência nos conceitos sobre os riscos de resistência e informações sobre a avaliação da eficácia do uso de antimicrobianos. Provavelmente, na prática, essas políticas levam a um uso mais consistente e criterioso de antibióticos e isso reforça o quão significativo é o conhecimento e a prática baseada em experiências.

Resistência antimicrobiana

Uma das maiores preocupações globais hoje é com relação à resistência bacteriana e na pecuária leiteira é crescente a discussão sobre a conscientização sobre o uso racional de antibióticos. É por isso que bater nessa tecla e sugerir que a fazenda se modernize nesse sentido faz com que a propriedade não se torne obsoleta e seja cada vez mais competitiva no mercado.

Estudos indicam que a alta prevalência de bactérias resistentes no campo está associada ao uso excessivo de antibióticos. No caso da pecuária leiteira, a mastite é a principal doença que utiliza a terapêutica como alternativa para conter os avanços da patologia no rebanho. É por isso que se informar e conhecer os patógenos causadores de mastite é essencial e ainda contribui para reduzir despesas, evitar descarte de leite, entre outros. Não é à toa que, inclusive, nunca se falou tanto sobre protocolos seletivos da vaca seca.

Para isso, a cultura microbiológica na fazenda é uma ferramenta indispensável já que identifica os patógenos causadores de mastite, com resultados obtidos em cerca de 24h, empoderando os produtores para a tomada de decisões cada vez mais assertivas.

Por isso, é intrínseca a interpretação correta dos resultados para permitir tomadas de decisão e tratamentos adequados. Isso reforça ainda mais a importância de uma equipe treinada e bem informada.
Um estudo realizado nos EUA comparou os resultados de três sistemas de cultura na fazenda interpretados por colaboradores treinados e não treinados com os resultados de um método de referência laboratorial (cultura e espectrometria de massa). Para isso, 340 amostras de leite (280 quartos mamários e 60 compostas) foram cultivadas simultaneamente usando o método de referência e três sistemas de cultura comercialmente disponíveis. Após um período de 18 a 24h de incubação, o crescimento microbiano das placas de cultura foi interpretado por um microbiologista treinado (> 10 anos de experiência) e por seis observadores sem treinamento.

Os observadores sem treinamento não receberam capacitação prévia sobre a análise de amostras de leite e por isso, para realizar a interpretação dos resultados, foram guiados apenas pelas instruções dos fabricantes.

Os resultados do estudo mostraram que a experiência com análise de amostras de leite melhora a interpretação dos resultados de sistemas de cultura. Isso significa que além do manual de instruções do fabricante, o treinamento operacional prévio e informações sobre aquela situação específica são fundamentais para a correta interpretação de resultados da cultura e para direcionar estratégias adequadas de controle e tratamento da mastite. Neste caso, quando a fazenda opta pela cultura, concomitantemente deve ser realizado o treinamento adequado a fim de reduzir o risco de resultados falso-negativos e falso-positivos.

Assim, fica evidente que para que a propriedade leiteira seja cada vez mais assertiva em suas decisões e rume seus esforços para o melhor caminho, a informação é e sempre será a chave-mestra.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital de Bovinos, Grãos e Máquinas. Boa leitura!

 

Fonte: Por Eduardo de Souza Campos Pinheiro, médico-veterinário pela UFMG, diretor Técnico na empresa Rúmina e Raquel Maria Cury Rodrigues, zootecnista pela Unesp, redatora da Equipe Rúmina

Bovinos / Grãos / Máquinas

Apesar de cinco meses de aumento, preço ao produtor de leite segue abaixo de 2023

Com alta acumulada de 12,9% no primeiro trimestre de 2024, valor ainda está 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais.

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Foto: Ari Dias/AEN

O preço médio do leite captado em março foi de R$ 2,3290/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, 4,1% maior que o do mês anterior, mas 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março). Com esse resultado, o preço ao produtor acumula alta real de 12,9% neste primeiro trimestre. Porém, a média dos três primeiros meses deste ano está 21,7% inferior à igual intervalo de 2023.

Esta é a quinta alta mensal consecutiva no preço do leite pago ao produtor, e esse movimento é explicado pela redução da oferta no campo. A limitação da produção, por sua vez, ocorre devido ao clima adverso (seca e calor) e à retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea seguiu em queda – o recuo foi de 2,5% de fevereiro para março. No acumulado do primeiro trimestre, a captação diminuiu 7,5%. Esse contexto reforça a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A valorização do leite cru, contudo, não foi repassada na mesma intensidade para o preço dos derivados lácteos. Segundo pesquisas do Cepea, as cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do estado de São Paulo subiram 3,9% e 0,3% em março, respectivamente. Agentes de mercado relatam consumo ainda sensível na ponta final da cadeia, de modo que os canais de distribuição pressionam a indústria por valores mais baixos.

Ainda assim, a média dos lácteos no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano passado registra queda menor que a verificada para o preço pago ao produtor. De janeiro a março, a baixa real nos valores do UHT e também da muçarela foi de 10,4%.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para agentes do mercado. Embora as compras externas de lácteos estejam em queda, o volume internalizado neste ano ainda supera o do ano passado. Dados da Secex apontam que, em março, as importações caíram 3,3% frente a fevereiro. Porém, essa quantidade ainda é 14,4% maior que a do mesmo período do ano passado. Considerando-se o primeiro trimestre do ano, as aquisições somaram quase 577,5 milhões de litros em equivalente leite, 10,4% acima do registrado nos três primeiros meses de 2023.

Nesse contexto, a expectativa de agentes de mercado é que o ritmo de valorização do leite ao produtor perca força em abril.

Gráfico 1 – Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de março/2024). Fonte: Cepea-Esalq/USP.

 

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Efeito do uso de levedura viva probiótica na eficiência alimentar de bovinos leiteiros

Consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes, as leveduras vivas probióticas promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta.

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O uso de microrganismos vivos fornecidos diretamente como aditivo probiótico para bovinos tem aumentado significativamente nos últimos anos. Um desses exemplos é o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae, responsável pela melhoria no desempenho e na eficiência alimentar de bovinos.

Para vacas em lactação, por exemplo, o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae melhora o desempenho em todas as etapas de produção. Uma meta-análise realizada em 2010 envolvendo 14 experimentos e um total de 1.600 vacas leiteiras mostrou que o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 melhorou significativamente a eficiência alimentar (+3% em kg de Leite Corrigido para Gordura/kg de Matéria Seca Ingerida) para vacas em início e no final da lactação (Figura 1).

Figura 1: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 na eficiência alimentar de vacas em lactação. (LCG = Leite Corrigido para Gordura; MSI = Matéria Seca Ingerida).

Esses ganhos obtidos em aumento da produtividade ou eficiência alimentar podem ser explicados pela capacidade que a levedura viva tem em modificar o ambiente ruminal. Uma vez presente no rúmen, a levedura viva interage com a população microbiana (bactérias, fungos e protozoários) e os nutrientes (fibra, amido e proteína) em um ambiente anaeróbico e essas interações promovem maior estabilidade do pH ruminal (reduzindo o risco de acidose subaguda), estímulo ao desenvolvimento de bactérias fibrolíticas e aumento da digestibilidade da fibra.

Exemplo dessas modificações do ambiente ruminal foram observados em um trabalho conduzido ainda em 2007. Esse experimento mostrou que vacas suplementadas com a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 apresentaram aumento do pH ruminal (Figura 2). A análise de dados da literatura mostra que esse aumento do pH ocorre porque a levedura viva estimula o crescimento das espécies de bactérias utilizadores do ácido lático ruminal, principalmente Megasphaera elsdenii e Selenomonas ruminantium.

Figura 2: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento do pH ruminal.

Além de promover melhora no pH ruminal, o uso da levedura viva também apresenta efeitos positivos na digestibilidade da fibra. Outro estudo mostrou que a levedura viva probiótica aumentou em 4% a digestibilidade da fibra em relação ao tratamento controle (Figura 3). Esses autores observaram também melhora na eficiência alimentar para os animais tratados com a levedura viva.

Figura 3: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento da digestibilidade da fibra.

A digestibilidade da fibra é item primordial para maximizar o retorno sobre os custos com alimentação. Desafios ambientais (tais como estresse térmico) comprometem a função ruminal e, consequentemente, aumentam a concentração de nutrientes nas fezes. A suplementação com leveduras tem demonstrado efeitos positivos para a colonização de bactérias celulolíticas (tais como R. flavefaciens, por exemplo) e fungos, sugerindo um impacto particularmente marcante na quebra de ligações lignina-polissacarídeo e melhorando o aproveitamento dos nutrientes ingeridos.

Em conclusão, leveduras vivas são consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes porque promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta. Os benefícios para os produtores são vários: redução do risco problemas metabólicos e maior retorno sobre o investimento com alimentação, pois o uso da levedura viva como aditivo probiótico melhora tanto a produção de leite quanto a eficiência alimentar.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: jmoro@lallemand.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Mateus Castilho Santos / Divulgação

Fonte: Por Mateus Castilho Santos, engenheiro agrônomo, mestre em Ciência Animal e Pastagens, PhD em Ciências Animais e Alimentares e gerente técnico da Lallemand Animal Nutrition para a América do Sul.
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Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

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Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
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CBNA – Cong. Tec.

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