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Avicultura

ABPA projeta maior presença do frango brasileiro no mercado mundial

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Mesmo diante de vários desafios no setor de avicultura de corte, a cadeia avícola nacional manteve patamares elevados de produção e exportação, com projeções animadoras para 2023. Com novas oportunidades no mercado externo, o Brasil fortaleceu em 2022 a sua presença internacional como principal fornecedor mundial de carne de frango.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, a pressão sobre o preço do milho, insumo que representa cerca de 70% do custo total de produção, somado a alta no diesel e das embalagens, tornaram o ano mais desafiador para os produtores e à agroindústria, que precisaram mais do que nunca fazer a gestão do negócio para manter margens positivas. “O conflito no Leste europeu diminuiu a oferta global do milho, somado a quebra da safra de verão no Sul, impactaram de forma significativa os custos de produção, pois com a menor oferta do cereal no mercado os preços aumentaram, cenário que deve permanecer em 2023”, analisa Santin.

Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin: “Apesar dos custos de produção mais altos, o Brasil tem ótimas oportunidades para incrementar ainda mais as vendas no próximo ano no mercado mundial” – Foto: Mario Castello/ABPA

A produção nacional de carne de frango encerra 2022 com 14,5 milhões de toneladas, número 1,5% superior ao registrado no ano anterior, com 14,329 milhões de toneladas. Com essa quantidade produzida, o Brasil supera a China e assume o segundo lugar entre os maiores produtores mundiais de carne de frango, atrás apenas dos Estados Unidos.

O crescimento deve se manter positivo para este ano, com estimativas de alta na casa dos 2%, podendo atingir até 14,750 milhões de toneladas produzidas.

Com leve queda negativa de 0,2% na oferta do mercado interno em relação ao ano anterior, 2022 fecha com disponibilidade de 9,7 milhões de toneladas, projetando um aumento de produto interno em 0,5% em 2023, podendo chegar a 9,750 milhões de toneladas.

A estimativa da ABPA é alcançar o consumo per capita de 45,1 quilos, recuo de 0,8% frente ao registrado no ano anterior, com 45,5 quilos. Para este ano, a estimativa é retomar o consumo da carne de frango por habitante nos mesmos patamares de 2021, com crescimento de 0,8%.

No mercado interno, a carne de frango cotada no ano passado foi de R$ 146,14 por 100 quilos, enquanto que o produto europeu foi comercializado a R$ 262,92 e o norte-americano a R$ 268,31, evidenciando a competitividade da proteína brasileira.

Exportações

Em relação às exportações, o Brasil fecha o ano com valor recorde de 4,850 milhões de toneladas de carne de frango, crescimento de 5% em comparação a 2021, quando foram comercializadas no mercado externo 4,610 milhões de toneladas. Otimista e atenta às oportunidades dos mercados importadores, a ABPA prevê um volume de até 5,2 milhões de toneladas embarcadas ao longo de 2023, o que representa um aumento vultuoso de 8,5%. “Apesar dos custos de produção mais altos, o Brasil tem ótimas oportunidades para incrementar ainda mais as vendas neste ano no mercado mundial”, menciona Santin.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume projetado para 2022 poderá chegar a 4,436 milhões de toneladas, 5,6% maior que o embarcado nos primeiros 11 meses de 2021, com 4,199 milhões de toneladas. A receita acumulada pelo setor até novembro do ano passado chegou a US$ 8,977 bilhões, valor que supera em 29,3% os números registrados entre janeiro e novembro de 2021, com US$ 6,945 bilhões.

Principais destinos

Entre os principais destinos da carne de frango brasileira importada em grandes volumes, a China responde por 12% das importações, seguida pelos Emirados Árabes com 10%, Japão com 9%, Arábia Saudita com 7%, África do Sul com 6%, Filipinas e União Europeia com 5% cada, Coreia do Sul com 4%, Singapura e México com 3% cada. Outros 36% estão distribuídos entre países com menor participação.

Maior importadora da carne de frango brasileira, a China comprou 494,1 mil toneladas entre janeiro a novembro do ano passado, volume 16,2% menor que o embarcado no mesmo período de 2021, enquanto os Emirados Árabes aumentaram suas importações em 19,2%, abastecendo a demanda interna com 344 mil toneladas da proteína brasileira. Outros destaques foram as Filipinas, com 230,6 mil toneladas; União Europeia, com 220,2 mil toneladas (23,2%); Coreia do Sul, com 168 mil toneladas (63,2%); Singapura, com 141,3 mil toneladas (56,5%); e México, com 134,4 mil toneladas (31,3%).

Mundo

Segundo dados do USDA, a produção mundial de carne de frango ficará em torno de 100,93 milhões de toneladas em 2022, um crescimento superior a nove milhões de toneladas desde 2015. O Brasil segue como o segundo maior produtor mundial, mas mantém a liderança como maior exportador mundial de carne de frango. “O volume da exportação brasileira é maior que a quinta maior produção mundial, e apesar do aumento da oferta no mercado externo, no mercado doméstico a oferta não diminuiu, afinal tudo que produzimos quase 70% é consumido dentro do país. O consumidor brasileiro segue sendo nosso principal cliente”, ressalta o presidente da ABPA.

Conforme estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a oferta global de frango será apertada neste ano, em virtude do crescimento lento do setor, entre 0,5 e 1%, no entanto a previsão aponta que a maioria das indústrias terão desempenho elevado, acima do ponto de equilíbrio.

A tendência segue de alta para os custos de produção com ração animal, energia, combustível, mão de obra, entre outros. A pandemia de Covid-19 deve continuar com registros de novos casos e estratégias de conviver com a doença devem se intensificar, porém notificações poderão aumentar no inverno.

Com surtos de Influenza aviária nos cinco continentes, a doença deve continuar sendo uma grande preocupação global com impacto contínuo na cadeia e na economia dos países afetados.

As deficiências com a mão de obra e a logística do setor serão entraves que devem atrapalhar os mercados, além da alta nos preços do petróleo. “Apesar dos grandes desafios operacionais a cadeia segue otimista”, afirma Santin.

Em uma análise dos principais mercados globais, os órgãos internacionais estimam que os Estados Unidos vão ter um mercado mais equilibrado, porém com grandes preocupações em relação à Influenza aviária, que tem registros em 42 dos 46 Estados norte-americanos, o que vai gerar uma grande demanda pela carne de frango do mercado externo, podendo o Brasil atender o consumo interno do país.

No México, a demanda deve continuar forte pela proteína. O país recuperou o fornecimento de aves no terceiro trimestre do ano passado, mas deve continuar apreensivo para evitar o surgimento de novos casos da gripe aviária H5N1, doença altamente contagiosa nas aves relatada pela primeira vez em solo mexicano em outubro passado, tendo o vírus sido detectado em uma ave selvagem no distrito de Metepec, a Oeste da capital Cidade do México.

Com uma produção recorde, o Brasil se projeta como o principal fornecedor global da carne de frango, no entanto, segue atento aos surtos de Influenza aviária nos países vizinhos a fim de evitar a entrada da doença no plantel nacional. Por sua vez, na Inglaterra os desafios devem continuar com o abastecimento, visto que enfrenta problemas trabalhistas e altos custos de produção, já na União Europeia o mercado deve se manter equilibrado, mas casos de Influenza aviária mantêm a oferta baixa e custos de produção no pico.

Com a economia fortalecida, a Arábia Saudita continuará apostando nos produtos brasileiros para garantir a segurança alimentar da sua população, enquanto a África do Sul deverá ter forte crescimento local, mantendo até agosto deste ano a suspensão das tarifas sobre as importações da carne de frango do Brasil, Dinamarca, Irlanda, Polônia e Espanha, como parte das medidas para aliviar a inflação de alimentos no país.

Já a Holanda enfrenta problemas com reprodutores, restrições comerciais, fornecimento de insumos e impostos sobre grãos, problemas que devem persistir no país. Por outro lado, na China é previsto queda na produção, mas os preços dos alimentos seguirão melhorando, com fechamento de wet markets. Nas Filipinas, surtos de Influenza aviária e Peste Suína Africana (PSA) devem continuar atormentando os filipinos, com pouca oferta de produto interno, preços altos e custos elevados de alimentação. E na Tailândia, apesar dos impactos gerados pela PSA, o cenário é otimista, com maior disponibilidade de mão de obra e as exportações em níveis melhores.

Reforço das medidas de prevenção contra Influenza aviária

Único entre os grandes produtores mundiais a nunca registrar Influenza aviária em seu território, o Brasil redobrou a atenção e os cuidados sanitários com os recentes casos da doença na América do Sul.

Desde outubro de 2022, o vírus foi identificado nas áreas litorâneas da Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Chile. Esse aumento de casos acendeu um alerta e fez com que a cadeia avícola e os órgãos nacionais de defesa sanitária intensificassem as medidas de prevenção à doença viral no país.

Conforme organismos internacionais, surtos da gripe aviária já foram registrados em países dos continentes africano, americano, asiático, europeu e na Oceania, se configurando como a maior epidemia já ocorrida no mundo.

Com o período migratório das aves do Hemisfério Norte para a América do Sul de novembro a abril, esse é o momento para aumentar as ações de vigilância pelo serviço veterinário oficial e órgãos ambientais, bem como reforçar as medidas de biosseguridade pelos avicultores a fim de mitigar os riscos de ingresso e disseminação da enfermidade no Brasil.  “O Brasil nunca registrou nenhum caso de Influenza aviária e esperamos continuar assim. Com vistas a garantir a segurança do plantel brasileiro, intensificamos os protocolos de biosseguridade nas granjas e recomendamos a suspensão imediata das visitas às granjas, frigoríficos e demais estabelecimentos da avicultura no Brasil”, ressalta Santin.

Sobre o impacto nas exportações, Santin esclareceu que mesmo que sejam registrados algum caso em aves silvestres ou domésticas, o status sanitário do país não sofre alteração, contudo, se o caso é registrado na produção industrial, as regras vigentes bloqueiam o comércio somente nas áreas afetadas. “Para chegar até nossos planteis ou nas indústrias brasileiras é um longo caminho, que espero que nunca seja percorrido, mas em caso de haver notificação as equipes do serviço oficial estão preparadas para atender qualquer emergência sanitária. É importante lembrar que notificações de Influenza aviária de alta patogenicidade em aves silvestres, ou outras que não sejam de produção, e de aves domésticas ou de cativeiro com Influenza aviária de baixa patogenicidade, não afetam o status sanitário do país e não deverão gerar banimento ou imposições de mercado”, expõe.

O presidente da ABPA reforça ainda que as barreiras naturais formadas pela cordilheira dos Andes e pela floresta amazônica são importantes para manter o Brasil livre da doença viral, atrelado aos controles feitos pelos órgãos federais e estaduais de defesa agropecuária, além dos protocolos de biosseguridade adotados pelos produtores nas granjas.

Entre as medidas adotadas pelo serviço veterinário oficial para evitar um surto local estão a testagem de amostras coletadas de aves de subsistência criadas em locais próximos a sítios de aves migratórias para monitorar a circulação viral, permitir a demonstração de ausência de infecção e apoiar a certificação do Brasil como país livre de Influenza Aviária.

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Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Especialista aponta desafios e novas estratégias na luta contra a Salmonella

Médico-veterinário Fernando Ferreira detalha fatores de risco a campo para controle de Salmonella spp., enfatizando a relevância da realização de estudos focados na prevenção da enfermidade.

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Garantir a segurança alimentar e a sanidade das aves são prioridades da cadeia avícola brasileira. Durante o 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura, realizado em abril na cidade de Chapecó (SC), o médico-veterinário Fernando Ferreiramédico-veterinário Fernando Ferreira, especialista em Saúde Pública e coordenador geral de Prevenção e Vigilância em Saúde Animal (CGVSA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), abordou os fatores de risco a campo para controle de Salmonella spp., enfatizando a relevância da realização de estudos focados na prevenção da enfermidade.

Médico-veterinário, especialista em Saúde Pública e coordenador da CGVSA do Ministério da Agricultura e Pecuária, Fernando Ferreira: “Só se controla o que se conhece e exatamente por isso é fundamental que ocorram investigações dedicadas com posterior aplicação de medidas de controle, que devem ser periodicamente reavaliadas” – Foto: Arquivo pessoal

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, Ferreira aprofunda os desafios do controle da bactéria na avicultura. Segundo ele, diversos aspectos podem contribuir para a contaminação dos lotes, desde a origem das aves até a higiene da granja: através da aquisição de animais contaminados oriundos de matrizes infectadas, infecção cruzada no incubatório e equipamentos contaminados, contaminação ambiental nos galpões de criação devido ao baixo nível de higiene na granja, presença de roedores e insetos, limpeza inadequada e falta de vazio sanitário entre lotes, além da contaminação dos alimentos e da água potável.

O profissional destaca ainda que foi realizado um trabalho de campo com a execução do Termo de Execução Descentralizada (TED/Embrapa/Mapa), cujo resultado será apresentado em sua palestra, envolvendo a aplicação de questionários para identificar os fatores de risco associados.

Conforme Ferreira, o estudo teve como objetivo promover a identificação dos fatores de risco avaliados por meio do caso-controle realizado em estabelecimentos avícolas de Santa Catarina. “O estudo buscou relacionar a presença de Salmonella spp. em granjas envolvidas em surtos identificados no período do desenvolvimento do estudo com variáveis associadas à biosseguridade, investigadas por meio de aplicação de questionário estruturado. Adicionalmente, buscou-se avaliar a presença deste agente em amostras de diferentes fontes potenciais de contaminação – poeira, bebedouro, comedouro e ambiente – obtidas nas granjas selecionadas para inclusão no estudo”, explicou, acrescentado que o estudo foi realizado em parceria com a Divisão de Sanidade das Aves do Mapa, com a Embrapa Suínos e Aves, e contou com apoio  da Universidade de São Paulo (USP), da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (Cidasc) e do Centro de Diagnóstico de Saúde Animal (Cedisa).

Densidade populacional

A densidade populacional das aves em uma granja avícola desempenha um papel preponderante na disseminação de Salmonella spp. e de outras doenças. “Manejos com alta densidade de animais exigem uma maior dedicação na detecção de ocorrência de doenças, uma vez que a presença de um agente patogênico pode se propagar mais rapidamente em um ambiente com grande concentração de aves”, frisa Ferreira.

Nesse contexto, a atuação do responsável técnico se torna ainda mais fundamental, a fim de que se busque uma detecção rápida para ação precoce, visando promover um controle eficaz dos agentes em circulação nos sistemas de produção avícola. “Essa abordagem proativa é essencial para mitigar os riscos à saúde das aves e dos consumidores, garantindo a segurança alimentar e o bem-estar animal”, enaltece.

Qualidade da água

A água e a ração devem ser provenientes de fonte segura, na qual seja possível identificar a ausência de patógenos e contaminantes. “Tanto a ração como a água fornecidas às aves devem ser isentas de patógenos que ofereçam riscos à saúde dos animais, por isso é importante a realização de análises microbiológicas frequentes associadas a tratamento que promova a eliminação e/ou controle de patógenos que possam ser veiculados pela água e ração aos animais”, pontua.

Ferreira também reforça que os silos de ração devem estar localizados próximos às cercas, visando o abastecimento sem acesso à unidade de produção. “Os silos devem permanecer tampados de forma a impedir o acesso de moscas, ratos e pássaros ou outras aves de vida livre”, reforça.

Conforto térmico

Em relação aos efeitos do ambiente de criação, como temperatura e umidade, na sobrevivência e disseminação de Salmonella em frangos de corte, Ferreira destaca que esses dois fatores são frequentemente mencionados como predisponentes para ocorrência e sobrevivência de bactérias de maneira geral, sem mencionar os efeitos no animal. “Deve-se buscar o controle mais favorável possível, pensando na ave e na transmissão/disseminação dos agentes etiológicos. Manter condições ambientais adequadas, incluindo controle preciso de temperatura e umidade, é essencial para minimizar o risco de infecção por Salmonella e garantir o bem-estar das aves. Além disso, estratégias de manejo que promovam a higiene e a saúde das aves são fundamentais para reduzir a prevalência e a disseminação de Salmonella na produção avícola”, expõe.

Práticas de biossegurança

Programas de biosseguridade devem ser concebidos e implementados com base nos riscos de doença existentes e no status relacionado a estas. Isso inclui a revisão contínua da eficácia das medidas implementadas, a fim de identificar lacunas e adaptar os objetivos e métodos conforme necessário. Essa abordagem torna cada programa de biosseguridade único em sua aplicação.

No entanto, de maneira geral, se os estabelecimentos aplicarem as medidas previstas na Instrução Normativa nº 56/2007, podem obter redução do risco de ocorrência de Salmonella spp. e outros agentes etiológicos. Essas medidas estão divididas em três grandes dimensões: na primeira dimensão deve-se avaliar a localização geográfica e a proximidade com áreas de alta densidade produtiva, sítios de aves migratórias ou áreas urbanas e estradas; na segunda dimensão estão as questões estruturais, que compreendem as cercas, barreiras existentes, características internas do galpão e quaisquer equipamentos associados que possam contribuir na prevenção e adição de isolamento. E a terceira dimensão contempla as questões operacionais, que envolvem os protocolos e programas instituídos, ou seja, as atividades executadas com vistas à prevenção de patógenos. “Juntas, essas atividades podem contribuir com a prevenção, monitoramento e controle das diferentes doenças que acometem o sistema de produção avícola”, frisa o profissional.

Medidas de controle

Para o controle de Salmonella spp. o foco é sempre a prevenção, por meio da adoção de medidas de biosseguridade e procedimentos operacionais que visam prevenir, controlar e limitar a exposição das aves contidas em um sistema produtivo a agentes causadores de doenças. “A eficácia se dá justamente pela adoção conjunta, uma vez que é um agente etiológico de origem multifatorial”, menciona o médico-veterinário.

As ações com foco em biosseguridade estão previstas no Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), que define, por meio da Instrução Normativa nº 56/2007, os procedimentos para o registro, a fiscalização e o controle sanitário dos estabelecimentos avícolas de reprodução, comerciais e de ensino ou pesquisa. “As monitorias periódicas vão sempre oferecer informações, acerca da presença do agente. Só se controla o que se conhece e exatamente por isso é fundamental que ocorram investigações dedicadas com posterior aplicação de medidas de controle, que devem ser periodicamente reavaliadas”, ressalta.

Além disso, há previsão de risco diferenciado contemplado na Instrução Normativa nº 10/2013, que define um programa de gestão de risco diferenciado, baseado em vigilância epidemiológica e adoção de vacinas para os estabelecimentos avícolas considerados de maior susceptibilidade à introdução e disseminação de agentes patogênicos no plantel avícola nacional, bem como para estabelecimentos avícolas que exerçam atividades que necessitam de maior rigor sanitário.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Especialista aponta desafios e estratégias na nutrição para aumentar imunocompetência em frangos de corte

Estratégias de manejo alimentar, como a formulação de dietas balanceadas e enriquecidas de nutrientes específicos, uso de aditivos alimentares para promover a saúde intestinal, implementação de programas de vacinação e o monitoramento da qualidade da água de bebida são essenciais para fortalecer a imunocompetência em frangos de corte desde a fase inicial.

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Em tempos em que a produção avícola enfrenta desafios complexos, compreender como a nutrição afeta diretamente a capacidade imunológica das aves desde os estágios iniciais pode representar um diferencial significativo para os produtores. As implicações dessas descobertas não apenas podem otimizar os resultados de produção, mas também contribuir para o bem-estar e a saúde das aves, garantindo um setor avícola mais resiliente e sustentável. A imunocompetência nas fases iniciais e sua relação com a nutrição foi tratada pelo médico-veterinário e professor de Vacinologia Veterinária na Universidade Federal do Paraná, Breno Castello Branco Beirão, no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), evento realizado em meados de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Médico-veterinário e professor de Vacinologia Veterinária na Universidade Federal do Paraná, Breno Castello Branco Beirão: “A qualidade da dieta da matriz afeta a transferência imune pelo ovo, ou seja, há efeitos indiretos da qualidade da dieta da matriz sobre a progênie” – Foto: Divulgação

Durante sua palestra, o profissional tratou sobre os desafios nutricionais, estratégias de manejo alimentar e os impactos na saúde e desempenho das aves, destacando a importância vital dessa abordagem para uma produção avícola resiliente e sustentável. “Uma nutrição adequada desempenha um papel fundamental na saúde e no desempenho das aves de corte, especialmente durante as fases iniciais de crescimento. Além disso, a prevenção de doenças através do fortalecimento do sistema imunológico é essencial para garantir a produtividade e a rentabilidade da produção avícola”, afirmou o docente.

A imunocompetência nos estágios iniciais da vida é um fator determinante que afeta diretamente a saúde e a produtividade das aves de corte. Beirão explica que as aves não nascem com o sistema imunológico totalmente desenvolvido, sendo que ele amadurece gradualmente nos primeiros dias de vida em contato com o ambiente. “Esse período inicial é crítico, pois as aves são mais suscetíveis a invasões por patógenos, exigindo atenção especial dos produtores para garantir sua saúde e bem-estar”, aponta.

Além disso, Beirão diz que é fundamental compreender que se o sistema imunológico for comprometido durante essa fase, seu amadurecimento pode ser prejudicado, resultando em um estado imunológico imaturo, que persistirá ao longo da vida da ave.

Em relação aos nutrientes essenciais para promover a imunocompetência em pintinhos de corte e sua influência na resistência a doenças, Beirão destaca que todos são fundamentais, no entanto, alguns se destacam por sua importância, uma vez que apresentam um impacto significativo na resposta imunológica. “A constituição proteica da dieta é considerada o principal fator, sendo indispensável para o desenvolvimento da imunidade. Sem uma quantidade adequada de proteínas na dieta, a imunidade fica comprometida. Além disso, outros nutrientes desempenham papéis essenciais, como os micronutrientes, incluindo o zinco, e as vitaminas, entre as quais a vitamina A, fundamental para a saúde das mucosas, uma barreira importante contra patógenos”, esclarece.

Importância da dieta materna

O papel da dieta materna na imunocompetência dos pintinhos de corte durante a fase de incubação e eclosão é de extrema importância. A qualidade e composição da dieta da matriz afetam diretamente o desenvolvimento do sistema imunológico dos pintinhos antes mesmo de eles eclodirem. “Vitaminas, minerais e antioxidantes presentes na dieta da matriz são transferidos para os embriões através dos ovos e desempenham um papel fundamental na formação e maturação do sistema imunológico dos pintinhos. Além disso, a qualidade da dieta da matriz afeta a transferência imune pelo ovo, ou seja, há efeitos indiretos da qualidade da dieta da matriz sobre a progênie”, ressalta.

Efeitos de dietas desequilibradas

Dietas desequilibradas ou deficientes em nutrientes essenciais podem ter impactos significativos na saúde das aves, especialmente em termos de imunidade e saúde intestinal. Embora seja verdade que na avicultura comercial os programas de alimentação sejam geralmente bem formulados para atender às necessidades nutricionais das aves, ainda existem situações em que desequilíbrios momentâneos podem ocorrer, especialmente durante períodos de estresse ou desafios imunológicos. “Um sistema imunológico enfraquecido devido à deficiência nutricional pode resultar em uma resposta imune inadequada às infecções, tornando as aves mais propensas a ficarem doentes e a experimentarem taxas mais altas de mortalidade”, expõe o médico-veterinário.

Além disso, dietas deficientes também podem afetar negativamente a saúde intestinal das aves. O intestino é um órgão crucial para a absorção de nutrientes, e qualquer perturbação em sua função pode levar a distúrbios digestivos e redução na absorção de nutrientes. Beirão diz ainda que é essencial garantir que as aves recebam uma dieta equilibrada e adequada em todos os estágios de seu ciclo de vida. “Isso não apenas vai promover a saúde e o bem-estar das aves, mas também vai contribuir para a produtividade e a rentabilidade da produção avícola”, pontua.

Estratégias de manejo alimentar

Estratégias de manejo alimentar, como a formulação de dietas balanceadas e enriquecidas de nutrientes específicos, uso de aditivos alimentares para promover a saúde intestinal, implementação de programas de vacinação e o monitoramento da qualidade da água de bebida são essenciais para fortalecer a imunocompetência em frangos de corte desde a fase inicial.

Os probióticos, por exemplo, são microrganismos benéficos que podem ajudar a restaurar e manter o equilíbrio da microbiota intestinal, contribuindo para uma melhor saúde digestiva e imunológica. Os prebióticos, por sua vez, são substâncias que estimulam o crescimento e a atividade desses probióticos no trato gastrointestinal, promovendo um ambiente intestinal saudável. Ácidos orgânicos e antioxidantes também podem desempenhar papéis importantes na redução da carga bacteriana patogênica e na proteção das células contra danos oxidativos, respectivamente, contribuindo para uma melhor saúde geral das aves.

Além disso, é essencial monitorar e garantir a qualidade da água de bebida fornecida às aves. “A água desempenha funções essenciais na fisiologia das aves e pode afetar diretamente a digestão e a absorção de nutrientes. Água contaminada ou de má qualidade pode comprometer a saúde das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e prejudicando a eficácia da nutrição fornecida através da dieta”, reforça Beirão.

Desafios nutricionais

Os desafios nutricionais enfrentados durante a fase inicial de crescimento das aves de corte são diversos e podem ter impactos significativos na imunocompetência e no desempenho geral das aves. “Um dos principais desafios é garantir que as aves recebam uma dieta balanceada e de alta qualidade desde o início. Isso envolve fornecer os nutrientes essenciais necessários para um crescimento saudável, bem como evitar deficiências ou excessos que possam comprometer a saúde das aves”, salienta o especialista.

Além disso, garantir a ingestão adequada de nutrientes essenciais é fundamental para promover a imunocompetência das aves. “Deficiências de nutrientes importantes, como vitaminas, minerais e aminoácidos, podem enfraquecer o sistema imunológico das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e infecções”, menciona o profissional.

Segundo Beirão, outro desafio nutricional importante é lidar com fatores ambientais que podem afetar a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes pelas aves. “Mudanças na temperatura ambiente, estresse térmico, qualidade do ar e outros fatores ambientais podem influenciar o comportamento alimentar das aves e sua capacidade de absorver nutrientes adequadamente”, afirma o médico-veterinário.

Esses desafios nutricionais não apenas representam obstáculos para o crescimento e o desenvolvimento saudável das aves, mas também têm um impacto direto na imunocompetência das aves, tornando-as mais suscetíveis a doenças e comprometendo seu desempenho geral. “É essencial adotar estratégias de manejo alimentar eficazes para enfrentar esses desafios e garantir a saúde e o bem-estar das aves desde as fases iniciais de crescimento. Isso inclui a formulação cuidadosa de dietas balanceadas, o uso estratégico de suplementos nutricionais, o monitoramento regular da saúde das aves e a implementação de medidas para mitigar os efeitos adversos de fatores ambientais sobre a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes”, evidencia.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Resultados uniformes e consistentes para uma maior eficiência econômica em granjas avícolas

A eficiência alimentar é o principal indicador de performance técnica na produção de aves e suínos. Com os preços da carne e ovos em alta, mas nem sempre compensando os aumentos dos custos com a alimentação, a taxa de conversão alimentar se torna o primeiro indicador a ser melhorado.

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A grande pressão nos preços tem forçado todas as organizações a melhorarem sua eficiência econômica de uma maneira profunda. O mundo da produção animal não está imune a essa limitação, muito pelo contrário. Tanto para a produção de carne de frango, ovos ou carne suína, os custos com a alimentação representam mais de 50% dos custos de produção no campo. Este é o motivo pelo qual é essencial focar na eficiência alimentar.

Porém, na cadeia alimentar, o campo não é a única parte envolvida. Empresas de produção e abatedouros têm suas próprias dificuldades. Ainda que, atualmente, o foco principal seja em custos com energia e mão de obra, estas empresas também têm que gerenciar as oscilações na produção. Na verdade, o número e o peso dos animais no frigorífico nunca alcançam o que foi planejado na logística. Por outro lado, a mortalidade e as variações de manejo na performance de crescimento são fontes de divergências que penalizam os frigoríficos e toda a cadeia de produção.

Hoje, é possível melhorar a situação através de ações em ambas:

A resiliência da economia das propriedades através da eficiência alimentar.
A eficiência econômica através da uniformidade na produção.
A eficiência alimentar para a sustentabilidade econômica das granjas

A eficiência alimentar é o principal indicador de performance técnica na produção de aves e suínos. Com os preços da carne e ovos em alta, mas nem sempre compensando os aumentos dos custos com a alimentação, a taxa de conversão alimentar se torna o primeiro indicador a ser melhorado.

Algumas soluções técnicas com o objetivo de baixar o custo de alimentação rapidamente se mostram limitadas. A performance, ou pelo menos a taxa de consumo de ração, devem ser mantidas para continuar tirando o máximo de proveito dos altos preços da venda dos produtos. Portanto, cada vez que um novo ingrediente é adicionado ou as margens de segurança para exigências nutricionais são reduzidas, uma medida para proteger os resultados deve ser implementada. Aditivos nutricionais à base de óleos essenciais e formulados para performance têm seu papel nessa estratégia, e com baixo investimento.

Uma outra abordagem é a melhoria na produtividade da carne e ovos. Nessa situação, o alvo é reduzir a taxa de conversão alimentar para baixar os custos com a alimentação e/ou produzir mais pelo mesmo preço. Novamente, aditivos formulados com óleos essenciais são relevantes pelo seu investimento acessível e retorno elevado (Figura 1). Este exemplo de resultado consistente foi demonstrado por uma pesquisa através de uma meta-análise baseada em 25 experimentos conduzidos em granjas comerciais de sete países diferentes.

Figura 1 – Aumento na taxa de crescimento e eficiência alimentar de frangos de corte consumindo um blend de extrato de plantas. Blend de extrato de plantas = Dieta Controle + 100 ppm de extrato de plantas.

 

Por fim, o sucesso da operação atualmente reside na uniformidade dos resultados obtidos apesar da diferença entre as granjas. A combinação certa de ativos na dosagem correta se torna uma solução que proporciona resultados uniformes e consistentes em uma variedade de ambientes. Quanto mais completa e sinérgica é a composição, mais efetivo é o produto (Figura 2). Isto foi muito bem descrito em uma meta-análise baseada em artigos publicados sobre a resposta do carvacrol na performance de frangos de corte.

Figura 2 – Associação sinérgica de carvacrol e especiarias potencializam os benefícios e o uso em frangos de corte.

Uniformidade para simplificar o planejamento da produção e melhorar a eficiência econômica

Na dinâmica de organização da produção, a chave para alcançar eficiência econômica reside em um planejamento estruturado: é essencial alinhar o envio de animais para abate que correspondam em número e qualidade às demandas diárias dos frigoríficos. No entanto, a criação de frangos representa um desafio considerável para a exatidão de um planejamento matemático.

O produto capaz de fazer animais de diferentes propriedades atingirem o mesmo peso no mesmo dia ainda não está disponível. Entretanto, aves alimentadas com um blend de extratos sinérgico apresentam um ganho de peso maior e mais uniforme. As divergências de performance observadas entre um lote e outro são de fato menores, assim como as diferenças de planejamento. Simplesmente, reduzindo os atrasos em diferentes propriedades fica fácil ganhar um dia efetivo de produção que, dependendo da situação, pode ser aproveitado para um vazio sanitário mais seguro ou um aumento na produção geral: ganhar um dia de produção por ciclo equivale a um acréscimo de 2% na produção anual.

Esta é a razão pela qual uma linha de agentes naturais à base de extratos de plantas e especiarias é utilizada para aprimorar a eficiência alimentar e reforçar a uniformidade na produção, contribuindo assim para melhorias contínuas na produtividade geral:

  • Lotes mais lucrativos para os produtores: redução de conversão alimentar.
  • Lotes mais homogêneos no frigorífico: diminuição de penalizações aos produtores, melhor performance ao abate.
  • Resultados mais consistentes entre um lote e outro: otimizando o planejamento de produção.

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Fonte: Por Jean-François Gabarrou, gerente Científico Animal Care da Phodé
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