Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas Nutrição

Suplementos sólidos para bovinos ganham espaço

A suplementação sólida é uma alternativa muito interessante para os sistemas tropicais de produção de bovinos a pasto

Publicado em

em

Sérgio Medeiros

Artigo escrito por Luiz Orcirio Fialho, engenheiro agrônomo, mestre em Zootecnia e doutor em Ciência Animal com concentração em Nutrição Animal e pesquisador da Embrapa Gado de Corte; e Luana Silva Caramalac, zootecnista, mestre em Produção Animal do Cerrado, doutoranda em Ciência Animal com concentração em Nutrição Animal

As pastagens tropicais apresentam composição mineral variável e muito dependente da fertilidade dos solos em que são implantadas (quando cultivadas) ou nascem (quando nativas). Assim, solos férteis possibilitam o crescimento de pastagens mais nutritivas e ricas em minerais, sendo o inverso também verdadeiro.

Do ponto de vista de nutrientes orgânicos apresentam um ciclo anual dependente da estação climática, sendo mais nutritivas nas estações chuvosas, com maiores teores de proteína e energia e melhor digestibilidade – Quadro 1.

Quadro 1 – Composição anual das forragens e valores desejados para o alcance de bons desempenhos diários

De maneira geral as pastagens brasileiras são essencialmente deficientes em Sódio, Fósforo, Cálcio, Zinco, Cobre; muitas vezes deficientes em Enxofre, Magnésio, Iodo, Cobalto e Selênio e algumas vezes em Ferro, Manganês e Potássio. Para se ter uma ideia, estudos realizados sobre pastagens brasileiras mostrou que em 72% das amostras havia níveis menores de 0,12% de Fósforo e 95,6% níveis inferiores à 20 mg/kg de Zinco, para exigências de 0,16% e 30 mg/kg de matéria seca respectivamente.

Dados observados em uma propriedade na região sul do Estado de Mato Grosso do Sul, pelo período de 7 anos (2013-2019), em um rebanho de média anual de 15 mil reses, em pastagens de Brachiaria brizantha CV Marandú, recebendo suplemento mineral e/ou proteinados de baixo consumo, mostraram que os desempenhos médios em ganho de peso diário foram de 600 gramas/animal/dia no período chuvoso (novembro-maio) e de 200 gramas/animal/dia (maio-novembro) representando média anual de 400 gramas, incompatíveis com a necessidade para a produção de animais precoces.

Apesar do fato real da necessidade de suplementação, ocorre que respostas de desempenho animal em virtude da oferta de suplementos concentrados nem sempre são lineares, o que leva às situações de gastos elevados para desempenhos esperados insatisfatórios, conforme mostram os dados observados na revisão de trabalhos apresentada pelo pesquisador Sergio Raposo de Medeiros, da Embrapa Pecuária Sudeste – Quadro 2.

Assim, sistemas que otimizem o uso das pastagens, por meio do manejo correto (entrada e saída dos animais) e da manutenção da sua fertilidade (adubação e correção), costumam ter respostas econômicas vantajosas, especialmente quando associados às suplementações estratégicas, com suplementos de baixo consumo durante a recria e com concentrados no terço final da terminação a pasto.

Suplementos minerais em pó ou farelados são as formas mais comuns de suplementação de bovinos nos sistemas de produção em pastagens no Brasil. Entretanto vem crescendo rapidamente um novo formato de suplementação, já há muito utilizada em outros países – uso de suplementos sólidos.

Quadro 2 – Eficiência do nível de suplementação

Suplementação sólida

O desenvolvimento da suplementação sólida se deu a partir de 1930, quando eram feitos apenas de ureia e minerais. Porém, na década de 70, grandes empresas de nutrição animal investiram em pesquisas com os suplementação sólida multinutricional, adicionando melaço e outros nutrientes. A partir de 1990 essa tecnologia foi difundida e nos dias atuais mais de 60 países do mundo estão fazendo uso desse suplemento para a alimentação de ruminantes, enfrentando assim os períodos críticos de escassez de nutrientes da forragem.

Surgindo como uma alternativa eficiente para atender às demandas de mantença e produção dos ruminantes, oferece liberação gradual de energia, minerais, vitaminas e proteínas. Os animais podem consumir o mineral sólido em pequenos intervalos ou continuamente, tornando os ingredientes disponíveis para nutrir os microrganismos ruminais de forma lenta e contínua, melhorando a digestibilidade do pasto, aumentando assim a produtividade.

Os suplementos sólidos podem ser formulados para as diferentes categorias (cria, recria e engorda), contêm a totalidade de minerais requeridos além de fontes de vitaminas, proteína, energia, leveduras e bactérias vivas.

Atualmente a Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS) vem trabalhando em um estudo a fim de comparar e avaliar o uso de suplementos sólidos no que se refere ao consumo, ganho de peso, e comportamento de acesso ao cocho por animais suplementados na forma sólida ou em pó. Os dados preliminares mostram bons desempenhos e acesso mais regular dos animais ao cocho.

Além da menor necessidade de investimentos em estrutura de cochos e sua manutenção, a suplementação sólida apresenta as seguintes vantagens:

  • Não necessitam de adaptação;
  • Não apresentam risco de intoxicação mesmo sob chuva, pois essa tecnologia de suplementação sólida evita a solubilização da ureia;
  • Permite uma reposição espaçada, reduzindo assim a mão de obra, pois não necessita de fornecimento;
  • Permite um manejo inteligente das pastagens, uma vez que quando os blocos são fornecidos em áreas menos pastejadas, contribuem com a regularização do consumo uniforme do pasto e aumentando o ganho por área;
  • Diminui o efeito de dominância no lote, devido a alocação de diversos blocos e distanciados entre si;
  • Geralmente são embalados de forma que as mesmas possam servir adequadamente para o transporte, armazenamento e de oferta no campo, flexibilizando assim o manejo da propriedade.

Alternativa

A suplementação sólida é uma alternativa muito interessante para os sistemas tropicais de produção de bovinos a pasto. É possível que pelas suas vantagens adicionais, a escolha pelos produtores e o seu uso aumentem gradativamente, à medida que as pesquisas avancem e as indústrias apresentem opções de formulações e produtos vantajosos, como estamos observando.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Embrapa propõe políticas para reaproveitamento de pastagens degradadas

Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção. de energia.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares (ha) de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção de energia. O volume de hectares equivale ao tamanho do estado do Rio Grande do Sul.

O cerrado é o bioma com o maior número de áreas em degradação. Os estados com as  maiores áreas são o Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

Para ter uma ideia das possibilidades de reaproveitamento, se toda essas áreas fossem usadas para o cultivo de grãos (arros, feijão, milho, trigo, soja e algodão) haveria uma aumento de 35% a área total plantada no Brasil (comparação com a safra 2002/2023).

A extensão do problema e as diferentes possibilidades de reaproveitamento econômico dessas áreas fizeram o governo federal a criar no final do ano passado o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (Decreto nº 11.815/2023).

Para implantar o programa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, publicou em um livro mais de 30 sugestões de políticas públicas, que o país tem experiência e tecnologia desenvolvida para implantação.

Planejamento 
Apesar da expertise acumulada, a efetivação é um desafio. Cada área a ser recuperada exige estudo local. O planejamento das ações “deve levar em consideração informações sobre o ambiente biofísico, a infraestrutura, o meio ambiente e questões socioeconômicas. Além disso, é preciso avaliar o histórico de evolução pecuária no local e entender quais fatores condicionam a adoção dos sistemas vigentes”, descreve o livro publicado pela estatal.

A partir do planejamento, é necessário criar condições para o reaproveitamento das áreas: crédito, capacitação dos produtores e assistência. “É preciso integrar políticas públicas, fazer com que os produtores rurais tenham acesso ao crédito, ampliar o serviço de educação no campo, e dar assistência técnica e extensão rural para a estruturação de projetos e para haja um trabalho contínuo e não uma coisa pontual”, assinala o engenheiro agrônomo Eduardo Matos, superintendente de Estratégia da Embrapa.

Nesta sexta-feira (26), a empresa faz 51 anos de funcionamento. A cerimônia de comemoração, nesta quinta-feira (25), contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um exemplar do livro foi entregue à comitiva presidencial.

No total, as áreas de pastagem ocupam 160 milhões de hectares, sendo aproximadamente 50 milhões de hectares formados por pasto natural e o restante pasto plantado. A área de produção de grãos totaliza 78,5 milhões de hectares, e as florestas plantadas para uso econômico ocupam uma área aproximada de 10 milhões de hectares.

De acordo com o IBGE, a atividade agropecuária ocupa mais de 15 milhões de pessoas no Brasil. Um terço desses empregos são na pecuária bovina (4,7 milhões). O país é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador (11 milhões de toneladas).

Fonte: Agência Brasil
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Rentabilidade ao produtor de leite melhora impulsionada pela redução dos custos de produção e pela sazonalidade da oferta

Mercado de leite enfrenta um cenário desafiador, marcado por incertezas, queda na oferta interna e nos preços ao consumidor.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mercado nacional e global de leite ainda segue sob grandes incertezas. Na área internacional, os preços perderam um pouco o ritmo de elevação, influenciado principalmente, por uma menor demanda chinesa. Além disso, o gigante asiático vem estimulando a produção interna substituindo parte da importação.

O leite em pó integral fechou em US$3.269/tonelada no leilão GDT do dia 16 de abril. No mesmo mês em 2023 este preço estava no patamar de US$ 3.100/tonelada. Na Argentina, a oferta de leite segue complicada por uma piora na rentabilidade nas fazendas. Nos dois primeiros meses do ano, a produção de leite da Argentina caiu 13,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Foto: Ari Dias

Já no mercado interno, as cotações de leite e derivados vêm reagindo, mas o cenário de menor competitividade em preços e queda de braço com as importações permanece. No primeiro trimestre de 2024, as importações brasileiras totalizaram 560 milhões de litros, com alta de 10,8% em relação a 2023. O diferencial de preços, tanto do leite em pó quanto do queijo muçarela, está mais favorável ao derivado importado.

Enquanto isso, governos estaduais tem se manifestado com medidas tributárias e fiscais para tentar reduzir a entrada de derivados lácteos oriundos do exterior. Vale lembrar que em 2023 as importações responderam por 9% da produção doméstica e um recuo nesse volume tende a deixar a oferta mais restrita, sustentando os preços internos. Mas também irá exigir uma resposta mais rápida da produção interna, suprindo a demanda brasileira.

Sazonalidade da produção de leite

A sazonalidade da produção de leite no Brasil é bastante pronunciada, mesmo considerando o crescimento dos sistemas de produção de maior adoção de tecnologias. Os meses de abril, maio e junho são aqueles de menor produção de leite e isso acaba refletindo nos preços neste momento. Os mercados de leite UHT e queijo muçarela tem registrado valorizações, ainda que modestas.

O preço ao produtor também vem registrando elevação, pelo quarto mês consecutivo.

Do ponto de vista macroeconômico, os indicadores de crescimento do PIB vêm melhorando, com perspectivas de expansão próxima de 2% em 2024. No comércio, as vendas dos supermercados seguem positivas, com expansão de 4,7% nos últimos 12 meses, enquanto a média do comércio em geral mostrou elevação de apenas 1,7%. Os indicadores do mercado de trabalho têm registrado crescimento importante. Em janeiro o salário real médio do brasileiro cresceu 4% sobre janeiro de 2023. O número de pessoas ocupadas também aumentou.

Foto: Fernando Dias

O preço dos lácteos ao consumidor, por outro lado, recuaram 2,8% nos últimos doze meses. No caso do UHT, a queda foi de 5,6%, o que acaba ajudando nas vendas. Neste mesmo período a inflação brasileira foi de 3,9%. Ou seja, os lácteos vêm contribuindo para redução da inflação brasileira neste momento.

Custo de produção

Na atividade de produção de leite, as informações de custo de produção têm mostrado um cenário mais positivo. Os preços de importantes insumos recuaram, contribuindo com queda no ICPLeite-Embrapa que, nos últimos 12 meses finalizados em março de 2024, apresentou recuo de 5,58%.

O farelo de soja recuou de 23% em relação a abril de 2023, ficando abaixo de R$2 mil/tonelada. No caso do milho, a queda foi também importante, com o cereal recuando 18,5% na comparação anual. Portanto, a combinação de recuo nos custos de produção com elevação no preço do leite vai sinalizando um ambiente de recuperação de rentabilidade para o produtor de leite, após um cenário difícil observado no segundo semestre de 2023.

Cadeia produtiva do leite

De todo modo, é importante avançar em uma agenda de competitividade da cadeia produtiva do leite, sobretudo com foco em melhorias na eficiência média das fazendas e na gestão. Tem sido observado uma heterogeneidade muito grande nos custos de produção de leite, em alguns casos com diferenças de até R$ 0,80 por litro. A importação traz perdas econômicas relevantes para o setor lácteo no Brasil, mas buscar cotações mais alinhadas ao cenário global é uma forma de reduzir estruturalmente as compras externas. Para isso a competitividade em custos é determinante. O momento ainda é de bastante incerteza, inclusive global. Internamente, a entressafra pode dar um fôlego para a alta recente dos preços de leite.

Fonte: Assessoria Centro de Inteligência do Leite
Continue Lendo
SIAVS 2024 E

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.