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Suínos / Peixes

Suinocultura independente e parcerias entre produtores alimentam mais de 200 agroindústrias gaúchas

Com uma grande crise no início dos anos 2000 afetando a suinocultura gaúcha, houve uma verdadeira migração para o modelo de integração da produção.

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Foto: Shutterstock

Até os anos de 1990, a suinocultura independente chegou a ser responsável por mais de 70% da produção total de suínos no Rio Grande do Sul. O modelo de negócios no Estado foi se transformando a partir dos anos, 2000, com a chegada das integradoras que passaram a cobrir algumas lacunas que o modelo independente deixava: dificuldade em manter volume constante de animais para as plantas industriais, dificuldade em rastreabilidade e controle dos processos de produção, além de estabilidade financeira para os produtores. Com uma grande crise no início dos anos 2000 afetando a suinocultura gaúcha, houve uma verdadeira migração para o modelo de integração da produção.

Presidente da Acsurs, Valdecir Folador – Foto: Divulgação

O mais recente levantamento dos modelos de negócio da suinocultura gaúcha, feito entre janeiro e fevereiro deste ano pela Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), mostra claramente essa migração. Das 369 mil matrizes suínas alojadas no Estado, somente 22 mil estão com produtores independentes. Ou seja: esse modelo representa algo em torno de 6% do total da suinocultura gaúcha. Outros 94% estão distribuídos entre integradoras, cooperativas e em parcerias agropecuárias entre produtores, um modelo adotado no Estado bem semelhante aos sistemas de integração.

Esse movimento de migração para sistemas integrados foi visto de perto pelo presidente da Acsurs, Valdecir Folador, que detalha com exclusividade ao jornal O Presente Rural como funcionam os quatro modelos de negócios e a importância dos produtores que estão fora dos sistemas de integração para movimentar mais de 200 agroindústrias gaúchas e fomentar a culinária tradicional local nas milhares de feiras pelo Estado.

“Temos um histórico de evolução da produção e do abate de suínos do Rio Grande do Sul, com crescimento ano a ano. A suinocultura Estado se mantém crescendo na década. Esse crescimento se dá dentro do sistema de integração de uma forma mais intensa. A partir do início dos anos 2000 a integração tomou espaço, se intensificou. A suinocultura tomou esse modelo, essa forma que temos hoje a nível de Brasil, tirando alguns estados, como Minas Gerais, que têm um volume de produção independente maior, mas é bem pontual”, menciona o presidente da Acsurs.

Ele explica que são quatro modelos de negócios existentes no Estado: cooperados, integrados, parceria entre produtores e os produtores independentes. “Temos os integrados das agroindústrias, temos os cooperativados, temos o sistema de parceria agropecuária entre produtores, que é um formado idêntico da integração, só que a relação é entre produtores rurais, com normatização própria que reconhece esse modelo de produção de suínos. E temos o produtor totalmente independente, que está solo no mercado, não pertence a nenhum desses três sistemas”, destaca Folador.

O levantamento feito neste ano do plantel de matrizes do Rio Grande do Sul mostra que empresas integradoras têm cerca de 212 mil matrizes, cooperativas têm cerca de 77 mil matrizes, parcerias agropecuárias entre produtores têm 59 mil matrizes enquanto produtores independentes têm cerca de 22 mil matrizes (veja detalhes na tabela).

Ele explica, no entanto, que suinocultores que não estão nos sistemas de integração são fundamentais para a atividade e para a economia do Estado. “Nos últimos anos a gente vê que o produtor totalmente independente vem diminuindo, vem encolhendo, mas se mantém, mesmo encolhendo pouco a pouco, porque ele tem um nicho de mercado. Ele coloca sua produção principalmente nas pequenas e médias agroindústrias, que produzem produtos elaborados, como salames e copas, que vemos muito em feiras e exposições aqui no Rio Grande do Sul. Essa produção abastece essa agroindústria. O produtor que está em parceria agropecuária também vem se mantendo, mesmo com crises, porque se profissionalizou muito. Dentro desse sistema só estão os melhores, que não diferem em nada das integrações na questão profissional, de produção, de tecnologia, sanidade, genética. Tudo que tem de melhor na suinocultura está na mão do produtor desse sistema. Se não for assim, ele não aguenta as crises, o caixa dele não aguenta. Esse sistema também vende e abastece a pequena e média agroindústria do Rio Grande do Sul. Sem esses dois sistemas não teria como manter essa agroindústria funcionando. Hoje temos mais de 200 agroindústrias de produção de derivados de suínos que absorvem a produção dos independentes e produtores da parcerias agropecuárias”, destaca o presidente da Acsurs. “No ano de 2022 essa produção passou de um milhão de animais. Alguns anos atrás, essa agroindústria absorvia 700 mil suínos por ano basicamente”, acrescenta.

As parcerias agropecuárias entre produtores também abastecem outros mercados, como a própria agroindústria integradora. “Parte dos suínos das parcerias agropecuárias têm contrato de fornecimento para grandes integradoras, tanto para o Estado quanto para fora, e outra parte é vendida para agroindústrias de Paraná e São Paulo para manter seus abates em suas plantas”, detalha o presidente da Acsurs. “São esses quatro sistemas de produção que temos no Rio Grande do Sul”, reforça.

Transformação

A transformação dos modelos de negócio, lembra o presidente da entidade gaúcha, aconteceu por três fatores principais e uma grande crise no início deste século. “Essa transformação para o sistema de integração aconteceu e é irreversível, todos os sistemas mudaram, o mercado mudou, a necessidade de se especializar em determinada fase da produção fez com que acontecesse essa transformação. Além disso, quando olhamos para agroindústrias e grandes cooperativas, a integração veio pela necessidade de ter fornecimento contínuo para suas plantas industrias, ter volume de suínos. Essa transformação foi alavancada ainda pela questão de rastreabilidade, ter na mão todo o processo, do nascimento do animal até a mesa do consumidor, ter segurança de que a produção passou pelos procedimentos corretos do nascimento à transformação. O consumidor é mais exigente, não tiro a razão porque também sou consumidor, quando vou comprar, quero ter certeza que aquele produto tenha segurança, não vai me causar mal à saúde”, explica Folador.

“A partir da década de 2000 essa migração aconteceu de uma forma mais intensa para chegarmos onde estamos. Aconteceu porque a suinocultura necessitava de rastreabilidade da produção, fornecimento constante, sem variações para a agroindústria não ficar ociosa dentro de sua capacidade de transformação e abate, além de um terceiro motivo que levou a essa transformação para o sistema de integração: uma grande crise. A suinocultura sempre foi uma atividade muito cíclica, sempre sofreu altos e baixos. Estou na atividade há 35 anos e lembro que sempre tiveram essas crises. Na década de 90, no entanto, as crises eram mais curtas. A partir dos anos 2000 tivemos uma grande crise da suinocultura. Naquela época tinha muito produtor independente, cerca de 70 a 80% era independente. O regime de produção e relação com a agroindústria de maneira geral era de compra e venda, o produtor tinha o ciclo completo. O produtor descapitalizava, ficava difícil para manter o plantel. Então o suinocultor foi passando para a integração todo esse passivo necessário de manutenção de plantel e alimentação, que é volume significativo de dinheiro e capital de giro que precisava ter, e passou a receber uma remuneração conforme critérios que foram criados e aperfeiçoados em cima de índices de produção e produtividade”, conta o presidente da Acsurs. “A partir dessa crise começou a segmentação, cada um fazendo uma fase, um criando até o desmame, outro até a creche e outro fazendo a terminação”, cita Folador.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

 

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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Suínos / Peixes

Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
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