Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas

Simpósio do Leite do Leite fecha com sucesso de público e informação ao setor lácteo

Produtores, técnicos e estudantes de vários estados brasileiros participaram dos dois dias de evento em Erechim, norte do RS

Publicado em

em

Há vários anos o Simpósio do Leite de Erechim é considerado um dos maiores eventos do segmento no setor lácteo do sul do Brasil. E os números gerados na edição deste ano, que terminou nesta quinta-feira, 9, ratificam o sucesso e a grandiosidade do evento. Mais de mil pessoas participaram das palestras, Fórum Nacional de Lácteos e Mostra de Trabalhos Científicos, nos dois dias, um púbico acima das expectativas iniciais dos organizadores.

“Imaginávamos uma presença bem menor em função do atual cenário econômico nacional. Porém, o que se viu foi uma grande participação, o produtor, estudantes e técnicos buscando informação e qualificação. Temos pessoas que vieram de vários estados, inclusive de Minas Gerais o que nos deixa muito felizes”, salienta Walmor Vanz, coordenador geral do Simpósio.

Segundo ele, o evento também foi muito produtivo. “A Mostra teve menor quantidade de trabalhos, porém com qualidade superior ao último ano. O Fórum levou um debate muito importante sobre a qualidade do leite no País. O debate, por vezes mais acalorado, faz parte, é nosso objetivo provocar este tipo de discussão que serve para melhorar a nossa cadeia leiteira. As palestras desta quinta, todas muito boas, com muita informação, o que nos deixa satisfeitos”, acrescenta Vanz.

Para o coordenador, outro objetivo que é levar informação ao produtor, também foi alcançado. “Nossa intenção é que a informação chegue ao produtor. O estudante e o técnico tem muitas ferramentas a disposição, mas o produtor nem sempre tem como obter esta informação. Por isso nos deixou muito feliz ver a grande quantidade de produtores presentes”, explica Vanz.

Segundo ele, o evento de 2017 já começa a ser projetado. “Nos próximos 30 dias já teremos os resultados deste e a projeção do próximo”, completa Walmor Vanz.

Importantes temas tratados em palestras

Ao longo do segundo dia de evento, foram realizadas cinco palestras abordando importantes temas técnicos ligados ao setor leiteiro.

O primeiro deles foi sobre o impacto do tratamento precoce do edema de úbere, pelo professor e doutor Marcelo Feckinghaus. De acordo com ele, o edema de úbere é um problema decorrente da fisiologia do animal, todos os animais produtores de leite apresentam tal ocorrência. Ele buscou ao longo da palestra, alertar os produtores sobre tal fato e de que este é um problema a ser tratado de maneira objetiva e eficiente. “Como estamos lidando muito atualmente com bem estar dos animais este tema é de extrema relevância”, ponderou.

O edema é identificado nos momentos em que antecedem ao parto através do aumento significativo de volume da glândula, o maior cuidado é não confundir tal aumento com quadros de mastite que aprestam graves consequências também.

As perdas decorrentes de tal problema, de acordo com Feckinghaus , são primariamente econômicos, pois os animais perdem seu valor quando ocorre a ruptura dos ligamentos suspensórios; Outra consequência que ele considera grave é a maior exposição a agentes infecciosos os quais eventualmente podem causar a mastite.

O doutor e professor Rodrigo Almeida abordou os efeitos, prejuízos e maneiras de prevenção da hipocalcemia em vacas leiteiras. De acordo com ele, estudo feito no Paraná tem revelado importantes números ligados a doença;

Segundo o palestrante, os maiores fatores de risco e que devem chamar a atenção dos produtores é a idade da vaca, além do fato de que as mais gordas também tem mais probabilidade de ter hipocalcemia.

Falou ainda sobre a prevenção, entre as ações a parte nutricional, que segundo ele deve ter equilíbrio gerando minimização dos casos.

Outro tema tratou das doenças em cascos de bovinos leitores. O assunto foi pauta da palestra do professor e doutor na PUC, MG, Rogério Carvalho de Souza. Segundo ele, as afecções de casco nos bovinos leiteiros assumiram um papel de destaque nos últimos 30 anos, sendo hoje uma das três patologias mais comuns nos sistemas de exploração leiteira mundial. “No Brasil, começamos efetivamente a trabalhar com essas afecções a partir de 1.990. Durante o meu Mestrado e Doutorado (finalizei em 2004), dediquei oito anos de pesquisa focando na etiologia, tratamentos, prevenções e quantificação das afecções podais em bovinos. Assim, meu objetivo na palestra será fazer uma retrospectiva sobre os principais aspectos relacionados à esses problemas no Brasil na ultima década”, explica o professor e palestrante.

É preciso também, de acordo com o palestrante, estar atento às formas de prevenção para evitar que haja a proliferação destas doenças. “Assim como as causas são multifatoriais e variam imensamente de uma propriedade para outra, as medidas preventivas também variam. Mas, de regra, práticas como a utilização de pedilúvio na rotina, casqueamento preventivo, higienização das instalações e seleção genética para pernas e pés, dentre outras, asseguram bons resultados na saúde dos cascos”, destaca Rogério.

A criação de terneiras, destacando a melhor maneira de criar a futura vaca em lactação foi tema tratado pela doutora Cristiane Azevedo. Ela explicou que o setor de criação de bezerros tem sido tão importante quanto o setor de ordenha dentro de uma fazenda leiteira. “Exige muita dedicação e empenho das pessoas envolvidas, a bezerra bem criada é a futura vaca em lactação. A fase de cria e recria envolve investimentos de custos elevados; mas com a adoção de estratégias corretas de manejo nutricional, sanitário e de conforto retornará em maior produção de leite na 1ª lactação”, disse a palestrante.

“Para sermos eficientes na criação precisamos atingir objetivos importantes como: o nascimento de bezerros vivos e alertas, controlar a mortalidade no momento do parto e na fase de aleitamento e recria, acelerar as taxas de crescimento, proporcionar um bom desenvolvimento ruminal, fazer a desmama e a transição correta, garantir a recria adequada, antecipar a idade a 1ª cobertura , reduzir a idade ao primeiro parto e obter o retorno do investimento em maior produção de leite”, amplia Cristiane.

Visão neozelandesa encerra palestras

A visão neozelandesa de melhoramento de bovinos leiteiros aplicada ao Brasil: passado, presente e futuro fechou o ciclo de palestras do Simpósio do Leite, proferida pelo Ph.D, pesquisador e Consultor, Wagner Beskow.

De acordo com ele, a Nova Zelândia tem uma experiência no leite que o Brasil precisa conhecer melhor para seu próprio benefício. Com apenas 11.970 produtores, obtém 21,3 billhões de litros/ano. “Nós, se considerarmos apenas o leite inspecionado (“profissional”), produzimos 24,5 bilhões de litros, com cerca de 270.000 produtores. Se corrigirmos o leite deles, com muito mais sólidos que o nosso, a produção da Nova Zelândia equivale a 31,1 bilhões de litros de leite com padrão brasileiro de sólidos. Ou seja, 27% mais volume de leite que todo o Brasil, com apenas 4,4% do nosso número de produtores, em um país do tamanho do RS, sem subsídios desde 1984. Este é o contexto de onde extraímos os dados que apresentaremos no 13° Simpósio do Leite em Erechim, no qual se insere o rebanho que produz tais resultados”, destaca Beskow.

Sobre o que o Brasil ainda precisa evoluir para tornar as propriedades mais rentáveis, Breskow, diz gestão será fundamental. “Saber o que se deseja atingir, traçar objetivos e metas, ter um método e perseguir essas metas ano após ano. Não existe uma segunda maneira. Esta é a única e até hoje temos sido péssimos nisso. Não dá mais para ser assim”, explica.

Fonte: Ass. de Imprensa

Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Indicador do Boi Gordo Cepea/B3: 30 anos de compromisso com a pecuária brasileira

Publicado em

em

Foto: Ana Maio

Há 30 anos, o grupo de pesquisadores que formavam o Cepea já se destacava e foi o escolhido pela então BM&F para o desafio de criar um indicador de preços que substituísse a entrega física usada para a liquidação de contratos futuros de boi gordo.

Era preciso contar com uma instituição que fosse idônea, imparcial no trato das operações de compra e venda, que tivesse conhecimento científico para definir uma metodologia com reconhecimento internacional, familiaridade não só com a pecuária, mas com todo o setor em que este mercado se desenvolve, e ainda agilidade para a entrega diária de um indicador, garantindo sigilo de informação.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O Cepea atende desde então todos esses requisitos. Por 30 anos, independentemente de ocorrências como greve de trabalhadores da USP que impedisse acesso ao campus de Piracicaba, quedas de energia ou da rede telefônica, problemas de saúde dos membros da equipe ou incidentes de qualquer natureza, aconteça o que quer que seja, o Indicador do Boi do Cepea foi e continua sendo elaborado diariamente, com entrega rigorosa às 18h04 à Bolsa.

O Indicador do Boi inicialmente chamado Esalq/BM&F, hoje o Cepea/B3, é o valor oficial do boi no mercado futuro brasileiro e o referencial escolhido por inúmeros agentes, não só da pecuária, como parâmetro confiável de preço para a negociação de contratos particulares. Pela imparcialidade do Cepea e rigor na aplicação da metodologia conhecida pelo mercado, o Indicador do Boi Cepea cumpre o papel de reduzir incertezas e oportunismos no setor.

A liquidação de contratos, que nos anos 1980 e início dos anos 1990 era realizada unicamente por meio da entrega física de animais, estava suscetível a uma série de entraves.  Grande parte dos pecuaristas tinha dificuldades em formar lotes que atendessem a todos os padrões especificados e exigidos pelo contrato. Compradores, por sua vez, alegavam que muitas vezes os lotes não tinham a qualidade esperada.

Essa perda na qualidade constantemente era associada ao transporte do animal até uma das praças para entrega: Araçatuba, Barretos, Presidente Prudente e São Paulo. Determinadas fazendas ficavam bem distantes e os animais perdiam peso. Além disso, as despesas com o transporte dos lotes de boi gordo eram pauta de discussão entre o vendedor e o comprador.

A assimetria de informação entre vendedores e compradores era tamanha que, ocasionalmente, os agentes que negociavam os contratos futuros iam fisicamente às regiões de entrega dos animais – quando não possível, contratavam pessoas para fazer essa verificação –, no intuito de monitorar o processo de chegada e conferência dos lotes. O objetivo era evitar ações oportunistas.

É nesse contexto que, no começo de 1994, a Bolsa suspende momentaneamente as negociações dos contratos futuros do boi gordo e, em maio daquele ano, disponibiliza um novo formato contratual, no qual a entrega de animais deveria ser feita em um único local: Araçatuba. Alguns novos processos foram estabelecidos – como protocolos nas realizações de jejum e pesagem dos animais, entre outros – e árbitros chegaram a ser contratados pela Bolsa, no intuito de resolver as disputas de compradores e vendedores nos momentos de entrega dos lotes.

Já atenta aos custos e entraves vindos da liquidação física dos contratos de boi gordo, a Bolsa, ainda em 1993, faz uma experiência inédita para a época: busca uma terceira parte que forneça um indicador de preço do boi gordo do mercado físico do estado de São Paulo. O objetivo era utilizar tal valor como referência para uma iminente liquidação financeira dos contratos futuros do boi gordo negociados na Bolsa.

Feitas algumas apurações, fica estabelecido que o Centro de Pesquisas vinculado à Universidade de São Paulo, o Cepea, que, ressalta-se, já vinha monitorando o mercado pecuário desde 1987, seria o responsável por fornecer à Bolsa o desejado índice.

O compromisso assumido com a cadeia de bovinos de corte brasileira colocou o Cepea, a Esalq e a Universidade de São Paula na vanguarda das pesquisas e como referência de estudos para o setor.

Impulso certeiro ao mercado futuro do boi

De maio de 1994 até quase o encerramento daquele ano, os contratos negociados na Bolsa ainda eram liquidados de forma física, com entrega dos animais em curral único estabelecido em Araçatuba.

Foi em 30 de novembro de 1994, que a então BM&F lança a negociação de um novo contrato, tendo como norma sua liquidação financeira, ou seja, sem a entrega física dos animais. O contrato envolvia ainda 330 arrobas de carne e exigia animais de 450 a 550 quilos, em dólar. As posições em aberto seriam encerradas, então, pela média aritmética simples dos últimos cinco Indicadores do “Boi Gordo Esalq/BM&F” do respectivo mês.

As primeiras negociações futuras com a nova alteração no contrato começaram a ser realizadas em 16 de dezembro de 1994, envolvendo o vencimento Agosto/95. Um total de 207 contratos foram liquidados financeiramente no encerramento de agosto de 1995, ao preço médio de US$ 23,64/arroba, referência oferecida pelo Indicador do Boi Gordo Esalq/BM&F.

O novo modelo de contrato prevendo a liquidação financeira impulsionou os negócios futuros de boi gordo na Bolsa. Em 1994, haviam sido negociados pouco mais de 5,6 mil contratos de boi gordo na BM&F; no ano seguinte, foram quase 39 mil.

A partir de 1996, os contratos futuros passaram a ter vencimento em todos os meses do ano. A estabilização monetária nacional, obtida com o Plano Real, a abertura comercial e a redução da intervenção do governo na economia alavancaram as negociações de futuros de boi gordo. Assim, o número de contratos negociados já se situava acima de 100 mil em 1996, atingindo patamar superior a 150 mil contratos no ano 2000.

No dia 26 de setembro de 2000, a Bolsa realiza um novo – e muito importante – ajuste no contrato futuro de boi gordo: a cotação da arroba deixa de ser em dólar norte-americano e passa a ser em Reais por arroba. A estabilidade do Real foi o principal motivo para essa alteração.

A cotação do contrato futuro do boi gordo em dólar deixava os operadores do mercado futuro (pecuaristas, intermediários, frigoríficos e outros) suscetíveis à variação cambial. Além disso, a formação do preço do boi gordo tem como fundamentos fatores domésticos, sendo influenciada sobretudo pela oferta e pela demanda. Essa mudança, portanto, permitiu melhor visibilidade aos agentes ativos na Bolsa. O primeiro contrato a ser negociado em Reais foi o de vencimento em Março/2001.

Consolidação e maturidade

O mercado futuro de boi gordo com liquidação financeira se mostrou muito dinâmico entre 2004 e 2014, período de expressivo crescimento no número de contratos. Pode-se dizer que o mercado futuro de boi gordo se consolida nesta década.

Em 2004, foram negociados 225,2 mil contratos futuros de boi gordo, subindo para a casa dos 300 mil nos anos seguintes. Em 2007, já eram mais de 934 mil contratos, atingindo o recorde de 1,6 milhão em 2008.

Entre 2014 e 2018, observa-se certo declínio e, posteriormente, retomada e estabilização no número de contratos em aberto de boi gordo, com alta no último período, devido ao crescimento do mercado pecuário brasileiro. Por outro lado, em termos financeiros, houve expressiva evolução.

Em 2021, os contratos futuros do boi gordo movimentaram mais de R$ 65,133 bilhões na Bolsa (com opções de compra e venda), sendo 57% acima do ano anterior e o maior da

década.

Importante destacar que, em outubro de 2021, o Indicador Cepea/B3 recebeu o relatório de asseguração de adesão aos princípios da Iosco (“International Organization of Securities Commissions”). O recebimento desse selo atesta que os mais elevados padrões de qualidade e critérios de governança sugeridos pela Organização Internacional são implementados e seguidos pelo Cepea e pela B3 na elaboração e no cálculo do Indicador do boi gordo.

Em 2022, mais um crescimento, e o mercado futuro chegou a movimentar R$ 65,515 bilhões. Em 2023, atingiram 781.145 mil contratos, o maior volume desde 2014, mostrando novamente o aumento do uso da ferramenta. Em valor, 2023 atingiu R$ 69,727 bilhões.

Ao completar três décadas, o Indicador se apresenta com novidades. Em breve, será anunciada uma alteração na forma de cálculo do Indicador e disponibilizado um novo aplicativo para informe de negociações. Com os parceiros certos, o Cepea honra sua raiz Esalq/Universidade de São Paulo e se mantém ano após ano com fonte confiável e imparcial, a serviço da sociedade.

Fonte: Por Alessandra da Paz, gestora da Equipe de Comunicação do Cepea
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Apesar de cinco meses de aumento, preço ao produtor de leite segue abaixo de 2023

Com alta acumulada de 12,9% no primeiro trimestre de 2024, valor ainda está 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais.

Publicado em

em

Foto: Ari Dias/AEN

O preço médio do leite captado em março foi de R$ 2,3290/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, 4,1% maior que o do mês anterior, mas 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março). Com esse resultado, o preço ao produtor acumula alta real de 12,9% neste primeiro trimestre. Porém, a média dos três primeiros meses deste ano está 21,7% inferior à igual intervalo de 2023.

Esta é a quinta alta mensal consecutiva no preço do leite pago ao produtor, e esse movimento é explicado pela redução da oferta no campo. A limitação da produção, por sua vez, ocorre devido ao clima adverso (seca e calor) e à retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea seguiu em queda – o recuo foi de 2,5% de fevereiro para março. No acumulado do primeiro trimestre, a captação diminuiu 7,5%. Esse contexto reforça a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A valorização do leite cru, contudo, não foi repassada na mesma intensidade para o preço dos derivados lácteos. Segundo pesquisas do Cepea, as cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do estado de São Paulo subiram 3,9% e 0,3% em março, respectivamente. Agentes de mercado relatam consumo ainda sensível na ponta final da cadeia, de modo que os canais de distribuição pressionam a indústria por valores mais baixos.

Ainda assim, a média dos lácteos no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano passado registra queda menor que a verificada para o preço pago ao produtor. De janeiro a março, a baixa real nos valores do UHT e também da muçarela foi de 10,4%.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para agentes do mercado. Embora as compras externas de lácteos estejam em queda, o volume internalizado neste ano ainda supera o do ano passado. Dados da Secex apontam que, em março, as importações caíram 3,3% frente a fevereiro. Porém, essa quantidade ainda é 14,4% maior que a do mesmo período do ano passado. Considerando-se o primeiro trimestre do ano, as aquisições somaram quase 577,5 milhões de litros em equivalente leite, 10,4% acima do registrado nos três primeiros meses de 2023.

Nesse contexto, a expectativa de agentes de mercado é que o ritmo de valorização do leite ao produtor perca força em abril.

Gráfico 1 – Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de março/2024). Fonte: Cepea-Esalq/USP.

 

 

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Efeito do uso de levedura viva probiótica na eficiência alimentar de bovinos leiteiros

Consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes, as leveduras vivas probióticas promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

O uso de microrganismos vivos fornecidos diretamente como aditivo probiótico para bovinos tem aumentado significativamente nos últimos anos. Um desses exemplos é o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae, responsável pela melhoria no desempenho e na eficiência alimentar de bovinos.

Para vacas em lactação, por exemplo, o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae melhora o desempenho em todas as etapas de produção. Uma meta-análise realizada em 2010 envolvendo 14 experimentos e um total de 1.600 vacas leiteiras mostrou que o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 melhorou significativamente a eficiência alimentar (+3% em kg de Leite Corrigido para Gordura/kg de Matéria Seca Ingerida) para vacas em início e no final da lactação (Figura 1).

Figura 1: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 na eficiência alimentar de vacas em lactação. (LCG = Leite Corrigido para Gordura; MSI = Matéria Seca Ingerida).

Esses ganhos obtidos em aumento da produtividade ou eficiência alimentar podem ser explicados pela capacidade que a levedura viva tem em modificar o ambiente ruminal. Uma vez presente no rúmen, a levedura viva interage com a população microbiana (bactérias, fungos e protozoários) e os nutrientes (fibra, amido e proteína) em um ambiente anaeróbico e essas interações promovem maior estabilidade do pH ruminal (reduzindo o risco de acidose subaguda), estímulo ao desenvolvimento de bactérias fibrolíticas e aumento da digestibilidade da fibra.

Exemplo dessas modificações do ambiente ruminal foram observados em um trabalho conduzido ainda em 2007. Esse experimento mostrou que vacas suplementadas com a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 apresentaram aumento do pH ruminal (Figura 2). A análise de dados da literatura mostra que esse aumento do pH ocorre porque a levedura viva estimula o crescimento das espécies de bactérias utilizadores do ácido lático ruminal, principalmente Megasphaera elsdenii e Selenomonas ruminantium.

Figura 2: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento do pH ruminal.

Além de promover melhora no pH ruminal, o uso da levedura viva também apresenta efeitos positivos na digestibilidade da fibra. Outro estudo mostrou que a levedura viva probiótica aumentou em 4% a digestibilidade da fibra em relação ao tratamento controle (Figura 3). Esses autores observaram também melhora na eficiência alimentar para os animais tratados com a levedura viva.

Figura 3: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento da digestibilidade da fibra.

A digestibilidade da fibra é item primordial para maximizar o retorno sobre os custos com alimentação. Desafios ambientais (tais como estresse térmico) comprometem a função ruminal e, consequentemente, aumentam a concentração de nutrientes nas fezes. A suplementação com leveduras tem demonstrado efeitos positivos para a colonização de bactérias celulolíticas (tais como R. flavefaciens, por exemplo) e fungos, sugerindo um impacto particularmente marcante na quebra de ligações lignina-polissacarídeo e melhorando o aproveitamento dos nutrientes ingeridos.

Em conclusão, leveduras vivas são consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes porque promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta. Os benefícios para os produtores são vários: redução do risco problemas metabólicos e maior retorno sobre o investimento com alimentação, pois o uso da levedura viva como aditivo probiótico melhora tanto a produção de leite quanto a eficiência alimentar.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: jmoro@lallemand.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Mateus Castilho Santos / Divulgação

Fonte: Por Mateus Castilho Santos, engenheiro agrônomo, mestre em Ciência Animal e Pastagens, PhD em Ciências Animais e Alimentares e gerente técnico da Lallemand Animal Nutrition para a América do Sul.
Continue Lendo
CBNA – Cong. Tec.

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.