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Suínos / Peixes

Perdas gestacionais em matrizes suínas

A compreensão da etiologia, sintomas, lesões fetais, aliados aos métodos de diagnóstico, são cruciais para o controle e prevenção destas afecções.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Perdas gestacionais em suínos podem ser atribuídas a fatores infecciosos e não infecciosos. As taxas de abortamento no Brasil variam de 1% a 2,5%, e diversos patógenos, como Circovírus Suíno, Parvovírus, Leptospira sp., Brucella suis, entre outros, podem causar distúrbios reprodutivos, assim como fatores não infecciosos incluindo ingestão de micotoxinas, nutrição inadequada, genética, altas temperaturas e manejo inadequado.

A compreensão da etiologia, sintomas, lesões fetais, aliados aos métodos de diagnóstico, são cruciais para o controle e prevenção destas afecções.

Neste artigo serão abordadas algumas das causas de perdas gestacionais envolvendo etiologias não-infecciosas e infecciosas.

Causas não infecciosas

Micotoxinas:

As micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por fungos em grãos e cereais usados na alimentação animal, sendo a zearalenona, alcaloides do ergot e tricotecenos mais rejudiciais para suínos. A zearalenona é originária de fungos Fusarium, e atua como o estrógeno, causando efeitos hiperestrogênicos que levam à morte embrionária, abortos, natimortos e malformações em leitões. Alcaloides do Ergot são produzidos por fungos do gênero Claviceps, e causam agalaxia em matrizes, impactando a lactação e levando a problemas de saúde neonatal. Tricotecenos são produzidos por vários fungos, incluindo Fusarium, Stachybotrys e outros, podem causar degeneração ovariana, atrofia uterina, abortos, redução de peso fetal e problemas de ossificação em leitões.

Estresse calórico e Sazonalidade:

As raças suínas utilizadas no Brasil são pouco adaptadas ao clima tropical, o que pode refletir na reprodução devido ao estresse calórico e fotoperíodos prolongados. A infertilidade de verão pode estar relacionada à interrupção precoce da gestação, possivelmente devido ao reconhecimento materno inadequado. Estudos mostraram que o calor afeta negativamente o papel do corpo lúteo na secreção de progesterona e no desenvolvimento embrionário, mas a relação exata permanece incerta.
Mudanças no fotoperíodo entre as estações têm impactos negativos, como aumento nos retornos irregulares ao estro, abortos e redução no tamanho das leitegadas. A redução do fotoperíodo afeta a síntese de melatonina, diminuindo a liberação de GnRH, LH e progesterona, prejudicando o desenvolvimento embrionário e a manutenção da gestação.

Efeito da nutrição e do escore corporal:

O desempenho reprodutivo das matrizes suínas está diretamente ligado à sua nutrição. A alimentação com aminoácidos, vitaminas, minerais e outros nutrientes é essencial para o ambiente intrauterino, e deficiências desses nutrientes podem levar ao crescimento retardado do feto.
A condição corporal das matrizes no momento da cobertura também é crítica para o desempenho reprodutivo. Porcas que passam por restrição alimentar na última semana de lactação têm uma taxa de sobrevivência embrionária reduzida. Estudos mostraram que uma menor espessura de toucinho nas fêmeas no final da gestação está relacionada a um maior número de natimortos. Portanto, é importante evitar a perda de gordura durante a lactação para obter bons resultados reprodutivos após o desmame.

Causas infecciosas

Parvovirose Suína:

Fetos mumificados de tamanhos variados, indicando morte fetal em momentos diferentes – Foto: Mariela Aparecia Claro Martines

A parvovirose suína afeta principalmente marrãs e resulta na mumificação de fetos. Ela é causada pelo parvovírus suíno (PPV), que é resistente ao ambiente e endêmico na maioria das granjas. A infecção do feto ocorre via fluídos corporais, replicação nos tecidos placentários ou células do sistema imune. Se a infecção ocorrer antes de 30 dias de gestação, pode causar morte embrionária e retorno irregular ao estro. Entre 30 e 70 dias de gestação, pode levar à morte fetal e mumificação, mas a transmissão se dá de forma lenta entre os fetos, fazendo com que seja possível o nascimento de leitões saudáveis juntamente com os mumificados. Após 70 dias, o sistema imunológico fetal é capaz de combater o vírus. A vacinação de matrizes é importante para prevenção da infecção.

Circovirose Suína:

O circovírus suíno (PCV) é um vírus que pertence à família Circoviridae, sendo o PCV2 e PCV3 os mais ligados a perdas reprodutivas em suínos. Esses vírus estão associados a outras doenças reprodutivas, e podem infectar embriões suínos, levando a morte embrionária e retorno ao estro. Pelo menos três critérios devem ser considerados para o diagnóstico de PCV: 1) abortos tardios e natimortos, às vezes com hipertrofia evidente do coração fetal; 2) presença de lesões cardíacas caracterizadas por extensa miocardite fibrosante e/ou necrotizante; 3) presença de grandes quantidades de PCV2 em lesões miocárdicas e outros tecidos fetais. A vacinação de matrizes é recomendada para prevenir a infecção em leitões e evitar perdas reprodutivas.

Leptospirose:

A leptospirose em suínos gera impactos econômicos e sanitários significativos, por se tratar também de uma zoonose, é causada por diferentes sorovares de Leptospira, sendo os mais importantes para suínos o Pomona e o Bratislava. A transmissão ocorre principalmente pelo contato com a urina de animais infectados, especialmente de ratos. A infecção intrauterina pode ocorrer durante a fase de bacteremia após a infecção, resultando em abortos, natimortos e doenças neonatais, principalmente quando a infecção ocorre na última metade da gestação. O controle da doença envolve vacinação de animais reprodutores, controle de vetores e tratamento dos suínos afetados.

Brucelose:

Leitões natimortos, etiologia desconhecida – Foto: Mariela Aparecia Claro Martines

A brucelose em suínos, causada principalmente pela Brucella suis, é uma doença com potencial zoonótico. A transmissão ocorre pelo contato direto com suínos infectados, fetos contaminados, membranas fetais, corrimento ou via venérea. A capacidade de Brucella spp. de invadir, sobreviver e proliferar em macrófagos e trofoblastos placentários é essencial para a infecção.

A infecção no início da gestação leva à morte embrionária com retorno irregular ao estro, enquanto a infecção no final da gestação resulta em aborto, fetos de vários tamanhos, natimortos ou leitões nascidos vivos infectados e com baixa vitalidade. Não existe vacina disponível, portanto, a prevenção depende de medidas rigorosas de biossegurança.

Doença de Aujeszky:

Doença causada pelo Herpesvírus Suíno Tipo I, que tem o suíno como hospedeiro natural e reservatório. Pode causar doenças neurológicas, respiratórias, além de perdas reprodutivas. A infecção começa nas células epiteliais da mucosa nasal e orofaríngea, espalhando-se para os neurônios do sistema nervoso periférico. Também pode se disseminar para o útero, onde causa vasculite e trombose, levando a abortos. Os sinais clínicos em matrizes variam de acordo com a fase da gestação e incluem morte embrionária, reabsorção fetal, fetos mumificados, aborto, natimortos, sintomas respiratórios e febre. A vacinação é fundamental para o controle e prevenção da doença e de perdas econômicas.

Peste Suína Clássica (PSC):

Marina L. Mechler Dreibi – Foto: Divulgação/Ourofino

Causada por um Pestivírus que acomete suínos domésticos e suídeos selvagens, a doença é altamente contagiosa e de notificação obrigatória no Brasil e pela OIE devido à sua importância econômica. O Brasil tem uma zona livre de PSC que abrange grande parte da produção de suínos, mas há surtos limitados em estados das regiões Norte e Nordeste.

Feto mumificado, etiologia desconhecida – Foto: Arquivo pessoal do autor

A transmissão ocorre por via oral ou nasal, com replicação nas tonsilas, linfonodos regionais e em outros órgãos. O vírus pode atravessar a barreira placentária e afetar fetos em qualquer fase da gestação, ocasionando retorno ao estro, aborto, mumificação fetal, natimortos e malformações congênitas. A vacinação é permitida apenas em países ou áreas não livres de PSC e sua implementação depende da situação epidemiológica e econômica local.

Conclusão
A gestação em suínos pode ser acometida por doenças infecciosas e não infecciosas, que, em geral, levam ao retorno ao estro, abortos, natimortos, mumificados e leitões fracos. Além do impacto reprodutivo, é importante ter em mente que essas doenças também estão associadas a perdas econômicas devido aos dias extras não produtivos de porcas e marrãs no rebanho.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

 

Fonte: Por Marina L. Mechler Dreibi, médica-veterinária, mestra e doutora com ênfase em Sanidade de Suínos Pesquisadora P&D Desenvolvimento Bioanalítico na Ourofino Saúde Animal

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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