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Suínos / Peixes

Perdas gestacionais em matrizes suínas

A compreensão da etiologia, sintomas, lesões fetais, aliados aos métodos de diagnóstico, são cruciais para o controle e prevenção destas afecções.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Perdas gestacionais em suínos podem ser atribuídas a fatores infecciosos e não infecciosos. As taxas de abortamento no Brasil variam de 1% a 2,5%, e diversos patógenos, como Circovírus Suíno, Parvovírus, Leptospira sp., Brucella suis, entre outros, podem causar distúrbios reprodutivos, assim como fatores não infecciosos incluindo ingestão de micotoxinas, nutrição inadequada, genética, altas temperaturas e manejo inadequado.

A compreensão da etiologia, sintomas, lesões fetais, aliados aos métodos de diagnóstico, são cruciais para o controle e prevenção destas afecções.

Neste artigo serão abordadas algumas das causas de perdas gestacionais envolvendo etiologias não-infecciosas e infecciosas.

Causas não infecciosas

Micotoxinas:

As micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por fungos em grãos e cereais usados na alimentação animal, sendo a zearalenona, alcaloides do ergot e tricotecenos mais rejudiciais para suínos. A zearalenona é originária de fungos Fusarium, e atua como o estrógeno, causando efeitos hiperestrogênicos que levam à morte embrionária, abortos, natimortos e malformações em leitões. Alcaloides do Ergot são produzidos por fungos do gênero Claviceps, e causam agalaxia em matrizes, impactando a lactação e levando a problemas de saúde neonatal. Tricotecenos são produzidos por vários fungos, incluindo Fusarium, Stachybotrys e outros, podem causar degeneração ovariana, atrofia uterina, abortos, redução de peso fetal e problemas de ossificação em leitões.

Estresse calórico e Sazonalidade:

As raças suínas utilizadas no Brasil são pouco adaptadas ao clima tropical, o que pode refletir na reprodução devido ao estresse calórico e fotoperíodos prolongados. A infertilidade de verão pode estar relacionada à interrupção precoce da gestação, possivelmente devido ao reconhecimento materno inadequado. Estudos mostraram que o calor afeta negativamente o papel do corpo lúteo na secreção de progesterona e no desenvolvimento embrionário, mas a relação exata permanece incerta.
Mudanças no fotoperíodo entre as estações têm impactos negativos, como aumento nos retornos irregulares ao estro, abortos e redução no tamanho das leitegadas. A redução do fotoperíodo afeta a síntese de melatonina, diminuindo a liberação de GnRH, LH e progesterona, prejudicando o desenvolvimento embrionário e a manutenção da gestação.

Efeito da nutrição e do escore corporal:

O desempenho reprodutivo das matrizes suínas está diretamente ligado à sua nutrição. A alimentação com aminoácidos, vitaminas, minerais e outros nutrientes é essencial para o ambiente intrauterino, e deficiências desses nutrientes podem levar ao crescimento retardado do feto.
A condição corporal das matrizes no momento da cobertura também é crítica para o desempenho reprodutivo. Porcas que passam por restrição alimentar na última semana de lactação têm uma taxa de sobrevivência embrionária reduzida. Estudos mostraram que uma menor espessura de toucinho nas fêmeas no final da gestação está relacionada a um maior número de natimortos. Portanto, é importante evitar a perda de gordura durante a lactação para obter bons resultados reprodutivos após o desmame.

Causas infecciosas

Parvovirose Suína:

Fetos mumificados de tamanhos variados, indicando morte fetal em momentos diferentes – Foto: Mariela Aparecia Claro Martines

A parvovirose suína afeta principalmente marrãs e resulta na mumificação de fetos. Ela é causada pelo parvovírus suíno (PPV), que é resistente ao ambiente e endêmico na maioria das granjas. A infecção do feto ocorre via fluídos corporais, replicação nos tecidos placentários ou células do sistema imune. Se a infecção ocorrer antes de 30 dias de gestação, pode causar morte embrionária e retorno irregular ao estro. Entre 30 e 70 dias de gestação, pode levar à morte fetal e mumificação, mas a transmissão se dá de forma lenta entre os fetos, fazendo com que seja possível o nascimento de leitões saudáveis juntamente com os mumificados. Após 70 dias, o sistema imunológico fetal é capaz de combater o vírus. A vacinação de matrizes é importante para prevenção da infecção.

Circovirose Suína:

O circovírus suíno (PCV) é um vírus que pertence à família Circoviridae, sendo o PCV2 e PCV3 os mais ligados a perdas reprodutivas em suínos. Esses vírus estão associados a outras doenças reprodutivas, e podem infectar embriões suínos, levando a morte embrionária e retorno ao estro. Pelo menos três critérios devem ser considerados para o diagnóstico de PCV: 1) abortos tardios e natimortos, às vezes com hipertrofia evidente do coração fetal; 2) presença de lesões cardíacas caracterizadas por extensa miocardite fibrosante e/ou necrotizante; 3) presença de grandes quantidades de PCV2 em lesões miocárdicas e outros tecidos fetais. A vacinação de matrizes é recomendada para prevenir a infecção em leitões e evitar perdas reprodutivas.

Leptospirose:

A leptospirose em suínos gera impactos econômicos e sanitários significativos, por se tratar também de uma zoonose, é causada por diferentes sorovares de Leptospira, sendo os mais importantes para suínos o Pomona e o Bratislava. A transmissão ocorre principalmente pelo contato com a urina de animais infectados, especialmente de ratos. A infecção intrauterina pode ocorrer durante a fase de bacteremia após a infecção, resultando em abortos, natimortos e doenças neonatais, principalmente quando a infecção ocorre na última metade da gestação. O controle da doença envolve vacinação de animais reprodutores, controle de vetores e tratamento dos suínos afetados.

Brucelose:

Leitões natimortos, etiologia desconhecida – Foto: Mariela Aparecia Claro Martines

A brucelose em suínos, causada principalmente pela Brucella suis, é uma doença com potencial zoonótico. A transmissão ocorre pelo contato direto com suínos infectados, fetos contaminados, membranas fetais, corrimento ou via venérea. A capacidade de Brucella spp. de invadir, sobreviver e proliferar em macrófagos e trofoblastos placentários é essencial para a infecção.

A infecção no início da gestação leva à morte embrionária com retorno irregular ao estro, enquanto a infecção no final da gestação resulta em aborto, fetos de vários tamanhos, natimortos ou leitões nascidos vivos infectados e com baixa vitalidade. Não existe vacina disponível, portanto, a prevenção depende de medidas rigorosas de biossegurança.

Doença de Aujeszky:

Doença causada pelo Herpesvírus Suíno Tipo I, que tem o suíno como hospedeiro natural e reservatório. Pode causar doenças neurológicas, respiratórias, além de perdas reprodutivas. A infecção começa nas células epiteliais da mucosa nasal e orofaríngea, espalhando-se para os neurônios do sistema nervoso periférico. Também pode se disseminar para o útero, onde causa vasculite e trombose, levando a abortos. Os sinais clínicos em matrizes variam de acordo com a fase da gestação e incluem morte embrionária, reabsorção fetal, fetos mumificados, aborto, natimortos, sintomas respiratórios e febre. A vacinação é fundamental para o controle e prevenção da doença e de perdas econômicas.

Peste Suína Clássica (PSC):

Marina L. Mechler Dreibi – Foto: Divulgação/Ourofino

Causada por um Pestivírus que acomete suínos domésticos e suídeos selvagens, a doença é altamente contagiosa e de notificação obrigatória no Brasil e pela OIE devido à sua importância econômica. O Brasil tem uma zona livre de PSC que abrange grande parte da produção de suínos, mas há surtos limitados em estados das regiões Norte e Nordeste.

Feto mumificado, etiologia desconhecida – Foto: Arquivo pessoal do autor

A transmissão ocorre por via oral ou nasal, com replicação nas tonsilas, linfonodos regionais e em outros órgãos. O vírus pode atravessar a barreira placentária e afetar fetos em qualquer fase da gestação, ocasionando retorno ao estro, aborto, mumificação fetal, natimortos e malformações congênitas. A vacinação é permitida apenas em países ou áreas não livres de PSC e sua implementação depende da situação epidemiológica e econômica local.

Conclusão
A gestação em suínos pode ser acometida por doenças infecciosas e não infecciosas, que, em geral, levam ao retorno ao estro, abortos, natimortos, mumificados e leitões fracos. Além do impacto reprodutivo, é importante ter em mente que essas doenças também estão associadas a perdas econômicas devido aos dias extras não produtivos de porcas e marrãs no rebanho.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

 

Fonte: Por Marina L. Mechler Dreibi, médica-veterinária, mestra e doutora com ênfase em Sanidade de Suínos Pesquisadora P&D Desenvolvimento Bioanalítico na Ourofino Saúde Animal
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Suínos / Peixes

Modelagem, inteligência artificial e big data são o futuro da suinocultura, defende médico-veterinário

Profissional enfatiza durante o Pork Meet Rio Verde que estes temas ainda são novos para uma grande parcela dos produtores, mas que vão auxiliar muito os sistemas de produção.

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Foto: Bing

Com uma abordagem focada em tecnologia, o Pork Meet Rio Verde, promovido no dia 28 de setembro, em Rio Verde, GO, pela Agigo, contou com a palestra “Aos suinocultores, o futuro! Uma abordagem sobre modelagem, inteligência artificial e big data”, com o médico-veterinário e mestre em Ciência Animal, Marcino Pereira Junior. O profissional apresentou um panorama sobre como as novas tecnologias podem agregar valor ao setor, trouxe apontamentos sobre o futuro e enalteceu a importância da modernização das ferramentas na era da indústria 4.0.

De forma simples ele explicou que estes três termos estão interligados, pois a modelagem matemática permite a simulação e previsão de resultados com base em dados passados e condições variáveis, enquanto a IA aprimora a capacidade de análise e tomada de decisões, identificando padrões e otimizando processos. Esses dois elementos se beneficiam do big data, que serve como base para a coleta e armazenamento de uma grande quantidade de informações valiosas que, por sua vez, alimentam a modelagem e o aprendizado da IA, promovendo a evolução e a inovação contínuas.

“Mas a pergunta que eu quero responder é o que isso tem a ver com a suinocultura? Minha resposta é simples, num futuro próximo vamos utilizar estas ferramentas para conseguir modelar o acúmulo de informação de uma forma consistente e tratar esta informação para tomada de decisão do dia-a-dia da granja”, observa Marcino.

Modelagem matemática

Médico-veterinário e mestre em Ciência Animal, Marcino Pereira Junior – Foto: Sarah Nunes

Pereira explicou que a modelagem matemática envolve simulações de casos reais a fim de prever o resultado de algo no futuro. “De forma prática, podemos usar a modelagem para prever um resultado próximo, como peso e a conversão alimentar de um suíno. A modelagem pode trazer mais assertividade para o trabalho dos técnicos, extensionistas e produtores. Desta maneira, a modelagem possibilita a produção de um leitão mais tech”, pontua.

O profissional rememorou que a história da modelagem matemática mostra que ela já é estudada há mais de 30 anos na produção de proteína animal, mas que ela não era utilizada porque ela não era eficaz, já que não existiam sistemas que possuíam a capacidade de alcançar o objetivo que havia sido modelado. “A prática do campo não trazia a modelagem que você havia previsto, porque possuem muitas variáveis. Hoje a história é diferente, pois os sistemas evoluíram e o acompanhamento é preciso. Por conta disso, cada vez mais podemos confiar nas modelagens que são feitas no campo, porque com o auxílio de softwares de gestão, elas auxiliam na administração correta da granja”, reforça.

Modelagem creche

O médico-veterinário disse que o setor da creche é um dos mais difíceis de se fazer a modelagem matemática porque a creche herda muitos efeitos de erros da maternidade, o que dificulta a modelagem do animal. “Durante o período de adaptação na creche, cerca de 15 a 20 dias, podemos ter muitos efeitos rebotes de como foi a vivência do suíno na maternidade. Desta forma, esses efeitos podem contribuir para que os animais não consumam os ingredientes necessários, ou não se adaptem de forma correta. Isso pode ocasionar um erro maior do que eu consigo predizer, o que não favorece a modelagem”, explica.

Modelagem na terminação 

De acordo com ele, é na terminação que a modelagem matemática pode ser melhor aproveitada e isso ocorre por dois motivos. O primeiro é que o animal tem efeitos externos muito menores e o segundo é que ele precisa de água e ração. “Neste ciclo ele não tem outras variáveis, desta forma, a modelagem consegue identificar se ele teve algum problema no caminho e dizer o que foi que aconteceu, para que o produtor consiga corrigir este problema, para que no final ele possa entregar um leitão sadio para o abate”, afirma.

Modelagem da reprodução

O ciclo da reprodução também é bastante complexo, porque é preciso contar com o desenvolvimento da fêmea, o crescimento do feto, com o líquido amniótico, a recuperação da fêmea da última lactação, bem como é necessário contabilizar a produção de leite que ela vai ter, juntamente com a formação de glândula mamária. “Por conta de todos estes processos, a modelagem pode ser feita, mas ela vai ficando cada vez mais complexa nesta etapa”, pontua.

Big Data

Foto: Shutterstock

Marcino descreveu o big data como um grande banco de dados, que armazena muitas informações importantes e que são pertinentes para a resolução de desafios que estão presentes no dia-a-dia da granja, sendo que ele possibilita também velocidade, volume e variedade de informações. “O big data oferece a capacidade de compilar e armazenar informações significativas, o que vai possibilitar mais eficiência na tomada de decisões na granja”, destaca.
Ele disse os centros acadêmicos estão utilizando o big data e resgatando um grande acúmulo de informação que foram geradas para replicar e melhorar os problemas das granjas. “Hoje observamos que as teorias estão sendo aplicadas e sendo eficientes nas práticas do dia-a-dia da granja”, observou o profissional acrescentando que o big data precisa ser constituído de dados que possam ser traduzidos em conhecimento e que devem estar arquivados de forma organizada e serem acessados com facilidade.

Inteligência Artificial 

Com relação a IA, Marcino pontuou que ela é a responsável por auxiliar o entendimento dos dados que são coletados pelos sistemas, pois ela concentra as informações e possibilita um entendimento daqueles dados. “Na prática, a IA permite também a automação da tomada de decisão com base em dados coletados. Se treinarmos ela de forma eficiente, ela pode ajudar a identificar problemas e fornecer sugestões para melhorias. Ela consegue apontar quais são os nutrientes que podem ajudar a ter melhores resultados, tornando o processo mais eficiente”, exemplifica.

O profissional também discorreu sobre a evolução dessas ferramentas na suinocultura e como elas podem ser aplicadas em diferentes estágios da produção, da reprodução à terminação. “À medida que a genética dos suínos evolui, é essencial manter-se atualizado e aproveitar as novas ferramentas para melhorar a produção. Temos granjas muito grandes, onde é inviável manipular os dados de forma manual, nestes casos a IA pode ser uma grande aliada”, sugere.

Redução da mortalidade

A utilização de IA, modelagem matemática e big data também foi associada à redução da mortalidade na produção de suínos e à otimização da tomada de decisões. Pereira enfatizou que, em um futuro próximo, essas tecnologias devem ser fundamentais na maneira como as granjas são construídas e gerenciadas, permitindo a coleta e a análise mais eficaz de dados para melhorar os resultados da suinocultura.

De acordo com ele, a suinocultura está se adaptando às novas tecnologias, e a integração da IA, big data e modelagem matemática promete aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar a produtividade, criando um futuro mais promissor para o setor. “Um exemplo prático disso é que hoje é possível saber, num tempo de 10 segundos, se eu já tiver a projeção da modelagem matemática de produção, eu posso definir para o produtor qual é o melhor ponto entre a comercialização frente à realidade do preço da ração naquele momento e o custo do cevado de venda daquela semana. Desta forma, eu preciso acompanhar os números e modelar minha granja para que eu consiga ter uma resultado cada vez melhor”, menciona.

Possibilidades

O profissional apresentou algumas ferramentas e aplicativos que podem ser utilizados na produção de suínos, como as câmeras inteligentes – smartcam, que têm a função de passar por cima das baias, calculando o peso dos cevados diariamente e armazenado os dados em softwares, e o sound talks, que é um aplicativo que identifica o aspecto sanitário da granja, indicando o nível de pressão de infecção na parte respiratória dos animais, entre outros.

Maior desafio 

Marcino também enalteceu que o objetivo de todo produtor é manter o nível mais alto de produtividade na granja, salientando que existem ações que podem auxiliar na melhoria da conversão alimentar, bem como na redução da mortalidade. “A IA pode ser uma grande aliada, mas ela não vai trabalhar sozinha. Precisamos de pessoas para gerenciá-la”, aponta.

E qual seria o grande próximo passo da suinocultura? Segundo ele, é a possibilidade de valer-se das informações e tecnologias disponíveis e tomar a melhor decisão de forma rápida e eficiente. “Acredito que, num futuro muito próximo, isso vai moldar como a gente constrói as nossas granjas, porque quanto mais informações relevantes eu tiver da minha propriedade melhor serão as minhas condições de tomada de decisões. Com certeza teremos melhores resultados”, aponta.

 

Fonte: O Presente Rural
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Suínos / Peixes

Suinocultura segue com margens positivas, mas custos começam a incomodar

O custo de produção da suinocultura avançou 2,1% em outubro (R$ 5,86/kg vivo) ao passo em que o animal desvalorizou 0,4% na média ponderada da Região Sul e Minas Gerais.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços do suíno e da carne seguiram relativamente equilibrados nos últimos trinta dias, sustentando as margens no campo positivo, apesar de o resultado por cabeça terminada estar gradualmente diminuindo diante dos custos voltando a se elevar. Do lado da demanda externa, os embarques de outubro vieram um pouco mais baixos, mas longe de anularem o bom resultado do ano, que pode inclusive bater um novo recorde.

O custo de produção da suinocultura avançou 2,1% em outubro (R$ 5,86/kg vivo) ao passo em que o animal desvalorizou 0,4% na média ponderada da Região Sul e Minas Gerais. Com isso, o spread da atividade veio de 11% em set/23 para 8% no último mês, ou R$ 55/cabeça. Já na parcial de novembro, o indicador aponta para 6%, pressionado pelos custos, voltando a subir.

Fonte: Cepea

Do lado da oferta, segundo os números preliminares do IBGE, os abates de suínos no 3T23 (14,6 milhões de cabeças) foram 0,5% maiores sobre o igual trimestre do ano anterior, porém a produção de carne subiu 2,4% dado o maior peso médio das carcaças. Vale lembrar que após terem começado o ano crescendo 3,3% (1º tri), o segundo trimestre mostrou redução de 1%, voltando agora a se expandir.

Com relação às exportações, foram 82,6 mil t in natura embarcadas em outubro, 8,4% abaixo de out/22. Ainda assim, o crescimento acumulado no ano foi de 7,8% sobre 2022. Por outro lado, o preço médio de embarque continuou em queda, pelo quinto mês consecutivo, desvalorizando 1,4% em out/23 sobre set/23, o que é 7,5% inferior a set/22. Cabe dizer que, tanto nos EUA quanto na China os preços também continuaram caindo em outubro e primeira quinzena de novembro.

Curto prazo deve seguir favorável mas cenário de custos preocupa

O cenário para a suinocultura segue favorável para o final do ano, com o período favorecendo o bom fluxo de vendas internas, mas com os preços podendo enfraquecer sazonalmente a partir da virada de ano. Entretanto, do lado dos custos, o cenário vem ficando mais preocupante. De acordo com o USDA, os dois principais produtores globais de carne suína, China e União Europeia, terão redução da produção em 2024, de 1% e 1,6%, respectivamente, que somados significam 900 mil toneladas a menos, ambos com indicação de fraca demanda esperada e redução do rebanho. Porém, Brasil, EUA e Vietnã deverão expandir, de modo que a produção global deve permanecer estável no próximo ano.

As exportações para 2024 também tendem a seguir favoráveis, com o Brasil bem posicionado para capturar oportunidades diante das menores produções da China e da EU. Entre os exportadores, os destaques são os EUA e o Brasil, com crescimentos de 85 e 80 mil t sobre 2023, respectivamente. O órgão americano destacou que o Brasil seguirá ampliando seu market share sobre a Europa e os EUA, sobretudo no Japão e no México. Há apenas 3 anos, a Europa significava 41% do trade global, percentual que deverá cair para 31% em 2024. Já os EUA respondiam por 26% em 2020 e devem caminhar para 30% em 2024 enquanto o Brasil veio de 9% em 2020 para 15% previstos para 2024.

Seguimos otimistas quanto à demanda para o próximo ano, tanto interna quanto externa. O cuidado a ser tomado é a gestão dos riscos de preço dos grãos, sobretudo porque, possivelmente, a produção de carne suína tende a seguir crescente.

Spread da exportação de carne de frango

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA
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Suínos / Peixes

Estresse e qualidade da carne na produção de suínos: como isso funciona?

Para entender o impacto do estresse no pH, é preciso fazer uma distinção entre estresse de curta duração e estresse prolongado.

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Foto: Shutterstock

A qualidade da carne depende de vários critérios, mas um fator importante subestimado é o estresse sofrido pelos animais durante a vida. O principal indicador para determinar a qualidade da carne suína é o pH. De fato, essa medida define a qualidade e o prazo de validade da carne, que são informações essenciais para o processamento. O pH também está fortemente correlacionado com outros parâmetros tecnológicos, como cor ou retenção de água da carne, mas também com critérios organolépticos, como maciez, suculência ou sabor.

Duas categorias de carnes devem ser evitadas devido à sua baixa qualidade:

• As carnes com pH ≤ 5,6 são chamadas de carnes PSE (do inglês pale, soft, exudative): pálidas, flácidas e exsudativas. Muito ácidas e claras, elas têm baixa capacidade de retenção de água. Elas são rejeitadas para processamento em presunto.

• As carnes com pH muito mais alto, pH > 5,8, são chamadas de DFD (do inglês dark, firm, dry): escuras, duras e secas. Estas carnes têm um prazo de validade curto.

Portanto, os abatedouros e fabricantes de alimentos preferem carnes com pH entre 5,6 e 5,8, o que garante uma boa predisposição para uma carne de boa qualidade.

O estresse e suas consequências sobre a qualidade da carne suína

Para entender o impacto do estresse no pH, é preciso fazer uma distinção entre estresse de curta duração e estresse prolongado. O estresse de curta duração refere-se a eventos estressantes que ocorrem antes da sangria. Quando o animal percebe o estresse, o corpo entra em estado de alerta. É necessária uma rápida mobilização de energia para garantir a resposta natural ao estresse: lutar ou fugir. O consumo de glicogênio como fonte de energia produzirá uma quantidade significativa de ácido lático. Se a sangria ocorrer logo após o estresse, o ácido lático não será eliminado, resultando em uma carne com pH baixo, a chamada carne PSE.

Os suínos também podem ser expostos a estresse prolongado, como a longa duração do transporte, brigas entre grupos no abatedouro e longos períodos de espera nas baias. Como os suínos chegam em jejum ao abatedouro, o estresse prolongado esgotará seus estoques de glicogênio. O processo de acidificação post-mortem será, portanto, ineficiente, e a carne permanecerá com um pH alto, resultando em carne DFD.

Quais são as soluções para garantir a boa qualidade da carne?

Você deve ter percebido que para garantir uma carne com o pH ideal, o nível de glicogênio muscular deve estar alto o suficiente na sangria e o estresse deve ser contido em um nível mínimo antes e durante o abate. Na etapa do abatedouro, é essencial gerenciar a duração do transporte, o tempo de espera ao ar livre e as condições de espera (como acesso à água ou densidade animal, por exemplo). Também podem ser tomadas medidas preventivas na granja (densidade animal, acesso ao caminhão, manejo tranquilo). Uma boa relação homem-animal também facilitará o manejo no abatedouro.

Aurélie Auvray – Foto: Divulgação/Phodé

De modo geral, todos esses elementos são bem conhecidos e controlados. Mas permanece uma variável que não controlamos: o próprio animal. Na verdade, o estresse é uma resposta individual que depende de um fator principal: a capacidade do animal de lidar com esse estresse. Esse parâmetro pode ser gerenciado por uma abordagem inovadora: reforçar a resiliência do animal a nível cerebral! Existem produtos que reforçam a capacidade de adaptação dos animais aos fatores de estresse e melhora a qualidade da carne (chagando a -61% de carne PSE) e reduz a mortalidade tardia (chegando a -1,6 ponto).

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

 

Fonte: Por Aurélie Auvray, gerente de Mercado de Suínos da Phodé
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