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Pecuária deve focar em mercados que pagam mais, entende Abiec

Jornal O Presente Rural entrevistou com exclusividade o diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio

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O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, concedeu entrevista exclusiva para o jornal O Presente Rural. Ele falou como o produtor nacional consegue atingir cada vez mais mercados exigentes, como o mercado interno e externo se comportaram nos últimos meses e as expectativas para o segundo semestre deste ano. Segundo Sampaio, há espaço para alcançar novos mercados e melhorar a rentabilidade do setor com cortes mais nobres e valorizados pelos clientes, mas para isso é preciso investir em competitividade e publicidade, além de avançar com as negociações internacionais. Confira.

O Presente Rural (OP Rural) – As exportações brasileiras de carne bovina aumentaram neste ano. Quais fatores levaram a isso?

Fernando Sampaio (FS) – Consideramos que existe um cenário favorável à exportação, com a retomada de mercados importantes, como China e Arábia, que antes estavam embargados, e com o câmbio que torna o produto brasileiro competitivo, apesar da alta no preço do boi. Ainda temos uma evolução no status sanitário e o avanço em negociações importantes, como com os Estados Unidos, por exemplo.

OP Rural – Esse aumento ajuda a equilibrar o setor por conta da queda do consumo interno?

FS – O mercado interno absorveu no ano passado cerca de 80% da produção de carne bovina. Com o cenário de crise aqui, acreditamos que há espaço este ano para que o volume exportado avance. A exportação traz equilíbrio e ajuda a rentabilizar a atividade da indústria.

OP Rural – Quais são os principais polos exportadores do país? Como aumentar esse rol?

FS – A exportação hoje concentra-se nos estados do Sudeste e Centro Oeste, onde está a maior parte da produção e a saída para os portos. Mas hoje estados como Rondônia, Tocantins e Pará e até o Maranhão já são grandes produtores e exportadores.

Com o avanço do status sanitário do país, possivelmente mais mercados vão se abrir para estas regiões. Mas é preciso melhorar a infraestrutura para um escoamento mais competitivo da produção.

OP Rural – Quais são os principais compradores e como essa relações se comportam?

FS – Há 15 anos a União Europeia era o maior comprador do Brasil. Depois a Rússia e o Oriente Médio foram gradualmente ganhando importância para as exportações brasileiras. A partir de 2012, Hong Kong superou a Rússia como o maior destino da nossa carne, mostrando uma tendência que deverá continuar nas próximas décadas, ou seja, o aumento de consumo na Ásia. Hoje os nossos principais mercados são, pela ordem de faturamento de janeiro a junho: Hong Kong, China, União Europeia, Egito, Rússia, Irã, Chile e Estados Unidos.

OP Rural – Quais as principais exigências do mercado externo de carne bovina?

FS – As exigências oficiais são sempre sanitárias. Os países compradores querem ter garantias de que o produto importado não será vetor de problemas de saúde pública ou de saúde animal, por isso a defesa agropecuária é o alicerce mais importante no acesso a mercados.

Outras exigências têm surgido, principalmente no âmbito privado, no que se diz respeito à qualidade, bem estar animal, sustentabilidade e outros aspectos que envolvem o produto e o sistema de produção.

OP Rural – O que mais se exporta e para onde?

FS – A maior parte é sem dúvida carne in natura. Industrializados, que são principalmente carnes cozidas e enlatadas, têm grandes mercados como Estados Unidos e Reino Unido. Os miúdos brancos, como tendões, bucho e aortas são exportados principalmente para Hong Kong, enquanto o fígado, rins e coração vão para Egito, Rússia, Peru e alguns países africanos.

OP Rural – Quanto as indústrias brasileiras movimentam com a exportação de carne?

FS – Um mapeamento feito em parceria com a Agroconsult indica que a cadeia toda da carne movimentou R$ 380 bilhões em 2014, incluindo a pecuária, indústria, distribuição, exportação e subprodutos. Somente com a exportação espera-se um desempenho de mais de US$ 6 bilhões este ano.

OP Rural – Há novas plantas que devem receber a liberação para exportação neste ano?

FS – Temos um grande parque industrial preparado para exportar. Para muitos mercados não é necessária a habilitação planta a planta para exportação. É o Ministério da Agricultura quem avalia as condições da planta que pode exportar ou não. Para outros, como Rússia e China, por exemplo, é necessária a visita da autoridade veterinária daquele país para autorizar a exportação de cada planta. Neste sentido, novas habilitações dependem dessas missões acontecerem ou não.

OP Rural – Há espaço para agregar mais valor à carne exportada?

FS – Sim. Por isso é preciso acessar mercados que pagam mais pela carne, mas também acessando melhores nichos nos mercados já consolidados. Hoje, o Brasil não tem acesso a mercados como Japão e Coreia, que são grandes compradores, e enfrentamos restrições na Europa, que é o mercado que paga o melhor preço pela carne in natura. É preciso avançar nas negociações.

Além disso, precisamos vender o Brasil como um grande fornecedor não só de uma carne “commoditie”, mas também como capaz de oferecer cortes de alta qualidade e atender qualquer mercado. É preciso trabalhar a imagem da nossa carne lá fora, e a Abiec vem fazendo este esforço em parceria com a Apex nos principais mercados.

OP Rural – Como a cadeia produtiva atingiu a qualidade que mercados mais exigentes demandam?

FS – Houve muito investimento e aumento da eficiência na produção, tanto nas fazendas como dentro das indústrias. Mas é preciso avançar mais na qualidade do produto em si, incluindo não só a qualidade da carne, sanitária e organoléptica, mas as garantias de uma produção ética e sustentável.

OP rural – O que esperar das exportações da carne bovina brasileira para o segundo semestre?

FS – Em 2014 tivemos um recorde nas exportações. Em 2015, houve uma queda principalmente por problemas econômicos específicos na Rússia e na Venezuela, que são grandes compradores. Em 2016 esperamos recuperar os níveis de 2014. No primeiro semestre já tivemos um avanço de 12% no volume exportado. Possivelmente esse incremento será maior no segundo semestre. Também esperamos ver concluídas as negociações para a abertura do mercado norte americano para carne in natura, um dos mercados estratégicos para a Abiec nos próximos anos.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Bovinos / Grãos / Máquinas

Apesar de cinco meses de aumento, preço ao produtor de leite segue abaixo de 2023

Com alta acumulada de 12,9% no primeiro trimestre de 2024, valor ainda está 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais.

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Foto: Ari Dias/AEN

O preço médio do leite captado em março foi de R$ 2,3290/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, 4,1% maior que o do mês anterior, mas 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março). Com esse resultado, o preço ao produtor acumula alta real de 12,9% neste primeiro trimestre. Porém, a média dos três primeiros meses deste ano está 21,7% inferior à igual intervalo de 2023.

Esta é a quinta alta mensal consecutiva no preço do leite pago ao produtor, e esse movimento é explicado pela redução da oferta no campo. A limitação da produção, por sua vez, ocorre devido ao clima adverso (seca e calor) e à retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea seguiu em queda – o recuo foi de 2,5% de fevereiro para março. No acumulado do primeiro trimestre, a captação diminuiu 7,5%. Esse contexto reforça a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A valorização do leite cru, contudo, não foi repassada na mesma intensidade para o preço dos derivados lácteos. Segundo pesquisas do Cepea, as cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do estado de São Paulo subiram 3,9% e 0,3% em março, respectivamente. Agentes de mercado relatam consumo ainda sensível na ponta final da cadeia, de modo que os canais de distribuição pressionam a indústria por valores mais baixos.

Ainda assim, a média dos lácteos no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano passado registra queda menor que a verificada para o preço pago ao produtor. De janeiro a março, a baixa real nos valores do UHT e também da muçarela foi de 10,4%.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para agentes do mercado. Embora as compras externas de lácteos estejam em queda, o volume internalizado neste ano ainda supera o do ano passado. Dados da Secex apontam que, em março, as importações caíram 3,3% frente a fevereiro. Porém, essa quantidade ainda é 14,4% maior que a do mesmo período do ano passado. Considerando-se o primeiro trimestre do ano, as aquisições somaram quase 577,5 milhões de litros em equivalente leite, 10,4% acima do registrado nos três primeiros meses de 2023.

Nesse contexto, a expectativa de agentes de mercado é que o ritmo de valorização do leite ao produtor perca força em abril.

Gráfico 1 – Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de março/2024). Fonte: Cepea-Esalq/USP.

 

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Efeito do uso de levedura viva probiótica na eficiência alimentar de bovinos leiteiros

Consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes, as leveduras vivas probióticas promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta.

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Foto: Shutterstock

O uso de microrganismos vivos fornecidos diretamente como aditivo probiótico para bovinos tem aumentado significativamente nos últimos anos. Um desses exemplos é o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae, responsável pela melhoria no desempenho e na eficiência alimentar de bovinos.

Para vacas em lactação, por exemplo, o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae melhora o desempenho em todas as etapas de produção. Uma meta-análise realizada em 2010 envolvendo 14 experimentos e um total de 1.600 vacas leiteiras mostrou que o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 melhorou significativamente a eficiência alimentar (+3% em kg de Leite Corrigido para Gordura/kg de Matéria Seca Ingerida) para vacas em início e no final da lactação (Figura 1).

Figura 1: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 na eficiência alimentar de vacas em lactação. (LCG = Leite Corrigido para Gordura; MSI = Matéria Seca Ingerida).

Esses ganhos obtidos em aumento da produtividade ou eficiência alimentar podem ser explicados pela capacidade que a levedura viva tem em modificar o ambiente ruminal. Uma vez presente no rúmen, a levedura viva interage com a população microbiana (bactérias, fungos e protozoários) e os nutrientes (fibra, amido e proteína) em um ambiente anaeróbico e essas interações promovem maior estabilidade do pH ruminal (reduzindo o risco de acidose subaguda), estímulo ao desenvolvimento de bactérias fibrolíticas e aumento da digestibilidade da fibra.

Exemplo dessas modificações do ambiente ruminal foram observados em um trabalho conduzido ainda em 2007. Esse experimento mostrou que vacas suplementadas com a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 apresentaram aumento do pH ruminal (Figura 2). A análise de dados da literatura mostra que esse aumento do pH ocorre porque a levedura viva estimula o crescimento das espécies de bactérias utilizadores do ácido lático ruminal, principalmente Megasphaera elsdenii e Selenomonas ruminantium.

Figura 2: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento do pH ruminal.

Além de promover melhora no pH ruminal, o uso da levedura viva também apresenta efeitos positivos na digestibilidade da fibra. Outro estudo mostrou que a levedura viva probiótica aumentou em 4% a digestibilidade da fibra em relação ao tratamento controle (Figura 3). Esses autores observaram também melhora na eficiência alimentar para os animais tratados com a levedura viva.

Figura 3: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento da digestibilidade da fibra.

A digestibilidade da fibra é item primordial para maximizar o retorno sobre os custos com alimentação. Desafios ambientais (tais como estresse térmico) comprometem a função ruminal e, consequentemente, aumentam a concentração de nutrientes nas fezes. A suplementação com leveduras tem demonstrado efeitos positivos para a colonização de bactérias celulolíticas (tais como R. flavefaciens, por exemplo) e fungos, sugerindo um impacto particularmente marcante na quebra de ligações lignina-polissacarídeo e melhorando o aproveitamento dos nutrientes ingeridos.

Em conclusão, leveduras vivas são consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes porque promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta. Os benefícios para os produtores são vários: redução do risco problemas metabólicos e maior retorno sobre o investimento com alimentação, pois o uso da levedura viva como aditivo probiótico melhora tanto a produção de leite quanto a eficiência alimentar.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: jmoro@lallemand.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Mateus Castilho Santos / Divulgação

Fonte: Por Mateus Castilho Santos, engenheiro agrônomo, mestre em Ciência Animal e Pastagens, PhD em Ciências Animais e Alimentares e gerente técnico da Lallemand Animal Nutrition para a América do Sul.
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Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

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Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
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