Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas

Paraná poderá colher safra de 37 milhões de toneladas de grãos

Publicado em

em

O Paraná deverá colher uma produção de grãos entre 36,5 milhões de toneladas a 37 milhões de toneladas de grãos, durante as três safras plantadas no ano agrícola 2014/15. Essa projeção, que aponta para um aumento em torno de 2% em relação à colheita da safra anterior, foi elaborada pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, considerando as estimativas de área e produção para o trigo, que será plantado em 2015, e às estimativas de plantio da primeira e segunda safra de grãos.

“Essa é uma projeção que poderá ser alterada pelo comportamento do clima e por problemas de logística, como estamos vendo com a greve dos caminhoneiros, que podem interferir diretamente na produção agrícola do Estado”, alertou o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara.

A primeira estimativa de produção para o trigo, que será plantado este ano no Paraná, aponta para uma produção 8% maior que o ano passado, em torno de 4,1 milhões de toneladas, que pode ser a maior dos últimos tempos. No entanto, a área plantada poderá ser menor que o ano passado, em torno de 2%, indicando que o produtor paranaense continua apostando na tecnologia para elevar o rendimento das lavouras.

A mesma cautela do produtor que está sendo verificada no plantio de trigo também ocorre com o plantio de milho e feijão da segunda safra 2014/15, que está registrando reduções de área plantada. Mesmo assim, espera-se uma safra maior porque os índices de produtividade das lavouras estão se elevando, em função do alto nível de tecnologia adotado no Paraná.

A colheita da primeira safra de grãos de verão 2014/15 vem ocorrendo diariamente, contudo o ritmo é um pouco mais lento, o clima com sol pela manhã e parte da tarde não está permitindo que os trabalhos ocorram de forma rápida, mas as estimativas apontam para uma safra 6% maior. Para esse período, as previsões indicam que serão colhidas 21,9 milhões de toneladas de grãos, entre soja, milho e feijão, quase 1,3 milhão de toneladas a mais do que na safra anterior (2013/14), quando foram colhidas 20,6 milhões de toneladas, afirmou o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni.

SOJA – O bom desempenho dessa etapa da produção deve-se a uma reavaliação da safra de soja, que foi a maior produção da história, com um volume colhido de 16,7 milhões de toneladas. A estimativa inicial apontava para uma colheita de 17,1 milhões de toneladas, mas o volume foi reduzido por causa da falta de chuvas regulares que ocorreu no fim do ano passado. E, posteriormente, as lavouras sentiram o aumento das temperaturas registradas nesse início de ano, fatores que influenciaram na frustração das expectativas.

Segundo Marcelo Garrido, chefe de Conjuntura Econômica do Deral, o produtor que optou pela soja na safra de verão está sendo beneficiado na comercialização. Ao contrário de projeções, que vinham sendo feitas em todo o mundo, de queda no preço da commoditie, o fato é que no Brasil a valorização do câmbio está compensando em parte as perdas e o produtor está vendendo a soja em torno de R$ 60,00 a saca, que é um preço que remunera os custos de produção e ainda contribui com sua capitalização.

MILHO – O milho da primeira safra está com desempenho inferior à safra anterior, com redução de 15% na produção. A colheita no Paraná indica uma produção de 4,63 milhões de toneladas enquanto no ano anterior, no mesmo período, foram colhidas 5,44 milhões de toneladas. Segundo Simioni, há que se considerar nesse quadro que a primeira safra de milho vem apresentando uma tendência de redução há pelo menos oito anos-safras, com um ciclo de menor área plantada, menor produção e menor safra de milho. No verão, vem perdendo área para soja. Contudo, com o avanço da tecnologia e a alternativa de plantio entre janeiro/fevereiro, colheita entre junho/agosto e a comercialização entre setembro/janeiro, a concentração das vendas ocorre no período de entressafra, momento em que o mercado apresenta-se com preços mais sustentados.

SEGUNDA SAFRA DE GRÃOS – Apesar do bom desempenho da primeira safra de grãos, o produtor paranaense está mais cauteloso com o plantio da segunda safra este ano. Com o pé no freio, ensaia reduzir a área de plantio do feijão, milho e trigo em 2015. Mesmo assim, espera-se uma safra maior porque os índices de produtividade das lavouras estão se elevando, em função do elevado nível de tecnologia adotado no Paraná.

Segundo o Deral, espera-se colher em torno de 14,7 milhões de toneladas entre as lavouras de segunda safra e o trigo. Os técnicos acreditam que as estimativas de redução de área plantada ainda podem ser revertidas, dependendo da aposta do produtor que está aguardando ao máximo uma definição do mercado para o trigo ou para o milho. Essa aposta está mais favorável ao produtor do Norte e Norte Pioneiro do Estado, que está menos sujeito às influências mais danosas do clima. Em outras regiões a intensidade do frio é maior e pode ser mais prejudicial às lavouras.

FEIJÃO – A pesquisa do Deral, relativa ao mês de fevereiro, aponta para reduções de 16% na área plantada de feijão da segunda safra e de 2% na área plantada com milho da segunda safra.

A segunda safra de feijão está com 85% plantada. Apesar da redução de área, a produção estimada é 13% maior, podendo passar de 401.479 toneladas colhidas no mesmo período do ano passado para 453.719 toneladas que poderão ser colhidas este ano.

Segundo o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador, o produtor está com dificuldades de entrar nas lavouras com as máquinas para fazer os tratamentos fitossanitários necessários por causa do excesso de chuvas. Esse quadro poderá afetar a qualidade do produto, observou.

Em relação à comercialização, o produtor está satisfeito com a manutenção dos preços em alta. O feijão de cores foi vendido em média por R$ 141,66 a saca com 60 quilos, em fevereiro, e por R$ 143,17 a saca em janeiro de 2015. E o feijão preto foi vendido em média por R$ 124,51 a saca em fevereiro e R$ 126,04 a saca em janeiro.

O milho da segunda safra está com 50% da área prevista plantada, principalmente nas regiões Oeste e Sudoeste. A área ocupada cai de 1,89 milhão de hectares na safra anterior (2013/14) para 1,86 milhão de hectares na atual safra (2014/15), com uma queda de 300 mil hectares. A estimativa de produção também cai de 10,36 milhões de toneladas colhidas no ano passado para 9,95 milhões de toneladas que poderão ser colhidas este ano.

De acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, essa previsão também poderá ser revertida, dependendo do comportamento do produtor das regiões Norte e Norte Pioneiro do Paraná, se apostar no plantio de milho em detrimento do trigo. “O produtor está prorrogando o máximo que pode essa decisão, fazendo com que o plantio da segunda safra ainda fique em aberto”, disse.

Segundo Godinho, o produtor paranaense permanece indeciso entre plantar o milho da segunda safra ou o trigo porque não está sentindo segurança com a comercialização. Atualmente, está com cerca de 25% da safra de trigo do ano passado para vender, o que é regular para esse período de entressafra, mas está sendo remunerado pelo preço mínimo. “Como o mercado está pagando o preço mínimo durante a entressafra, o produtor analisa que dificilmente o preço será melhor no período de safra”, explicou o técnico.

Não é só o preço que pode influenciar na decisão do produtor, disse Godinho. Segundo ele, como houve um atraso no plantio e colheita da soja da primeira safra na região Norte do Paraná por causa do clima, pode ser que ele não consiga plantar o milho da segunda safra no período indicado e pode migrar para o plantio de trigo, afirmou.

Já os produtores de mandioca estão colhendo uma safra cheia, 12% maior em relação ao ano passado, mas estão enfrentando dificuldades no escoamento da produção. A estimativa do Deral indica que este ano devem ser colhidas 4,1 milhões de toneladas de raiz, quase 500 mil toneladas a mais que no ano passado quando foram colhidas 3,67 milhões de toneladas.

Ocorre que este ano todos os estados produtores de mandioca estão registrando elevação na produção, o que está provocando quedas no preço da raiz. De acordo com o economista do Deral, Methódio Groxko, o preço caiu de R$ 515,00 a tonelada para R$ 185,00 a tonelada do ano passado para cá. “Isso vem mobilizando produtores e indústrias que estão fazendo movimentos de paralisação de rodovias nas regiões Norte e Noroeste do Estado, que são as maiores produtoras”, disse o técnico.

Fonte: Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná – SEAB

Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Indicador do Boi Gordo Cepea/B3: 30 anos de compromisso com a pecuária brasileira

Publicado em

em

Foto: Ana Maio

Há 30 anos, o grupo de pesquisadores que formavam o Cepea já se destacava e foi o escolhido pela então BM&F para o desafio de criar um indicador de preços que substituísse a entrega física usada para a liquidação de contratos futuros de boi gordo.

Era preciso contar com uma instituição que fosse idônea, imparcial no trato das operações de compra e venda, que tivesse conhecimento científico para definir uma metodologia com reconhecimento internacional, familiaridade não só com a pecuária, mas com todo o setor em que este mercado se desenvolve, e ainda agilidade para a entrega diária de um indicador, garantindo sigilo de informação.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O Cepea atende desde então todos esses requisitos. Por 30 anos, independentemente de ocorrências como greve de trabalhadores da USP que impedisse acesso ao campus de Piracicaba, quedas de energia ou da rede telefônica, problemas de saúde dos membros da equipe ou incidentes de qualquer natureza, aconteça o que quer que seja, o Indicador do Boi do Cepea foi e continua sendo elaborado diariamente, com entrega rigorosa às 18h04 à Bolsa.

O Indicador do Boi inicialmente chamado Esalq/BM&F, hoje o Cepea/B3, é o valor oficial do boi no mercado futuro brasileiro e o referencial escolhido por inúmeros agentes, não só da pecuária, como parâmetro confiável de preço para a negociação de contratos particulares. Pela imparcialidade do Cepea e rigor na aplicação da metodologia conhecida pelo mercado, o Indicador do Boi Cepea cumpre o papel de reduzir incertezas e oportunismos no setor.

A liquidação de contratos, que nos anos 1980 e início dos anos 1990 era realizada unicamente por meio da entrega física de animais, estava suscetível a uma série de entraves.  Grande parte dos pecuaristas tinha dificuldades em formar lotes que atendessem a todos os padrões especificados e exigidos pelo contrato. Compradores, por sua vez, alegavam que muitas vezes os lotes não tinham a qualidade esperada.

Essa perda na qualidade constantemente era associada ao transporte do animal até uma das praças para entrega: Araçatuba, Barretos, Presidente Prudente e São Paulo. Determinadas fazendas ficavam bem distantes e os animais perdiam peso. Além disso, as despesas com o transporte dos lotes de boi gordo eram pauta de discussão entre o vendedor e o comprador.

A assimetria de informação entre vendedores e compradores era tamanha que, ocasionalmente, os agentes que negociavam os contratos futuros iam fisicamente às regiões de entrega dos animais – quando não possível, contratavam pessoas para fazer essa verificação –, no intuito de monitorar o processo de chegada e conferência dos lotes. O objetivo era evitar ações oportunistas.

É nesse contexto que, no começo de 1994, a Bolsa suspende momentaneamente as negociações dos contratos futuros do boi gordo e, em maio daquele ano, disponibiliza um novo formato contratual, no qual a entrega de animais deveria ser feita em um único local: Araçatuba. Alguns novos processos foram estabelecidos – como protocolos nas realizações de jejum e pesagem dos animais, entre outros – e árbitros chegaram a ser contratados pela Bolsa, no intuito de resolver as disputas de compradores e vendedores nos momentos de entrega dos lotes.

Já atenta aos custos e entraves vindos da liquidação física dos contratos de boi gordo, a Bolsa, ainda em 1993, faz uma experiência inédita para a época: busca uma terceira parte que forneça um indicador de preço do boi gordo do mercado físico do estado de São Paulo. O objetivo era utilizar tal valor como referência para uma iminente liquidação financeira dos contratos futuros do boi gordo negociados na Bolsa.

Feitas algumas apurações, fica estabelecido que o Centro de Pesquisas vinculado à Universidade de São Paulo, o Cepea, que, ressalta-se, já vinha monitorando o mercado pecuário desde 1987, seria o responsável por fornecer à Bolsa o desejado índice.

O compromisso assumido com a cadeia de bovinos de corte brasileira colocou o Cepea, a Esalq e a Universidade de São Paula na vanguarda das pesquisas e como referência de estudos para o setor.

Impulso certeiro ao mercado futuro do boi

De maio de 1994 até quase o encerramento daquele ano, os contratos negociados na Bolsa ainda eram liquidados de forma física, com entrega dos animais em curral único estabelecido em Araçatuba.

Foi em 30 de novembro de 1994, que a então BM&F lança a negociação de um novo contrato, tendo como norma sua liquidação financeira, ou seja, sem a entrega física dos animais. O contrato envolvia ainda 330 arrobas de carne e exigia animais de 450 a 550 quilos, em dólar. As posições em aberto seriam encerradas, então, pela média aritmética simples dos últimos cinco Indicadores do “Boi Gordo Esalq/BM&F” do respectivo mês.

As primeiras negociações futuras com a nova alteração no contrato começaram a ser realizadas em 16 de dezembro de 1994, envolvendo o vencimento Agosto/95. Um total de 207 contratos foram liquidados financeiramente no encerramento de agosto de 1995, ao preço médio de US$ 23,64/arroba, referência oferecida pelo Indicador do Boi Gordo Esalq/BM&F.

O novo modelo de contrato prevendo a liquidação financeira impulsionou os negócios futuros de boi gordo na Bolsa. Em 1994, haviam sido negociados pouco mais de 5,6 mil contratos de boi gordo na BM&F; no ano seguinte, foram quase 39 mil.

A partir de 1996, os contratos futuros passaram a ter vencimento em todos os meses do ano. A estabilização monetária nacional, obtida com o Plano Real, a abertura comercial e a redução da intervenção do governo na economia alavancaram as negociações de futuros de boi gordo. Assim, o número de contratos negociados já se situava acima de 100 mil em 1996, atingindo patamar superior a 150 mil contratos no ano 2000.

No dia 26 de setembro de 2000, a Bolsa realiza um novo – e muito importante – ajuste no contrato futuro de boi gordo: a cotação da arroba deixa de ser em dólar norte-americano e passa a ser em Reais por arroba. A estabilidade do Real foi o principal motivo para essa alteração.

A cotação do contrato futuro do boi gordo em dólar deixava os operadores do mercado futuro (pecuaristas, intermediários, frigoríficos e outros) suscetíveis à variação cambial. Além disso, a formação do preço do boi gordo tem como fundamentos fatores domésticos, sendo influenciada sobretudo pela oferta e pela demanda. Essa mudança, portanto, permitiu melhor visibilidade aos agentes ativos na Bolsa. O primeiro contrato a ser negociado em Reais foi o de vencimento em Março/2001.

Consolidação e maturidade

O mercado futuro de boi gordo com liquidação financeira se mostrou muito dinâmico entre 2004 e 2014, período de expressivo crescimento no número de contratos. Pode-se dizer que o mercado futuro de boi gordo se consolida nesta década.

Em 2004, foram negociados 225,2 mil contratos futuros de boi gordo, subindo para a casa dos 300 mil nos anos seguintes. Em 2007, já eram mais de 934 mil contratos, atingindo o recorde de 1,6 milhão em 2008.

Entre 2014 e 2018, observa-se certo declínio e, posteriormente, retomada e estabilização no número de contratos em aberto de boi gordo, com alta no último período, devido ao crescimento do mercado pecuário brasileiro. Por outro lado, em termos financeiros, houve expressiva evolução.

Em 2021, os contratos futuros do boi gordo movimentaram mais de R$ 65,133 bilhões na Bolsa (com opções de compra e venda), sendo 57% acima do ano anterior e o maior da

década.

Importante destacar que, em outubro de 2021, o Indicador Cepea/B3 recebeu o relatório de asseguração de adesão aos princípios da Iosco (“International Organization of Securities Commissions”). O recebimento desse selo atesta que os mais elevados padrões de qualidade e critérios de governança sugeridos pela Organização Internacional são implementados e seguidos pelo Cepea e pela B3 na elaboração e no cálculo do Indicador do boi gordo.

Em 2022, mais um crescimento, e o mercado futuro chegou a movimentar R$ 65,515 bilhões. Em 2023, atingiram 781.145 mil contratos, o maior volume desde 2014, mostrando novamente o aumento do uso da ferramenta. Em valor, 2023 atingiu R$ 69,727 bilhões.

Ao completar três décadas, o Indicador se apresenta com novidades. Em breve, será anunciada uma alteração na forma de cálculo do Indicador e disponibilizado um novo aplicativo para informe de negociações. Com os parceiros certos, o Cepea honra sua raiz Esalq/Universidade de São Paulo e se mantém ano após ano com fonte confiável e imparcial, a serviço da sociedade.

Fonte: Por Alessandra da Paz, gestora da Equipe de Comunicação do Cepea
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Apesar de cinco meses de aumento, preço ao produtor de leite segue abaixo de 2023

Com alta acumulada de 12,9% no primeiro trimestre de 2024, valor ainda está 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais.

Publicado em

em

Foto: Ari Dias/AEN

O preço médio do leite captado em março foi de R$ 2,3290/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, 4,1% maior que o do mês anterior, mas 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março). Com esse resultado, o preço ao produtor acumula alta real de 12,9% neste primeiro trimestre. Porém, a média dos três primeiros meses deste ano está 21,7% inferior à igual intervalo de 2023.

Esta é a quinta alta mensal consecutiva no preço do leite pago ao produtor, e esse movimento é explicado pela redução da oferta no campo. A limitação da produção, por sua vez, ocorre devido ao clima adverso (seca e calor) e à retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea seguiu em queda – o recuo foi de 2,5% de fevereiro para março. No acumulado do primeiro trimestre, a captação diminuiu 7,5%. Esse contexto reforça a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A valorização do leite cru, contudo, não foi repassada na mesma intensidade para o preço dos derivados lácteos. Segundo pesquisas do Cepea, as cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do estado de São Paulo subiram 3,9% e 0,3% em março, respectivamente. Agentes de mercado relatam consumo ainda sensível na ponta final da cadeia, de modo que os canais de distribuição pressionam a indústria por valores mais baixos.

Ainda assim, a média dos lácteos no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano passado registra queda menor que a verificada para o preço pago ao produtor. De janeiro a março, a baixa real nos valores do UHT e também da muçarela foi de 10,4%.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para agentes do mercado. Embora as compras externas de lácteos estejam em queda, o volume internalizado neste ano ainda supera o do ano passado. Dados da Secex apontam que, em março, as importações caíram 3,3% frente a fevereiro. Porém, essa quantidade ainda é 14,4% maior que a do mesmo período do ano passado. Considerando-se o primeiro trimestre do ano, as aquisições somaram quase 577,5 milhões de litros em equivalente leite, 10,4% acima do registrado nos três primeiros meses de 2023.

Nesse contexto, a expectativa de agentes de mercado é que o ritmo de valorização do leite ao produtor perca força em abril.

Gráfico 1 – Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de março/2024). Fonte: Cepea-Esalq/USP.

 

 

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Efeito do uso de levedura viva probiótica na eficiência alimentar de bovinos leiteiros

Consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes, as leveduras vivas probióticas promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

O uso de microrganismos vivos fornecidos diretamente como aditivo probiótico para bovinos tem aumentado significativamente nos últimos anos. Um desses exemplos é o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae, responsável pela melhoria no desempenho e na eficiência alimentar de bovinos.

Para vacas em lactação, por exemplo, o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae melhora o desempenho em todas as etapas de produção. Uma meta-análise realizada em 2010 envolvendo 14 experimentos e um total de 1.600 vacas leiteiras mostrou que o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 melhorou significativamente a eficiência alimentar (+3% em kg de Leite Corrigido para Gordura/kg de Matéria Seca Ingerida) para vacas em início e no final da lactação (Figura 1).

Figura 1: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 na eficiência alimentar de vacas em lactação. (LCG = Leite Corrigido para Gordura; MSI = Matéria Seca Ingerida).

Esses ganhos obtidos em aumento da produtividade ou eficiência alimentar podem ser explicados pela capacidade que a levedura viva tem em modificar o ambiente ruminal. Uma vez presente no rúmen, a levedura viva interage com a população microbiana (bactérias, fungos e protozoários) e os nutrientes (fibra, amido e proteína) em um ambiente anaeróbico e essas interações promovem maior estabilidade do pH ruminal (reduzindo o risco de acidose subaguda), estímulo ao desenvolvimento de bactérias fibrolíticas e aumento da digestibilidade da fibra.

Exemplo dessas modificações do ambiente ruminal foram observados em um trabalho conduzido ainda em 2007. Esse experimento mostrou que vacas suplementadas com a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 apresentaram aumento do pH ruminal (Figura 2). A análise de dados da literatura mostra que esse aumento do pH ocorre porque a levedura viva estimula o crescimento das espécies de bactérias utilizadores do ácido lático ruminal, principalmente Megasphaera elsdenii e Selenomonas ruminantium.

Figura 2: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento do pH ruminal.

Além de promover melhora no pH ruminal, o uso da levedura viva também apresenta efeitos positivos na digestibilidade da fibra. Outro estudo mostrou que a levedura viva probiótica aumentou em 4% a digestibilidade da fibra em relação ao tratamento controle (Figura 3). Esses autores observaram também melhora na eficiência alimentar para os animais tratados com a levedura viva.

Figura 3: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento da digestibilidade da fibra.

A digestibilidade da fibra é item primordial para maximizar o retorno sobre os custos com alimentação. Desafios ambientais (tais como estresse térmico) comprometem a função ruminal e, consequentemente, aumentam a concentração de nutrientes nas fezes. A suplementação com leveduras tem demonstrado efeitos positivos para a colonização de bactérias celulolíticas (tais como R. flavefaciens, por exemplo) e fungos, sugerindo um impacto particularmente marcante na quebra de ligações lignina-polissacarídeo e melhorando o aproveitamento dos nutrientes ingeridos.

Em conclusão, leveduras vivas são consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes porque promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta. Os benefícios para os produtores são vários: redução do risco problemas metabólicos e maior retorno sobre o investimento com alimentação, pois o uso da levedura viva como aditivo probiótico melhora tanto a produção de leite quanto a eficiência alimentar.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: jmoro@lallemand.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Mateus Castilho Santos / Divulgação

Fonte: Por Mateus Castilho Santos, engenheiro agrônomo, mestre em Ciência Animal e Pastagens, PhD em Ciências Animais e Alimentares e gerente técnico da Lallemand Animal Nutrition para a América do Sul.
Continue Lendo
CBNA – Cong. Tec.

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.