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Suínos / Peixes

Os caminhos da saúde única na suinocultura brasileira

Médica-veterinária e PhD em Virologia Molecular, Janice Reis Ciacci Zanella, destaca que os principais riscos à saúde pública e animal associados à suinocultura incluem as doenças emergentes, especialmente aquelas com potencial para se tornarem pandemias, bem como interrupções na produção e no fluxo dos sistemas alimentares.

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Foto: Shutterstock

O conceito One Health, traduzido para o português como saúde única, está bem difundido no setor suinícola brasileiro. Ele relaciona a interconexão entre a saúde humana, a saúde animal e o meio ambiente, demonstrando a importância de relacionar esses elementos, com o objetivo de melhorar as condições de saúde em todos os aspectos da vida. Essa abordagem mobiliza vários setores, disciplinas e comunidades em vários níveis da sociedade para trabalhar em conjunto para promover o bem-estar e combater as ameaças à saúde e aos ecossistemas, abordando a necessidade coletiva de água, energia e ar limpos, bem como alimentos seguros e nutritivos, tomando medidas sobre as mudanças climáticas, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável.

“A relevância de utilizar este conceito está na integração de todas as áreas de saúde. Desta forma, devemos trabalhar por uma suinocultura que seja sustentável, além de ficarmos atentos e monitorar doenças emergentes, trabalhando para evitar que a resistência a antimicrobianos prejudique a saúde dos animais, focando na produção de alimentos saudáveis e seguros”, destaca a médica-veterinária e PhD em Virologia Molecular, Janice Reis Ciacci Zanella. Ela será uma das palestrantes do Painel One Health e vai falar sobre como o Brasil está posicionado em normativas ou padrões relacionados ao tema durante o 20º Congresso Nacional da Abraves, que acontece nesta semana, de 16 a 19 de outubro, em Porto Alegre, RS. Janice explora iniciativas, apresenta desafios e enaltece progressos relacionados a utilização deste importante conceito.

Médica-veterinária e PhD em Virologia Molecular, Janice Reis Ciacci Zanella: “A relevância de utilizar este conceito está na integração de todas as áreas de saúde” – Foto: Arquivo Pessoal

A doutora destaca que os principais riscos à saúde pública e animal associados à suinocultura incluem as doenças emergentes, especialmente aquelas com potencial para se tornarem pandemias, bem como interrupções na produção e no fluxo dos sistemas alimentares. “A suinocultura é um setor muito importante não só para a economia do Brasil, mas gerador de empregos e fornecedor de proteínas de extrema qualidade para todo o mundo. Com base nisso, podemos enxergar que a saúde única é uma grande aliada para buscarmos a prevenção e o controle dessas doenças”, sugere.

Prioridade para o Brasil

A profissional afirma que o Brasil está posicionado de forma estratégica, com normativas e padrões relacionados à saúde única na suinocultura. “Em proteína animal, o Brasil é o segundo em produção de aves e carne bovina, o quarto em carne suína e o sétimo em peixes e ovos. One Health já é uma prioridade para o Brasil, uma vez que muitas iniciativas estão acontecendo em instituições brasileiras para implementar o Plano de Ação Conjunto (Joint Plano of Action ou JPA) da OMS e organizações parceiras”, informa.

Janice cita que existem várias iniciativas que visam atender as diretrizes mundiais do One Health. “Partindo do governo federal, liderado pelo Ministério da Saúde existe um grupo de trabalho com vários parceiros, inclusive a Embrapa e o Mapa, que é específico para One Health, principalmente para apoiar a implementação do JPA no país”, explica.

A profissional lembra que o Brasil é um país continental, bastante populoso e que possui uma rica diversidade biológica. “Como desafio, geograficamente falando, nosso país possui regiões como a Bacia Amazônica e a Mata Atlântica, que estão situadas em áreas de foco para o surgimento de doenças. Desta forma, o trabalho deve ser contínuo”, sugere.

Avanços

Entre os principais avanços e iniciativas que o Brasil já adotou para promover a abordagem One Health na suinocultura, a doutora reforça que a maior parte das iniciativas são relacionadas a segurança dos alimentos e resistência antimicrobiana com os planos nacionais liderados pelo Mapa. “Existe uma forte abordagem em doenças zoonóticas, também de liderança do Ministério da Saúde e Mapa. Neste momento, existe um trabalho que está sendo feito pelo grupo PAN One Health brasileiro”, adianta.

Com relação aos desafios específicos que o país enfrenta ao implementar práticas de saúde única na suinocultura, Janice pontua que os problemas são complexos e multissetoriais. “Nós ainda não sabemos como enfrentá-los, por isso, essa mudança de abordagem deve ser empregada, trabalhando mais em sistemas do que em espécies, dando um foco para a vida no planeta, não somente nas questões que são relacionadas às ações humanas”, defende.

Colaboração internacional

Janice Reis Ciacci Zanella em recente viagem à Genebra, na Suíça, na sede da Organização Mundial da Saúde (OMS) – Foto: Arquivo Pessoal

Janice relata que as organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep) formaram uma aliança e estão comprometidos a atuar juntos em One Health, assim como os países do G20.
Ela também explica que a suinocultura brasileira vai se inserir principalmente com relação às linhas de ação do JPA, que são seis, e naqueles que se relacionam a ela.

• Linha de ação 1: Reforçar as capacidades de saúde única para fortalecer os sistemas de saúde.

• Linha de ação 2: Reduzir os riscos de doenças zoonóticas emergentes e reemergentes, epidemias e pandemias.

• Linha de ação 3: Controle e eliminação de doenças zoonóticas endêmicas, tropicais negligenciadas e doenças transmitidas por vetores.

• Linha de ação 4: Fortalecer a avaliação, gestão e comunicação de riscos de segurança alimentar.

• Linha de ação 5: Limitar a pandemia silenciosa da RAM (resistência antimicrobiana).

• Linha de ação 6: Integração do meio ambiente em One Health.

Participação de todos

A doutora reforçou que as normativas e regulamentações relacionadas à suinocultura no Brasil podem ser alinhadas com a abordagem One Health para garantir a segurança alimentar, a saúde pública e o bem-estar animal e que isso é possível de ser realizado, por intermédio da implementação de abordagens de saúde única. “Importante salientar que todos setores serão ouvidos e poderão contribuir. Com certeza novas normativas e práticas deverão ser implementadas”, indica.

A profissional também argumenta que as instituições governamentais, da indústria e da comunidade científica possuem um importante papel na promoção da saúde única no Brasil. “Cada um deve fazer a sua parte, da melhor maneira possível. A promoção as saúde única necessita de normas, vigilância de doenças, financiamento, pesquisa, capacitação e ensino, monitorias e indicadores, ou seja, todos terão seu lugar e sua responsabilidade”, recomenda.

Benefícios

No que diz respeito aos benefícios esperados com uma adoção mais ampla do conceito na suinocultura brasileira, a profissional defende que eles são imensos, tanto em termos de saúde pública quanto de sustentabilidade ambiental. “Proteger a saúde animal é proteger a vida. O Banco Mundial já provou que o sucesso na prevenção do início de pandemias vem com uma taxa de retorno anual esperada de 86%. Desta maneira, quando pensamos em perspectivas futuras para a suinocultura brasileira com relação a de saúde única podemos projetar que ela trará mais sustentabilidade e produtividade”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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