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Bovinos / Grãos / Máquinas

O ciclo das endotoxinas e as doenças em bovinos

As endotoxinas, também conhecidas como lipopolissacarídeos (LPS), são componentes da membrana externa das bactérias gram-negativas que são liberadas quando estas se multiplicam ou suas membranas se rompem.

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Foto: Shutterstock

Um assunto importante e muito discutido na produção de bovinos é do efeito das endotoxinas sobre a saúde e desempenho dos animais. Está cada vez mais evidente que as endotoxinas influenciam na incidência de infecções e doenças metabólicas em bovinos, impactando sua saúde, performance e rentabilidade.

As endotoxinas, também conhecidas como lipopolissacarídeos (LPS), são componentes da membrana externa das bactérias gram-negativas que são liberadas quando estas se multiplicam ou suas membranas se rompem. Induzem a fortes respostas inflamatórias locais ou sistêmicas, causando alterações fisiológicas que reduzem o desempenho e podem culminar com a morte do animal. Em bovinos as endotoxinas estão associadas a distúrbios e condições como a síndrome da acidose ruminal, mastite, inflamação gastrointestinal, entre outros.

Em condições fisiológicas normais, o epitélio do trato gastrointestinal (TGI) atua como uma barreira para prevenir a entrada de LPS na corrente sanguínea. No entanto, nas criações especializadas de bovinos é comum uma maior inclusão de carboidratos fermentáveis e/ou redução de fibra efetiva nas dietas. Essa condição de manejo leva a redução do pH ruminal e a ocorrência de morte das bactérias gram negativas, com a liberação de endotoxinas no sistema gastrointestinal.

O baixo pH ruminal e aumento da concentração de LPS promovem agressão à parede do rúmen e intestino, elevando a sua permeabilidade e o transporte das endotoxinas, através do epitélio da membrana celular epitelial (transcelular) e/ou intercelular (tight-junction). Após transpor a parede do TGI, as endotoxinas têm 3 potenciais destinos: o sistema linfático, veia porta ou sistema circulatório (Figura 1).

 

Figura 1: A endotoxina que entra no sistema linfático ou na veia porta será removida por macrófagos locais, desencadeando a liberação de citocinas pró-inflamatórias como IL-1, IL-6 e fator de necrose tumoral (TNF)-α. As citocinas são liberadas na circulação sistêmica e induzem a produção de proteínas de fase aguda no fígado, incluindo amilóide sérica A (SAA), proteína ligante de LPS (LBP), haptoglobina (Hp) e proteína C reativa (PCR). Se as endotoxinas escaparem dos macrófagos locais no fígado ou sistema linfático, elas entrarão na circulação sistêmica e se ligarão à lipoproteína de alta densidade (HDL) e à lipoproteína de baixa densidade (LDL), facilitado pela LBP e um agrupamento solúvel de diferenciação 14 (sCD14). Uma endotoxina adsorvida a lipoproteínas é endocitada pelos hepatócitos hepáticos e posteriormente liberada e desativada na bile, ou pode ser armazenado no tecido adiposo branco (WAT) e então removido por macrófagos adiposos, que liberam mais citocinas na circulação sistêmica.

Endotoxinas e etiopatologia

A liberação de citocinas inflamatórias provocadas pelas LPS desencadeia uma resposta inflamatória sistêmica, conhecida como endotoxemia. A endotoxemia é caracterizada por alterações na função de múltiplos órgãos e tecidos, aumento da permeabilidade vascular, ativação de células inflamatórias e desequilíbrios metabólicos.

A endotoxemia pode levar a uma série de efeitos sistêmicos prejudiciais em bovinos, incluindo febre, letargia, redução do apetite, depressão do sistema imunológico, disfunção hepática, distúrbios metabólicos, alterações na coagulação sanguínea e danos em órgãos vitais.

A contribuição para a doença é direta, através do acionamento de uma resposta inflamatória, ou por outros fatores, como a reação exagerada dos mecanismos de proteção do hospedeiro. Não somente a concentração de endotoxinas, mas também a toxicidade das espécies bacterianas induzem a inflamação. Por exemplo, a endotoxina da E. coli é muito mais tóxica do que outras bactérias gram-negativas encontradas no rúmen dos bovinos. Isso significa que quando o LPS de E. coli predomina no rúmen, esperamos efeitos negativos mais severos.

Endotoxinas e SARA (acidose ruminal subaguda)

Uma das desordens metabólicas mais comuns em bovinos de leite e corte é a acidose ruminal subaguda (SARA), com uma prevalência de 11 a 26%. O nome SARA é frequentemente usado como um sinônimo de uma má saúde ruminal, e é definido como um pH abaixo de 5,6 por pelo menos 180 min/dia. Esse efeito foi demonstrado em estudo realizado pela EM 2022, com o aumento do uso de concentrado na dieta (Figura 2).

Figura 2 – Efeito do teor de concentrado na dieta de bovinos sobre o pH ruminal no tempo

O baixo pH ruminal causa uma diminuição na diversidade bacteriana, altera a população bacteriana anexada ao epitélio ruminal e aumenta a população de bactérias gram-positivas. Os LPS são liberados como resultado de um aumento do crescimento bacteriano ou devido à acidez que faz a bactéria ficar mais propensa à ruptura celular. Portanto, uma maior concentração de LPS livre é detectada no líquido ruminal das vacas que tiveram SARA. Os LPS podem levar os animais a desenvolverem SARA por estimular o crescimento de bactérias relacionadas a acidose, como Streptococcus bovis e Selenomonas ruminantium, criando um círculo vicioso.

Endotoxinas e uma abordagem preventiva multifatorial

Figura 3 – Efeito do Aditivo Adsorvente de Micotoxinas in vivo sobre as endotoxinas no rúmen com SARA (P=0,09)

A presença de endotoxinas em bovinos pode ter diversos efeitos negativos, incluindo inflamação sistêmica, redução na produção de leite e carne, disfunção ruminal, respostas imunológicas alteradas e problemas de saúde e bem-estar. O controle e a prevenção da endotoxemia são fundamentais para a saúde e o desempenho adequado das vacas leiteiras.

A importância de uma adequada fibra dietética, tipo de concentrado e amido, e manejo alimentar são algumas práticas descritas na literatura. Entretanto, em fazendas de produção intensiva de leite e corte torna-se difícil evitar episódios de SARA. Por isso, é importante prevenir os efeitos negativos das endotoxinas, e manter os animais saudáveis com um suporte de amplo espectro.

O impacto das endotoxinas nos parâmetros produtivos é resultado da sua concentração e toxicidade, da integridade do epitélio do TGI, mudanças nos perfis de fermentação ruminal, translocação de endotoxinas e resposta imune.

Em estudos com o uso De um determinado aditivo adsorvente de micotoxinas ficou demonstrado a capacidade de redução da concentração de endotoxinas in vivo no trato gastrointestinal (Figura 03) e a sua eficácia na redução das endotoxinas na avaliação in vitro (Figura 04). Este benefício duplo é um método efetivo que diminui a chance das toxinas interagirem com o epitélio, prevenindo de que caiam na corrente sanguínea e causem uma resposta inflamatória.

Figura 4 – Eficácia de adsorção in vitro de endotoxinas pelo Aditivo Adsorvente de Micotoxinas

Fortalecendo a saúde geral dos animais e o status do seu sistema imune, temos um melhor desempenho na lactação e produção de carne. Aumentar a longevidade com medidas preventivas é uma solução sustentável para maximizar a rentabilidade das vacas leiteiras e do produtor.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: f.barros@agrifirm.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital de Bovinos, Grãos e Máquinas. Boa leitura!

Fonte: Por Elinton Weinert Carneiro, médico-veterinário, doutor em Nutrição Animal e Forragicultura, gerente técnico da Agrifirm

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Genética e nutrição: os pilares da eficiência alimentar na pecuária moderna

Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

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Fotos: Divulgação/Criatório Rana

Nos últimos anos, a pecuária de corte testemunhou um aumento significativo na rentabilidade dos produtores, impulsionado em grande parte pela melhoria da eficiência alimentar. Este avanço está revolucionando a forma como os pecuaristas gerenciam seus rebanhos, resultando em maiores ganhos econômicos.

A eficiência alimentar na pecuária de corte se refere à capacidade de produzir mais carne utilizando menos recursos alimentares, como pastagens e rações. Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

Criador Ivo Arnt Filho do Criatório Angus Rana, de Tibagi, no Paraná: “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna” – Foto: Divulgação

Um dos principais impulsionadores desse aumento na eficiência é a seleção genética de animais com melhor capacidade de conversão alimentar e crescimento acelerado. Os pecuaristas estão optando por raças e linhagens que apresentam maior eficiência na transformação de alimentos em carne, garantindo uma produção mais rentável. Esse é o caminho que criador Ivo Arnt Filho tomou, quando incluiu no Criatório Rana, localizado em Tibagi, no Paraná, a criação de animais da raça Angus, em 1987.

Após duas décadas dos primeiros animais terem chegado à propriedade, Arnt passou em 2009 a se dedicar à seleção genética da raça. “Para obter a melhor eficiência alimentar buscamos a seleção genômica dos animais, com a característica de melhor conversão de alimento em carne, realizando a escolha do pai e da mãe para produção de um filho superior para esta característica”, explica, contando que os 450 animais que tem na propriedade são todos registrados e avaliados pelo programa oficial da Associação Brasileira de Angus.

Entre os melhores do país

Para garantir um padrão de excelência em sua criação, o criatório do produtor paranaense participa da Prova de Eficiência Alimentar, promovida pela Associação Brasileira de Angus, em parceria com a Embrapa Pecuária Sul, e hoje possui cinco touros entre os melhores reprodutores da raça Angus no Brasil.

Na prova, os animais são avaliados quanto à eficiência alimentar por meio da ponderação do Consumo Alimentar Residual e do Ganho e Peso Residual. “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna. Selecionando os indivíduos pais, para que seus descendentes tenham a melhor conversão alimentar em carne. A avaliação de ultrassonografia de carcaça nas mães, com aplicação da equação de validação para DEP de peso de carcaça quente, nos auxilia em muito na rentabilidade da produção”, enfatiza.

A busca constante por animais com alta eficiência alimentar não apenas agrega valor econômico à atividade pecuária, mas também promove a sustentabilidade e a rentabilidade ao pecuarista. “Além do reconhecimento, os touros campeões da Prova de Eficiência Alimentar foram contratados por centrais de inseminação e hoje seu sêmen está disponível no mercado para melhorar os rebanhos de todo o país”, diz, orgulhoso. “O abate e a comercialização é restrita aos animais que não são destinados à reprodução”, informa.

Alimentação dos animais

Além disso, a adoção de práticas de manejo intensivo e estratégias nutricionais específicas também contribuem para melhorar a eficiência alimentar. Isso inclui o uso de suplementos alimentares balanceados e a implementação de sistemas de confinamento que permitem um controle mais preciso da dieta dos animais, otimizando assim o ganho de peso. “A alimentação dos animais é realizada a pasto com suplementação da dieta com sal proteico energético, realizando para cada faixa etária o balanceamento adequado”, descreve Arnt, afirmando que animais bem nutridos, suplementados com silagem e complemento mineral têm uma saúde intestinal adequada. “Como trabalhamos somente com animais puros de origem buscamos a alimentação mais natural possível”, salienta.

Outro aspecto importante é com a gestão das pastagens. Os produtores estão investindo em técnicas de manejo que visam melhorar a qualidade e a disponibilidade de forragem, como a rotação de pastagens e o controle de invasoras. Isso não apenas aumenta a produtividade das áreas de pastoreio, mas também contribui para a saúde do solo e a sustentabilidade da atividade pecuária a longo prazo. “Para promover a saúde intestinal dos animais e prevenir problemas relacionados ao sistema digestivo fornecemos somente alimentos nobres, ricos em fibra e probióticos”.

Como fazer a seleção de animais

Na propriedade da família Arnt, diversas tecnologias foram implementadas visando a melhoria da eficiência alimentar dos animais. “Os pecuaristas devem escolher e selecionar os animais (touros e vacas) genomicamente, utilizando ferramentas que permitem gerenciar o ganho de peso e a economicidade da produção pecuária. Não é suficiente adquirir touros apenas com base em fotografias, é necessário analisar as DEP’s (Diferenças Esperadas na Progênie). Além disso, é fundamental avaliar as mães por meio de ultrassonografia de carcaça para produzir os bezerros do futuro, que serão convertidos em carne”, afirma.

Cuidado especializado

Para monitorar e avaliar a eficácia do manejo nutricional e da saúde intestinal dos animais, o produtor paranaense realiza a pesagem individual dos animais regularmente. De acordo com ele, essa prática fornece informações sobre o desempenho de ganho de peso diário, um parâmetro fundamental para o desenvolvimento dos animais jovens. Além disso, é feito a verificação das fezes dos animais para avaliar sua saúde intestinal. A propriedade conta com assessoria veterinária própria para garantir a manutenção da boa saúde alimentar dos animais.

Produção de bezerros

O produtor destaca ainda a importância de cuidar da produção de bezerros para garantir a continuidade do negócio. “Temos que nos preocupar com a produção eficiente de bezerros, utilizando as ferramentas disponíveis para alcançar uma melhor eficiência econômica e obter ótima rentabilidade na atividade pecuária, bem como a sustentabilidade do nosso negócio”, pontua Arnt.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Indicador do milho tem queda real de 13,6% em um ano

De acordo com pesquisadores do Cepea, produtores seguem voltados ao desenvolvimento da segunda safra e à colheita da safra verão, postergando a comercialização do cereal.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Em abril, o Indicador do milho Esalq/BM&FBovespa (referência região de Campinas – SP) caiu 5,9% em relação ao mês anterior.

Na comparação anual, a queda é de 13,6%, em termos reais (calculado por meio do IGP-DI de março de 2024).

De acordo com pesquisadores do Cepea, produtores seguem voltados ao desenvolvimento da segunda safra e à colheita da safra verão, postergando a comercialização do cereal.

Do lado da demanda, pesquisadores do Cepea apontam que os estoques remanescentes de 2022/23, a colheita da safra verão em bom ritmo e as lavouras de segunda safra desenvolvendo sem grandes problemas têm levado compradores a limitarem as aquisições apenas para o curto prazo.

Ainda conforme levantamentos do Cepea, a colheita da safra verão no Rio Grande do Sul foi paralisada nos últimos dias devido ao excesso de chuvas e aos alagamentos em diversas regiões do estado.

No Sul de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, o baixo volume de chuvas e as altas temperaturas começam a deixar agentes apreensivos.

Fonte: Assessoria Cepea
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A espera de reação no preço, pecuaristas se afastam do mercado

No acumulado de abril, o Indicador do boi gordo Cepea/B3 cedeu 1,3%, fechando a R$ 229,35 no dia 30. Quando considerada a média mensal, de R$ 230,51, verificam-se quedas de 1% frente à de março de 2024 e de 17% em relação à de abril de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mês de abril se encerrou com ritmo lento de negócios, mas vendedores se mostram otimistas para maio.

Muitos pecuaristas consultados pelo Cepea acreditam que as ofertas estarão menores neste mês e observam que as escalas já estão um pouco mais curtas.

Com esta expectativa, na última semana e no início desta, vendedores se afastaram do mercado, esperando ofertas em valores maiores.

No acumulado de abril, o Indicador do boi gordo Cepea/B3 cedeu 1,3%, fechando a R$ 229,35 no dia 30.

Quando considerada a média mensal, de R$ 230,51, verificam-se quedas de 1% frente à de março de 2024 e de 17% em relação à de abril de 2023, em termos reais (IGP-DI).

Fonte: Assessoria Cepea
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