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Incertezas no mercado de carne suína

Custo de produção em alta, dúvidas sobre a produtividade do milho safrinha e China são algumas das incógnitas que cercam o setor

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Divulgação/Frimesa

A recente conquista do Paraná em obter o selo de Estado livre da febre aftosa sem vacinação representa um sonho antigo para a cadeia de alimentos. Somente em termos de suinocultura, será possível acessar 60% do mercado mundial de carne suína, que antes estava de “portas fechadas” para o produto brasileiro.

Paralelo a isso, estudos indicam que a demanda por alimentos nas próximas décadas vai aumentar significativamente, sendo que o Brasil deve ser o grande provedor de comida.

Para dar conta desta equação que exige cada vez mais qualidade e ao mesmo tempo quantidade, a Frimesa tem se preparado há alguns anos para a nova realidade que se desenha.

Prova disso é a construção em Assis Chateaubriand do maior frigorífico de suínos da América Latina. A planta industrial de 147 mil metros quadrados distribuídos em 115 hectares deve atingir, quando pronta e em sua capacidade máxima, o abate de 7,5 mil suínos ao dia – o que praticamente vai dobrar a produção atual da Frimesa, que está em cerca de 8,3 mil suínos/dia.

“Não estamos recuando no projeto futuro. Em torno de 50% da obra de Assis já está feita e estamos trabalhando com mais de 30 empresas terceirizadas na obra. São mais de 600 pessoas envolvidas. Espero que no final de 2022, no dia 13 de dezembro, data de aniversário da Frimesa, seja possível inaugurar o frigorífico, para que no começo de 2023 opere com normalidade”, declarou, em entrevista ao Jornal O Presente, o diretor-presidente Valter Vanzella.

Frigorífico rondonense

Além da construção da nova planta industrial em Assis, a Frimesa adquiriu, em dezembro de 2019, o frigorífico de suínos que havia arrendado em Marechal Cândido Rondon. Atualmente, a empresa realiza adequações e modernizações na indústria.

“Depois da aquisição, a Frimesa já investiu R$ 16 milhões em melhorias na planta industrial. Queremos chegar ainda este ano a abater a capacidade plena, que é de 1,4 mil suínos por dia. Só será possível e o SIF (Selo de Inspeção Federal) só vai liberar assim que terminarmos as exigências das melhorias que estão sendo feitas, e estamos terminando”, adiantou.

Por enquanto, a unidade tem feito o abate de suínos. No entanto, quando o frigorífico de Assis entrar em funcionamento, existe a possibilidade da planta industrial rondonense ser destinada para o abate de matrizes.

“Mas será feito um estudo, porque vamos ter uma quantidade de matrizes significativa devido ao tamanho da integração que será feita. Hoje, as cooperativas filiadas estão vendendo para terceiros, porque em uma linha normal de abate, como temos em Medianeira, as matrizes são um problema para a indústria. Por isso, provavelmente será interessante depois adequar a indústria rondonense para abater somente matrizes, porque elas têm tamanho e algumas especificações. Não é uma decisão definitiva. Vamos fazer um estudo, pois depende da matéria-prima que teremos”, informa o dirigente.

“Provavelmente será interessante depois adequar a indústria rondonense para abater somente matrizes, porque elas têm tamanho e algumas especificações. Não é uma decisão definitiva. Vamos fazer um estudo”

Cenário turbulento

Questionado se o atual cenário muda os investimentos da Frimesa, tendo em vista a alta nos insumos da construção civil e no custo de produção, bem como a oscilação no preço do suíno, Vanzella é enfático de que as pessoas precisam ser realistas.

“Vivemos em um país em que as instabilidades são constantes. Só que, graças a Deus, compramos muitas das coisas necessárias para a obra (em Assis) antes deste aumento generalizado. No entanto, sabemos que vai ter muita coisa que teremos que arcar com o ônus do aumento. O preço do suíno tem oscilado de uma maneira extraordinária. Em uma semana está ruim, 15 dias depois fica bom, e como a Frimesa tem uma produção de produtos de maior valor agregado, e porções que colocamos nos supermercados que vão para a casa das pessoas, que devido à pandemia deixaram de sair para comer e estão optando em fazer as refeições em casa, temos nos dado bem”, observa.

O líder cooperativista lembra ainda que com a cotação do dólar a exportação tem ficado em um patamar acima do normal para a suinocultura.

“A China tem comprado muito e até agora tem ido bem, mas vivemos numa incerteza. Não podemos parar as coisas, pois, caso contrário, nunca vamos fazer nada. Estamos seguindo com as obras, tanto a modernização do frigorífico rondonense como a obra do frigorífico de Assis, que estão sendo tocadas. Paralelamente a isso fizemos adequações e investimentos. Na indústria de lácteos de Marechal Rondon, nos últimos dois anos, foram investidos R$ 30 milhões. A gente não para. Todo dia, quando despacho com o pessoal do comercial, tem novidade. Uma hora melhora e outra piora, e nós temos que nos adequar”, declara.

Dilema 

Vanzella reforça que há momentos em que o mercado está mais estável e, em outros, nem tanto. Agora, de acordo com ele, a dificuldade está na volatilidade por conta do custo de produção.

“O preço do suíno está bom, mas o que está ruim é o custo de produção. O milho saiu de R$ 30, R$ 35, R$ 40 a saca para ir para R$ 90. A soja saiu de R$ 80 e foi para R$ 160. Esse custo de produção oscilou devido às circunstâncias mundiais. O fato da China ter comprado tanta carne suína permitiu que as exportações remunerassem os frigoríficos, que não ficaram no vermelho. Em 2020 tivemos o melhor resultado histórico da Frimesa, puxado por dois fatores: os produtos de valor agregado e a exportação”, detalha.

Apesar de um cenário que poderia aparentar estar bom, o problema é que no Brasil o poder aquisitivo do brasileiro está diminuindo, argumenta o dirigente. “O aumento no preço das coisas provocou um desajuste. Há coisas que subiram 100%, como na construção civil, e outras que não subiram, principalmente o salário do trabalhador. O salário do trabalhador é que gera o poder de compra do povo. Estamos sentindo que a demanda tem esfriado nos últimos tempos”, lamenta, emendando: “Temos que nos adequar dentro desta realidade. Há horas que precisamos trabalhar no vermelho. Temos consciência de que há momentos em que dá prejuízo, mas não podemos desistir”, frisa.

“O preço do suíno está bom, mas o que está ruim é o custo de produção. O milho saiu de R$ 30, R$ 35, R$ 40 a saca para ir para R$ 90. A soja saiu de R$ 80 e foi para R$ 160”

Custo de produção X incerteza

Questionado quais são as perspectivas para o custo de produção no mercado de carnes, Vanzella salienta que as cotações do milho e da soja estão acima do que a suinocultura, avicultura e A cadeia leiteira podem pagar.

“Vamos ter que nos ajustar, ou o produto como consequência das outras atividades vai subir. Porém, se subir gera uma inflação generalizada e aí sobem outras coisas. Estamos em uma incerteza muito grande e na expectativa de uma política de governo. Existe dificuldade, porque existe muita incerteza. Vivemos um momento de muita instabilidade, mas não estamos parando e esperando as coisas acontecerem, porque não vai existir perfeição. Temos que nos adequar e aproveitar os momentos bons”, analisa.

Outro produtor impactado com o aumento do custo de produção e que tem direta influência na Frimesa é o de leite. “O preço da ração ficou hoje em um patamar que o produtor de leite tem dificuldade em ter ganho em função do alto custo. Se não tem capim e não pode reduzir um pouco o consumo de ração, o leite não paga a comida da vaca. Sabemos que é um momento difícil, ouvimos as reclamações, mas os preços estão começando a subir. Esperamos que tenhamos um inverno em que a oferta e demanda permitam que o valor fique em um patamar para viabilizar o produtor”, expõe.

Preços “fora da casinha”

O diretor-presidente reforça que em toda atividade primária o produtor, às vezes, trabalha para não ganhar nada.

“A verdade é uma só: o ponto nervoso de toda a história que estamos falando, tanto em suínos, leite, aves, está no custo de produção. Com toda honestidade, sei que o produtor de milho e soja também têm que ganhar dinheiro, mas nada subiu nos níveis como foi o milho e a soja. Isso não existe. Está fora da casinha. Quem consome esses produtos é que está pagando e muita coisa não está viabilizando. Qual o preço ideal do milho? Eu não sei. Vamos ver a produção da safrinha, que níveis têm, mas temos que nos preocupar. A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) é muito clara: esse segmento não está conseguindo pagar o custo dos grãos. Se o milho chegar em R$ 70 a saca, que para o produtor é ótimo, viabiliza a produção de suíno, aves e leite”, opina.

Consumo de carne suína

Perguntado se a alta na carne bovina tem feito aumentar o consumo de carne suína, Vanzella comenta que à medida que as pessoas perdem o poder de compra, elas vão migrando para aquilo que é mais acessível em termos de preço. “Com o boi no preço lá em cima, os consumidores começam a migrar para suíno e frango, que são mais baratos. Mas quando é uma migração significativa, faz com que o preço das outras carnes também suba. Diria que a grande expectativa está na safrinha de milho para vermos o patamar que o milho vai se estabilizar e se viabiliza as outras atividades”, explica.

“Também sou produtor de milho, mas na casa próxima de R$ 100 a saca não viabiliza as outras atividades. Onde vai parar? Depende da produção que vamos ter, da produtividade desta safrinha e da demanda internacional por milho para que o preço se estabilize em patamar que viabilize criarmos suínos e leite. Se estes preços, porventura, ficarem muito acima, terá como consequência redução da produção”, prevê.

China

A China, grande consumidora mundial de alimentos, ampliou a importação de carne para dar conta da demanda local. Além disso, tem aumentado a produção de suínos. Para o dirigente da Frimesa, o que acontece lá se trata de uma incógnita em relação ao futuro.

“A China está aumentando significativamente a produção de suínos de forma muito técnica. Está construindo edifícios para criar suínos em granjas verticais, com dez a 12 andares. Só que essa produção tem seu limite, porque a China não tem comida para o suíno e precisará comprar. Vale a pena comprar milho nestes índices de preço para criar suíno se não viabiliza a atividade? Qual será a demanda depois de todo esse ajuste na produção da China? Nós vivemos um momento em que se o Brasil realmente parasse de exportar haveria algumas dificuldades, porque nós, além de tudo, temos uma queda de consumo interno por falta de poder aquisitivo”, salienta.

O dirigente acrescenta: “Vou falar uma coisa: tenho uma preocupação muito grande com relação ao Brasil ter uma dependência significativa da China. Dentro do agronegócio, a participação da China no comércio brasileiro é muito grande. Quando vejo os números me preocupa o fato de que o Brasil tem na China o comprador de mais de 50% do que exportamos do agronegócio. Isso não é bom. Por isso que comemoro a declaração do Paraná livre de febre aftosa sem vacinação. Vai permitir que a gente acesse outros mercados para distribuirmos um pouco mais essas vendas. Não podemos ficar dependentes apenas de um mercado, pois a decisão deste impacta demais. A China é uma grande parceira, mas é demais. Depender de um é preocupante”, finaliza.

Fonte: O Presente

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Cooperativas catarinenses reúnem 4,2 milhões de cooperados e movimentam R$ 85,9 bilhões por ano

O ramo agropecuário continua sendo o mais expressivo, economicamente, respondendo por 64% do movimento de todo o sistema cooperativista catarinense. Balanço do setor foi apresentado pela Ocesc, que também fez projeções para 2024.

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O cooperativismo surgiu em Santa Catarina há mais de 130 anos e se transformou em um modelo de negócio que envolve mais de 4,2 milhões de catarinenses e movimenta R$ 85,9 bilhões por ano, tornando-se uma extraordinária força social que impulsiona o desenvolvimento em todos os setores da economia.

Balanço do setor foi apresentado pelo superintendente da Ocesc Neivo Luiz Panho e pelo presidente Luiz Vicente Suzin – Fotos: Divulgação/MB Comunicação Empresarial/Organizacional

O balanço do setor foi levantado pela Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) junto às suas 249 associadas e anunciado na última segunda-feira (29), em Florianópolis (SC) pelo presidente Luiz Vicente Suzin e pelo superintendente Neivo Luiz Panho.

O crescimento das receitas, em 2023, foi de 3,7%, acima, portanto da expansão do PIB (produto interno bruto) brasileiro no período (2,9%).

Um dos dados mais relevantes do levantamento é a expansão do número de associados (cooperados) que cresceu 9,6% no ano passado com o ingresso de mais de 370 mil pessoas. No conjunto, as cooperativas reúnem, agora, 4,2 milhões de catarinenses, o que representa mais da metade da população barriga-verde vinculada ao sistema cooperativista.

As que mais atraíram associados foram as cooperativas de crédito que têm atualmente 3,3 milhões de cooperados, as de infraestrutura que atuam em distribuição de energia elétrica (449.147 pessoas), as de consumo (382.728) e as agropecuárias (83.850). As cooperativas de saúde têm 14.172 associados e, as de transporte, 5.500 cooperados.

As cooperativas do agronegócio foram, novamente, as mais expressivas na geração de empregos diretos e de receita operacional bruta, respondendo por 64% dos postos de trabalho e também por 64% das receitas globais do universo cooperativista.

As cooperativas de crédito consolidaram duas conquistas: o maior crescimento em receitas totais – 23,5% para R$ 19,1 bilhões – e o maior número de associados, com 3,3 milhões de catarinenses cooperados. Isso significa que 78% dos cooperados em Santa Catarina fazem parte das cooperativas financeiras.

A carga tributária não poupou as cooperativas. Em 2023 elas recolheram R$ 3,4 bilhões aos cofres públicos em impostos sobre a receita bruta, um crescimento de 5% em relação ao exercício anterior.

O patrimônio líquido, no conjunto das cooperativas, cresceu 12,3% e atingiu R$ 31,6 bilhões.

Presidente da Ocesc, Luiz Vicente Suzin, realçou que um dos dados mais relevantes é a expansão do número de associados que cresceu 9,6% em 2023

Para atender seus associados com ações e serviços de qualidade, as cooperativas mantêm quadros funcionais qualificados. Em 2023 contrataram 8% mais e criaram 7 mil  novos postos de trabalho. Juntas, elas agora mantêm 95.400 empregados diretos.

As exportações das cooperativas catarinenses atingiram R$ 9,9 bilhões no ano passado com aumento de 2% e foram suportadas, basicamente, pelo agronegócio. As vendas externas de proteína animal responderam por 75% dos negócios no mercado internacional, seguindo-se cereais in natura, cereais processados, frutas e derivados, fertilizantes, sementes e leite e derivados. As projeções para 2024 indicam um aumento de 5% nas vendas das cooperativas catarinenses ao mercado mundial, o que significam R$ 10,4 bilhões em divisas.

O presidente da Ocesc prevê que continuará expressiva a participação das cooperativas nas exportações do agronegócio, que respondem por cerca de 30% do PIB catarinense e por 70% das vendas catarinenses no exterior, decorrente da imensa presença das cooperativas nas cadeias produtivas de grãos, leite, suínos e  aves.

Desempenho setorial

O ramo agropecuário continua sendo o mais expressivo, economicamente, respondendo por 64% do movimento de todo o sistema cooperativista catarinense.

As 49 cooperativas agropecuárias fecharam o ano com 83.850 cooperados, aumento de 2,7% no quadro social que foi encorpado com mais 2.221 associados. O setor também foi o que mais criou vagas – gerou 4.771 novos empregos – e, agora, as  cooperativas sustentam 60.827 postos de trabalho, o que representa um aumento de 8,5%.

A receita operacional total dessas cooperativas recuou 3% e totalizou R$ 54,7 bilhões. Queda de preço no mercado mundial e baixo desempenho no mercado interno explicam essa queda nas receitas. A recuperação ocorrerá em 2024: a previsão da Ocesc é de um crescimento de 15% para R$ 62,9 bilhões.

O ramo crédito ganhou uma cooperativa a mais em 2023: agora são 66 cooperativas financeiras que, no conjunto, reúnem o maior número de associados do sistema cooperativista catarinense: são 3,3 milhões de catarinenses. O quadro associativo desse ramo aumentou 10%, com o ingresso de 309.575 novos cooperados. O quadro funcional também cresceu 8%, com a contratação de 1.311 empregados e totaliza, agora, 17.845 trabalhadores nas agências e unidades administrativas.

As cooperativas de crédito contabilizaram receitas totais de R$ 19,1 bilhões, incremento de 23,5% em relação ao ano anterior. O crescimento, em 2024, deve situar-se em torno de 25%.

Evento oportunizou destacar que no conjunto as cooperativas reúnem, agora, 4,2 milhões de catarinenses

O ramo saúde cresceu 11% no ano passado em receitas totais, atingindo R$ 6,6 bilhões no exercício de 2023. Criou, no período, 1.061 vagas de empregos. As 30 cooperativas de saúde em operação no território catarinense mantêm 10.781 empregados e reúnem 14.172 associados (quadro associativo aumentou 3,4%). Em 2024, o ramo saúde tem expectativa de uma expansão de 10%.

O ramo de infraestrutura dedica-se, fundamentalmente, ao fornecimento de energia elétrica para extensas regiões do território barriga-verde. São 39 cooperativas que atendem 449.147 associados – número que evoluiu 5,6% no último ano. A receita operacional bruta aumentou 9% e fechou o ano em R$ 1,8 bilhão. É o segundo ramo em número de associados.

O ramo de consumo, dedicado a manutenção de supermercados entre outras atividades, é representado por 15 cooperativas que, em 2023, obtiveram receitas totais de R$ 1,6 bilhão – faturamento 9,6% superior ao ano anterior. O número de associados cresceu 11% e agora são 382.728 cooperados. O número de empregados manteve-se em 3.238. Em 2024, o crescimento projetado é da casa de 10%.

O número de cooperativas catarinenses do ramo de transporte baixou de 41 para 39, em 2023. Em consequência, o número de cooperados encolheu de 6.617 para 5.500. O desempenho econômico, entretanto, foi positivo e as cooperativas tiveram receitas no valor de R$ 1,9 bilhão, resultado 11,5% acima do ano anterior.

As 11 cooperativas do ramo de trabalho, produção de bens e serviços registraram discreta variação em seus índices de desempenho e encerraram o exercício com 1.377 cooperados e R$ 28,5 milhões em receitas

Fonte: Assessoria Ocesc
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Notícias Fechamento do ano

Sindirações atinge produção de 82,9 milhões de toneladas em 2023

Produção brasileira de rações e suplementos minerais encerrou o último ano com crescimento de 1%.

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A produção brasileira de rações e suplementos minerais encerrou 2023 com crescimento de 1% e produção total de 82,9 milhões de toneladas de rações – 1,2% acima da quantidade de 2022, apesar do recuo apurado no segmento de sal mineral que somou 3,4 milhões de toneladas, totalizando 3,7% abaixo do montante de 2022.

Em 2023, a produção de rações para suínos (20,8 milhões de toneladas) e para frangos de corte (36,5 milhões de toneladas), resultou, respectivamente, no avanço de 1,2% e 2,1%, enquanto para poedeiras (6,9 milhões de toneladas) manteve-se estável. Para 2024, a previsão é de incremento da ordem de 1%, 3,5% e 1%.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A suinocultura deve alcançar recorde de exportações (5,7% acima do apurado em 2023, segundo perspectiva da Associação Brasileira de Proteína Animal/ABPA) e hipoteticamente, até ultrapassar o Canadá no ranking global de fornecedores, muito embora a China (principal cliente) venha gradualmente diminuindo as importações de carne suína.

A avicultura de corte, por sua vez, vai garantir suprimento doméstico suficiente e manter promissor desempenho no atendimento à demanda externa (3% superior àquela alcançada no ano passado, conforme previsão da ABPA), garantindo, mais uma vez, a liderança no pódio internacional, enquanto a oferta de ovos, ao longo de 2024, pode incrementar mais 6%, sobretudo, por causa daquele consumidor atento à alternativa proteica que melhor se ajusta ao seu orçamento financeiro.

Pecuária leiteira e de corte

A pecuária leiteira em 2023 teve redução de 2%, resultado da perda de 67% na margem bruta e do preço do leite pago ao produtor, que recuou 14% em relação ao exercício anterior, prejudicado principalmente pelo recorde das importações de litros equivalentes – 68,8% maior que as entradas apuradas em 2022, ao contrário do volume exportado de lácteos que recuou 40% (de acordo com estimativas disponibilizadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Cepea USP).

Para 2024, a produção aponta para estabilidade (conforme prevê a Confederação Nacional da Agricultura/CNA). Uma projeção positiva dependerá da melhora no preço do leite e do sucesso nas iniciativas de amenização das importações dos lácteos dos vizinhos do Mercosul.

Em relação à pecuária de corte, a arroba do boi valia R$ 300,00 em fevereiro de 2023, e apenas R$ 200,00 em agosto. No final do ano, fechou em R$ 250,00. O caso atípico de “vaca louca” suspendeu expedições para a China (importou metade dos embarques) e comprometeu exportações até meados de junho.

Além disso, mais de 40% de fêmeas foram para abate em 2023 (de acordo com resultados da Pesquisa de Abates do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE), os preços da reposição/bezerros desvalorizaram mais que a arroba do terminado e os preços da carne bovina recuaram mundo afora.

Para 2024, espera-se o início da virada no ciclo pecuário e a menor oferta de bezerros deve favorecer a retomada da recuperação no preço dessa reposição, estimular a retenção de fêmeas e passar a incrementar o preço do terminado.

Enquanto em 2023 a produção estimada da alimentação industrializada para bovinos de corte confinados/semiconfinados (5,86 milhões toneladas) e para vacas leiteiras (6 milhões de toneladas) recuou 1,6% e 2%, a perspectiva para 2024 é um incremento de 1,5% e estabilidade ou avanço (ainda que sensível) de pouco mais de 1%, respectivamente.

Piscicultura

Durante 2023, a produção estimada de rações para a piscicultura (1,43 milhão de toneladas) e a carcinicultura (190 mil toneladas) avançou 2,8% e 6,1%, respectivamente. Para 2024, o panorama aponta para crescimento de 4,6% na demanda de rações para aquicultura em geral.

A produção de tilápias em tanques rede foi bastante prejudicada em 2023, e causada pela alta mortalidade nas fases de produção de alevinos e juvenis causada pelo Vírus da Necrose Infecciosa Esplênica e Renal. A escassez provocou abate de peixes com menor peso que consumiram menos ração que tradicionalmente.

No caso dos camarões, a baixa margem de remuneração obrigou os produtores a diminuírem a densidade e o peso de despesca, além de aumentar a área de produção que pode disponibilizar mais alimentos produzidos naturalmente nos viveiros e, assim, diminuir o custo com a ração.

Pet food

Já o segmento de pet food (indústria e varejo) pode ter faturado em 2023, cerca de R$ 36,8 bilhões, ou seja, 78% de todo montante apurado pelos negócios voltados aos animais de estimação (conforme previsão da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação/Abinpet).

Segundo o Sindirações, a produção de alimentos para animais de companhia avançou 4,3% e alcançou 3,9 milhões de toneladas em 2023 e a perspectiva é superar a marca de 4 milhões de toneladas em 2024.

Desemprego x inflação

O progresso resultante da diminuição do desemprego e da inflação, contudo, pode pode ser anulado pelo afrouxamento da meta fiscal e a interrupção do ritmo de redução da taxa de juros nos Estados Unidos e mesmo no Brasil. O acirramento do conflito no Oriente Médio e seu potencial efeito negativo nas transações externas e a desvalorização da moeda local podem comprometer o consumo de proteína animal que modula o desempenho da indústria de alimentação animal.

Por enquanto, o setor espera incremento de 2,4%, algo em torno de 85 milhões de toneladas -, caso a cadeia produtiva de aves e suínos responda positivamente, principalmente pelas remessas externas, afora o impulso resultante do fenômeno da humanização dos pets – adicionados aos 3,5 milhões de toneladas de suplementos minerais – e ultrapassar 88 milhões de toneladas em 2024.

Fonte: Assessoria Sindirações
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Notícias Nesta terça-feira (07)

Abag promove webinar para debater posição do Brasil frente às regras internacionais que afetam o agronegócio

Evento virtual será realizado nesta terça-feira (07), das 10h ao meio-dia e contará com representantes do governo e lideranças do setor. As inscrições são gratuitas.

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Foto: Shutterstock

Nesta terça-feira (07), das 10 horas ao meio-dia, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) promove o webinar AbagTalks – Agronegócio e Geopolítica: o papel do Brasil frente às novas regulamentações estrangeiras, para discutir oportunidades e desafios relacionados à Regulação Antidesmatamento da União Europeia e às mudanças recentes no cenário internacional. Inscrições gratuitas para o webinar, que terá participação do embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, entre outros convidados, podem ser feitas clicando aqui.

O webinar terá a participação do presidente da Abag, Caio Carvalho; da secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Renata Miranda; e de Marcelo Regunaga, coordenador-geral do Grupo de Países Produtores do Sul (GPS), rede formada por instituições particulares e especialistas no agronegócio de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O debate será mediado pelo vice-presidente da Abag, Ingo Ploger.

Durante o evento, Roberto Azevêdo vai tratar sobre a crescente interação entre comércio e desenvolvimento sustentável e seus efeitos para o Brasil, enquanto Renata Miranda aborda a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP-29), evento que será realizado em novembro, no Azerbaijão, como oportunidade para o país se posicionar frente às novas determinações das metas e compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa (NDCs) assumidos por países signatários do Acordo de Paris. E Marcelo Regunaga vai trazer a visão do GPS sobre a legislação europeia.

Fonte: Assessoria Abag
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