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Suínos / Peixes

IBGE confirma drástica desaceleração na produção de suínos, mas alta oferta das demais carnes limita as cotações

Consultor de mercado da ABCS faz algumas análises comparativas com o mesmo período do ano passado, que demonstram os fundamentos para explicar a situação de mercado do momento, com alta disponibilidade interna das três principais carnes vendidas no Brasil, e preços pagos ao produtor ainda estagnados.

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Foto: Julio Cavalheiro

Com base em dados preliminares de abate do segundo trimestre de 2023, e estatísticas de exportação de carnes publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último dia 10 de agosto, o consultor de mercado da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Iuri Pinheiro Machado, fez algumas análises comparativas com o mesmo período do ano passado, que demonstram os fundamentos para explicar a situação de mercado do momento, com alta disponibilidade interna das três principais carnes vendidas no Brasil, e preços pagos ao produtor ainda estagnados.

Conforme a tabela 1, quando comparado com o mesmo período de 2022, em toneladas de carcaças, o segundo trimestre de 2023 foi marcado pelo aumento da produção de frango (+7,23%) e carne bovina (+9,47%) e pequena redução da carne suína (-0,32%). No acumulado do ano (primeiro semestre), em comparação com o mesmo período do ano passado, destaca-se um aumento de 6,30% no abate de bovinos, de 6,89% no frango e de somente 1,23% na produção de carcaças suínas. Chama a atenção o elevado peso médio das carcaças suínas neste segundo trimestre (93,78kg), o mais alto da série histórica do IBGE.

Tabela 1 – Dados de abate (em toneladas de carcaças e 1.000 cabeças) de bovinos, aves e suínos do segundo trimestre, e acumulado do primeiro semestre de 2023, comparados com o mesmo período do ano passado e com o primeiro trimestre deste ano. *Dados do segundo trimestre/23 preliminares. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE.

Analisando o abate de suínos depois de um longo ciclo de crescimento da produção, (intensificado entre 2019 e 2022, conforme a tabela 2, observa-se que no segundo trimestre de 2023 (-1,55%) pela primeira vez desde 2014 (-0,09%), houve redução da produção em cabeças em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Desde o quarto trimestre de 2018 não havia redução de volume produzido em toneladas de carcaças.

Tabela 2 – Abate trimestral de suínos no Brasil em cabeças e toneladas de carcaças e crescimento/redução (%) em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e ao trimestre imediatamente anterior. Redução observada no 2º trimestre de 2023 em relação ao mesmo trimestre de 2022 foi a primeira desde 2014 em cabeças e 2018 em toneladas de carcaças. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE.

Ao se fazer a mesma análise comparativa do crescimento do abate de suínos entre os semestres (tabela 3), observa-se que o pequeno crescimento deste ano em relação ao primeiro semestre do ano passado de 0,80% em cabeças e 1,23% em toneladas de carcaças só foi maior que o ocorrido no primeiro semestre de 2014 (+0,38% e +0,47%, respectivamente).

Por outro lado, em comparação com o semestre anterior (2º semestre de 2022), houve queda no número de cabeças e ton. de carcaças (-1,3% e -1,23%, respectivamente) pela primeira vez, desde o primeiro semestre de 2019 (-0,4% e -0,6%).

Tabela 3 – Abate Semestral de suínos no Brasil em cabeças e toneladas de carcaças e crescimento/redução (%) em relação ao mesmo semestre do ano anterior e ao semestre imediatamente anterior. Redução observada no 1º semestre de 2023 em relação ao 2º semestre de 2022 foi a primeira desde 2019 em cabeças e em toneladas de carcaças. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE.

Exportações recorde de carne suína e disponibilidade interna estável, porém oferta das demais carnes limita cotações

Com um total de 620,46 mil toneladas de carne suína in natura exportadas de janeiro a julho/23 (tabela 4), superando em 13,72% o volume total e 15,5% o volume embarcado para China em relação ao mesmo período do ano passado, este ano de 2023 caminha para bater novo recorde de exportação, superando até mesmo o ano de 2021 possivelmente em mais de 7% no seu fechamento.

Tabela 4 – Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura de janeiro a julho de 2021, 2022 e 2023 (em toneladas) e comparativo percentual de 2023 com o mesmo período do ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Cruzando os dados de produção publicados pelo IBGE e os volumes exportados no primeiro semestre de 2023 (tabela 5), observa-se em relação ao mesmo período do ano passado uma redução insignificante da disponibilidade interna de carne suína da ordem de -1,74% (-36,74 mil toneladas).

Tabela 5 – Dados de produção, exportação e disponibilidade interna de carne suína brasileira (em toneladas) no primeiro semestre de 2023 e diferença percentual em relação ao mesmo período de 2022 (mês a mês e total). *Dados de produção (abate) do segundo trimestre de 2023 preliminares. Volumes exportados com desconto das importações de carne in natura. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE e Secex. Dados de janeiro a março/23 são definitivos e de abril a junho/23 são preliminares.

Em relação ao segundo semestre de 2022, a disponibilidade interna da primeira metade de 2023 foi praticamente a mesma, diferindo em apenas 13,9 mil toneladas a mais (+0,67%) em favor deste ano. Mesmo com a manutenção da oferta de carne suína no mercado doméstico, os preços pagos ao produtor e as cotações de carcaças (gráfico 1) têm oscilado em patamar abaixo daquele atingido do final de 2022 até março de 2023.

Gráfico 1 – Preço da carcaça suína especial em São Paulo (SP), nos últimos 12 meses. Média de agosto/23 até dia 21/08. Fonte: Cepea.

Já o preço da carcaça bovina vem experimentando um verdadeiro “derretimento”, iniciado em maio deste ano (gráfico 2), fruto de um aumento considerável de oferta no mercado interno, mesmo no período de entressafra do boi de pasto, em função da fase do ciclo pecuário em que o abate deste ano deve superar significativamente o do ano passado sem aumento da exportação na mesma proporção.

Gráfico 2 – Preço do boi gordo (R$/@), nos últimos 12 meses em São Paulo. Média de agosto/23 até dia 21/08. Fonte: Cepea/B3

O frango também teve aumento de oferta no primeiro semestre, o que determinou cotações muito abaixo do ano passado (gráfico 3).

Gráfico 3 – Preço da carcaça resfriada de frango em São Paulo (SP), nos últimos 12 meses. Média de agosto/23 até dia 21/08. Fonte: Cepea.

Na tabela 6 é feito um comparativo entre o balanço das carnes bovina, de frango e suína no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto nestes primeiros seis meses a carne suína reduziu a disponibilidade interna em quase 37 mil toneladas, a carne bovina aumentou em 278 mil toneladas e a de frango em 206 mil toneladas, totalizando um aumento de oferta de 447 mil toneladas de todas as carnes somadas (+4,89%); o equivalente a um aumento projetado do consumo per capita ano de proteína animal da ordem de 4,4 kg por habitante a mais que em 2022.

Tabela 6 – Produção, exportação e disponibilidade interna de carne de frango, bovina e suína no primeiro semestre de 2022 e 2023 e a diferença em toneladas e percentual de um ano para o outro, com o equivalente em consumo per capita ano adicionado/reduzido em 2023. *Considerada população de 203.062.512 de habitantes (dados do último censo do IBGE); dados de produção (abate) do segundo trimestre de 2023 preliminares. Volumes exportados com desconto das importações de carne in natura. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE e Secex.

Sem dúvida, um dos fatores que impede maiores altas na cotação da carcaça suína é a correlação de preços com as demais carnes. Cabe lembrar que quanto mais alta a relação percentual boi-suíno e quanto mais baixa a relação suíno-frango, mais competitiva é a carne suína em relação as outras. O spread entre a carcaça bovina e suína que, no passado chegou a ultrapassar a marca de 150%, em de julho atingiu o menor percentual do ano (70,6%), até então, conforme demonstra a tabela 7.

Com relação ao frango, o mês de julho/23 também foi marcado pela menor competitividade da carne suína, com a maior diferença percentual de preço da carcaça suína em relação a carcaça resfriada de frango (68,4%) no ano. Ou seja, em julho de 2023 a carcaça suína não esteve tão mais barata em relação a carcaça bovina e esteve ainda mais cara em relação à carcaça de frango em comparação com os meses anteriores de 2023, e em relação à média de 2022. O mês de agosto, até o dia 21 (tabela 7), apresentava uma redução ainda maior do spread da carne bovina, mas uma recuperação significativa da diferença em relação a carcaça de frango.

Tabela 7 – Spread da carcaça suína especial (SP) em relação a carcaça bovina (Cepea/B3) e a carcaça do frango resfriado, nos primeiros oito meses de 2023 e média do ano de 2022. *Média de agosto/23 até dia 21/08. **Quanto mais alta a relação percentual boi-suíno e quanto mais baixa a relação suíno-frango, mais competitiva é a carne suína em relação as outras. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do Cepea

Destaca-se que não obrigatoriamente este spread se mantém no varejo, mas é fato que eventuais subidas no preço da carcaça suína, com frango e carne bovina muito baratas não se sustentam por muito tempo, a menos que haja um grande desajuste entre oferta e demanda em favor desta última.

Cenário interno de grãos se mantém sem alterações, mas fatores externos melhoram

A tabela 8 traz o último levantamento de safra da Conab, publicado no dia 10 de agosto, cuja estimativa de segunda safra de milho (em processo final de colheita) aumentou para pouco mais de 100 milhões de toneladas, totalizando quase 130 milhões de toneladas na safra 2022/23, 2,2 milhões a mais que o levantamento publicado no mês anterior.

Tabela 8 – Balanço de oferta e demanda de milho no Brasil (em mil toneladas). Dados da safra 2022/23 atualizados em 10/08/23, sendo estoque final estimado para 31/01. * 2022/23 previsão. Fonte: Conab

Com problemas sérios de déficit de armazenagem estática para estocagem desta supersafra as cotações do milho continuam relativamente baixas (gráfico 4), determinando junto com o preço estável do farelo de soja, um custo de produção dos suínos no segundo semestre bem mais baixo que no início do ano. Aos poucos as expectativas referentes a safra norte-americana vão melhorando, o que contribui para manter o preço do milho em baixa.

Segundo MBagro, as condições das lavouras de milho dos Estados Unidos vão se aproximando da média dos últimos cinco anos ao passo que bons volumes de chuva vão sendo registrados na região do Corn Belt. As lavouras em boas ou excelentes condições somam 59% da área de milho e já ultrapassa os valores registrados no mesmo período do ano passado e em 2019.

Gráfico 4 – Preço do milho (R$/SC 60kg) em Campinas-SP, nos últimos dois anos (média de julho/2003 até dia 21/08/2023). Fonte: Cepea

O presidente da ABCS, Marcelo Lopes explica que o crescimento elevado da disponibilidade interna de carne suína ocorrido nos últimos anos, que contribuiu para uma das maiores crises da história da suinocultura, finalmente foi estancado. Entretanto, o aumento da oferta doméstica das demais carnes limita a subida do preço pago ao produtor. “Este ano se encaminha para fechar com um recuo nos custos da atividade, estabilização da produção com crescimento abaixo de 3% em relação ao ano passado e exportações recordes, com retomada de volumes expressivos para China e lenta e contínua pulverização para outros destinos”, expõe.

Fonte: Assessoria ABCS

Suínos / Peixes

Cadeia do peixe mira profissionalização e negócios

Profissionais capacitados e atualizados são essenciais para impulsionar a inovação, aumentar a eficiência produtiva e garantir a competitividade no mercado global.

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Foto: Jaelson Lucas

A piscicultura e a pesca no Brasil têm se mostrado setores de vital importância econômica e alimentar, com um potencial de crescimento extraordinário. No entanto, para que esse potencial seja plenamente alcançado, é crucial enfatizar a constante profissionalização dessas áreas como uma ferramenta fundamental para impulsionar seu desenvolvimento.

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo no número de congressos e feiras de negócios dedicados à piscicultura e pesca. Recentemente, o evento Inovameat em Toledo e os próximos eventos organizados pelo IFC Brasil em Foz do Iguaçu, Itajaí e Belém até o fim deste ano destacam-se como importantes plataformas para a troca de conhecimento, experiências e tecnologias inovadoras.

Esses eventos não são apenas oportunidades para networking, mas também são catalisadores para a profissionalização do setor. Eles oferecem espaços para debates sobre as melhores práticas, novas técnicas de produção, avanços tecnológicos e questões regulatórias, fundamentais para elevar os padrões de qualidade, segurança e sustentabilidade da piscicultura brasileira.

É inegável que a profissionalização é um dos principais impulsionadores do crescimento desses setores. Profissionais capacitados e atualizados são essenciais para impulsionar a inovação, aumentar a eficiência produtiva e garantir a competitividade no mercado global. Além disso, a profissionalização contribui para a valorização do trabalho no campo, incentivando a adoção de práticas sustentáveis e responsáveis.

Um dos aspectos mais promissores é que a produção de peixes no Brasil vem crescendo a uma taxa superior à média das outras proteínas animais. Esse crescimento é resultado não apenas do potencial natural do país, mas também do esforço contínuo de profissionalização e modernização do setor.

É fundamental que os governos, instituições acadêmicas, empresas e profissionais do setor continuem investindo na profissionalização da piscicultura e da pesca. Isso inclui o desenvolvimento de programas educacionais, capacitação técnica, acesso a tecnologias inovadoras e apoio à pesquisa e desenvolvimento.

Ao destacar a importância da profissionalização, reconhecemos que ela não é apenas uma necessidade, mas sim uma oportunidade para transformar a piscicultura e pesca brasileira em um setor ainda mais próspero, sustentável e competitivo no cenário internacional.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Giuliano De Luca, jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural.
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Suínos / Peixes

Primeiro trimestre registra crescimento expressivo nas exportações brasileiras de peixe de cultivo

Foram US$ 8,73 milhões movimentados no setor entre janeiro e março, maior valor registrado para o período desde 2020.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Consideráveis aumentos de 48% em valor e de 20% em peso estão entre os principais resultados das exportações brasileiras da piscicultura nos três primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Foram US$ 8,73 milhões movimentados no setor entre janeiro e março, maior valor registrado para o período desde 2020, quando a Embrapa começou a acompanhar sistematicamente esse mercado. Detalhando por mês, foram US$ 2,58 milhões em janeiro, US$ 2,61 milhões em fevereiro e US$ 3,54 milhões em março.

Foto: Cláudio Neves

Ainda representando percentual pequeno com relação a toda a produção nacional, as exportações brasileiras da piscicultura têm aumentado de maneira consistente nos últimos anos. De acordo com Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura na área de economia aquícola, o aumento da produção e da profissionalização da cadeia da piscicultura são alguns dos fatores que explicam o crescimento das exportações. “Apesar do mercado nacional absorver a grande maioria da produção, as empresas do setor têm buscado diversificar os canais de venda por meio das exportações”, expõe.

Entre as categorias de produtos, a mais exportada no primeiro trimestre de 2024 foi a de filés frescos ou refrigerados, que respondeu por 65% de todo o valor movimentado: U$ 5,65 milhões. Na sequência, com 23% do valor movimentado no período, aparece a categoria de peixes inteiros congelados. Esses e outros dados estão disponíveis de maneira gratuita no Informativo de Comércio Exterior da Piscicultura – Trimestre 01/2024. O boletim é editado pela Embrapa Pesca e Aquicultura e conta com a parceria da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Série histórica

A edição referente ao primeiro trimestre de 2024 é a 17ª ininterrupta. O trabalho da Embrapa de acompanhamento das exportações brasileiras da piscicultura começou em 2020; portanto, está entrando no quinto ano seguido. O que já permite construir uma série histórica e apontar algumas características desse setor. Manoel explica que a consolidação da tilápia como carro-chefe é a principal característica verificada ao longo desse período. “A importância do mercado norte-americano como principal destino das vendas e o crescimento dos embarques de filés frescos de tilápia são outros pontos de destaque”, ressalta.

Entre janeiro e março deste ano, 95% de todo o peixe exportado pelo Brasil foi tilápia. A espécie movimentou U$ 8,31 milhões. Na sequência, ambos com 2% de participação, aparecem bagres e curimatás.

E, também conforme dito pelo pesquisador, os Estados Unidos, novamente, foram o principal destino das exportações brasileiras da piscicultura no primeiro trimestre de 2024. Com 89% de participação, os valores movimentados chegaram a U$ 7,77 milhões. A seguir, cada país com 2%, estão China, Japão, Colômbia e Canadá. Diferença significativa entre o primeiro e os demais destinos.

Tilápia

Fazendo o recorte para a principal espécie exportada (que também é a mais cultivada no Brasil), dos U$ 8,31 milhões movimentados pela tilápia, U$ 5,64 milhões (ou 68%) foram na categoria de filés frescos ou refrigerados. Na sequência, com 23% da movimentação financeira (U$ 1,87 milhão), aparece a categoria de tilápia inteira congelada.

Com relação ao preço, quatro das cinco categorias tiveram aumento no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. A categoria que conseguiu maior preço foi a de filé fresco ou refrigerado, com U$ 7,57 por kg, registrando aumento de 17% com relação ao preço do primeiro trimestre do ano passado, que foi de U$ 6,45 por kg.

Paraná (com 81% dos valores), São Paulo (responsável por 12%) e Bahia (com 4% do total movimentado) foram os três estados que mais exportaram tilápia no primeiro trimestre de 2024. Nos três, a categoria de filés frescos ou refrigerados foi a líder.

E para os próximos trimestres, alguma mudança relevante pode acontecer? Quem responde é o pesquisador Manoel: “as exportações de outros peixes de cultivo têm crescido, em particular do tambaqui. Organizações e empresas da cadeia do tambaqui têm realizado ações para abertura de mercados no exterior (ex: Estados Unidos) e é possível que isso resulte num aumento das exportações nos próximos meses de 2024”.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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Propriedade no Paraná é reconhecida modelo em sustentabilidade

O que diferencia o trabalho da família Zanatta é sua abordagem holística, que abrange desde a conservação de nascentes de água até a adoção de energia solar na piscicultura, visando tornar sua propriedade completamente autossustentável.

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Foto: Divulgação

Quando em 2016 decidiram ingressar na piscicultura, o casal de produtores Jairo e Sandra Zanatta assumiram o compromisso de preservar a área verde, conservar os recursos naturais e adotar boas práticas sustentáveis para garantir a longo prazo o equilíbrio do ecossistema e a sustentabilidade da sua propriedade, localizada na linha Marrecos, distrito de Margarida, no interior de Marechal Cândido Rondon (PR).

Casal de piscicultores Sandra e Jairo Zanatta produzem tilápia há oito anos e recentemente recebeu o 1º lugar do Prêmio Produtor Rural Sustentável: reconhecimento classificou a propriedade para a etapa nacional da premiação – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com uma área de 12,6 alqueires, a fazenda possui 12 tanques escavados destinados à criação de tilápias, com possibilidade para alojar até 500 mil peixes por ciclo produtivo, que varia de 10 a 11 meses. “São 70 mil metros quadrados de lâmina d’água”, conta o piscicultor. “Dependendo da época que alojamos os peixes, atingimos uma produção de 1,2 a 1,3 lotes por ano”, complementa.

A produção anual alcança entre 400 a 450 toneladas, com uma média de peso de 950 gramas por peixe. De acordo com os produtores, há espaço para ampliar o negócio em mais 30 mil metros quadrados de lâmina d’água, o que possibilitaria chegar até 100 mil metros quadrados em seu sistema produtivo.

Recentemente, Zanatta foi reconhecido entre mais de 300 produtores com o 1º lugar do Prêmio Produtor Rural Sustentável, iniciativa promovida pelo Sicoob Central Unicoob no Paraná, destacando sua propriedade como autossustentável. A premiação o classificou junto com outras 11 propriedades na etapa nacional, sendo ele o único representante do Paraná. “Independente de ganhar ou ficar entre os primeiros, figurar entre as propriedades mais sustentáveis do Brasil é muito gratificante, além de ser uma demonstração do reconhecimento do trabalho que realizamos para preservar e conservar as nascentes e a área verde, do cuidado com o manejo da atividade e o uso da geração de energia limpa”, salienta, contando que uma equipe da cooperativa já esteve na propriedade para validar as informações repassadas e a data prevista para divulgação do resultado da etapa nacional é em meados de maio. “Nossa expectativa é figurar entre os seis melhores do Brasil”, ressalta.

Compromisso inabalável com a sustentabilidade

O que diferencia o trabalho da família Zanatta é sua abordagem holística, que abrange desde a conservação de nascentes de água até a adoção de energia solar na piscicultura, visando tornar sua propriedade completamente autossustentável.

Propriedade possui duas usinas de minigeração de energia renovável através de placas fotovoltaicas que atende toda a propriedade, incluindo os aeradores, os alimentadores automáticos e o bombeamento de água para os tanques escavados

Sua visão vai além da mera produção, Jairo entende que cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade compartilhada e que, ao adotar práticas sustentáveis, não apenas preserva os recursos naturais, mas também garante a viabilidade de seu negócio a longo prazo. “Ao iniciarmos na piscicultura, priorizei a preservação das nascentes. Hoje são quatro minas de água preservadas. Também priorizamos a mata no entorno da propriedade, inclusive com plantio de novas árvores. Também instalamos duas usinas para minigeração de energia renovável através de placas fotovoltaicas e para garantir a qualidade da água nos tanques escavados usamos probióticos uma vez por semana. Além disso, a propriedade foi totalmente automatizada, incluindo a alimentação dos peixes, realizada por alimentadores automáticos em cada açude, integrados ao sistema de geração de energia limpa. E os peixes mortos são destinados à compostagem”, explica.

Na usina principal, instalada em 2021, com 280 placas, é produzida energia para toda a propriedade, incluindo os aeradores e os alimentadores automáticos. Na segunda usina, 28 placas geram energia dedicada exclusivamente ao bombeamento de água para os tanques escavados. O investimento total foi de cerca de R$ 450 mil nos dois sistemas. “Desde que temos as usinas conseguimos uma redução de custos com energia elétrica de aproximadamente 95%. Embora o investimento ainda não esteja totalmente pago, já se mostra altamente vantajoso”, exalta Jairo.

Aprimorar operações

Jairo e Sandra destacam que, embora a propriedade seja considerada autossustentável, a busca por melhores práticas é constante. “Estamos empenhados em aprimorar nossas operações diariamente, buscando tecnologia e inovação para tornar nossa produção ainda mais sustentável”, enaltecem, acrescentando: “É muito gratificante ver que, como resultado desse esforço contínuo, fomos reconhecidos pela cooperativa Sicoob, que nos projetou para buscar o título de propriedade autossustentável a nível nacional”.

Qualidade da água

Para garantir a qualidade da água para o cultivo e o bem-estar dos peixes, Jairo conta que a água utilizada tem origem em uma mina do Rio Marrecos. “Além disso, realizamos medidas sanitárias rigorosas, como manejo adequado e alimentação de qualidade. A qualidade da água é priorizada, sendo tratada semanalmente com probióticos para mitigar o estresse hídrico causado pelo calor excessivo. Contamos também com o suporte da equipe veterinária e técnica da C.Vale, cooperativa à qual somos integrados”, mencionam os produtores.

Propriedade fica localizada na Linha Marrecos, Distrito de Margarida, no interior de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná

Desafios

O casal de piscicultores afirma que o desafio atual que persiste na criação de tilápia é relacionado ao estresse hídrico devido às altas temperaturas, que, em alguns dias chegaram a superar 40ºC. “Isso nos obriga a reduzir a quantidade de alimentação, resultando em um ganho de peso diário menor, o que acaba comprometendo a conversão alimentar. Essa situação afeta não apenas nossa propriedade, mas toda a piscicultura. Apesar dos desafios, realizamos um controle rigoroso e manejo cuidadoso para buscar constantemente melhorias”, enfatizam.

Outra forma de garantir o bem-estar e o conforto térmico para controlar a temperatura da água devido ao calor excessivo é por meio do bombeamento e renovação de água, além da aeração. “Essas práticas de manejo são essenciais para proporcionar conforto aos peixes, controlar a mortalidade e garantir a sanidade do ambiente”, afirma Jairo.

Prêmio Produtor Rural Sustentável

O Prêmio Produtor Rural Sustentável é uma iniciativa promovida pelo Sicoob Central Unicoob, com o propósito de reconhecer e premiar os produtores rurais cooperados que se destacam por suas práticas sustentáveis no setor agropecuário brasileiro. Nesta edição foram oito produtores do Paraná reconhecidos por suas boas práticas de sustentabilidade. Somente a família Zanatta se classificou para a etapa nacional.

O prêmio valoriza as ações implementadas por produtores rurais financiados pelo Sicoob, que adotam práticas de produção sustentável alinhadas com os princípios do ESG (ambiental, social e governança). Este reconhecimento destaca tanto as iniciativas ambientais quanto as sociais e de governança desses produtores, contribuindo para o avanço da sustentabilidade no campo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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