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Hidrogênio verde: verdades e mentiras sobre a neoindustrialização verde do Brasil

Derivados do hidrogênio verde, como a amônia verde e o metanol verde, também são combustíveis alternativos para descarbonizar o transporte marítimo e ferroviário, assim como o SAF, combustível sustentável de aviação.

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A primeira verdade incontestável: já não se discute mais se o aquecimento global é de fato uma realidade a ser combatida. É sim uma realidade avassaladora, que nos torna testemunhas e protagonistas de um momento icônico na história da humanidade. A transição energética se impõe de maneira emergencial. Não à toa, as mudanças climáticas estão no topo da agenda de governos, investidores e empresas em todo o mundo.

Estratégias tradicionais isoladas para redução das emissões não nos farão alcançar a neutralidade almejada no Acordo de Paris, sem a devida mudança na matriz energética global, onde apenas cerca de 20% estão relacionados à energia elétrica; cerca de 80% estão na forma de energia molecular, oriunda principalmente do carvão, petróleo e gás natural. Para substituir essas fontes fósseis, a solução mais importante, e com tecnologia mais madura para uso em larga escala, é o hidrogênio verde. Ele é obtido a partir do uso de energia elétrica renovável para quebrar a molécula da água em hidrogênio e oxigênio, e é elemento-chave para descarbonizar setores críticos da economia, como a indústria siderúrgica e o setor de transportes.

Derivados do hidrogênio verde, como a amônia verde e o metanol verde, também são combustíveis alternativos para descarbonizar o transporte marítimo e ferroviário, assim como o SAF, combustível sustentável de aviação. Caminhões movidos a combustão podem incorporar o diesel verde, um combustível idêntico ao diesel convencional e que não requer nenhuma adaptação de motor.

A adoção do hidrogênio verde tem impactos profundos para o Brasil. Ele é a base para a produção de amônia, considerada principal molécula para o transporte intercontinental do hidrogênio, e matéria-prima para a produção de fertilizantes verdes. Vale notar que mais de 1/4 do nosso PIB está relacionado à cadeia do agronegócio, enquanto o Brasil hoje é quase totalmente dependente de importações de fertilizantes. O conflito entre Rússia e Ucrânia nos mostrou o risco dessa dependência.

Para atingir metas do Acordo de Paris, o mundo vai precisar mais de 11 mil GW de energia renovável adicionais em menos de três décadas para produzir o hidrogênio verde necessário para substituir tais fontes fósseis. Isso equivale a cerca de 600 usinas de Itaipu! É como se tivéssemos que construir 20 Itaipus por ano, todos os anos, pelos próximos 30 anos. Daí dá para entender o desafio e a emergência para a humanidade.

Por isso, quando se discute possíveis rotas tecnológicas para a produção de hidrogênio renovável, existem duas verdades a serem observadas: a primeira é que todas as rotas devem ser consideradas, pois, para atender tal demanda, não se pode descartar nenhuma ajuda. A segunda, contudo, é que precisa ter escalabilidade. Assim, é necessário identificar as vantagens competitivas de cada região para priorizar o desenvolvimento da cadeia de valor de acordo com as características regionais.

Cerca de 2/3 do custo do hidrogênio verde depende do custo da energia renovável, principalmente solar e eólica. O Brasil possui potencial na escala necessária e custos marginais dentre os mais baixos do mundo. Por isso, naturalmente pode produzir hidrogênio verde dentre os mais competitivos do mundo.

Entretanto, tem-se discutido a exploração de outras rotas, como por exemplo o hidrogênio azul, que é o hidrogênio advindo do gás natural, ou seja, de origem fóssil, combinado depois com tecnologias de captura de carbono. O irracional nessa abordagem é que, além da disponibilidade do gás natural ser limitada no Brasil, o custo dele chega a ser 10 vezes mais caro do que em outras regiões do mundo, como Estados Unidos ou Arábia Saudita. Se o custo do hidrogênio está tão relacionado à matéria-prima, então o custo dessa rota é inviável no Brasil. É uma abordagem válida para nações que possuam gás natural abundante e barato, o que não ocorre aqui. Aqui, o abundante e barato é a energia elétrica renovável, e por isso, a vocação brasileira está na produção de hidrogênio verde. Não há sentido em criar política de Estado para rotas que nos colocariam em posição de desvantagem no contexto global.

Tem se falado também sobre a produção de hidrogênio renovável a partir do etanol ou da biomassa. O desafio aqui é desenvolver tais tecnologias para terem escalabilidade, o que ainda pode demorar décadas para ser comprovado, ou mesmo nunca ser comprovado. Sem mencionar o impacto na dimensão do uso da terra, de forma que tais rotas podem até se tornar no futuro um afluente complementar, mas não o eixo principal de produção.

Assim, a tão esperada neoindustrialização verde depende fundamentalmente de o Brasil desenvolver essa nova cadeia produtiva, o que só é viável hoje quando se considera o hidrogênio verde. Essa conclusão é tão evidente que as nações desenvolvidas como Estados Unidos e União Europeia lançaram recentemente iniciativas específicas objetivando criar suas próprias cadeias de fornecimento, e consequentemente assegurar soberania energética e a perpetuação de sua larga vantagem industrial perante o resto do mundo.

Já estamos testemunhando uma fuga de grandes projetos para os Estados Unidos, em razão da agressiva política de subsídios posta em prática por meio do “Inflation Reduction Act”. Já a Comissão Europeia acelerou ainda mais a corrida global do hidrogênio verde com a publicação do REPowerEU, um plano para tornar a Europa independente dos combustíveis fósseis russos antes de 2030. Nesse período, a Europa prevê uma demanda de 40 GW para produzir hidrogênio verde, o que fará com que ele alcance em poucos anos o mesmo nível de preço do hidrogênio atualmente obtido de fonte fósseis.

O Brasil tem uma grande oportunidade de promover a neoindustrialização verde do Brasil se estabelecer a cadeia completa do hidrogênio verde, e não apenas atuar nesse mercado como exportador de energia em forma de molécula, que sem dúvida é benéfico ao país, mas ainda sim com perfil de commodity. É bom, mas não é transformador; e pode ser.

Para contrapor essas iniciativas, temos que lidar com a desvantagem das limitações inerentes ao nosso orçamento. Se não podemos incentivos na mesma dimensão, temos por outro lado experiencias de sucesso com a adoção de regulação, como a mistura do etanol à gasolina e mais recentemente com o biodiesel.

O Brasil precisa adotar misturas de derivados do hidrogênio verde no consumo doméstico, seja na forma de amônia verde, diesel verde e até mesmo mistura ao gás natural. Assim podemos induzir a cadeia de valor local, estabelecer mecanismos para garantir contratos de demanda, que dão segurança jurídico-financeira para os investimentos, e criar de fato um novo setor industrial.

Também é fator condicionante a expansão da infraestrutura de geração e transmissão da energia elétrica. Temos que dobrar nossa base instalada de geração até 2040 e isso requer grandes investimentos na ampliação da rede interconectada de transmissão. Ao mesmo tempo, é imprescindível rever os tributos aplicados à energia usada como insumo para a produção de hidrogênio. O chamado “custo do fio” praticamente dobra o custo do hidrogênio, e não podemos exportar tributos.

Apesar das nossas vantagens competitivas, corremos o risco de perder essa oportunidade histórica. É hora de viabilizar esses mecanismos necessários para que os grandes investimentos saiam das promessas para realidade concreta, que, enfim, vão alavancar toda uma nova cadeia produtiva de valor no Brasil. Isso requer urgentemente uma política de Estado que garanta a demanda necessária para que a inércia atual seja quebrada.

Fonte: Por Paulo Alvarenga, presidente da Câmara Brasil-Alemanha (AHK), membro do Conselho da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) e CEO da thyssenkrupp América do Sul.

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O triunfo da cooperação

O cooperativismo tem sido a catapulta do desenvolvimento do grande Oeste catarinense e de extensas regiões do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

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Presidente da Aurora Coop. Neivor Canton - Foto: Divulgação/Aurora Coop

Há 55 anos, oito cooperativas agropecuárias do grande Oeste catarinense se uniam para a fundação da Cooperativa Central. Esse projeto nasceu do encontro do arrojado e destemido pioneiro do cooperativismo, Aury Luiz Bodanese, que presidia a Cooperativa Mista Agropastoril Chapecó, com Setembrino Zanchet, na época gerente do Banco do Brasil.

Era o final da década de 1960. Aquelas duas lideranças tinham uma visão muito nítida do futuro: tornava-se imperativo para o desenvolvimento regional que o oeste catarinense deixasse de ser simples fornecedor de matéria-prima e passasse a industrializar proteínas animal e vegetal.

O projeto de Bodanese e Zanchet consolidou-se quando, em 15 de abril de 1969, 18 dirigentes representando oito cooperativas formalizaram a criação da Coopercentral. Nessas cinco décadas e meia construímos – a muitas mãos – esse grande complexo de produção de proteína animal chamado Cooperativa Central Aurora Alimentos, notabilizada nos mercados nacional e mundial como Aurora Coop.

Na comemoração do 55º aniversário inauguramos uma moderna e avançada indústria de processamento de carne mediante investimentos de quase 600 milhões de reais. Esse é um eloquente testemunho do triunfo do cooperativismo como ideologia associativista e do modelo de negócio fundado na ética e na sustentabilidade. Faz parte da estratégia para diversificação do nosso portfólio. Busca fortalecer a posição da Aurora Coop no mercado brasileiro e, também, como player global. Porque é fundamental investir na produção e no lançamento de linhas de produtos inovadores, gerando valor para os nossos produtores rurais cooperados, colaboradores, clientes e consumidores, sem esquecer da gestão sustentável da cadeia produtiva.

Atualmente, os números testemunham a nossa condição de terceiro maior grupo brasileiro do segmento de proteína. Nossas plantas industriais processam POR DIA 32 mil suínos, 1,3 milhão de aves e 1,6 milhão de litros de leite. Mas eu não desejo me fixar nos números de nossa expressão econômica, embora eles sejam grandiloquentes. Quero realçar o extraordinário capital humano envolvido nesse universo chamado Sistema Aurora de Produção, que envolve milhares de famílias rurais e os 45.000 trabalhadores nas indústrias e unidades da Aurora Coop.

A Cooperativa Central Aurora Alimentos pertence a 14 cooperativas filiadas que, juntas, congregam uma extraordinária base produtiva no campo formada por 85.600 famílias rurais, 85% delas tecnicamente classificadas na categoria de agricultura familiar.

O cooperativismo tem sido a catapulta do desenvolvimento do grande Oeste catarinense e de extensas regiões do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. No último triênio, somente a Aurora Coop investiu R$ 2,7 bilhões para a modernização e ampliação das unidades fabris e a aquisição de novas plantas industriais para manter a posição de terceiro maior grupo do setor.

Na área rural trabalhamos para a crescente incorporação de ciência e tecnologia, conferindo ganhos de escala nas propriedades rurais que passaram a ser geridas como verdadeiras empresas, comprometidas com a busca de resultados, em um regime de sustentabilidade e de proteção aos recursos naturais – condição sine qua nom para a perenidade do negócio. Nas nossas fábricas adotamos melhorias contínuas em todos os processos.

Nas regiões onde atuamos – e isso representa mais de 600 municípios brasileiros – as nossas cadeias produtivas da suinocultura industrial, da avicultura industrial e da pecuária leiteira injetaram volumosos recursos, fortalecendo o movimento econômico – e, por extensão, a arrecadação tributária das comunidades locais.

Citarei apenas alguns números de nosso relatório de 2023. No ano passado a geração de ICMS chegou a R$ 2,3 bilhões, o valor adicionado na atividade agropecuária (indireto) foi de R$ 11,6 bilhões e o valor adicionado na atividade industrial e comercial somou R$ 5,3 bilhões. Os investimentos nos colaboradores totalizaram R$ 2,7 bilhões, incluindo salários, encargos, benefícios etc. Isso tudo é dinheiro a irrigar as economias microrregionais.

Mas isso vem sendo feito com grande sacrifício em face das imensas deficiências logísticas e operacionais que enfrentamos nas regiões de produção. Desde os primórdios, o grande oeste ressente-se da insuficiente presença do Estado em várias áreas e, especialmente, na infraestrutura.

As deficiências se fazem sentir nas rodovias, no suprimento de energia elétrica, nos sistemas de água, na ausência de gás para uso industrial, na inexistência de um modal ferroviário, na carência de hospitais públicos etc. Porém, com o braço forte do cooperativismo, a região aprendeu a enfrentar seus problemas e a equacionar seus desafios sem a presença do ente estatal. Contra todos os prognósticos nos tornamos o celeiro do País, erigimos um formidável sistema agroindustrial que se notabilizou no Brasil e no exterior, fazendo com que aqui nascessem e prosperassem alguns dos maiores grupos da indústria de alimentos.

Recentemente, entidades empresariais iniciaram movimento pela construção de ferrovias para assegurar a competitividade do setor e a perpetuação do sistema, uma ligando o oeste de SC com o centro-oeste brasileiro (Ferrovia Norte-Sul) e outra, ligando o oeste com o litoral (Ferrovia Leste-Oeste).

Esse quadro sugere que é hora de a representação política do grande oeste – na Assembleia Legislativa e no Congresso – priorizar a articulação conjunta de propostas coletivas em favor das grandes causas oestinas.

Fonte: Por Neivor Canton, presidente da Aurora Coop
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A revolução das soluções baseadas na natureza

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

“Hell de Janeiro”. A sensação térmica recorde de 62,3ºC registrada em uma estação do Rio de Janeiro durante a terceira onda de calor de 2024 gerou uma série de memes e muito desconforto, para dizer o mínimo. De acordo com um estudo liderado pela UFRJ, 48 mil pessoas morreram por ondas de calor entre 2000 e 2018 no Brasil. No ano passado, nove ondas de calor assolaram o país, num total de 65 dias com temperaturas muito acima da média histórica – até os anos 1990, eram sete dias em média de calor atípico, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

Definitivamente, as mudanças climáticas são a principal ameaça que a humanidade enfrenta. No último ano, a temperatura global esteve muito próxima do 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, marco limite do acordo de Paris, e para que não seja ultrapassado esse limiar as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas em 43% até 2030 (em relação a 2019), conforme a ONU. Para atingir essa meta ousada são necessárias diversas estratégias e atores, e contar com o engajamento das empresas para a redução e compensação das suas emissões.

As soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês) podem proporcionar mais de um terço das reduções de emissões necessárias até 2030, de acordo com um estudo da The Nature Conservancy (TNC). É o caso de projetos de conservação e restauração florestal, e de manejo de terras agrícolas. Essas soluções não apenas ajudam a enfrentar as mudanças climáticas, mas também podem melhorar a saúde do solo, conservar e aumentar a biodiversidade e equilibrar o ciclo hidrológico, além de promover o desenvolvimento social de comunidades tradicionais.

Segundo o estudo da TNC, os projetos do tipo REDD+ (Reduções de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação) podem evitar a emissão de aproximadamente 3 GtCO2e (bilhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono) com a conservação de florestas nativas. Enquanto os projetos do tipo ARR (Afforestation, Reforestation and Revegetation) podem remover cerca de 1,6 GtCO2e da atmosfera com a restauração florestal. Já os projetos de ALM (Agricultural Land Management) podem garantir que mais de 5 GtCO2e sejam compensados com a adoção de boas práticas e tecnologias na agricultura e na pecuária. Os recursos financeiros para esses projetos vêm do mercado de carbono, onde empresas e governos do mundo inteiro estão estabelecendo metas de carbono zero (net zero) e regulamentações.

Mas, para que esse mercado atinja todo o seu potencial, é preciso garantir a qualidade e integridade dos créditos de carbono, gerados de acordo com padrões robustos e reconhecidos. Os projetos NBS precisam ter adicionalidade e monitoramento para assegurar o cumprimento de seus objetivos e proporcionar benefícios para o clima, para as comunidades e para a biodiversidade por um período mínimo de 40 anos. Os órgãos certificadores do mercado voluntário de carbono, como a Verra, têm buscado constantemente o aperfeiçoamento de suas metodologias para garantir a consistência dos projetos e a confiança do mercado.

A integridade e qualidade dos projetos estão ligadas à transparência, rastreabilidade e segurança. Tecnologias avançadas, como drones com sensores LiDAR e inteligência artificial, são importantes para aumentar a transparência e acurácia na mensuração do carbono e no monitoramento da biodiversidade e da degradação florestal. Tecnologias sociais, incluindo aplicativos de monitoramento ambiental comunitário e mecanismos de resolução de conflitos e geração de renda, fomentam a gestão colaborativa e a participação ativa em projetos NBS – as ações sociais são essenciais para assegurar a segurança e eficácia dos projetos no longo prazo, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas. De acordo com um estudo da McKinsey, a demanda pelos créditos aumentará 15 vezes ou mais até 2030 e até 100 vezes até 2050, fazendo esse mercado saltar de US$1 bilhão em 2021 para US$50 a 100 bilhões até o final desta década.

Neste cenário, o Brasil possui uma posição promissora: 15% do potencial global de compensação de carbono por meio de soluções baseadas na natureza concentra-se em seu território, o equivalente a quase 2 GtCO2e – e apenas 1% dessa capacidade é aproveitada atualmente. Para que o país possa se beneficiar desse potencial de crescimento, faz-se necessário também a formação de pessoal capacitado para atender o aumento da demanda. Hoje o mercado já está carente de profissionais tanto na área de desenvolvimento de projetos NBS, quanto na área de auditoria por parte dos órgãos de verificação e validação dos projetos, bem como na área de sustentabilidade dentro das empresas.

Cobrir essas lacunas é essencial para termos condições de descarbonizar a economia, com agricultura e pecuária regenerativas e baseadas na floresta em pé, consolidando o Brasil como uma potência mundial em sustentabilidade. Esta é a revolução das Soluções Baseadas na Natureza.

Fonte: Por Danilo Roberti Alves de Almeida, engenheiro florestal, mestre em Ciências de Florestas Tropicais e doutor em Recursos Florestais.
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Genética: o pilar sustentável da produção animal

casamento entre a excelência genética e a inovação tecnológica não só impulsiona o progresso da pecuária, mas também consolida seu compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

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Foto: Divulgação/ABS

A tríade imponente de sanidade, bem-estar e genética não é apenas uma teoria, mas sim a espinha dorsal de toda a produção animal. Esses três pilares não só garantem a eficiência, mas também são a base de uma abordagem verdadeiramente sustentável para a produção animal. Contudo, como a realidade do campo nos lembra incansavelmente, tudo começa com a genética.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Em um cenário em que as discussões sobre sustentabilidade ganham cada vez mais relevância e alcance, a urgência de ações concretas se torna evidente. Diariamente, vemos uma crescente pressão e culpabilização sobre a produção animal em relação aos impactos ambientais, como emissões de gases do efeito estufa e desmatamento. É hora de agir rapidamente, trazendo clareza aos debates por meio de dados concretos relacionados à capacidade da produção animal de ser sustentável, e a genética é o insumo permanente.

No contexto desafiador da produção animal sustentável, a genética se destaca como o alicerce desde o primeiro momento, moldando os anos subsequentes após cada seleção criteriosa. Ao longo de décadas, testemunhamos de perto os avanços tecnológicos no campo do melhoramento genético animal, uma saga de progresso que assegura a continuidade dos alelos favoráveis – as verdadeiras engrenagens que impulsionam a produção animal.

A busca por características que potencializam a eficiência animal está no centro das atenções e é amplamente adotada. Esta abordagem tem permitido a coleta de fenótipos relevantes, evidenciando a capacidade de animais com alto mérito genético em manter padrões elevados de qualidade e desempenho, ao mesmo tempo em que demonstram uma excepcional eficiência na conversão alimentar, no rendimento de carcaça e na redução do tempo de permanência na fazenda. Os pecuaristas contabilizam, ao final, um saldo positivo rastreado e almejado.

Na vanguarda da inovação na pecuária, a implementação estratégica de linhagens terminais nos rebanhos emerge como um exemplo marcante de avanço. Esta abordagem, que capitaliza a complementaridade entre raças e explora a heterose, tem impulsionado de forma notável a eficiência produtiva. Resultados tangíveis são observados na redução substancial do tempo de confinamento dos animais, além de um notável aumento no peso e rendimento da carcaça, bem como na qualidade da carne.

Além disso, destacamos a importância da aplicação de tecnologias de ponta e metodologias inovadoras, como as ômicas, que têm revolucionado o cenário da seleção genética. Este vasto campo promete uma nova era na pesquisa e aplicação, permitindo a identificação e expressão de características altamente desejáveis. Entre elas, destaca-se a atenção aos pilares da sustentabilidade, bem como a compreensão aprofundada da microbiota ruminal, cujo papel crucial na mitigação das emissões de gases do efeito estufa é cada vez mais reconhecido.

Assim, o casamento entre a excelência genética e a inovação tecnológica não só impulsiona o progresso da pecuária, mas também consolida seu compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

Em resumo, a manutenção da conexão ciência-indústria-campo é um elemento vital na busca pela produção sustentável, permitindo a produção de animais mais eficientes, saudáveis e adaptados ao meio ambiente, garantindo estabilidade na produção animal e um futuro alimentar seguro e saudável para as gerações futuras.

Nessa jornada, há um setor engajado e com a busca incessante pela excelência genética, pois sabemos que é a partir dela que construímos os fundamentos de um amanhã mais promissor para a produção animal sustentável, sem esquecer de garantir a subsistência da próxima geração de agricultores e pecuaristas.

Fonte: Por Laís Grigoletto, gerente de Serviços Genéticos Corte Latam da ABS.
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