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Especialistas apontam caminhos para ampliar a sustentabilidade do agronegócio nacional aliando agendas de conservação e produção

As mudanças climáticas trouxeram novos paradigmas que demandam formas diferentes para continuar no caminho de conciliação entre a produção agropecuária e a conservação ambiental.

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Meio Ambiente e Mercados foram discutidos no 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio por autoridades nos assuntos

Nas últimas quatro décadas os produtores rurais brasileiros introduziram práticas agrícolas que ampliaram a conservação dos biomas nacionais, como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a fixação biológica de nitrogênio, tornando o agro brasileiro mais sustentável e ambientalmente responsável para atender as novas exigências do mercado global, que tem acompanhado constantemente as políticas públicas relacionadas à proteção ao meio ambiente.

Diante deste cenário, Fabiana ressaltou que é fundamental que o setor se posicione como protagonista da integração entre a produção, a conservação ambiental e como líder deste mercado. “Já temos uma estrada pavimentada de investimentos, que podem nos ajudar bastante no financiamento de projetos socioambientais e a liderar com exemplos do que já deu certo no mercado de carbono. Para isso é preciso evoluir mais, principalmente, na previsibilidade de regras, ou seja, investir na regulação do mercado verde e de carbono, o que permite trazer ao país um fluxo de capital estrangeiro para comprar títulos verdes”, pontuou Fabiana. “Na medida em que melhorarmos nossa comunicação, vamos ter um universo melhor, ainda pouco explorado no agronegócio, em que será possível financiar mais projetos com temática socioambiental e de carbono”, completou.

Títulos verdes

Ainda de acordo com Fernanda, uma das grandes novidades deste ano no mercado de carbono foi o registro da primeira Cédula do Produto Rural (CPR), título que permite aos agentes que atuam na cadeia do agronegócio captar recursos que serão direcionados ao financiamento da conservação de florestas nativas e seus biomas. “Desde março foram registrados na B3 quase R$ 11 bilhões de CPRs Verde, título que vai ajudar muito o produtor rural a captar recursos para financiar a atividade que já exerce de proteção ao meio ambiente, às florestas e aos biomas”, garante Fernanda.

Superintendente de Relacionamento com Clientes da B3, Fabiana Perobelli: “Os green bonds já representam cerca de 30% dos títulos emitidos no país” – Fotos: Gerardo Lazzari

Ela também cita o Crédito de Descarbonização (CBIO), um dos instrumentos inovadores adotados pela RenovaBio como ferramenta para permitir que o Brasil cumpra com suas metas de descarbonização assumidas no Acordo de Paris. “Em 2021 emitimos 30 bilhões de CBIOs e somente no primeiro semestre deste ano já ultrapassamos os 15 milhões”, adianta.

Em relação aos títulos de ESG (do tripé governança ambiental, social e corporativa), Fernanda diz que estão divididos em duas categorias: sociais e sustentáveis, usados para financiar projetos que tenham um impacto socioambiental positivo; e outro conjunto de títulos emitidos são focados em projetos socioambientais voltados para redução das emissões de gases do efeito estufa ou a uma meta de diversidade, dentre os quais já são usados no mercado financeiro debêntures, Certificado de Recebimento do Agronegócio (CRA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e cotas de fundo fechado. “Em 2020 a somatória desses títulos com foco socioambiental tinham sido R$ 6 bilhões, ano passado chegamos a R$ 30 bilhões, e no primeiro semestre deste ano já ultrapassamos R$ 40 bilhões, volume considerado ainda baixo quando comparado ao mercado internacional, mas mostra uma curva ascendente, que vai nos ajudar bastante na criação de instrumentos para o mercado de carbono”, enfatiza Fernanda, destacando que os green bonds já representam cerca de 30% dos títulos emitidos no país.

O diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e moderador do painel, André Guimarães, salientou o potencial do Brasil para ser um exportador, além das commodities agrícolas tradicionais, também de serviços ambientais, de soluções para o clima e de ativos ambientais. “O país tem um potencial gigantesco para crescer no mercado de carbono, ainda pouco explorado”, apontou Guimarães.

Ciência como aliada do agronegócio

Professor e coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Gonçalo Pereira: “Os professores universitários são um ativo que os empresários precisam aproveitar para resolver seus desafios”

Por sua vez, o professor Gonçalo Pereira destacou a ciência como fundamental para resolver problemas e para fomentar a inovação nos mais diversos segmentos da sociedade civil organizada. “Estamos vivendo um momento de aceleração de mudanças globais e neste contexto os pesquisadores são fundamentais. Os professores universitários são um ativo que os empresários precisam aproveitar para resolver seus desafios, porque nós temos muito conhecimento, criatividade, vontade de inovar e estamos à disposição da sociedade. Mas para haver a resolução desses problemas é preciso que haja interação entre a ciência e as empresas”, expôs o coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Unicamp.

Conforme Pereira, o Brasil atualmente é a 12ª potência científica do mundo, reflexo da interação da academia com a sociedade civil organizada. Segundo ele, o Brasil nunca teve na atmosfera tão pouco de gás carbônico (CO2) como agora, evidenciando que o país tem condições para zerar as emissões de gases do efeito estufa e não apenas neutralizar. “O Brasil possui abundância no processo de fotossíntese, em que a energia faz com que a planta tenha a capacidade de fixar o CO2 da atmosfera, por isso a meta não deveria ser um país neutro, mas, sim, um país carbono negativo. Ser neutro é pouco ambicioso”, justificou.

Liderar pelo exemplo

Já Liège Correia salientou que para ter desenvolvimento é preciso ser sustentável, por isso a sustentabilidade deve ser a estratégia e não parte dela a ser empregada pelas organizações no mundo atual. “Os setores líderes precisam ser os exemplos, demonstrar as iniciativas, para que os demais sigam no mesmo caminho”, afirmou.

Vice-presidente da Abag e diretora de Sustentabilidade da Friboi/JBS, Liège Correia: “Mais do que dizer coisas é preciso liderar pelo exemplo”

Ela ponderou ainda sobre a importância de incluir na temática de sustentabilidade toda a cadeia de produção, que é bastante pulverizada, e a necessidade da implementação definitiva do Código Florestal. “Existem ainda muitos potenciais que podem ser explorados como a bioenergia, mas para isso é preciso trazer a ciência mais para perto deste debate. A educação é um componente essencial para fazer isso, porque educamos muitas vezes através de exemplos. Mais do que dizer coisas é preciso liderar pelo exemplo. Sustentabilidade é uma agenda pré-competitiva que não diz respeito apenas ao setor do agro, é um conceito amplo, que envolve todos os setores da economia”, relatou Liège.

Entre as legislações que o país possui para contribuir e expandir com uma agenda agroambiental estão a do Código Florestal e a do Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC). “Em um momento em que a tendência de os países subsidiarem, protegerem e terem medidas de precaução para a importação de alimentos e produtos agropecuários, mesmo com o espectro da fome, comprovar que a produção brasileira é sustentável vai auxiliar no crescimento da competitividade do agro nacional”, sintetizou Guimarães.

Protagonismo brasileiro

Embaixador e cofacilitador da Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura, José Carlos da Fonseca Júnior: “O Brasil possui um grande ativo potencial com o crédito de carbono, tendo condições para ser líder deste mercado”

O embaixador José Carlos da Fonseca Júnior frisou que o Brasil saiu de uma posição reativa para assumir o protagonismo ajudando a escrever as regras do edifício normativo do sistema internacional na área da sustentabilidade. “Precisamos produzir cada vez mais com sustentabilidade, preservando os recursos naturais, hoje esse é o desafio que está posto diante do agronegócio global. E essa é uma agenda em que se o Brasil não estiver sentado à mesa de quem está escrevendo as regras não significa que o jantar não vai acontecer, mas sim que possivelmente nós possamos virar o ‘prato principal’ do jantar”, alertou.

José Carlos frisou ainda que é um falso dilema imaginar que o desenvolvimento e a sustentabilidade sejam antagônicos, contraditórios, citando um benchmarking internacional do setor como exemplo, que ao mesmo tempo em que planta florestas cultivadas em mais de 9,5 milhões de hectares com finalidade industrial, conserva mais de seis milhões de hectares em floresta nativa. “O mundo precisa de madeira e de fibras vegetais. E o Brasil possui um grande ativo potencial com o crédito de carbono, tendo condições para ser líder deste mercado”, disse, ampliando: “Com este papel de potência agroambiental temos diante de nós não apenas o copo meio vazio das dificuldades da descarbonizarão, dos desafios e do custo da transição para uma economia de baixo carbono, mas, sobretudo, as oportunidades que haverão de nos tornar um membro importante numa das cabeceiras da mesa de discussão em torno desta temática”, assegurou o cofacilitador da Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura, commodities e maquinários agrícolas acesse gratuitamente a edição digital Bovinos, Grãos e Máquinas.

Fonte: O Presente Rural

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Genética e nutrição: os pilares da eficiência alimentar na pecuária moderna

Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

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Fotos: Divulgação/Criatório Rana

Nos últimos anos, a pecuária de corte testemunhou um aumento significativo na rentabilidade dos produtores, impulsionado em grande parte pela melhoria da eficiência alimentar. Este avanço está revolucionando a forma como os pecuaristas gerenciam seus rebanhos, resultando em maiores ganhos econômicos.

A eficiência alimentar na pecuária de corte se refere à capacidade de produzir mais carne utilizando menos recursos alimentares, como pastagens e rações. Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

Criador Ivo Arnt Filho do Criatório Angus Rana, de Tibagi, no Paraná: “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna” – Foto: Divulgação

Um dos principais impulsionadores desse aumento na eficiência é a seleção genética de animais com melhor capacidade de conversão alimentar e crescimento acelerado. Os pecuaristas estão optando por raças e linhagens que apresentam maior eficiência na transformação de alimentos em carne, garantindo uma produção mais rentável. Esse é o caminho que criador Ivo Arnt Filho tomou, quando incluiu no Criatório Rana, localizado em Tibagi, no Paraná, a criação de animais da raça Angus, em 1987.

Após duas décadas dos primeiros animais terem chegado à propriedade, Arnt passou em 2009 a se dedicar à seleção genética da raça. “Para obter a melhor eficiência alimentar buscamos a seleção genômica dos animais, com a característica de melhor conversão de alimento em carne, realizando a escolha do pai e da mãe para produção de um filho superior para esta característica”, explica, contando que os 450 animais que tem na propriedade são todos registrados e avaliados pelo programa oficial da Associação Brasileira de Angus.

Entre os melhores do país

Para garantir um padrão de excelência em sua criação, o criatório do produtor paranaense participa da Prova de Eficiência Alimentar, promovida pela Associação Brasileira de Angus, em parceria com a Embrapa Pecuária Sul, e hoje possui cinco touros entre os melhores reprodutores da raça Angus no Brasil.

Na prova, os animais são avaliados quanto à eficiência alimentar por meio da ponderação do Consumo Alimentar Residual e do Ganho e Peso Residual. “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna. Selecionando os indivíduos pais, para que seus descendentes tenham a melhor conversão alimentar em carne. A avaliação de ultrassonografia de carcaça nas mães, com aplicação da equação de validação para DEP de peso de carcaça quente, nos auxilia em muito na rentabilidade da produção”, enfatiza.

A busca constante por animais com alta eficiência alimentar não apenas agrega valor econômico à atividade pecuária, mas também promove a sustentabilidade e a rentabilidade ao pecuarista. “Além do reconhecimento, os touros campeões da Prova de Eficiência Alimentar foram contratados por centrais de inseminação e hoje seu sêmen está disponível no mercado para melhorar os rebanhos de todo o país”, diz, orgulhoso. “O abate e a comercialização é restrita aos animais que não são destinados à reprodução”, informa.

Alimentação dos animais

Além disso, a adoção de práticas de manejo intensivo e estratégias nutricionais específicas também contribuem para melhorar a eficiência alimentar. Isso inclui o uso de suplementos alimentares balanceados e a implementação de sistemas de confinamento que permitem um controle mais preciso da dieta dos animais, otimizando assim o ganho de peso. “A alimentação dos animais é realizada a pasto com suplementação da dieta com sal proteico energético, realizando para cada faixa etária o balanceamento adequado”, descreve Arnt, afirmando que animais bem nutridos, suplementados com silagem e complemento mineral têm uma saúde intestinal adequada. “Como trabalhamos somente com animais puros de origem buscamos a alimentação mais natural possível”, salienta.

Outro aspecto importante é com a gestão das pastagens. Os produtores estão investindo em técnicas de manejo que visam melhorar a qualidade e a disponibilidade de forragem, como a rotação de pastagens e o controle de invasoras. Isso não apenas aumenta a produtividade das áreas de pastoreio, mas também contribui para a saúde do solo e a sustentabilidade da atividade pecuária a longo prazo. “Para promover a saúde intestinal dos animais e prevenir problemas relacionados ao sistema digestivo fornecemos somente alimentos nobres, ricos em fibra e probióticos”.

Como fazer a seleção de animais

Na propriedade da família Arnt, diversas tecnologias foram implementadas visando a melhoria da eficiência alimentar dos animais. “Os pecuaristas devem escolher e selecionar os animais (touros e vacas) genomicamente, utilizando ferramentas que permitem gerenciar o ganho de peso e a economicidade da produção pecuária. Não é suficiente adquirir touros apenas com base em fotografias, é necessário analisar as DEP’s (Diferenças Esperadas na Progênie). Além disso, é fundamental avaliar as mães por meio de ultrassonografia de carcaça para produzir os bezerros do futuro, que serão convertidos em carne”, afirma.

Cuidado especializado

Para monitorar e avaliar a eficácia do manejo nutricional e da saúde intestinal dos animais, o produtor paranaense realiza a pesagem individual dos animais regularmente. De acordo com ele, essa prática fornece informações sobre o desempenho de ganho de peso diário, um parâmetro fundamental para o desenvolvimento dos animais jovens. Além disso, é feito a verificação das fezes dos animais para avaliar sua saúde intestinal. A propriedade conta com assessoria veterinária própria para garantir a manutenção da boa saúde alimentar dos animais.

Produção de bezerros

O produtor destaca ainda a importância de cuidar da produção de bezerros para garantir a continuidade do negócio. “Temos que nos preocupar com a produção eficiente de bezerros, utilizando as ferramentas disponíveis para alcançar uma melhor eficiência econômica e obter ótima rentabilidade na atividade pecuária, bem como a sustentabilidade do nosso negócio”, pontua Arnt.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Indicador do milho tem queda real de 13,6% em um ano

De acordo com pesquisadores do Cepea, produtores seguem voltados ao desenvolvimento da segunda safra e à colheita da safra verão, postergando a comercialização do cereal.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Em abril, o Indicador do milho Esalq/BM&FBovespa (referência região de Campinas – SP) caiu 5,9% em relação ao mês anterior.

Na comparação anual, a queda é de 13,6%, em termos reais (calculado por meio do IGP-DI de março de 2024).

De acordo com pesquisadores do Cepea, produtores seguem voltados ao desenvolvimento da segunda safra e à colheita da safra verão, postergando a comercialização do cereal.

Do lado da demanda, pesquisadores do Cepea apontam que os estoques remanescentes de 2022/23, a colheita da safra verão em bom ritmo e as lavouras de segunda safra desenvolvendo sem grandes problemas têm levado compradores a limitarem as aquisições apenas para o curto prazo.

Ainda conforme levantamentos do Cepea, a colheita da safra verão no Rio Grande do Sul foi paralisada nos últimos dias devido ao excesso de chuvas e aos alagamentos em diversas regiões do estado.

No Sul de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, o baixo volume de chuvas e as altas temperaturas começam a deixar agentes apreensivos.

Fonte: Assessoria Cepea
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A espera de reação no preço, pecuaristas se afastam do mercado

No acumulado de abril, o Indicador do boi gordo Cepea/B3 cedeu 1,3%, fechando a R$ 229,35 no dia 30. Quando considerada a média mensal, de R$ 230,51, verificam-se quedas de 1% frente à de março de 2024 e de 17% em relação à de abril de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mês de abril se encerrou com ritmo lento de negócios, mas vendedores se mostram otimistas para maio.

Muitos pecuaristas consultados pelo Cepea acreditam que as ofertas estarão menores neste mês e observam que as escalas já estão um pouco mais curtas.

Com esta expectativa, na última semana e no início desta, vendedores se afastaram do mercado, esperando ofertas em valores maiores.

No acumulado de abril, o Indicador do boi gordo Cepea/B3 cedeu 1,3%, fechando a R$ 229,35 no dia 30.

Quando considerada a média mensal, de R$ 230,51, verificam-se quedas de 1% frente à de março de 2024 e de 17% em relação à de abril de 2023, em termos reais (IGP-DI).

Fonte: Assessoria Cepea
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