Bovinos / Grãos / Máquinas
Especialista aborda estratégias eficientes para reduzir emissão de metano na pecuária
São alternativas para produzir uma pecuária de baixa emissão de GEE citando investimento em melhoramento genético e intensificação de pastagens, ampliação do processo de integração lavoura-pecuária.
Detentor de um dos maiores rebanhos comerciais do mundo e líder global na exportação de carne bovina, o Brasil está no centro das discussões quando se trata dos impactos que a pecuária brasileira tem nas mudanças climáticas. Emitido naturalmente pela fermentação entérica que ocorre no processo digestivo dos animais ruminantes, o metano (CH4) é um dos principais gases do efeito estufa (GEE), considerado altamente prejudicial para o aquecimento global porque, junto com o CO2 e o óxido nitroso (N₂O), impede o calor gerado pelos raios solares de deixar a superfície da Terra e as camadas mais baixas da atmosfera.
O engenheiro agrônomo, PhD em Zootecnia e professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP), Ives Cláudio da Silva Bueno, aponta alternativas para produzir uma pecuária de baixa emissão de GEE citando investimento em melhoramento genético e intensificação de pastagens, ampliação do processo de integração lavoura-pecuária, manipulação da fermentação entérica por meio do uso de suplementos alimentares e redução da idade de abate dos animais. A elevação da produtividade na pecuária reduzindo os impactos do efeito estufa será tema da sua palestra na 34ª Reunião Anual do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, que acontece de 21 a 23 de março, no Hotel Premium, em Campinas, SP.
De acordo com o especialista, a cadeia de ruminantes evoluiu com o passar das décadas e os animais passaram a ter uma dieta com alimentos de alta qualidade, com a utilização de enzimas microbianas para controlar a velocidade e regular as reações que ocorrem no organismo, no entanto para que ocorra a transferência de energia do alimento para o animal alguns gases são liberados. “O que podemos fazer é tentar otimizar essa transferência de energia para o animal, porque essa energia emitida em forma de gás é uma energia perdida, o que caracteriza uma baixa eficiência que o animal tem. Quando conseguimos aumentar a produtividade intensificando a produção podemos reduzir o abate dos animais, o que consequentemente vai se traduzir em menor emissão de metano no meio ambiente e em um maior aproveitamento de energia dos alimentos”, menciona Bueno, ampliando: “Além disso, nós temos que ver o sistema como um todo, porque o sistema tem diversos mecanismos de retenção de carbono da atmosfera através do solo e das plantas”.
Bueno destaca que o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) é uma das estratégias mais eficientes de produção sustentável, uma vez que busca otimizar o aumento de produtividade com a conservação de recursos naturais. “Quando agregamos a floresta ao sistema consorciado de produção de gado e atividades agrícolas temos muito a ganhar, porque as árvores são grandes armazenadoras de carbono, absorvendo CO2 em seus troncos, galhos e folhas, o que gera um balanço bastante positivo no meio ambiente, fator esse que deve ser cada vez mais mostrado para a sociedade, para que as pessoas entendam que os gases emitidos pela produção de ruminantes também são retidos em grande parte pela cadeia”, expõe.
O professor da FZEA/USP ressalta a importância da mídia, como do Jornal O Presente Rural, para que a cadeia informe as medidas que estão sendo tomadas para diminuir os impactos da atividade no aquecimento global. “O papel da mídia é muito importante, até porque a campanha contrária está muito bem estabelecida, enquanto que a cadeia agropecuária apresenta uma baixa defesa. É preciso defender o nosso sistema de produção, que inclusive é bastante eficiente, desde que bem utilizado. O Brasil tem ainda muitas terras em processo de degradação ou já degradadas, é preciso recuperar essas áreas e isso só é possível quando todos os elos se unem em busca de um objetivo em comum. Por outro lado, a cadeia já promove a intensificação do uso das pastagens, o manejo correto do solo e a proteção dos mananciais, ações que geram impactos positivos ao meio ambiente e que devem ganhar voz para que a sociedade desmistifique essa visão que tem sobre o agro”, salienta Bueno.
Porque os bovinos emitem metano
O PhD em Zootecnia explica que os bovinos emitem metano porque no ambiente ruminal há uma intensa geração de hidrogênio, o qual pode tornar esse espaço inapropriado para a sobrevivência do animal. “É preciso ter um mecanismo para retirar esse hidrogênio do ambiente ruminal e o mecanismo encontrado na evolução animal em torno de milhões de anos foi a utilização de Arqueas Metanogênicas, que coloca o hidrogênio junto com o carbono, formando o metano. Agora, para mitigar a emissão de metano precisamos apresentar uma alternativa para retirar esse excesso de hidrogênio gerado no rúmen”, pontua.
Alternativas
Entre as alternativas para alterar o perfil de fermentação está o uso de aditivos artificiais e naturais na dieta dos bovinos. “À medida que colocamos fibra de melhor qualidade ou mais concentrada na dieta dos animais também melhoramos o processo de fermentação, diminuindo assim a produção de metano, no entanto reduzir a idade de abate dos animais ainda é uma das melhores alternativas para baixar o nível de emissão de metano pelos bovinos”, salienta Bueno, ampliando: “Qualquer diminuição na idade do abate do animal traz reflexos positivos ao meio ambiente. O padrão médio de abate de bovinos no país é de cerca de 42 meses, mas há a possibilidade de chegar a abater o animal entre 18 e 20 meses. Então ainda tem um trajeto muito grande a ser percorrido”.
Em relação aos investimentos necessários para reduzir as emissões de metano, o engenheiro agrônomo destaca que toda nova tecnologia começa com custo mais alto, mas que com o maior uso da cadeia esse custo vai se reduzindo, citando a monensina sódica como exemplo. “Quando foi lançada tinha um custo muito alto e hoje é tão barata que dificilmente tem um produtor que não inclua esse aditivo na alimentação do rebanho. Porém, por ser um antibiótico inócuo, a monensina tem restrições no mercado internacional, então é preciso promover algumas alternativas para isso, entre elas o uso de óleos essenciais, alguns produtos que já estão presentes nas plantas, como taninos e saponinas, além de compostos nitrogenados não proteicos, como o nitrato, tudo isso são possibilidades para diminuir a produção de metano através de algumas alterações de rotas fermentativas do próprio animal”, explica o docente da USP.
Mais arrobas por hectare
Para o pecuarista elevar a produtividade de arrobas por hectare ao ano por meio das pastagens de forma sustentável, Bueno diz que o primeiro passo é executar um bom manejo do pasto para que não entre em degradação, começando pelo manejo nas águas para que as pastagens tenham uma estrutura radicular e reserva para a seca, aplicação de nitrogênio antes do término do período das chuvas e o cultivo de gramíneas de maior tolerância à seca. “Infelizmente o Brasil está em uma estacionalidade de produção de pastagens, então ter algumas estratégias para tentar diminuir essas variações de produção ao longo do ano é muito importante”, afirma o especialista.
Outro ponto é fazer a suplementação alimentar na seca, enriquecido com todos os nutrientes necessários para suprir as carências nutricionais do animal e maximizar seu potencial de ganho de peso. No entanto, para que essa complementação ao pasto seja eficiente é necessário considerar a idade dos animais, para que o ganho biológico e o financeiro sejam bem aproveitados. “Além de suprir o rebanho com proteínas e minerais, os insumos nutritivos contêm aditivos que promovem o crescimento e melhoram a digestibilidade no trato digestório, melhorando a conversão alimentar dos animais. É preciso planejar muito bem a alimentação para que sejam fornecidas as quantidades necessárias de nutrientes para que os bovinos aproveitem melhor a energia dos alimentos, passando a emitir menos metano”, aponta Bueno.
Balanço do metano
Há alguns anos, segundo o especialista, a pecuária nacional tinha um destaque no mercado internacional por produzir o que chamavam de boi verde, que é aquele animal produzido principalmente a pasto, mas como a quantidade de metano produzido no pasto é maior do que em confinamento atualmente há uma certa crítica do mercado internacional quanto ao sistema de produção da pecuária brasileira mais adotado. “A gente esquece que quando é feito a mensuração das emissões de metano é apenas medido o que o animal emite, quando na verdade teríamos que mensurar qual que é o balanço do sistema como um todo. Por exemplo, se um produtor tem uma propriedade com uma forragem muito produtiva e adota o sistema de integração iLPF está drenando os gases produzidos, retendo no próprio sistema de produção. É preciso entender que todas essas tecnologias que são implementadas nos sistemas de produção de gado de corte, além de mitigar a emissão de metano, também melhoram a relação com a natureza e quase sempre implicam no aumento da produtividade por área”, destaca o PhD em Zootecnia.
Bueno diz que é importante lembrar que todo ruminante emite metano, seja ele produtivo ou improdutivo, doméstico ou selvagem. “O que a gente tem que aproveitar ao produzir qualquer produto de origem animal é utilizar todo o metabolismo do animal para que ele consiga produzir proteína de alta qualidade no menor tempo possível e, com isso, diminuir a produção de metano”, enfatiza.
O especialista pontua ainda que por vezes é esquecido que todo ruminante emite metano, justamente porque é pouco falado sobre como vai diminuir a emissão de metano em rebanhos selvagens, que são altamente emissores porque comem uma dieta de baixa qualidade, enquanto que no sistema de produção comercial os animais são alimentados com uma dieta altamente nutritiva.
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Estoques elevados e demanda incerta devem desacelerar mercado de fertilizantes até o fim do ano
Esse fator fundamenta a estimativa de que as importações deverão cair em relação ao ano anterior, mesmo que as vendas no mercado interno apresentem crescimento.
Atualmente, Brasil e Índia são os principais compradores de fertilizantes, no entanto, seus estoques relativamente altos podem atrasar as novas aquisições e esfriar o mercado. Por outro lado, a China e o Egito mantêm volumes fracos de exportação no mercado internacional de ureia, enquanto a oferta de fosfatados segue baixa entre os grandes produtores globais. Já nos potássicos, a oferta abundante não traz sustentação para os preços.
No setor de nitrogenados, após a ureia CFR Brasil atingir o mínimo de quase US$ 300/t em meados de abril, os preços se recuperaram para US$ 365/t no final de julho, impulsionados por problemas de oferta. “A menor produção no Egito e a retirada do produtor chinês do mercado internacional restringiram a oferta e contribuíram para essa recuperação nos preços”, avalia o analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, Lucas Brunetti.
No Brasil, as importações de fertilizantes nos primeiros quatro meses de 2024 totalizaram 10 milhões de toneladas, uma redução de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). Esse menor volume pode ser atribuído aos altos estoques remanescentes de 2023. Com um estoque inicial de 8,7 milhões de toneladas, era esperado que as importações fossem menores em comparação ao ano anterior. “A previsão é que as importações de fertilizantes em 2024 sejam 1% menores que as de 2023, totalizando 39 milhões de toneladas”, aponta Brunetti.
Além disso, 2024 começou com entregas de fertilizantes ligeiramente superiores às do ano passado. Segundo os dados mais recentes da ANDA, de janeiro a abril, as entregas somaram 11 milhões de toneladas, um aumento de 1% em relação ao mesmo período de 2023. “Estimamos que o crescimento das entregas em 2024 seja de 1% ano contra ano, atingindo 46,7 milhões de toneladas”, expõe o analista.
Apesar do segundo semestre ser o período mais importante do ano, em termos de volume de entregas, Brunetti diz que não acredita que a velocidade da entrega seja alterada de maneira significativa. “Com a redução das margens dos grãos, o mercado deve perder dinamismo. Todavia, mesmo assim, estimamos aumento da área destinada aos grãos em 2024, menos que nos últimos anos, mas ainda positiva”, afirma.
Segundo o especialista, é importante considerar que a indústria e as revendas locais precisam diminuir seus estoques de fertilizantes, que começaram 2024 acima da média dos últimos anos. “Esse fator fundamenta a estimativa de que as importações deverão cair em relação ao ano anterior, mesmo que as vendas no mercado interno apresentem crescimento”, pontua Brunetti, enfatizando que enquanto os estoques estiverem acima do normal, as margens das revendas devem ficar pressionadas.
Conforme o analista, ainda há aquisições de fertilizantes no Brasil a serem feitas para a safra de grãos que será plantada no segundo semestre, e os preços de alguns macronutrientes já começaram a subir. “Além disso, os riscos operacionais de atraso no recebimento dos produtos no momento ideal de aplicação aumentam, principalmente se houver grande concentração no período de aquisição, tanto na logística portuária quanto em eventuais interrupções no fluxo de carga até as fazendas”, ressalta Brunetti.
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Dietas com DL-Metionina protegida melhoram produção de leite, proteínas e sólidos totais em dias de calor extremo
Estudo conduzido em parceria com UFLA mostrou aumento significativo da produção de leite, da proteína, da lactose e dos sólidos totais durante o período de estresse térmico.
Artigo escrito por Tales Lelis, médico-veterinário, mestre em Produção Animal e Diretor Regional de Negócios e Soluções para Ruminantes da Evonik
Nutrição, sanidade, manejo, mão de obra, gestão e sucessão familiar são alguns dos desafios diários da produção de leite. As altas temperaturas aliadas a fenômenos como seca e incêndios em todo o mundo se tornam o mais recente obstáculo a ser enfrentado pelo produtor. Para se ter uma ideia, no final do mês de julho o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, indicou que o mundo teve o dia mais quente já registrado, quando a temperatura média global atingiu 17,09º C. O recorde anterior havia sido registrado em julho de 2023, quando a média global foi de 17,08º C. O último mês de junho também registrou o décimo terceiro mês consecutivo de recordes de calor na Terra.
Para o mês de agosto, por exemplo, a projeção é que, na Alemanha, as temperaturas cheguem aos seus maiores níveis, oito graus Celsius acima da média dos últimos 30 anos. Nos Estados Unidos, mais de 30 milhões de pessoas estarão em regiões onde ondas de calor prometem ser intensificadas.
No Brasil, o cenário não é diferente. Estamos vivendo um inverno mais quente e com máximas preocupantes, ultrapassando os 35ºC em muitas cidades, algo pouco comum para esta época do ano. Uma onda de calor elevou as temperaturas em diversas regiões do país e dados meteorológicos recentes indicam que essa tendência de alta vai se intensificar, potencialmente alcançando até 38ºC em algumas localidades em pleno inverno.
O ano passado entrou para a história como o mais quente. E a projeção é de que 2024 pode superar essa marca. Todos estes dados mostram que as ondas de calor extremo que temos vivenciado nos últimos anos devem permanecer e este quadro tem impacto especialmente importante na agricultura e, sobretudo, na produção animal.
Efeitos na produção de leite
O desempenho produtivo e as funções metabólicas de vacas leiteiras são fortemente afetados pelo estresse térmico. Queda de produtividade, aumento das perdas embrionárias ou perdas gestacionais e distúrbios metabólicos em função do combate ao estresse provocado pelo calor são alguns dos efeitos dos dias mais quentes nos animais. Então, como identificar os sinais de uma vaca em estresse térmico? Bom, o sinal amarelo pode ser aceso quando observarmos sintomas como: aumento da taxa respiratória, alta da salivação do animal, redução de ingestão de alimento e comportamento de se manter em pé por muito tempo, reduzindo assim a sua ingestão de alimento e o tempo de ruminação. Quando estes sintomas são observados é importante agir porque já está ocorrendo perdas produtivas.
Ambiência
Neste cenário, a ambiência é um fator primordial para reduzir este impacto negativo que o calor exerce sobre os animais. Isso exige melhorias na qualidade do alojamento, garantindo conforto. O fornecimento de sombra, ventilação e aspersão de água são algumas das técnicas de resfriamento mais utilizadas. A disponibilidade de água, em qualidade e quantidade, também é primordial.
Além da ambiência, a nutrição também pode ser um aliado de primeira hora diante deste quadro. Uma estratégia nutricional bem direcionada pode reduzir os efeitos negativos do calor no desempenho do rebanho. Um exemplo é a suplementação de DL-Metionina protegida. O modelo de ação desta ferramenta reduz os efeitos do estresse térmico através de um incremento dos agentes antioxidantes, de uma redução da inflamação e da melhoria da função imunológica da vaca. O que ocorre é que o estresse provocado pelo calor excessivo aumenta as concentrações de radicais livres circulantes com potencial efeito deletério em diversas funções fisiológicas. A inclusão de DL-Metionina protegida contribui com um aumento dos agentes antioxidantes e a consequente redução dos radicais livres.
Estudo
Um estudo conduzido no período do verão em uma fazenda comercial no sudoeste brasileiro em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) mostrou que a suplementação da dieta com DL-Metionina protegida melhorou o desempenho de vacas leiteiras sob estresse térmico. Neste levantamento o objetivo foi avaliar os efeitos da metionina protegida no rúmen (RPM), na produção e na composição do leite, bem como nas respostas fisiológicas de vacas leiteiras lactantes durante a estação mais quente.
Ingredientes (% de matéria seca):
• Silagem de milho da safra: 41,0%
• Silagem de milho fora de época: 11,1%
• Farelo de soja (46%): 16,9%
• Polpa de citros: 8,9%
• Silagem de grãos de milho reidratada: 7,6%
• Grãos secos de destiladores: 4,4%
• Casca de soja: 2,3%
• Algodão inteiro: 4,2%
• Gordura de palma: 1,0%
• Minerais + aditivos: 2,5%
Desenho experimental e medições
Neste estudo, 80 vacas primíparas da raça Holandesa (43,7 ± 4 quilos de leite e 182 ± 63 dias em lactação) divididas em dois grupos experimentais, pareados por produção de leite e dias em lactação. Elas foram alimentadas com uma dieta sem (controle) ou com 0,75 gramas por quilo de matéria seca de DL-Metionina protegida (85% de DL-metionina; RPM) misturado em uma dieta totalmente misturada basal (Tabela 1) por 9 semanas.
As vacas foram alojadas em um sistema de Compost Barn equipado com ventiladores e aspersores. E a temperatura do ar e a umidade foram registradas diariamente a cada 10 minutos para o cálculo do índice de temperatura e umidade (THI). A produção de leite também foi registrada diariamente e amostras de leite foram coletadas para análises de proteína, gordura, lactose, ureia e contagem de células somáticas nas semanas 3, 6 e 9.
Durante estas semanas, a temperatura intravaginal (IT) e a taxa respiratória (RR) foram medidas em 15 vacas por grupo; a IT foi registrada a cada 5 minutos durante 4 dias por semana e a RR foi estimada às 10h e às 17h, contando os movimentos do flanco por 30 segundos durante dois dias.
Resultados
As vacas que tiveram a dieta suplementada com DL-Metionina protegida tiveram um aumento significativo da produção de leite (+2,0 kg/d, P<0,01), da proteína (+50 g/d, P=0,03), da lactose (+108 g/d, P=0,03) e dos sólidos totais (+176 g/d, P=0,03) durante o período de estresse térmico. A conversão alimentar também foi melhor no grupo que recebeu a dieta suplementada com a DL-Metionina protegida na comparação com o grupo controle (1,74 vs. 1,62).
Esta suplementação com a metionina não impactou a ingestão de matéria seca dos animais. Apesar de a temperatura intravaginal (IT) não ser afetada pelo tratamento, houve uma tendência de aumento do tempo acima de 39°C com uso de metionina em relação ao grupo controle. A taxa respiratória (RR) também apresentou uma tendência de elevação para o grupo RPM na comparação com o grupo controle.
Em resumo, podemos concluir que a suplementação de vacas leiteiras com DL-Metionina protegida durante a estação mais quente contribui com aumento na produção de leite, proteína e sólidos totais. Os resultados demonstram que a DL-Metionina protegida é uma ferramenta valiosa para enfrentar o estresse térmico em sistemas de produção de leite.
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Mercado de cria e recria sinaliza recuperação em 2025 com retenção de fêmeas e reação nos preços
A produção formal de carne bovina no Brasil deve crescer cerca de 15% neste ano, ultrapassando 10 milhões de toneladas em equivalente carcaça.
Apesar de 2024 estar sendo marcado por elevados abates no Brasil, começa a surgir um sinal de mudança com a redução na intensidade dos descartes de fêmeas. Contudo, o preço do bezerro, principal indicador de uma possível virada no ciclo, continua desvalorizado.
A expectativa é que o mercado de cria possa reagir em 2025, após três anos consecutivos de aumento nos abates de fêmeas. Com a contração na produção de crias, os preços do bezerro devem iniciar um processo de recuperação, o que pode fortalecer a retenção de fêmeas e, consequentemente, reduzir o excesso de gado disponível para abate.
Esse cenário de 2024 e 2025 apresenta semelhanças com os períodos de 2014/2015 e 2019/2020, quando a retenção de fêmeas começou e ganhou força. “Nos dois biênios, o preço do bezerro subiu 41% e 56% em termos reais, respectivamente, ao longo dos dois anos. Entretanto, até julho de 2024, o bezerro acumulou uma queda de 14%. No entanto, em ciclos anteriores, antes de uma disparada nos preços do bezerro, houve uma fase de estabilidade nos valores”, relembra o gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves.
Historicamente, o preço do boi gordo tende a seguir o movimento do bezerro, o que sugere que o animal terminado não ficará para trás quando o processo de recuperação do bezerro começar.
No que diz respeito à demanda, as exportações têm sido robustas, alcançando recordes e ajudando a escoar a crescente produção. Mesmo com esses embarques consistentes, espera-se uma elevação significativa no consumo interno de carne bovina em 2024. “Esse aumento será impulsionado pela maior oferta, que deverá resultar em preços mais acessíveis para o consumidor final”, expõe Alves.
De acordo com o especialista de mercado, a produção formal de carne bovina no Brasil deve crescer cerca de 15% neste ano, ultrapassando 10 milhões de toneladas em equivalente carcaça. As exportações, por sua vez, devem aumentar em 20%, atingindo 3,4 milhões de toneladas equivalentes carcaça. “Apesar desse forte desempenho no mercado externo, a oferta interna também vai expandir, com um crescimento estimado de 13%, elevando o consumo per capita de carne bovina para 32 kg/habitante, igualando o recorde histórico de 2013”, ressalta Alves.
Momento é de reposição do rebanho
Após anos difíceis, com pressão sobre os preços pecuários e margens reduzidas para os produtores, o cenário começa a apresentar sinais de melhora.
Com a expectativa de uma recuperação no mercado de cria, a estratégia de reter fêmeas se torna cada vez mais atrativa. “Essa retenção visa aproveitar a futura valorização do bezerro, que, uma vez em alta, tende a seguir um ciclo prolongado de crescimento, como observado em ciclos anteriores”, aponta Alves.
Para os segmentos de recria e engorda, o momento é propício, pois o preço do bezerro ainda está em patamares baixos. Conforme Alves, a aquisição dessas arrobas de entrada deve contribuir positivamente para as margens, uma vez que os preços estão projetados para se recuperarem gradualmente.
No segundo semestre de 2024, Alves diz que a expectativa de crescimento no volume de gado confinado em relação ao ano anterior, impulsionado por boas margens, decorrentes dos baixos custos da ração e do boi magro, além das oportunidades favoráveis de fixação de preços no mercado futuro.
Para os confinamentos, o uso de hedge para o gado terminado é essencial quando o resultado projetado é positivo. “Isso se deve ao ciclo rápido de produção, que não permite ao produtor aguardar por melhores condições de mercado quando o animal está pronto para o abate”, salienta.
De acordo com o profissional, os anos anteriores demonstraram que, mesmo durante a entressafra, os preços do boi gordo podem sofrer quedas bruscas, comprometendo os resultados planejados. “Seja por fatores externos, como embargos, ou simplesmente por uma oferta confortável, o investimento em proteção se mostra essencial para mitigar riscos e garantir a rentabilidade do pecuarista”, evidencia.
Margens dos frigoríficos
Para a indústria, Alves afirma que o cenário deve seguir favorável, apoiado nos preços mais retraídos do boi em relação aos da carne, embora o spread no mercado doméstico, que tem se mostrado muito positivo neste ano, possa acomodar um pouco dos patamares atuais.
As exportações devem continuar apresentando resultados favoráveis, impulsionadas pelo boi barato em dólares, mesmo diante da queda nos preços da carne na China e da desvalorização cambial no país asiático, que têm limitado uma recuperação nos valores de embarque.
Embora a China permaneça como principal destino das exportações, absorvendo cerca de metade do volume total, outros mercados como Emirados Árabes, Estados Unidos e Chile, têm mostrado um crescimento robusto, com margens mais atrativas do que as obtidas nas vendas para o mercado chinês.
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