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Avicultura Ambiental, Social e Governança

ESG ganha força na agropecuária brasileira

Grandes investidores, consumidores e as legislações pressionam cada vez mais os setores produtivos a ter uma agenda verde, positiva aos consumidores e à sociedade e seja ética. O líder global de sustentabilidade da DSM, Carlos Saviani concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural onde ele explica mais sobre o assunto e o motivo pelo qual o agro está no centro desse debate.

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Arquivo/OP Rural

A expressão ESG, relacionada às questões ambientais, sociais e de governança de uma empresa, tem tomado conta da pauta do agronegócio nos últimos tempos. Grandes investidores, consumidores e as legislações pressionam cada vez mais os setores produtivos a ter uma agenda verde, positiva aos consumidores e à sociedade e seja ética. O jornal O Presente Rural foi atrás de profissionais e empresas para saber mais sobre os conceitos ESG e sobre as práticas de sustentabilidade que estão inseridas dentro do agro brasileiro. Nessa entrevista exclusiva, o líder global de sustentabilidade da DSM, Carlos Saviani, explica mais sobre o assunto e o motivo pelo qual o agro está no centro desse debate.

O Presente Rural: O que é ESG?

Líder global de sustentabilidade da DSM, Carlos Saviani – Foto: Divulgação

Carlos Saviani: ESG vem da sigla em inglês environmental, social and governance, que é a forma uma empresa trata esses três assuntos, como que ela lida com o meio ambiente, com a parte social e com a parte de governança. ESG pode ser usado para dizer quanto que um negócio busca de diferentes formas minimizar os seus impactos no meio ambiente, como construir um mundo mais justo e responsável para as pessoas, para os seus funcionários, mas também para as pessoas que não são usuárias de seus produtos, e como que ela mantém os melhores processos de administração para que empresa não esteja envolvida em fraudes, não corra riscos administrativos e não comenta erros contábeis. Que seja uma empresa ética do ponto de vista administrativo, mas também cuidando de uma forma correta para a geração de lucro, para a geração de resultados, pois seus acionistas dependem dos resultados. ESG está relacionado à redução de riscos de maneira geral, tanto os riscos ambientais e sociais quanto os riscos relacionados ao negócio.

A gente pode dizer, e aí vem uma analogia com sustentabilidade, que tanto ESG quanto sustentabilidade estão sempre buscando os três Ps (People, planet, profit), que são pessoas, planeta e a lucratividade. Esses três andam sempre juntos e é onde o ESG se encontra com sustentabilidade. A sustentabilidade nada mais é do que a capacidade de uma pessoa ou de uma empresa se manter, se sustentar ao longo dos anos, das décadas, das gerações vindouras. É a capacidade que você, como uma empresa, tem de continuar existindo e continuar existindo de uma forma que se auto perpetue ao longo dos anos, tanto no lado ambiental e no lado social quanto na parte da lucratividade.

Você imagine, por exemplo, uma empresa que tenha práticas ambientais fantásticas, que preserve florestas, que tenha um impacto pequeno nas emissões de carbono da forma como produz seus produtos, que usa energia renovável, enfim, faça tudo super legal para o meio ambiente, mas que em cinco anos quebra porque não está tendo lucro suficiente. Quer dizer, a empresa em cinco anos sai do negócio, então qual que é a vantagem disso? Você teve uma atuação fantástica em relação ao meio ambiente, que te permite existir na parte ambiental, mas você descuidou da parte econômica, da parte administrativa e, com isso, todo esse trabalho bonito na parte ambiental vai por água abaixo porque a empresa não vai continuar existindo. A mesma coisa no campo social. Imagina que você é pego com trabalho escravo ou teus funcionários têm baixos salários, um ambiente ruim de trabalho, você tem um alto turnover (taxa de rotatividade de funcionários), isso também vai trazer prejuízos para o teu negócio, vai inviabilizar outras coisas positivas que a empresa possa estar querendo fazer.

Por isso que a gente diz que a sustentabilidade é o encontro dessas três áreas, que são as áreas abordadas pelo ESG, que é mais usado na questão corporativa. Ou seja: como que a empresa relata essas suas políticas, as suas práticas na parte ambiental, na parte social, na parte de governança, que estratégias que ela tem. A sustentabilidade é o resultado disso tudo, o quanto a empresa é sustentável, o quanto a empresa está conseguindo ter sucesso na parte ambiental, na parte social e na parte econômica.

O Presente Rural: Quando o termo começou a ser empregado nas empresas?

Carlos Saviani: Foi nos últimos anos. É uma é uma sigla relativamente recente que vem sendo adotada pelas empresa. A parte econômica, não é segredo para ninguém que as empresas já vem atendendo há muitos anos a parte de governança, parte administrativa e de negócios e resultados financeiros vem sendo reportado, analisado. A parte social também já tem um pouco mais de tempo. Começou muito com as políticas internas de segurança no trabalho, de motivação e elevação da motivação dos funcionários, retenção de funcionários, e que vem se estendendo para as comunidades, para os usuários dos produtos ou mesmo para projetos sociais fora do escopo da empresa. E o mais recente ambiental realmente, o E do ESG, que foi o último que foi agregado. Por isso a sigla completa como ESG é relativamente recente, algo que começou nessa última década, porque o ambiental é o que está despertando mais interesse, mais preocupação nos últimos anos e é aonde mais desenvolvimento tem que ocorrer dentro dos três.

O Presente Rural: Porque as empresas estão usando esses conceitos em seus negócios? Novo consumidor, investidores, necessidade?

Carlos Saviani: Porque ESG está se tornando tão importante e tão importante também no nosso meio agropecuário. Porque existe uma preocupação crescente de três stakeholders, ou três grupos de pessoas importantes para as empresas no mundo. Uma delas é dos consumidores, a outra é dos investidores e acionistas e o terceiro grupo seria os reguladores, vamos falar um pouquinho sobre cada um deles, começando pelos consumidores.

Com toda essa revolução digital, evolução que a internet trouxe, as pessoas têm muito mais acesso a informações e com isso querem saber e querem ter acesso a como as coisas são feitas, o que eles estão consumindo, como que os produtos que estão sendo comprados são produzidos. Esse acesso à informação também traz muito mais conhecimento para as pessoas e levanta questões importantes, né? (Exemplo) eu não sabia que a comida que eu como tem um impacto ambiental. Em função da comunicação eu sei, então agora que eu sei eu quero entender o que eu estou comprando de alimentos, que impacto ambiental isso tem no planeta, que pacto isso tem na minha saúde, que impacto isso tem na minha comunidade e por aí vai.

Os consumidores cada vez mais informados, com acesso ao conhecimento e recebendo ativamente através das mídias sociais uma série de questionamentos sobre como os alimentos são feitos, o impacto ambiental e social que eles têm, isso desperta um alto nível de interesse. E não só nos millennials ou nas gerações mais recentes, mas até mesmo nas gerações nas da década de 80, 70, 60 até mesmo da década de 50. Têm várias pesquisas têm mostrado isso, várias redes de varejistas têm feito pesquisas, monitoram seus consumidores o tempo inteiro, e têm notado essa preocupação crescente dos consumidores em saber mais sobre como os alimentos são produzidos, de onde eles vêm, que impacto ambiental eles têm. Isso é crescente e a pandemia só potencializou essa demanda. Todas as redes varejistas hoje que têm conexão com seus consumidores estão notando esse crescimento, essa demanda.

Isso não é só nos países desenvolvidos não, está acontecendo um processo mundial, inclusive (consumidores de) países que têm maiores problemas ambientais, como a China por exemplo, têm uma elevada preocupação, inclusive maior do que em países desenvolvidos. Isso resume um pouco o lado da pressão que os consumidores têm feito e isso tem gerado uma série de iniciativas, como por exemplo Ecolabels, que são selos ou certificações ou rankings para demonstrar não empresas, mas produtos específicos, qual o impacto ambiental que eles têm. Isso vem já sendo usado em vários países da Europa, começando a ser usado Estados Unidos, e a gente vai ver, similar aos labels que têm na parte nutricional, que traz as informações nutricionais dos produtos, a gente vai ver isso cada vez mais nas embalagens dos produtos mostrando os impactos ambientais. Uma empresa, por exemplo, que já anunciou que vai ter pelo menos a pegada de carbono em todos os seus 70 mil produtos é a Unilever, que já vem trabalhando para conseguir fazer isso. Existem vários outros exemplos. Tem um score que chama Ecoscore, que vem sendo usado por grandes varejistas na França, na Bélgica também. É um processo, é uma tendência sem volta. As empresas preocupadas com isso têm que começar a mensurar suas pegadas ambientais, têm que começar a usar metodologias para saber quais são as pegadas ambientais de seus diferentes produtos.

Outro grupo dos stakeholders que também têm colocado muita pressão são as ONGS. Eu trabalhei por cinco anos na ONG WWF. Para muitas pessoas é considerado um grupo ativista, embora o maior trabalho da WWF é junto às empresas, junto aos governos, para buscar soluções, para melhorar a sustentabilidade, reduzir o impacto ambiental das diversas atividades humanas.

Mas existem sim uma série de ONGs que são bastante ativistas, acho que é mais conhecida de todo mundo é o Greenpeace. É uma ONG voltada realmente a apontar para os problemas, em levantar questões para a sociedade que têm importância para o meio ambiente.

Mas hoje eu digo que os maiores ativistas não são mais as ONGs. WWF ou Greenpeace outras ONGs que existem por aí. Os maiores ativistas hoje do ponto de vista do meio ambiente são os bancos, são os investidores, é o mercado financeiro. Hoje o mercado financeiro está muito preocupado com os riscos com sustentabilidade ou com a falta da sustentabilidade pode trazer para uma empresa, como por exemplo rupturas em cadeias de fornecimento, pagamento de multas ambientais, a própria reputação, o risco reputacional das empresas, que pode aumentar quando uma empresa não está fazendo um mínimo em relação à sustentabilidade, não está respeitando normas ambientais, não está sendo transparente para o seu consumidor, para o mercado, em relação aos seus impactos ambientais, isso tudo traz riscos. Um escândalo ambiental para uma marca pode destruir a marca do dia para noite e com isso os investidores, os bancos que estão emprestando dinheiro, os acionistas que estão investindo naquela empresa vão perder os seus investimentos.

Hoje existem até rankings, talvez um dos mais conhecidos é o FAIRR (Farm Animal Investment Risk and Return), que é um ranking específico para proteínas animais, é muito interessante. Existem vários outros, têm por exemplo ranking do CDP (Carbon Disclosure Project) que é mais focado nas emissões de carbono, mas eles também estão olhando para desmatamento, têm têm rankings que são específicos de países, mas esse FAIRR eu acho muito interessante, que é um ranking focado apenas em empresas de proteínas animais que produzem carne de frango, suíno, leite, carne bovina e salmão. Ele ranqueia as 60 maiores empresas do setor no mundo e tem por trás dessa iniciativa um grupo de investidores, bancos, acionistas, fundos de pensão, seguradoras que juntos têm um portifólio de 40 trilhões de dólares, maior que as maiores economias do mundo.

Essa iniciativa, esse grupo de investidores está analisando todos os critérios de ESG, não tanto na parte de governança, mas muito na parte social e na parte principalmente ambiental, eles estão avaliando essas empresas e todo ano publicam um ranking de como essas empresas estão em relação são aos seus riscos em mais de dez critérios diferentes, como emissões de carbono, desmatamento, bem-estar animal, uso da água, uma série de métricas que são usadas e aí eles avaliam as empresas nessas métricas. Incrivelmente a gente tem visto uma melhoria nos rankings das empresas de maneira geral, mas a grande maioria delas ainda são consideradas de alta ou de médio risco por terem ainda muito que fazer principalmente na questão ambiental, como a menstruação da suas pegadas ambientais, a pegada de carbono, a pegada hídrica, a divulgação transparente de suas pegadas ao longo dos anos.

E tem um terceiro grupo que são os reguladores. Os reguladores ou órgãos reguladores são principalmente agentes do governo que estão cada vez mais preocupados com as questões ambientais, mas também sociais, e que impõem regras, tarifas e impostos, enfim, controlam o mercado através desses mecanismos e cada vez mais esses mecanismos estão olhando para as questões sociais e ambientais. Hoje já existem 38 mais no mundo que têm impostos para as emissões de carbono, vários países têm regras e regulações em relação às emissões na água, as emissões no ar de gases de efeito estufa, por exemplo, ou de compostos nitrogenados ou fósforo na água para praticamente reduzir a autorização.

Com a Cop-26 a gente viu vários países, inclusive o Brasil, assumindo compromissos importantes para reduzir a emissão de metano ou para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de forma geral ou mesmo para reduzir o desmatamento, como no caso do compromisso que o Brasil assumiu, e tudo isso tem que ser executado. Esses compromissos são sérios, tem uma série de mecanismos que são criados ao redor deles para que os países possam atingir essas metas se não eles perdem uma série de benefícios, como por exemplo investimentos a juros baixos ou mesmo acesso a certos programas internacionais.

Essas reduções elas não estão na mão do governo, as emissões vêm da sociedade, vêm das atividades que a sociedade tem que estão, na sua grande maioria atrelada às empresas, as empresas agrícolas, empresas pecuárias, as empresas da indústria, do comércio, esse conjunto de empresas no país que gera aquele total de emissões que o país tem. E está no controle das empresas mais do que ninguém de promover essas reduções. A forma que o governo encontra de poder atingir as suas metas é trabalhando junto com o setor privado, muitas vezes através de iniciativas conjuntas, através de fornecimento de capital a mais baixo custo, programas como o plano ABC, por exemplo na agropecuária, que é um plano fantástico para que os produtores rurais possam implementar práticas que reduzam as emissões de carbono.

Mas também essas regulações se dão para que as metas sejam atingidas, se dão através de criação de impostos, tarifas, multas e por aí vai. Hoje o Brasil ainda não tem um imposto sobre as emissões de carbono, mas é uma tendência mundial, vários países já implementaram e é algo que a gente precisa ficar de olho. Ou mesmo incentivos, programas que incentivem e ajudem na geração de créditos de carbono e a comercialização desse crédito de carbono desde que isso feito numa forma correta, de uma forma precisa, com mensurações, evitando contagem dupla.

Outro ponto importante também que está gerando muito movimento no sentido da sustentabilidade são as regras e todas as regulações que estão sendo postas por governos. Na Europa por exemplo está sendo discutido um pacote de políticas inclusive atreladas aos subsídios agropecuárias que são dados para os produtores atrelados a metas ambientais. Tem todo um pacote de regras e regulações e políticas públicas da comunidade europeia que estão sendo discutidas e vão ser transformadas, através desse new green deal, que é como estão chamando, que é um processo que vai modificar todas as regras do jogo para que tudo leve em consideração a redução das pegadas ambientais, a redução do impacto do ser humano no meio ambiente.

O Presente Rural: Quais as vantagens para o agronegócio em aplicar essas práticas?

Carlos Saviani: Primeiro a gente tem que dizer que o agronegócio está no centro dessa discussão, porque a hora que você olha para qualquer cadeia de produção de alimentos e você calcula os impactos ambientais dessa cadeia, desde lá da produção do fertilizante até a pizza que chega lá no supermercado existe um todo um processo de transformação, de produção, existe transporte, existe embalagem. Mas a hora que você calcula a pegada ambiental desse processo inteirinho, considerando tudo, você vai invariavelmente descobrir que 50% ou mais, e muitas vezes é muito mais, das pegadas ambientais dessa pizza lá no final do ponto de venda do varejo, está dentro da fazenda, está dentro do setor produtivo, está no conjunto das emissões, do impacto ambiental, da produção do fertilizante, dos grãos, do uso do solo, das vacas que produziram o leite que foi no queijo que foi lá na pizza, está na produção do trigo que gerou a farinha, está na soja que foi espremida para produzir o óleo que foi naquela mistura da massa. A grande parte das pegadas ambientais de qualquer alimento na gôndola está dentro da fazenda. Têm casos que a fazenda representa 80 ou 90% da pegada ambiental daquele produto final.

O agronegócio e o setor produtivo agrícola e pecuário estão no centro dessa discussão. Primeiro porque a produção de alimentos tem um papel importante, tem uma participação importante em várias pegadas ambientais. No uso da água representa mais de 70% do uso da água doce, no caso das pegadas de carbono, quase que 30%, lógico que são números generalistas, variam de país para país, de setor para setor, mas são impactos importantes na biodiversidade, no uso da terra, está muito atrelado ao desmatamento.

A produção de alimentos, depois do setor de energia e transporte, é o setor que está mais em foco em relação às pegadas ambientais. Dentro do setor de produção de alimentos, as fazendas, o setor produtivo, porque é onde grande parte dos impactos estão. Todas empresas, frigoríficos, laticínios, empresas processadoras de carne, todas que estão fazendo compromissos para reduzir suas pegadas ambientais, você pode ver nos relatórios de sustentabilidade e olhar da onde vêm as pegadas ambientais, você vai ver que a grande parte vem do chamado escopo 3, que são as emissões que vêm lá dos fornecedores deles, e quem são os fornecedores deles, as fazendas que produzem a carne, o leite, os ovos, o peixe, os grãos que vão na composição dos seus produtos finais.

A grande boa notícia da sustentabilidade, principalmente do ponto de vista ambiental, principal área foco no setor do agronegócio, é que na grande maioria dos casos existe uma correlação positiva entre reduzir pegadas ambientais e reduzir custos. Lógico que existem exceções, existem casos onde isso não é verdade, mas na grande maioria dos casos quando você reduz as pegadas ambientais você acaba reduzindo custos porque a redução das pegadas ambientais está diretamente relacionada ao aumento de produtividade, aumento de eficiência, em você produzir mais com menos. Se você consegue produzir mais com menos matérias-primas, com menos recursos naturais, com menos emissões de gases de efeito estufa, você vai ter um impacto ambiental por quilo de produto produzido muito menor. Ao mesmo tempo que essas práticas comprovadamente reduzem custos também acabam tornando o quilo do seu produto mais barato, seja em um litro de leite, quilo de ovos, quilo de carne, você acaba produzindo esses alimentos com custo menor e isso pode refletir em aumento de lucratividade, aumento de competitividade, mas ao mesmo tempo um aumento da sustentabilidade porque você está reduzindo as pegadas ambientais ao mesmo tempo.

É lógico que isso nem sempre é o caso. Existem tecnologias e soluções que têm que ser implantadas ou que serão implantadas no futuro que não necessariamente reduzem custos. Exemplo seria o plantio de árvores. Você plantar árvores na fazenda ajuda a capturar carbono, ajuda no sombreamento para os animais se for na produção pecuária, mas geralmente o custo de plantio, do reflorestamento, principalmente com matas nativas, que é o ideal, não é barato. Custa em torno de US$ 3 mil por hectare reflorestado. E por mais que você possa explorar alguma coisa dessa área, dificilmente ela vai ter um retorno sobre o investimento, pelo menos no curto prazo.

Porém, através das práticas ambientais corretas, não só você reduz os teus riscos, mas você também pode capturar mais valor. Acho que isso é um segundo. Depois da redução de custos é um segundo ponto que deve ser explorado pelo setor, como que eu agrego valor ao meu produto tendo um produto mais sustentável, com menor pegada ambiental. Isso é um aspecto que vem sendo explorado por várias empresas.

Existe uma série de produtos, o Brasil lançou recentemente até uma carne carbono neutro, existem várias empresas ao redor do mundo lançando Leite carbono neutro, ou carbono net zero, que inclusive é a forma mais correta de expressar o produto que tem uma emissão zero de carbono, e existe uma série de outros projetos e iniciativas que demonstram que o consumidor está disposto a pagar um pouco mais por produtos que são mais sustentáveis e que têm uma pegada ambiental menor. Isso foi demonstrado não só em pesquisas de opinião, mas também na prática.

Tem um resultado de um trabalho recente da Universidade de Nova York onde eles mostram que os produtos que mais vêm crescendo nos Estados Unidos são os produtos que têm uma pegada de sustentabilidade, são produtos que demonstram uma redução dos impactos ambientais ou melhorias na sustentabilidade e que eles têm preferência dos consumidores e que inclusive conseguem ter uma pregação maior de valor, um preço maior em relação aos seus concorrentes. São os que mais vêm crescendo, apesar de serem mais caros, Isso é real, não é uma pesquisa de intenção de compra. Isso realmente está demonstrado, esse trabalho é publicado e público, qualquer um pode ir pode ir lá e ver. Isso a gente tem visto em várias partes do mundo e é uma tendência que está atrelada ao consumidor estar interessado em fazer o bem através daquilo que ele compra.

Além disso, os investimentos em sustentabilidade, não necessariamente investimentos de capital, você por exemplo começar mensurar tuas pegadas ambientais na sua fazenda. Por exemplo começar mensurar tuas pegadas ambientais da tua fazenda ou se você é uma empresa processadora de alimentos, da tua cadeia de suprimentos, das fazendas que fornecem para você, começar a mensurar e reportar suas pegadas ambientais, não é algo difícil de ser feito, não é algo que é muito caro e que já traz uma grande agregação de valor. Permite você publicar relatório sustentabilidade, permite você publicar as pegadas dos seus produtos, seja no seus materiais de comunicação até mesmo na embalagem do produto, permite você traçar planos para melhoria dessas pegadas ambientais.

É importante mensurar primeiro antes de qualquer coisa. A gente não melhora aquilo que a gente não mensura, nem gerencia e nem comunica aquilo que a gente não mensura. E se a gente não mensurar, outros vão fazer isso por nós e aí vão colocar para o mercado qualquer número que eles quiserem. A gente tem visto vários detratores do setor de proteínas animais, por exemplo, que vêm a público e colocam para o setor de carne bovina ou de leite ou de frango ou suínos, colocam números péssimos de emissões de carbono, por exemplo, impactos no desmatamento. Se você não está comunicando, se o setor não está comunicando ativamente os seus próprios números, os seus próprios impactos ambientais, alguém vai preencher essa lacuna.

E muitas vezes são detratores, são ativistas, são grupos que têm por exemplo uma agenda vegana e que são contra as proteínas animais, querem ver o seu fim. Com isso essas informações acabam colando na cabeça das pessoas. Para aquilo que a gente não tem uma informação, a gente não tem a uma conclusão formada, a gente tem na nossa cabeça uma gavetinha em branco, e a primeira pessoa, a primeira iniciativa que nos trouxer informação sobre aquele tema, vai acabar preenchendo aquela gavetinha, vai acabar assumindo aquele espaço vazio que a gente tem nosso cérebro. É o que está acontecendo muitas vezes, por exemplo, a questão da pegada de carbono da carne bovina, que para muitas pessoas virou quase o segundo cigarro, faz tão mal para o planeta comer carne bovina quanto fumar um cigarro e isso não é verdade, não necessariamente.

Existe uma um prisma de pegadas ambientais à carne bovina gigantesco. Esses números mundiais que são usados muitas vezes, essas médias globais que são usadas, elas não se aplicam aquele seu caso específico, ao caso específico de uma carne, de um litro de leite que a gente está consumindo. Só que se esse produto não tem informação para nos passar, essas empresas não têm informação para nos passar, a gente acaba assumindo aqueles números que a gente recebe de outras fotos. E aí você é considerado culpado até conseguir provar o contrário e fica muito mais difícil.

Por isso é importante as empresas que têm marcas, que têm os seus produtos nos supermercados, assumirem a responsabilidade sobre as suas pegadas ambientais e trabalhar com sua cadeia de fornecimento, com seus produtores, pecuaristas, fazendeiros, trabalhar com eles para calcular essas pegadas ambientais da fazenda porque eles perfazem, a gente falou, 50% ou mais da pegada ambiental do produto final, consolidar essas informações das fazendas para você poder reportar isso para os produtos que estão atingindo o consumidor. Acho que é outro aspecto importante, os produtores e pecuaristas devem estar abraçando e interessados no sistema também porque disso Depende a nossa sobrevivência como setor produtivo e também a gente ter a nossa licença social para operar no futuro.

O Presente Rural: Como as práticas ESG podem ajudar na sustentabilidade financeira dos negócios?

Carlos Saviani: Outro aspecto importante, que pode trazer benefícios, é na questão de acesso a capital. A gente está vendo um crescimento muito grande de fundos ESG, de fundos verdes, como são chamados, ou mesmo de linhas de crédito tradicionais que oferecem condições especiais, juros mais baixos, termos mais longos, para empresas que estão investindo em sustentabilidade. Você atrela o seu financiamento a metas de redução, de mensuração de pegadas ambientais e com isso você consegue ter acesso a essas linhas de crédito e consegue ter um custo do seu capital mais baixo. Isso também está se estendendo para seguros, para o valor das ações. Empresas que têm capital aberto e que mexem com sustentabilidade tendem a ter uma avaliação melhor das suas ações e ao longo dos anos conseguem uma geração maior de valor e com isso conseguem ter um valor de mercado maior do que os seus pares que não estão investindo em sustentabilidade.

O Presente Rural: Como mensurar a eficiência das práticas ESG. Como saber se estão de acordo com a consciência coletiva?

Carlos Saviani: Na mensuração de ESG ou sustentabilidade existe uma série de métricas que são adotadas, que são aceitas pelas comunidades científicas, mas também pelas comunidades empresariais e pela organização civil, que estão na área de análise ambiental, na área social e também na área de governança. Eu vou me ater mais a falar sobre essas métricas da parte ambiental, embora eu saiba e é importante dizer que existem sim, métricas também para questão social e para a questão de governança.

Na questão ambiental você tem tanto práticas quanto métricas. Eu sou muito mais favorável às métricas por que as métricas mostram como as coisas estão na realidade, que tipo de resultados a empresa está obtendo, e também permitem à empresa ser criativa e poder trabalhar com as práticas que melhor lhe convêm para chegar naqueles resultados. Embora existem sim algumas práticas que são importantes, como por exemplo você monitorar os seus fornecedores, para garantir que eles não tenham desmatamento nas suas fazendas. Essa prática pode ser revertida numa métrica que você pode reportar isso por exemplo em quantos hectares de desmatamento que a sua cadeia de suprimentos está exposta, ou quantos hectares de desmatamento são reduzidos na sua cadeia de suprimentos.

Mas o mais importante em relação a esse tema é uma informação binária de se existe desmatamento ou se não existe desmatamento nos seus fornecedores. Então aí no caso a prática seria dos fornecedores não praticar desmatamento ou não praticar desmatamento ilegal nas suas propriedades. Se isso acontece, esses fornecedores seriam retirados do sistema de fornecimento. Isso é uma prática muito adotada e muito discutida nos programas de sustentabilidade.

Mas como eu disse eu prefiro me manter nas métricas. Acho que as métricas são mais interessantes e elas permitem você trabalhar com uma miríade de práticas para poder melhorar essas métricas. Hoje em dia a métrica mais importante são as emissões de gases de efeito estufa, que é mensurada em CO2 equivalente. Essa é a grande preocupação planetária do ser humano e então por isso é que mais tem tomado evidência e que é uma métrica que pode ser mensurada inclusive por fazendas adotando a prática de ACV, análise de ciclo de vida, que é uma metodologia em que existem regras para elas, são ditados pelo IPCC, no caso de produção animal, por uma organização da FAO.

Existem regras e metodologias colocadas pelo ISO 14040 e 14044, você tem regras específicas que vêm da comunidade econômica europeia, enfim, assim como existe em contabilidade regras contábeis de como você deve reportar as finanças de uma empresa, você tem regras contábeis, regras para os cálculos das pegadas ambientais. Existe um grupo de regras específicos para pegada de carbono, existe um grupo de regras para a pegada hídrica, um grupo de regras para você mensurar por exemplo risco de eutrofização (risco de poluir corpos hídricos), um grupo de regras para você calcular o uso da terra e essas regras são todas né publicação, aceitas pela comunidade científica e, lógico, como tudo na vida passa por melhorias, por aprimoramentos, por atualizações.

É importante que todas as empresas, se não terem funcionários especialistas nisso, trabalharem com prestadores de serviços, consultoria, com empresas que possam ajudá-las, possam ajudar nesses cálculos. E esses cálculos todos são feitos a partir das informações dos insumos usados na produção e dos resultados desta produção. No caso de uma fazenda de proteína animal você tem que coletar dados desde a quantidade de grãos usada na ração, de onde que esses grãos vieram, você tem que coletar informações sobre o uso de energia, de diesel, tipo de tratamento de esterco, tipo de cama que é usado para os animais ou tipo de pastagem e depois olhar para tudo aquilo que é gerado pela fazenda nesse mesmo período.

Essas métricas são calculadas para um ano, para um ciclo produtivo. Você tem que colocar nos cálculos os dias e ver tudo que foi gerado ao mesmo tempo por essa fazenda, quantos quilos de carne foram produzidos, ou quilo de animais ou quilo de leite ou quilos de esterco, tudo isso entra no cálculo para que no final você possa ter os quilos de carbono que foram emitidos por cada quilo de carne ou de leite, ovos que a fazenda produziu. Essa metodologia é conhecida, é aceita e existem uma série de prestadores de serviço que pode ajudar o produtor ou uma empresa do setor produtivo a mensurá-las inclusive no nível da fazenda.

Depois da pegada de carbono você tem uma série de outras pegadas, algumas já mencionei, que são a pegada hídrica, pegada no uso da terra, na conversão do uso da terra, métricas na emissão de nitrogênio e fósforo que estão ligados a um potencial de eutrofização dos mares e das bacias hidrográficas, métrica em ecotoxicidade, muito ligado às emissões de amônia, por exemplo.

Existe uma série de outras métricas, mas essas são as principais. Para todas elas existem metodologias, regras de cálculo através dos dados de produção você mensurar elas de uma forma bem precisa, de uma forma que vai ser aceita pelos seus investidores, pelos seus clientes, pelos consumidores. O importante é trabalhar com pessoas que entendam disso e com especialistas no assunto que possam ajudar a transformar os dados da fazenda, os dados da produção em pegadas ambientais.

O Presente Rural: Qual o maior desafio ou dificuldade para incorporar práticas ESG no agronegócio e que práticas devem ser incorporadas pelo agronegócio nos próximos anos?

Carlos Saviani: O principal desafio está na montagem de um plano estratégico. A empresa, seja ela uma propriedade rural, uma produtor, uma fábrica processadora de alimentos, um laticínio, um frigorífico, precisa ter uma estratégia clara para mapear quais são os riscos principais da empresa na parte social ambiental e de governança, quais as áreas que precisam de melhorias, quais as áreas que precisam de medições para montar um plano.

Esse é o primeiro passo, ter um plano estratégico geralmente é baseado nessa análise de risco não só daquilo que acontece dentro da empresa, mas aquilo que acontece na cadeia de suprimentos da empresa. Em cima desce desse mapeamento de riscos e dessa análise crítica da principais áreas que a empresa deve focar, deve-se então ser feita uma análise de materialidade, que é uma análise de onde a empresa se encontra em cada um desses pontos.

Por exemplo, em relação a desmatamento. Isso é uma área de risco para empresa porque a empresa compra soja que vem da Amazônia ou compra carne bovina que vem de áreas de desmatamento. O próximo passo é fazer um estudo de materialidade em relação a esse risco, qual que é a exposição que a empresa tem hoje, quantos por cento dessa carne ou dessa soja vêm dessas áreas de desmatamento, quanto que desse suprimento já é hoje monitorado, já é hoje controlado, quanto que ainda não se sabe a origem desses produtos, qual a demanda que os clientes estão fazendo, o que aquilo que a empresa já consegue fornecer hoje em relação a, por exemplo, produtos rastreadas para desmatamento.

A partir dessa análise de materialidade você vai ver qual que é a importância desse tema, você vai criar uma matriz entre a importância desse tema versus a exposição a esse risco que a empresa tem hoje. Em função das análises de materialidade a empresa consegue desenvolver um plano de ação, de prioridade, diretrizes, um plano de metas para começar a primeiro mensurar. De novo, a gente não gerencia e não melhora aquilo que a gente não mede. Precisa começar a mensurar. Uma vez tendo essas métricas, começar a implementar o plano de ação para melhorar essas métricas, tomar medidas, montar projetos e iniciativas, muitas vezes até em parceria com outras empresas, auxiliando associações ou iniciativas que ajudam as empresas no atendimento às melhorias de sustentabilidade.

Na pecuária de corte do Brasil, por exemplo, você tem o GTPS, que é o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável. Através do GTPS um produtor de carne ou de leite, seja um frigorífico, laticínio ou mesmo um produtor, consegue ter uma série de apoios, de ferramentas de suporte e até mesmo poder discutir esses temas com empresas que também estão interessados em melhorar sua sustentabilidade na pecuária. Existem iniciativas como essa também para outras espécies, para outras culturas. É uma questão da empresa buscar aquilo que é melhor para ela.

O mais importante é a coleta de dados, começar a coletar dados para saber para onde as coisas estão caminhando. Isso depende de dados, principalmente no caso do impactos ambientais das fazendas, depende da coleta de dados de cada uma das fazendas fornecedoras da sua cadeia de suprimentos. Dependendo da onde a empresa está nessa cadeia ela tem que trabalhar junto com os produtores, junto com as fazendas, junto com as empresas produtoras de ração, para conseguir dados que permitam à empresas mensurar suas pegadas ambientais.

Para os cálculos existe uma série de soluções de serviços que pode ajudar empresas de diferentes setores. No caso da produção animal, existe um serviço inteligente que permite à empresa, através dos dados das fazendas que fornecem para ela, seja um frigorífico, empresa processadora, uma cooperativa, ter a mensuração das suas pegadas ambientais em 19 métricas diferentes.

É importante a empresa começar a mensurar, ter um histórico dessas métricas, porque uma hora ela vai ser cobrada em relação a isso, seja de investidores, seja dos seus clientes, seja pelo mercado. Já que os dados vão ter que vão ter que ser coletados de qualquer forma para mensurar a pegada de carbono, com esses dados da fazenda você já consegue calcular todas essas 19 métricas das quais a pegada de carbono faz parte.

É algo que permite à empresa do setor de produção animal não só mensurar essas pegadas ambientais, mas também traçar planos para melhorar suas pegadas, recebendo uma série de insights, de análises, comparativos que permitem à empresa entender como que ela está, como que as suas fazendas estão ela só pegadas ambientais quando comparadas a outras fazendas e outras empresas do setor, a média do mercado, a média nacional, a média de outros países.

Através dessas análises a empresa consegue identificar onde ela pode melhorar, onde as suas pegadas estão muito altas, onde elas já estão boas e quais são as oportunidades para tornar melhores ainda, e identificando passo a passo da onde essas pegadas vêm, se vêm da ração, de qual nutriente da ração, se vêm do tratamento do esterco, se vêm dos próprios animais. O serviço demonstra de onde exatamente vem cada uma das pegadas ambientais, permitindo assim à empresa tomar ações de correção e traçar planos para melhorar essas pegadas.

Um passo adiante, com um sistema de modelagem baseado nas análises de base, a gente calcula quais seriam os impactos da adoção de diferentes tecnologias, diferentes soluções para melhorar essas pegadas ambientais. Isso permite que a empresa já saiba de antemão, antes mesmo de adotar essas práticas, antes mesmo de adotar essas tecnologias, o resultado que ela vai ter com essas adoções, com essas práticas e intervenções.

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Mandato de Ricardo Santin é renovado na presidência da ABPA

Ele também preside o Conselho Mundial da Avicultura, o Conselho de Administração do Instituto Ovos Brasil e da Câmara Setorial de Aves e Suínos do Ministério da Agricultura, além de ocupar a vice-presidência da Associação Latinoamericana de Avicultura.

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Ricardo Santin foi reconduzido ao cargo de presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal - Foto: Divulgação/ABPA

O advogado e mestre em Ciências Políticas, Ricardo Santin, foi reconduzido ao cargo de presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), após realização da Assembleia Geral realizada na quarta-feira (24), ocasião em que foi escolhido o novo Conselho Diretivo da associação.

O novo conselho será comandado por Irineo da Costa Rodrigues, que é diretor-presidente da Lar Cooperativa Agroindustrial há mais de três décadas, assumirá o posto até então ocupado pelo diretor comercial da Aurora Alimentos, Leomar Somensi.

O novo conselho diretivo contará ainda, entre titulares e suplentes com a participação de Neivor Canton, diretor presidente da Aurora Coop, José Carlos Garrote de Souza, presidente conselho de administração da São Salvador Alimentos, Cláudio Almeida Faria, gerente geral da Pif Paf Alimentos, Irani Pamplona Peters, presidente da Pamplona Alimentos, José Roberto Fraga Goulart, diretor-presidente da Alibem, José Mayr Bonassi, Rudolph Foods, Fábio Stumpf, diretor vice-presidente de agro e qualidade da BRF, Marcelo Siegmann, diretor de exportações da Seara, Dilvo Grolli, diretor presidente Coopavel, Bernardo Gallo, diretor geral Cobb-Vantress, Rogério Jacob Kerber, diretor executivo SIPS, Antônio Carlos Vasconcelos Costa, CEO Avivar Alimentos, Dilvo Casagranda, diretor de exportações da Aurora Alimentos, Carlos Zanchetta, Diretor de Operações da Zanchetta Alimentos, Nestor Freiberger, presidente da Agrosul, Cleiton Pamplona Peters, diretor comercial mercado interno da Pamplona Alimentos, Elias Zydek, diretor executivo da Frimesa, Gerson Muller, conselheiro Vibra Agroindustrial, Leonardo Dall’Orto, vice-presidente de mercado internacional e planejamento da BRF, Jerusa Alejarra, Relações Institucionais da JBS, Valter Pitol, diretor-presidente da Copacol, Mauro Aurélio de Almeida, diretor da Hendrix Genetics para o Brasil, José Eduardo dos Santos, presidente da Asgav, Jorge Luiz de Lima, diretor da Acav/Sindicarne, e Roberto Kaefer, presidente do Sindiavipar.

O ex-ministro e ex-presidente da ABPA, Francisco Turra, também foi reconduzido à presidência do Conselho Consultivo da associação, juntamente com os demais membros do conselho: “Agradeço a confiança do novo Conselho da ABPA e do presidente Irineu na continuidade deste trabalho da entidade que, pela união de esforços, tem gerado grandes resultados para a cadeia produtiva. Ao mesmo tempo, faço especial agradecimento a Leomar Somensi, que nos conduziu desde o primeiro dia de existência da associação, superando grandes crises e conquistando vitórias históricas para o nosso setor. O setor todo rende uma especial homenagem à esta inestimável liderança exercida por ele ao longo destes 10 anos”, destaca Ricardo Santin.

Além da presidência da ABPA, Santin é presidente do Conselho Mundial da Avicultura (IPC, sigla em inglês), do Conselho de Administração do Instituto Ovos Brasil e da Câmara Setorial de Aves e Suínos do Ministério da Agricultura, além de vice-presidente da Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA).

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Uma cooperativa para se chamar de Lar

No movimento cooperativista é possível encontrar histórias de dedicação, visão e colaboração. Uma delas, a Voz do Cooperativismo encontrou em Medianeira (PR), na conversa com Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar Cooperativa, que compartilha os detalhes de sua jornada pessoal e profissional

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Fotos: Divulgação/OP Rural

No movimento cooperativista é possível encontrar histórias de dedicação, visão e colaboração. Uma delas, a Voz do Cooperativismo encontrou em Medianeira (PR), na conversa com Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar Cooperativa, que compartilha os detalhes de sua jornada pessoal e profissional, destacando como sua vida se entrelaça com a história e os ideais da cooperativa. Confira!

O Presente Rural – Fale um pouco sobre sua história dentro do cooperativismo e na Lar. Como essas duas histórias se unem?

Irineo da Costa Rodrigues – A Cooperativa Lar foi criada nos anos 1960, quando houve uma migração de pessoas do sul do país para onde hoje é o município de Missal. A Igreja Católica inclusive, através de uma encíclica do Papa João XXIII, que dizia que as pequenas economias deviam se juntar ou em cooperativas. Cinco dioceses na época foram até o governador Moisés Lupion pedir uma ajuda à Igreja. O governador doou a essas cinco dioceses cinco mil alqueires, ou seja, mil alqueires a cada. Assim, vieram agricultores do sul da região das Missões, de origem alemã e católicos pequenos agricultores.

Presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues: “Nosso quadro de associados está caminhando para chegar a 14 mil”

Na medida em que eles vinham, compravam uma colônia de terra que é dez alqueires e a igreja separava um valor para formar uma cooperativa. E assim nasceu a Cooperativa Lar, que foi fundada no dia 19 de março de 1964. Dia 19 de março é Dia de São José, esposo de Maria e o nome do padre que foi colonizador e gerente da colonizadora, e foi o primeiro presidente da cooperativa. A cooperativa nasceu sob a égide da Igreja. No dia 19 de março de 2024 a Lar completou 60 anos.

Eu sou da região da campanha do Rio Grande do Sul. Minha cidade natal é Canguçu e meu pai era pequeno produtor. Produzia leite, batata, cebola, pêssego e na época ele se associou à cooperativa de leite. Infelizmente ela descontinuou por má gestão e então eu sempre convivi com meu pai falando em cooperativa.

Depois fui estudar sete anos no Colégio Agrícola Visconde da Graça, em Pelotas (RS), e lá nós tínhamos uma cooperativa escolar. Então, de novo falando em cooperativa e estudando um pouco. Quando vim para a agronomia, me formei em 1973, em Pelotas, também na grade curricular tinha matérias voltadas ao cooperativismo.

No comecinho de 1974 me formei engenheiro agrônomo e pensei em sair do Rio Grande do Sul, porque as faculdades de agronomia estavam lá na cidade de Pelotas, que é mais antiga do país. Já tinha a URGS, de Porto Alegre, e tinha a de Santa Maria. O Paraná só tinha uma que era a Federal do Paraná. Santa Catarina não tinha faculdade de agronomia, ou seja, o Rio Grande do Sul formava muitos agrônomos. E eu vi o exemplo de outros, eu queria ser produtor rural. Pensei “vou no rumo do Centro-Oeste, no Mato Grosso”, mas o Mato Grosso ainda não tinha a agricultura.

Entrei na Emater do Paraná, trabalhei sete anos e, mais da metade do tempo, com o chefe em Cascavel. Fui chamado pela Embrapa em 1974, não quis ir, eu até tinha uma data para ir para a Carolina do Norte fazer o mestrado nos Estados Unidos. E digo “não, se eu for para a Embrapa eu vou ter que ir fazer mestrado, quem sabe doutorado, e eu não vou ter oportunidade de começar na agricultura antes”. Fiquei sete anos na antiga Carpa, a Emater hoje. E a Carpa tinha o trabalho de fomentar o cooperativismo, falar com os agricultores e é um trabalho que eu fazia. Ou seja, em quatro momentos: com o meu pai, colégio agrícola, na faculdade e depois na antiga Carpa, eu sempre vivi, respirei um pouco o cooperativismo.

Quando saí da Emater, a Sudcoop, que hoje é a Frimesa, entrou em dificuldade e vim ser presidente dessa cooperativa e fiquei até o ano de 1983. Em 1984 e 1986 vim para a Cotrefal (Lar) como diretor-secretário e fiquei um pouco frustrado porque a cooperativa não andava. Então me afastei e, quando voltei, em 1990 por nove anos acumulei a Presidência da Sicredi e da atual Lar.

Então eu já tinha passado pela diretoria da Frimesa, fui presidente da Codetec sempre – eu a fundei e a vendi, e ela teve um papel bem importante. Foi vendida por uma decisão das cooperativas, não era minha decisão.

O Presente Rural – Quando a Lar decidiu diversificar e industrializar sua produção?

Irineo da Costa Rodrigues – Eu só assumi a presidência da Lar com essa ideia de que tinha que fazer duas coisas, até pelo lado de engenheiro agrônomo e de educador da Emater, que tinha que profissionalizar, que tinha que trazer mais eficiência na agricultura e, também, tinha que agregar valor, porque pequenas propriedades não se viabilizam só com grãos e nós já tínhamos através da Frimesa um pouco de suinocultura e leite. Primeiro passo foi aumentar a suinocultura, aumentar a produção de leite, buscar mais produtividade. Na época, criamos os chamados programas de eficácia. Aí nós entramos com a cultura da mandioca e de hortigranjeiros, mas mirando frango. Até que foi possível, quatro anos depois, pois estávamos com um estudo pronto para entrar na avicultura, no dia 09/09/1999, ou seja, em menos de uma década a Lar já estava agregando valor, diversificada e mais industrializada.

O Presente Rural – Presidente, a Lar é destaque tanto em número de colaboradores como associados. Ao que o senhor atribui esse desempenho todo?

Irineo da Costa Rodrigues – Cresceu o número de associados porque mais agricultores passaram a confiar na gestão. Não tínhamos médios e muito menos grandes produtores associados à cooperativa. Passaram a se associar e depois aumentou o quadro de associados quando a Lar foi para o Mato Grosso do Sul, claro, tínhamos associados lá, mas muitos sul-mato-grossenses se associaram à Lar. Como também quando fomos para o Norte do Paraná, para expansão da avicultura. O nosso quadro de associados está caminhando para chegar a 14 mil. Por termos uma avicultura muito intensa, a Lar se tornou em 24 anos a terceira maior empresa de abate de frango do país, a quarta maior da América Latina. A avicultura é muito intensa em ocupação de mão de obra. Nossa avicultura, hoje, precisa de 21 mil funcionários. Então, dos 24 mil funcionários, 21 mil estão na avicultura.

Presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues: “Uma cooperativa vai bem quando ela preenche uma necessidade do agricultor, porque ele tem que precisar da cooperativa”

O Presente Rural – Ainda em relação ao quadro de colaboradores e dos associados, quais os benefícios ou ações que a Cooperativa tem nessas duas frentes?

Irineu da Costa Rodrigues – Perante aos associados é o trabalho intenso de levar tecnologia, levar a atualidade para eles produzirem mais. E pela diversificação, também conseguimos levar mais renda aos associados. Mas a Lar também tem alguns programas adicionais. Nós bonificamos os associados por fidelidade, por compra de insumos e por milho de qualidade, pois precisamos de uma matéria-prima boa para nossa pecuária. Com isso, premiamos quem tem milho com mais qualidade. Além de distribuição de sobras, podemos citar levar educação e oportunidade para os associados estudarem. Hoje nós temos o curso, talvez inédito no Brasil, de bacharel em agronegócio para agricultores.  Para os funcionários, é um trabalho incessante de qualificação, gerar oportunidades para que nossos funcionários estudem para serem melhores técnicos e melhores gestores.

O Presente Rural – Como o senhor avalia o cooperativismo no ramo agropecuário e o cooperativismo no Brasil?

Irineu da Costa Rodrigues – Ele é extremamente necessário. Penso que ele vai se expandir. Claro que, vez ou outra, alguma cooperativa não tem sucesso, mas isso se deve a alguns fatores. Primeiro, uma cooperativa vai bem quando ela preenche uma necessidade do agricultor, porque ele tem que precisar da cooperativa. Se a cooperativa preenche essa necessidade é meio caminho andado. Segundo, tem que ter uma gestão boa. E, às vezes, as cooperativas se perdem um pouco com a vontade de querer ajudar o associado, exagera na ajuda, ou também por falta de conhecimento, não são felizes nas decisões tomadas na área comercial, industrial. A cooperativa tem que preencher o interesse do associado e tem que ter uma boa gestão.

E outra palavra que não é mágica, mas é importante, é confiança. A cooperativa tem que gerar confiança. Com esses três alicerces uma cooperativa vai bem, ela cada vez mais encanta seu associado, cada vez se expande mais. Claro que isso não é unanimidade, até porque não dá para uma diretoria de cooperativa atender tudo que o associado quer, pois têm alguns que exageram no pedido. O cooperativismo está sendo cada vez mais importante para o país. Cada vez mais está participando mais da produção, como no estado do Paraná, onde mais de 50% da produção do estado passa por cooperativas.

O Presente Rural – Hoje a cooperativa trabalha em diversas áreas do agronegócio. Poderia traçar um panorama dessas áreas?

Irineu da Costa Rodrigues – A Lar tem um foco. Isso foi definido há duas décadas, quando nós passamos a diversificar muito e poucos associados tinham o interesse por aquelas atividades. O foco da Lar é o que a nossa região faz, foco em grãos, em carnes e insumos. Temos logística, temos transporte, serviços. Criamos a cooperativa de crédito, a Lar Credi para focarmos no agricultor. Não é uma crítica, mas as cooperativas quando ficam grandes, focam muito no meio urbano, de certa forma deixam um pouco de lado o agricultor. Atendem muito bem, são fantásticas, são muito fortes, têm uma boa gestão, mas na nossa região, quando a Lar Credi foi criada, levou um choque. Nós percebemos as outras cooperativas, sem citar o nome, se voltando mais para o agricultor porque viram a Lar Credi como uma concorrente forte. E nós não vamos fazer muito barulho, vamos crescendo pouco a pouco, porque a base da Lar Credi é operar com simplicidade, com baixo custo e focada no agricultor. Nós trouxemos um seguro que, para os nossos produtores, foi fantástico. Na avicultura, por exemplo, era um seguro muito caro e esse seguro que nós trouxemos cobre a mortalidade de aves.

O Presente Rural – A avicultura teve uma expansão expressiva nos últimos anos. Até onde a Lar pretende chegar?

Irineu da Costa Rodrigues – De certa forma, a Lar chegou onde queria chegar. Nós precisávamos aumentar a nossa avicultura, porque é uma atividade que tem que crescer para diluir custo. Nós tivemos essa percepção. Nos ressentíamos de ter uma planta para o mercado interno, então, adquirimos a Granjeiro, em Rolândia. Conversávamos muito com a Copagril sobre a necessidade que eles tinham de aumentar, porque com o abate pequeno não era sustentável. O Ricardo Chapla era o presidente, ele cogitou outras empresas que poderiam comprar, outras cooperativas e eu fiquei um pouco frustrado que a Lar não estava na lista, acho que ela era considerada meio pequena. Mas a Lar precisou ser ousada, ter coragem para assumir uma atividade que tinha valor alto e deu certo.  O negócio foi relâmpago. No primeiro dia útil de três anos atrás, a Lar já estava abatendo frango em Marechal Cândido Rondon. Acreditamos que a Lar é reconhecida, está fazendo um bom trabalho.

Presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues foi entrevistado pelo jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural, Giuliano De Luca e por Ueslei Stankovicz para o Programa Voz do Cooperativismo

O Presente Rural – Falando também em suinocultura, como estão as perspectivas? E, falando do aumento no abate do frigorífico Frimesa, tem expectativas de crescimento nessa área também?

Irineu da Costa Rodrigues – A avicultura do ano passado sofreu muito. O Brasil estava com o abate muito alto. Deu muito prejuízo até o mês de agosto, mas muito prejuízo mesmo. A partir de setembro passa a ter resultado positivo, mas nós não cobrimos o prejuízo de avicultura do ano passado. Isso vai demorar uns meses ainda. A suinocultura está com problema semelhante. Ela não deu prejuízo que o frango deu, mas a gente vai ver balanços complicados em empresas que só têm suínos. Isso porque a China deu um “boom” quando ela precisou controlar a peste suína africana, depois se preparou para poder voltar com produção máxima e modernizada e ela está comprando pouco. Então a suinocultura no Brasil possivelmente terá o primeiro semestre ainda duro, sem grandes margens, ou em alguns casos sem margem, acumulando algum prejuízo.

Mas a suinocultura da Lar foi positiva no ano passado. Na nossa forma de ver, no sistema integrado da Frimesa, você deve olhar seu custo e sanidade e a Lar tem sanidade extraordinária. E quando se tem mais produtividade, se diluem os custos. A Frimesa entrou numa época difícil e ela precisa aumentar o abate, pois caso contrário não irá diluir custos.  Mas isso está acontecendo. No ano passado ela teve que arcar com todos os custos de uma empresa em seu início, o que não foi tão fácil, mas teve bom resultado. Precisamos olhar na suinocultura, tanto quando na avicultura, o nível de alojamento, se não passaremos a ver problemas financeiros nessas áreas este ano.

A Lar cresceu muito na produção de suínos, tanto é que no ano passado nós entregamos suínos para Frimesa, para a Friela, Frivatti e vendemos um pouco para o mercado livre. Agora, a partir de janeiro, com a Frimesa ampliando o abate, 100% da matéria prima da Lar está indo para ela.

O Presente Rural –  No Brasil, as taxas estão um pouco elevadas. Isso tem algum impacto na ideia de crescimento da Lar, ou dos próprios produtores rurais?

Irineu da Costa Rodrigues – Primeiramente, a Lar chegou num tamanho adequado, então não temos hoje grandes ideias de expansão. Ela vai investir esse ano mais de 500 milhões para modernizar parque industrial, aumentar um pouco a frota, ampliar grãos. A Lar poderá crescer, eventualmente se surgir uma boa oportunidade, como surgiu a Granjeiro, como surgiu a própria intercooperação com a Copagril. Mas, uma das razões é o juro alto, sim.

O Presente Rural – Quais os principais desafios que a Lar sente hoje?

Irineu da Costa Rodrigues – Nossa preocupação é a queda no preço dos grãos, pois produzimos ainda com custos altos. E, claro, estamos muito preocupados com essas questões de logística que não melhoram nunca. As estradas já deveriam estar todas duplicados, elas são deficientes. Nos preocupa também energia elétrica, que não é adequada ao nível de consumo que temos hoje. A toda hora cai energia, morre frango. Nós não temos conectividade, não temos sinais bons aqui para as máquinas modernas que temos. Em alguns lugares há problemas de água e estradas vicinais. Segurança jurídica e marco temporal, por exemplo. Há indígenas que vêm do Paraguai, que são massa de manobra, criar tensão na região. Como, de certa forma, o MST, que na nossa região está tranquilo, mas a toda hora a gente vê alguém incentivando os movimentos sociais.

O Presente Rural – Quais são as oportunidades emergentes que a Lar observa par ao agronegócio brasileiro?

Irineu da Costa Rodrigues As oportunidades são muito grandes, porque nós temos território, nós temos terra, nós temos know how, nós temos clima. E quando falo em know how é porque temos pessoas que sabem fazer agricultura. Os outros países também têm esse potencial, mas não têm a tecnologia, não tem know how como o nosso agricultor sabe fazer. Então, por isso, o Brasil seguramente vai, cada vez mais, ter uma produção maior.  Mas claro, outros países começam a criar barreiras, barreiras tarifárias, sanitárias. Precisamos ter um governo que faça o trabalho contraponto, que divulgue mais como trabalhamos. Nós temos uma narrativa muito ruim no Brasil, inclusive brasileiros estão falando que a nossa produção não é saudável, que agride o meio ambiente, que tem trabalho escravo. Brasileiros fazendo jogo de interesses fora do país. Nós temos que sair na frente com uma nova narrativa, falar qual agricultura nós fazemos e chamar os clientes, mostrar para eles. Já ocorreu de clientes da Lar que vieram do exterior ficarem surpresos ao verem árvores na beira das estradas e rios, pois se fala que no Brasil não há mais mata. Essa narrativa precisa ser construída para que sejamos melhores vistos lá fora.

O Presente Rural – Na sua visão, o que é o agronegócio do futuro e como o cooperativismo se encaixa nele?

Entrevistado do Programa Voz do Cooperativismo, presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues destacou os principais avanços e conquista da cooperativa

Irineu da Costa Rodrigues – O agronegócio é uma necessidade. Nós vamos ter nove bilhões de pessoas, então é um incremento de mais de um bilhão e meio de pessoas que precisam se alimentar e têm muitas regiões do mundo em que as pessoas passam fome. Estamos numa atividade essencial, diria até mais essencial que a saúde, porque não tendo alimentação, não tem como ter saúde.

Isso tem uma perspectiva muito grande para o nosso país. Cada vez mais a gente observa que quem tem tecnologia para o agro vem para o Brasil. O país vai atrair muitos investidores porque ele tem uma condição espetacular para produzir muito mais. E nós temos que ter a sabedoria de aproveitarmos essas oportunidades. E sim, penso que as cooperativas estão fazendo isso. A Lar não cresceu nos últimos anos à toa, ela buscou crescer, ela se preparou, ela tem na educação e na inovação pilares importantes. Nós somos uma cooperativa que estuda muito. Até temos falado que a Lar é uma cooperativa educadora. Temos aqui grupos de cumbuca espalhados em todo a cooperativa, onde as pessoas se reúnem para estudarem juntas, discutir o que estudam e aplicarem o estudo. Isso está dentro do DNA da cooperativa e é isso que nos dá essa confiança de que a Lar tem mais facilidade de superar dificuldades. Nós acreditamos que ela é uma cooperativa bem resiliente, porque ela, desde o começo do ano, trabalha como se já fosse um cenário difícil. E se ele aperta, o pessoal se dedica um pouco mais. Se o ano vai bem, a gente não afrouxa não. Então vamos produzir um bom resultado financeiro no final do ano, porque o associado quer sobra e o funcionário quer participação do resultado.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Inscrições com desconto ao Simpósio de Incubação e Qualidade de Pintos encerram dia 30 de abril

Evento será realizado nos dias 21 e 22 de maio em Uberlândia (MG).

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A Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta) realiza, entre os dias 21 e 22 de maio, o Simpósio de Incubação e Qualidade de Pintos no Nobile Suíte Hotel em Uberlândia (MG),

Todas as palestras serão realizadas de forma presencial e as inscrições podem ser feitas pelo site da Facta. Os valores, com desconto do primeiro lote variam de R$ 390,00 para profissionais e R$ 195,00 para estudantes. Estes valores estarão disponíveis até o dia 30 de abril.

Para se inscrever clique aqui. A inscrição só será confirmada após o pagamento, que pode ser realizado via depósito bancário, PIX, transferência bancária ou pelo cartão de crédito.

As inscrições antecipadas podem ser feitas até dia 16 de maio, não sendo possível se inscrever presencialmente no dia do evento.

Programação explora tópicos importantes para a avicultura

Durante o Simpósio de Incubação e Qualidade de Pintos, os participantes terão a oportunidade de se aprimorar em uma variedade de temas fundamentais para o setor avícola. Um dos pontos de discussão será a otimização da janela de nascimento e seus impactos na qualidade e desempenho das aves adultas. Os especialistas compartilharão novos conceitos sobre como aperfeiçoar esse processo para garantir melhores resultados na produção avícola.

Além disso, a limpeza, desinfecção e controle da contaminação no incubatório serão abordados em detalhes. Os participantes terão  acesso à informações sobre as melhores práticas para manter um ambiente higiênico e seguro para o desenvolvimento dos pintinhos. Confira a programação completa clicando aqui.

Fonte: Assessoria Facta
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CBNA – Cong. Tec.

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