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Em meio à crise, produtores de leite travam luta pela sobrevivência

Diante da crise, bovinocultores usam estratégias para levar a atividade para o próximo round, torcendo para que novos ventos afastem os oponentes dos lácteos.

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Foto: Ari Dias

Uma crise sem precedentes empurra os produtores de leite para as cordas na luta pela sobrevivência na atividade. Diante de fortes oponentes como o alto custo de produção, importação da Argentina e do Uruguai, queda no preço do produto pago ao produtor e falta de suporte do poder público, os bovinocultores estão quase indo a nocaute. Resta, agora, o apelo às autoridades para que tomem medidas de fomento à cadeia produtiva e a “esquiva” dentro da porteira, na busca pela redução dos gastos, esperando que o mau momento passe antes da temida queda à lona.

Neste duelo, em todas as regiões do Paraná, os produtores que resistem têm a gestão como prioridade. Muitos vivem dilemas como mudar a dieta dos animais em determinadas fases, redução do tempo de ventilação em dias menos quentes para economizar na conta de luz, corte de funcionários, secar animais antes do tempo habitual, descarte de vacas menos produtivas, entre outras medidas necessárias para a sustentabilidade do negócio.

Douglas Oliveira tem uma propriedade rural em Itapejara d’Oeste, voltada à produção de leite – Fotos: Divulgação/Faep

Em Itapejara d’Oeste, no Sudoeste do Paraná, maior bacia leiteira estadual em volume, o bovinocultor Douglas Oliveira busca alternativas para resistir na atividade, como processar 15% da sua produção em um laticínio próprio, como leite pasteurizado de pacote. “Comecei a reduzir o custo. Antes, nós dávamos caroço de algodão para os animais, agora não. Isso baixou um pouco a gordura do leite, mas o custo diminuiu. Também reduzimos a frequência de visita do veterinário e tivemos que demitir um funcionário”, compartilha Oliveira, que tem um rebanho de 89 vacas em lactação.

Um pouco para cima no mapa, na região Oeste, mais especificamente em Marechal Cândido Rondon, o produtor Edio Chapla também precisou alterar o planejamento para se manter na atividade.

Edio Chapla aposta na diversificação, com a bovinocultura de leite sendo uma das atividades às quais se dedica

Quando começou a produzir leite, há oito anos, o plano era atingir 100 vacas em lactação em 2023. As dificuldades enfrentadas nos últimos tempos fizeram com que Chapla alcançasse somente 40 animais no atual momento, com produção de 1,3 mil litros por dia. “Nós ainda temos frango, peixe e suínos [sistema crechário] e plantamos um pouco de lavoura. No aspecto geral, todas as atividades estão com problema, pelo alto custo de manutenção de estrutura, mão de obra e energia elétrica. Vamos costurando, tirando de uma para tapar a outra, mas vai chegar um momento que produzir leite será inviável”, reflete Chapla.

No Noroeste, em Umuarama, a estratégia de Elson Junior para seguir produzindo leite passa pela união com outros produtores. Ele preside uma cooperativa de 57 bovinocultores que, juntos, acumulam 10 mil litros de leite/dia. “Um produtor de 100 litros por dia não tem poder de negociação e, às vezes, não possui conhecimento de mercado para sentar com a indústria e negociar. Agora, para a indústria perder 10 mil litros de leite por dia, já é outra coisa”, detalha o bovinocultor, que conta com 35 animais em lactação e produção diária de mil litros de leite.

A tempestade perfeita para o mercado de lácteos começou com a queda no consumo. A demanda por leite em 2022 voltou ao patamar de 2011, em termos de produção e consumo per capita. “Abrimos o ano passado com queda de 10% no preço em relação a 2021. Nunca tínhamos visto uma queda tão acentuada”, descreve o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Glauco Rodrigues Carvalho. “Para piorar, entramos em 2023 com consumo mais fraco. E, como a economia da China desacelerou, a Argentina e o Uruguai, que tinham o país da Ásia como importante parceiro comercial, direcionou suas vendas para o Brasil”, acrescenta. Somente entre janeiro e agosto deste ano, o país já importou 1,4 milhão de litros (veja no infográfico).

Além disso, nem mesmo o inverno, período no qual historicamente as cotações do leite costumam aumentar, fez o preço pago ao produtor subir. Conforme dados do Conseleite-PR, desde abril, o preço de referência para o leite vem acumulando quedas consecutivas.

Outro fator de dificuldade envolve a oscilação no preço dos grãos, o que afeta diretamente o custo de produção de alimentos para as vacas. Em outubro de 2022, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), o milho estava cotado a quase R$ 80 a saca. Como o planejamento ocorre com antecedência, a alimentação dos animais está pesando, apesar da cotação atual do cereal estar na casa dos R$ 42.

Roelof Hermannes Rabbers se dedica ao leite em Castro, nos Campos Gerais, município que mais produz leite no Brasil

Em Castro, nos Campos Gerais, município que mais produz leite no Brasil, o produtor Roelof Hermannes Rabbers, há décadas na atividade, compara a crise da época da hiperinflação, início dos anos 1990, com o atual momento vivido pela cadeia do leite. “A receita diminuiu e a despesa ficou igual ou até cresceu. Ou seja, tudo subiu e o leite baixou”, resume Rabbers, que produz 5 mil litros/dia, com 160 vacas em lactação no regime semiconfinado.

Eficiência como contragolpe

As estratégias adotadas pelos produtores para resistir ao momento sinalizam para caminhos comuns em todas as regiões do Paraná. Diante do cenário alarmante, está clara a necessidade de eficiência na gestão da propriedade rural leiteira, para enfrentar oponentes pesos pesados. “Hoje, todos sofrem os efeitos da crise. O que determina o maior poder de resistência é a eficiência, e isso não tem ligação apenas com o tamanho da propriedade”, expõe o presidente da Comissão Técnica (CT) de Bovinocultura de Leite da Faep, Ronei Volpi.

Esse apontamento encontra força nos dados da Embrapa Gado de Leite, ao revelar que diferentes modelos de tecnologia e eficiência coexistem no Brasil, com produtores obtendo renda de R$ 5 mil por hectare por ano e outros de R$ 300. Desta forma, segundo Carvalho, da Embrapa Gado de Leite, com o passar do tempo, os bovinocultores com menor renda devem, gradativamente, deixar a atividade. “Produtores têm abandonado o leite e o motivo está atrelado à eficiência da produção. Por outro lado, produtores mais tecnificados e profissionais, que possuem escala de produção, são bonificados”, explica o especialista.

Atualmente, as propriedades que produzem até 49 litros de leite por dia representam 71% do número de estabelecimentos no Brasil. Por outro lado, estes respondem por apenas 16% do volume da produção.

Infográfico demonstra a curva de crescimento de produção de leite no Brasil e no Paraná ao longo das décadas

Mesmo essa parcela dos pecuaristas, que investe em tecnologia, precisa estar atenta à gestão, de acordo com o diretor da empresa Labor Rural, Christiano Nascif. Para o dirigente, uma parcela significativa dos produtores de leite adota a cultura do custo mínimo e não do lucro máximo, o que pode resultar na falência do negócio. “Tem modelo de negócio mudando para Compost Barn, com a ordenhadeira mais atualizada que existe e usando transferência de embrião. Mas, muitas vezes, em descompasso com a gestão, que está atrasada, ainda no século XVIII”, explica. “Muitos usam a máxima: ‘meu avô fazia assim, meu pai fazia assim e eu faço assim’”, complementa.

Nesse aspecto, a solução para problemas de gestão passa necessariamente por uma mudança de cultura, especialmente da assistência técnica. “Tem muito técnico que valoriza questões tecnológicas e não a gestão. Em qualquer momento, mesmo em tempo de bonança, a gestão é fundamental. Hoje, são poucos, mas existem produtores de leite que estão ganhando dinheiro na atividade por meio da eficiência”, aponta o diretor da empresa Labor Rural, Christiano Nascif.

“Agroindústrias com um portfólio enxuto atravessam situação mais complicada”, revela o gerente da divisão de leite da Frimesa, Erivelto Costa

No atual momento de crise, esses produtores que trabalham no azul estão apostando no “arroz com feijão bem feito”, que envolve perseguir boa produtividade e comprar insumo de forma planejada e conjunta. “Um caminho é tentar a expansão mesmo, pois há bonificação por volume e qualidade que acresce de 20% a 30% no valor recebido pelo produtor”, recomenda Carvalho.

Cenário de crise também atinge a indústria

A situação delicada do produtor de leite também se reflete na indústria, conforme o gerente da divisão de leite da Frimesa, Erivelto Costa. A marca que reúne 1927 produtores processa diariamente 680 mil litros de leite, crescimento de 6% em relação ao ano passado. Porém o faturamento cresceu apenas 2,38%. No final da conta, a operação possui, na média de 2023, uma margem de 0,3%. “Nem todos os produtos estão ruins. Temos um portfólio grande de lácteos e isso permite migrar para o que dá resultado melhor em cada momento”, revela Costa.

As agroindústrias com um portfólio enxuto atravessam situação mais complicada para fechar as contas. Mesmo a Frimesa tem adotado medidas para reduzir custos, com redução máxima de desperdício, programas de inovação e controle. “Hoje, não é só o produtor que está ficando com o ônus, tudo que veio de fora ficou muito caro. Eu acredito que o fundo do poço seria hoje se o leite brasileiro chegasse aos 41 centavos de dólar [em agosto, o Conseleite-PR fechou em cerca de 45 centavos de dólar], que é o preço pago pelo leite de importação da Argentina”, opina.

Presidente da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL) e deputada federal por Minas Gerais Ana Paula Leão

Medidas do poder público

A presidente da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL) e deputada federal por Minas Gerais Ana Paula Leão, destaca as ações que estão sendo desenvolvidas pelo poder público para auxiliar o setor.

De acordo com ela, as frentes de ação a FPPL para minimizar os efeitos da crise estão focadas em estancar e tentar resolver o problema que está massacrando os pequenos e médios produtores: a importação. “Conseguimos que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) voltasse com a taxa de 10% e acrescentasse mais 8% aos produtos oriundos da União Europeia (UE), Nova Zelândia e Estados Unidos, não só leite em pó, mas 28 produtos lácteos. No entanto, o leite da UE representa 5% do problema. O grande problema é do Mercosul, especialmente do Uruguai e Argentina”, ressalta.

Quando questionada se houve avanço em relação a diminuir as importações da Argentina e Uruguai, a parlamentar disse que existe um programa no Mapa chamado “Mais Leite Saudável”, o qual permite a agroindústrias, laticínios e cooperativas de leite participantes utilizarem créditos presumidos do PIS/Pasep e da Cofins, da compra do leite in natura utilizado como insumo de seus produtos lácteos, em até 50% do valor a que tem direito. “Solicitamos ao Mapa que as empresas que compram leite em pó importado percam o benefício”, salienta.

Em relação aos impactos de um eventual colapso na produção leiteira, Ana afirma que seria um caos social. “Somos em mais de um milhão de produtores de leite, que geram em torno de 4 milhões de empregos, considerando empregados diretamente nas propriedades rurais e técnicos, veterinários e outros profissionais. Esperamos que o governo nos atenda, porque 90% da classe dos produtores de leite são formados por pequenos e médios produtores”, menciona, enfatizando que os produtores têm reclamado da dificuldade para manter em dia o pagamento de créditos de custeio e investimentos.

Ana afirma que foi solicitado ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a prorrogação de prazo para quitação de financiamentos. “Fizemos o pedido para o que o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, encaminhe isso e tome a frente de negociação com os bancos para prorrogar. Não está acontecendo só no Paraná. É uma realidade em outros estados também”, pontua, ampliando: “Esse problema do leite é cíclico, mas temos que colocar um ponto final nele. A FPPL está trabalhando essa situação e também em projetos de políticas públicas de incentivo. Por isso, eu deixo uma mensagem de esperança de que, juntos, vamos resolver esse problema”.

Respiro ao setor
Na última quarta-feira (18), o Governo Federal publicou o Decreto 11.732 de 2023 que promove mudanças nos percentuais das alíquotas da contribuição para PIS/Pasep e da Confis. Na prática, as empresas que optarem por comprar leite in natura nacional terão redução de 50% nesses impostos. A medida passa a valer em fevereiro de 2024.

Prêmio Queijos do Paraná agrega valor ao leite
A primeira edição do Prêmio Queijos do Paraná deu uma amostra de um possível caminho para os pequenos e médios produtores de leite. Ou seja, esses podem apostar na produção artesanal de derivados lácteos e agregar valor ao produto. Ao todo, a iniciativa teve 323 queijos inscritos.

A premiação distribuiu 98 medalhas de bronze, prata, ouro e super ouro. Entre esses, os jurados escolheram o melhor queijo do concurso: o Parmesão, da Frimesa, produzido em Marechal Cândido Rondon (PR). Além disso, ao longo de nove meses do concurso, foram realizadas dezenas de ações, visando fortalecer o setor lácteo paranaense.

O sucesso do projeto promovido por um comitê gestor formado pelo Sistema Faep/Senar-PR, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Sebrae-PR e Sindileite-PR, com apoio de 28 entidades, fez com que a segunda edição esteja confirmada para 2024, com novidades. “A primeira edição movimentou a cadeia do leite do Paraná, fazendo com que muitos produtores pudessem apesentar seus produtos ao público consumidor. Para a segunda edição, vamos trazer novidades, pois o objetivo é sempre agregar para desenvolver a cadeia produtiva”, destaca Ronei Volpi, presidente da Comissão Técnica (CT) de Bovinocultura de Leite da Faep.

Em Arapoti, operação estável evita desperdícios
A busca quase obsessiva pela eficiência explica o caminho de Fernanda Krieger Bacelar no leite. A publicitária, com 15 anos de uma carreira em comunicação e marketing, resolveu apostar suas fichas em uma propriedade leiteira em Arapoti, região vocacionada ao leite.

Produtora Fernanda Krieger Bacelar: “Estou buscando eficiência, melhorando processos, deixando tudo redondo e isso casa com esse momento de crise”

Há sete anos, Fernanda resolveu traçar os primeiros planos de construir a leiteria, com ajuda de cursos do Senar-PR. No final de 2016 a produção começou oficialmente, com 60 animais em lactação. A estrutura projetada para 400 vacas fez a produtora crescer a todo custo. “Naquela época, o leite entrava no resfriador e congelava, porque não tinha volume. Então percebi que para ser efetiva era preciso volume”, relembra.

O passo seguinte da operação foi apostar no aumento da remuneração pelo produto. Na região há cooperativas especializadas em leite, com programas de pagamento por qualidade. Hoje, com 430 animais em lactação e produção de 16 mil litros de leite por dia, Fernanda recebe mais de R$ 0,80 de bônus por litro com os índices de qualidade que obtém. “Desde que começamos, temos as metas e a análise de leite num quadro. Os funcionários esperam ansiosos para saber como está o indicador. Estou buscando eficiência, melhorando processos, deixando tudo redondo e isso casa com esse momento de crise. Temos que manter a mentalidade de crescimento, evolução, para que negócio vá para frente”, destaca a produtora de leite em Arapoti, Fernanda Krieger Bacelar.

A propriedade já ganhou cinco prêmios da Cooperativa Capal e três da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH). Em momentos difíceis, Fernanda aponta para a necessidade de controle total das contas. “Já que não posso controlar custos, tenho que controlar meus gastos para manter a operação estável, segura e evitar desperdícios. Assim, quando passar a crise, eu vou poder galgar melhores lucratividades”, reflete.

Hora de identificar ineficiências

Sem aumento no consumo doméstico e sem capacidade de competir no mercado internacional com exportações, por possuir um dos maiores custos de produção em comparação aos países exportadores, a produção total de leite no Brasil não cresce desde 2014. Neste ano, o cenário se agravou por conta do aumento de importações de produtos lácteos oriundos principalmente da Argentina e Uruguai. “Embora o setor tenha evoluído nas últimas duas décadas, com expressivas transformações estruturais, novas tecnologias, equipamentos e genética que resultaram em ganhos de produtividade e melhorias na qualidade do leite, a condição de rentabilidade dos produtores piorou”, afirma a técnica do DTE no Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Wilsek.

O leite paranaense é heterogêneo quanto à qualidade e volume produzido. Assim, somado ao cenário de dificuldades, muitos produtores com pequena produtividade deixaram a atividade. Já os remanescentes, retratam uma realidade de menos produtores e maior produção. “Mesmo com o cenário de dificuldades, o Paraná apresenta um potencial de produção de leite superior. A cadeia produtiva do leite viabiliza bons ganhos marginais, principalmente quando observadas as condições naturais da região, permitindo produção de pastagens e cereais durante o ano todo, além de ser uma atividade familiar. O momento é de o produtor conhecer a fundo a sua propriedade, identificando suas ineficiências para melhorar o custo produtivo, equilibrando com a receita atual”, constata.

Fonte: Sistema Faep/Senar-PR

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Sete anos de promessas: A Rota do Milho e a falta de avanços

“O diálogo entre as lideranças políticas precisa ser retomado imediatamente, mas com uma diferença: dessa vez, é preciso seriedade e ação concreta.”

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Fotos: Divulgação

Setembro de 2024 marca um triste aniversário: sete anos desde o encontro em Encarnación, no Paraguai, onde representantes políticos e setoriais de Brasil, Argentina e Paraguai se reuniram para abordar a implantação da Rota do Milho.

A proposta, tão simples quanto necessária, era estabelecer uma rota de transporte que reduziria drasticamente os custos logísticos para trazer milho do Paraguai até Santa Catarina, passando por Major Otaño, entrando na região de Misiones, na cidade de Eldorado, e chegando no Estado por Dionísio Cerqueira.

Naquele momento, acreditávamos que estávamos diante de uma solução definitiva para um problema que afeta diretamente a competitividade de nossa produção agropecuária. No entanto, passados sete anos, a Rota do Milho permanece como um projeto esquecido, engavetado pela inércia política.

Em 2016, Santa Catarina enfrentava um déficit de 3,5 milhões de toneladas de milho. Hoje, essa necessidade cresceu para 6 milhões de toneladas, tornando a situação ainda mais insustentável. A dependência do cereal, fundamental para a produção de proteína animal — especialmente suínos, aves e gado leiteiro — tornou-se um dos principais gargalos para o setor produtivo.

Apesar das inúmeras promessas e da presença de autoridades influentes naquela reunião, entre governadores, deputados e prefeitos, a verdade é que nada foi feito. Seguimos pagando caro para trabalhar, sacrificando a rentabilidade dos nossos produtores e a competitividade das nossas indústrias.

Chegou o momento de cobrar de forma incisiva. É inadmissível que as lideranças políticas, que juraram defender os interesses do setor agropecuário, tenham permitido que esse projeto caísse no esquecimento.

Onde estão os políticos que estavam em Encarnación em 2016? O que foi feito desde então? São perguntas que merecem respostas claras e objetivas. O agronegócio catarinense, que é a base da economia de tantas regiões, não pode continuar refém de uma política desinteressada, que só se mobiliza em tempos de interesse, mas não entrega resultados práticos para quem trabalha no campo.

Mas a janela de oportunidade foi aberta novamente. Hoje, tanto o Paraguai quanto a Argentina são governados por líderes de direita, que entendem a importância do agronegócio. O Paraguai, em especial, tem ampliado sua produção de milho e possui um governo comprometido com o crescimento do setor. E o que estamos esperando?

O diálogo entre as lideranças políticas precisa ser retomado imediatamente, mas com uma diferença: dessa vez, é preciso seriedade e ação concreta. Chega de discursos vazios e promessas que se perdem no tempo. Temos de ver resultados práticos. Não podemos mais aceitar que a Rota do Milho siga apenas no sonho, enquanto produtores e indústrias pagam um preço altíssimo pela falta de milho mais acessível.

A abertura dessa rota não só reduziria os custos logísticos — que chegam a ser cinco vezes menores em comparação com o cereal vindo do centro do Brasil —, como também impulsionaria o desenvolvimento das regiões por onde o milho passaria. Todos os envolvidos sairiam ganhando: os produtores, as indústrias e as economias locais e nacionais.

Como representante do setor suinícola, vejo que o tempo das promessas vazias tem que acabar. Precisamos de ação, e precisamos agora. Chega de pagar caro pela ineficiência política. Se não houver uma mobilização séria, o agronegócio catarinense, que já atravessou três anos de crise severa, continuará sofrendo e perdendo competitividade.

Portanto, aos políticos que prometeram e não cumpriram, a mensagem dos nossos produtores é clara: a paciência acabou. Precisamos que vocês cumpram seu papel e coloquem em prática o que foi discutido em 2016.

Caso contrário, estarão condenando não apenas o setor agropecuário, mas também a própria credibilidade perante aqueles que vocês deveriam e dizem representar.

Fonte: Por Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da ACCS e da Coasc
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Eduardo Berbigier assume comitês na Sociedade Rural Brasileira

A posse, conduzida pelo presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo, reforça o compromisso de Berbigier com a defesa dos interesses do agronegócio.

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Advogado tributarista Eduardo Berbigier e presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo - Foto: Reinaldo de Maria

O advogado tributarista Eduardo Berbigier, com vasta experiência no setor tributário e do agronegócio, foi empossado nos comitês Jurídico e Tributário da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

A posse, conduzida pelo presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo, reforça o compromisso de Berbigier com a defesa dos interesses do agronegócio. “É uma honra colaborar com o agronegócio nacional e contribuir para o desenvolvimento de políticas que beneficiem esse setor fundamental para a economia do país” afirmou Berbigier, cujo escritório O Berbigier Sociedade de Advogados,  acumula 84 anos de atuação jurídica.

Fonte: Assessoria
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Notícias Safra 2024/2025

Conab aponta perspectiva com cenário positivo para milho e soja, além de novo aumento na área de arroz e feijão

Produção de grãos na temporada 2024/2025 tem potencial para atingir 326,9 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde na série histórica.

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Fotos: Shutterstock

Em meio aos desafios climáticos que se apresentam a cada nova safra, arroz e feijão devem apresentar novo crescimento no volume a ser colhido no ciclo 2024/2025. A alta é influenciada pela ligeira recuperação na área plantada dos dois principais produtos de consumo dos brasileiros, como mostra a 12ª edição das Perspectivas para a Agropecuária. A publicação, divulgada nesta terça-feira (17) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Banco do Brasil (BB), aponta ainda que a produção de grãos na temporada 2024/2025 tem potencial para atingir 326,9 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde na série histórica.

Foto: Divulgação/Freepik

De acordo com a análise da Conab, a projeção é de um incremento na área destinada ao arroz na temporada 2024/2025 mais intenso do que o identificado na safra 2023/2024. Os preços e a rentabilidade da cultura encontram-se em um dos melhores patamares históricos para o produtor. Com isso, a perspectiva é de uma alta expressiva de 11,1% na área destinada para o grão, e uma produção que deve ficar em torno de 12,1 milhões de toneladas, recuperando o volume obtido na safra 2017/2018. Para a safra de 2024/2025, a perspectiva de maior disponibilidade interna do grão, aliada à demanda aquecida do mercado internacional pelo arroz brasileiro, e a projeção de arrefecimento dos preços internos, abre espaço para um possível aumento das exportações do produto, que podem chegar a 2,0 milhões de toneladas.

Dupla do arroz no prato dos brasileiros, o feijão também tende a apresentar aumento na área no próximo ciclo. Projeta-se um incremento de 1,2% em relação a 2023/2024. Como a produtividade das lavouras tende a apresentar ligeira queda, a colheita da leguminosa deverá se manter dentro de uma estabilidade próxima a 3,28 milhões de toneladas, a maior desde 2016/2017. Com isso, a produção segue ajustada à demanda e deverá continuar proporcionando boa rentabilidade ao produtor.

Cenário positivo

A Conab também prevê um novo aumento para a área destinada à cultura do algodão, podendo chegar a dois milhões de hectares, elevação de 3,2% em relação à safra 2023/2024. Na região do Matopiba, que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é onde se espera o maior crescimento em termos proporcionais. Os produtores têm investido na fibra, uma vez que o produto apresenta boa rentabilidade em relação a outros grãos, grande facilidade de comercialização antecipada e excelente competitividade em termos de preço e de qualidade da pluma brasileira no mercado internacional. Esses fatores influenciam na expectativa de produção da temporada 2024/2025, quando se espera uma colheita de 3,68 milhões de toneladas apenas da pluma.

Cenário positivo também é previsto para a produção de soja. Mesmo com a pressão baixista nos preços nacionais e os desafios de rentabilidade, a oleaginosa continua a ser uma cultura lucrativa e com alta liquidez. A crescente demanda global, impulsionada pelo aumento do esmagamento e pela expansão da produção de biocombustíveis, tanto no Brasil quanto internacionalmente, alimenta expectativas de crescimento nas exportações e no esmagamento interno. Esse panorama influencia na projeção de aumento da área plantada, podendo chegar a 47,4 milhões de hectares. A produtividade tende a apresentar recuperação, após problemas climáticos nos principais estados produtores brasileiros. A combinação de maior área e melhor desempenho nas lavouras resulta na projeção de uma colheita em torno de 166,28 milhões de toneladas, 12,82% superior à safra 2023/2024.

Já para o milho, o cenário é de manutenção da área a ser cultivada. Apesar disso, a produtividade deve apresentar recuperação, o que contribui para uma expectativa de alta na produção, estimada em 119,8 milhões de toneladas. Mesmo com o crescimento na safra do cereal, as exportações estão projetadas em 34 milhões de toneladas no ciclo 2024/2025, queda de 5,6%, se comparada com as vendas da safra 2023/2024. No mercado interno, a demanda pelo grão deverá se manter aquecida, uma vez que o bom desempenho do mercado exportador de proteína animal deverá sustentar o consumo por milho, especialmente para composição de ração animal. Além disso, é esperado um aumento da procura do grão para produção de etanol, sendo estimado um crescimento de 17,3% para a produção do combustível produzido a partir do milho.

Parceria com Banco do Brasil

Pela primeira vez, a Perspectivas para a Agropecuária é realizada em parceria com o Banco do Brasil. Trata-se da materialização do início de parceria inédita firmada entre a Companhia e o Banco do Brasil, por meio de Acordo de Cooperação Técnica, que abrangerá atividades de pesquisa, de desenvolvimento, de treinamento, de intercâmbio de tecnologias e de metodologias, de produção de informações agropecuárias e de ações promocionais conjuntas em feiras e eventos estratégicos para as instituições.

No trabalho, a instituição financeira abordou a importância do crédito rural como fomentador de uma agricultura que visa ao desenvolvimento dos negócios por meio de ações ambientais, sociais e de governança; de forma que haja adequação dos processos produtivos ao comportamento climático atual, diversificação da matriz energética, rastreabilidade, certificado de origem da produção, práticas conservacionistas, certificação, crédito para a recuperação ambiental, custeio anual ou que melhorem toda a gestão da atividade rural.

Outras informações sobre o panorama dos principais grãos cultivados no país estão disponíveis na publicação Perspectivas para a Agropecuária na Safra 2024/2025. O documento também traz a projeção de produção e de mercado para carnes bovinas, suínas e aves em 2025.

Fonte: Assessoria Conab
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ABMRA 2024

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