Notícias Produção de grãos
Em 40 anos, agricultura brasileira produz cinco vezes mais e área plantada sequer dobra
Por trás desse fenômeno mundial, que é a produção de alimentos no Brasil, está uma nova geração de produtores que confiam na tecnologia e já praticam a agricultura 4.0
Em 2022, o Brasil deve atingir mais um recorde na sua produção de grãos, chegando a um volume de 284,4 milhões de toneladas, um aumento de 12,5% ou 32 milhões de toneladas na comparação com a safra anterior. Essa é a estimativa divulgada recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Por trás desse fenômeno mundial – que é a produção de alimentos no País – que só em 2020 respondeu por quase 70% do PIB Agro Nacional, a produção de grãos se moderniza e produz muito mais em um espaço que não aumenta na mesma proporção.
Para se ter ideia, segundo estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) entre 1977 e 2017, a produção de grãos em território brasileiro que era de quase 47 milhões de toneladas, saltou para 237 milhões de toneladas, ou seja, cinco vezes mais. No mesmo período, a área plantada no País não chegou a dobrar, saindo de 37,3 milhões de hectares para 60,88 milhões de hectares. A produção do arroz, por exemplo, traduz bem esse salto de eficiência que o nosso agronegócio registrou nas últimas décadas, saindo de 1,5 milhão de toneladas, em 1977, para 6,22 milhões de toneladas, 40 anos depois.
“O agronegócio brasileiro está cada vez mais maduro e chegando a um patamar de eficiência e produtividade jamais visto no mundo. As novas tecnologias em maquinário, implementos e de irrigação que temos disponíveis hoje, buscam solucionar justamente essa delicada equação entre produtividade, qualidade e sustentabilidade”, afirma Cauê Campos, CEO do Grupo Pivot.
Filho de um dos propulsores da agricultura de irrigação no Brasil, o engenheiro agrônomo e empresário Jorge Campos, Cauê já faz parte de uma geração de empresários que entende que o agronegócio não é, e nem precisa ser, uma atividade predadora dos recursos naturais. Para o executivo, se o agronegócio brasileiro é hoje uma potência mundial, isso se deve justamente ao investimento em tecnologia, pesquisas e ao aumento da confiança dos produtores no avanço das técnicas agrícolas.
“Hoje o agroprodutor que se atualiza sabe muito bem que ele não precisa gastar mais terra ou mais água para ter uma grande produção. Além de sofisticados recursos de tecnologia, temos também aqui no Brasil, tanto em nossa Embrapa quanto em várias universidades, um enorme know how em estudos e pesquisas de biotecnologia voltadas ao aprimoramento de sementes e desenvolvimento de insumos”, destaca Cauê.
Uma pesquisa feita em parceria entre a Embrapa, o Sebrae e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que 84% dos agricultores brasileiros já utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção. O estudo foi realizado entre abril e junho de 2020 e contou com 750 participantes entre produtores rurais, empresas e prestadores de serviços.
Cauê explica que o Brasil já opera no que chamamos de Agricultura 4.0, um modelo que investe em vários recursos digitais como sensores, comunicação entre máquinas, armazenamento em nuvem, imagens de satélite, dispositivos móveis, softwares programados para processar dados e diversas técnicas de análise que ajudarão não apenas na hora de produzir, como também na tomada de decisões em termos de administração.
“Hoje nós temos uma agricultura realmente de alta precisão, em que o desperdício é mínimo, a qualidade do produto tem um padrão elevadíssimo, uma produtividade por hectare também elevadíssima. O produtor tem hoje uma série de ferramentas digitais, muitas já agregadas às máquinas agrícolas, que os ajudam, não só nas etapas de plantio e colheita, como em toda a gestão do negócio”, salienta.
Menos água
Além de uma necessidade cada vez menor na extensão de terras para plantio, a Agricultura 4.0 também tem a preservação da água como foco fundamental. Nesse sentido, a agricultura irrigada tem papel único no aumento da oferta de alimentos e na garantia da segurança alimentar e nutricional da população mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas Para Alimentação e Agricultura (FAO), áreas irrigadas correspondem a menos de 20% da área total cultivada do planeta, mas produzem mais de 40% dos alimentos, fibras e culturas bioenergéticas.
Doutor em engenharia agrícola e engenheiro ambiental, Enoque Pereira da Silva afirma que a tecnologia traz muitas ferramentas que possibilitam o cálculo correto da quantidade de água a ser jogada na planta, e testes mostraram que um pivô de 100 hectares apresentou uma economia de 20% no consumo de água.
“O primeiro paradigma a ser quebrado na agricultura irrigada é a questão do consumo de água, quantos litros determinada planta consome para produzir. A planta tira água do solo e transfere para a atmosfera. Apenas 1% da água que a gente joga nela é que ela absorve. O restante volta para a atmosfera em forma de evapotranspiração. A quantidade de água depende do ciclo de cultura”, explicou.
Os irmãos Déborah Novais Cordeiro e Galba Vieira Cordeiro Junior, da Vitória Agronegócios, são um bom exemplo de quem são esses modernos produtores brasileiros. Propriedades em Paracatu, Unaí e João Pinheiro, em Minas Gerais, desde que começaram com suas atividades no campo em 2006, eles nunca desassociaram produtividade de sustentabilidade e sabem que a tecnologia é a forma de se resolver tal equação. “Os sistemas de irrigação por pivô, por exemplo, viabilizam o plantio em nossa região e otimizam o uso da água. Através de tecnologias e ações simples no dia a dia, mensuramos o controle e evitamos o desperdício”, frisa Déborah.
Colunistas
Sucessão familiar no agro: como atrair os jovens para o campo?
É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa.
A sucessão familiar no agronegócio tem se tornado um dos grandes desafios para o setor rural, especialmente em um contexto em que os jovens estão cada vez mais imersos em tecnologia e afastados das práticas tradicionais da agricultura. Esse distanciamento ameaça a continuidade das atividades no campo, principalmente em regiões onde o trabalho artesanal, como a delicada colheita de grãos de café, ainda desempenha um papel fundamental para a economia local e a preservação da cultura agrícola.
O grande desafio está em demonstrar que o trabalho rural pode ser sinônimo de oportunidades, crescimento pessoal e profissional, desde que haja um equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito aos métodos tradicionais.
Para garantir a continuidade das propriedades rurais e a manutenção da produção, é essencial adotar estratégias que tornem o campo mais atraente para as novas gerações. Investir em tecnologia e inovação é um dos principais caminhos, pois permite modernizar as atividades agrícolas, tornando-as mais eficientes e rentáveis. Além disso, a introdução de práticas sustentáveis e a adoção de modelos de gestão mais profissionalizados podem despertar o interesse dos jovens que buscam alinhamento com causas ambientais e sociais.
Outro fator crucial é a educação e capacitação voltadas para o agronegócio. Oferecer programas de treinamento e especialização em áreas como agroecologia, gestão rural e empreendedorismo pode preparar melhor os jovens para assumir a liderança das propriedades familiares. Incentivos governamentais, como acesso a crédito e políticas de apoio à agricultura familiar, também são fundamentais para facilitar essa transição. Criar um ambiente onde os jovens se sintam valorizados e capazes de inovar é essencial para garantir a sucessão familiar e a sustentabilidade do setor agrícola a longo prazo.
É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa. Integrar tecnologias modernas às práticas agrícolas tradicionais pode não apenas preservar o legado familiar, mas também abrir novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável no setor rural.
Notícias
A importância da pesquisa agropecuária
A pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.
O acelerado desenvolvimento do setor primário da economia, nas últimas décadas, resultou dos avanços da pesquisa científica na esfera da Embrapa, das Universidades, dos centos de pesquisa privados e dos grandes grupos da indústria da alimentação. De um lado, a pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.
Apesar disso, ainda é necessário fomentar a pesquisa agropecuária brasileira para turbinar os níveis de investimento público em patamares equivalentes aos dos principais concorrentes do Brasil no mercado mundial. O caminho natural é a Embrapa, capitaneando uma cadeia de pesquisa, que envolve as Universidades e outros centros de pesquisa. A ideia é fortalecer as ferramentas de gestão de órgãos públicos e estimular as parcerias público-privadas, inclusive com cooperativas agropecuárias, com o fomento de estudos que efetivamente contribuam para o maior desenvolvimento, sustentabilidade e competitividade do setor agropecuário. Essa integração pode facilitar a captação de investimentos na geração de inovações de alto impacto para o enfrentamento dos desafios do agro brasileiro.
Em Santa Catarina, por exemplo, que se destaca no incremento da produção de leite, esse reforço na pesquisa poderia começar com a instalação de um núcleo de pesquisas voltadas ao gado leiteiro, com ênfase para forrageiras. Nas pequenas unidades de produção a atividade proporciona importante fonte de renda para as famílias rurais. A atividade exibe notável desenvolvimento técnico da produção, especialmente da genética e sanidade.
Quinto produtor nacional, o setor tem sofrido uma intensa concentração da produção. Para a pecuária leiteira tornar-se mais competitiva, há a necessidade da pesquisa de forrageiras para identificar variedades mais adaptadas à região. A melhoria da qualidade da alimentação do rebanho proporcionará um salto notável na elevação da produção e da renda dos produtores.
A proposta consiste na instalação de uma unidade da Embrapa no Estado de Santa Catarina para a pesquisa de forrageiras e outras tecnologias voltadas à produção de leite e, também, gado de corte. Os pastos hoje utilizados, via de regra, são de espécies provenientes de regiões distantes e de baixa adaptação ao microclima, resultando em limitado desenvolvimento e baixa eficiência nutricional.
A empresa mantém em Concórdia a Embrapa Suínos e Aves, com pesquisas em suínos e aves e tecnologias correlatas, especialmente de proteção ao meio ambiente. O novo núcleo de pesquisa poderia ser criado junto a Embrapa de Concórdia (SC). O foco seria a produção e manejo de forragem, o que geraria conhecimentos para a melhoria da alimentação animal, além da possibilidade de agregar valor ao leite pelo sistema de produção a pasto.
Atualmente, a Embrapa desenvolve pesquisas voltadas à pecuária de leite em três unidades: a de gado de leite, voltada às soluções para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite em Juiz de Fora (MG); a unidade Pecuária Sudeste, com ênfase na eficiência e sustentabilidade da produção em São Carlos (SP) e a unidade Pecuária Sul que desenvolve pesquisas em bovinocultura de corte e leite, ovinocultura e forrageiras nos campos sulbrasileiros, compreendidos pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em Bagé (RS).
As cooperativas agropecuárias são atores estratégicos no apoio aos programas de pesquisa científica, como testemunham inúmeras ações em passado recente.
Notícias Atenção produtor rural
Prazo para declaração do ITR encerra em 30 de setembro, alerta Faesc
Documento deve ser enviado por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal.
O prazo para a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), referente ao exercício de 2024, vai até 30 de setembro. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) alerta para que o produtor rural fique atento ao prazo para evitar multas.
De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 2.206/2024 é obrigatório apresentar a declaração de pessoa física ou jurídica, proprietária, titular do domínio útil ou possuidora de qualquer título, inclusive a usufrutuária, um dos condôminos ou um dos compossuidores.
A declaração deve ser enviada por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal. Além disso, continua sendo possível a utilização do Receitanet para a transmissão da declaração.
O imposto é obrigatório para todo o imóvel rural, exceto para os casos de isenção e imunidade previstos em lei, portanto o produtor deve ficar atento aos prazos de envio do documento para não pagar multas e juros. E caso o contribuinte verifique algum erro após o envio da declaração, ele deve fazer a retificação por meio do Programa ITR 2024.
A declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é composta pelo Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (DIAC) e pelo Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT).
O contribuinte, cujo imóvel rural já esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR), deve informar o respectivo número do recibo de inscrição. O pagamento do imposto poderá ser feito através do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), ou via QR Code (Pix).
No dia 24 de julho, o Governo Federal publicou a Lei n° 14.932/2024 que retira a obrigatoriedade de utilização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para a redução do valor devido do ITR. Entretanto, a Receita Federal, por meio da Instrução Normativa (IN) 2.206/2024, ainda obriga o produtor rural a apresentar a ADA neste ano.
A CNA e a Faesc trabalham para que a Receita faça a revisão da normativa o mais breve possível. Mesmo com a lei em vigor, recomendam manter o preenchimento do ADA via Ibama, para fins de exclusão das áreas não tributáveis do imóvel rural e inserção do número do recibo na DITR 2024.
O contribuinte pode conferir o Valor de Terra Nua (VTN) 2024 publicado no site da Receita Federal pelas Prefeituras conveniadas. A FAESC lembra que, caso os valores não estejam de acordo com os requisitos determinados pela Instrução Normativa RFB n° 1.877/2019, deve ser feita denúncia por meio do Sindicato Rural junto à Delegacia Regional da Receita.