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Degradação das pastagens: Como evitar e potencializar a produtividade?

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No Brasil, de acordo com dados da ANUALPEC de 2013, as pastagens ocupam aproximadamente 22% do território. Somam 190 milhões de hectares, sendo que 80% dessas áreas têm sinais de degradação e mais da metade precisa de intervenção urgente.
A recuperação e a renovação de pastagens degradadas têm reflexos econômicos, técnicos, sociais e ambientais. “As consequências negativas da degradação afetam toda a sociedade, por isso, todos os agentes que atuam direta ou indiretamente na produção animal em pastagens precisam conhecer a fundo o problema”, ressalta o consultor Técnico de Corte da Alta, Rafael Mazão.
Um dos principais motivos da degradação das pastagens é o plantio de forrageiras não adaptadas ao clima e ao solo da propriedade. “O manejo incorreto, tanto no plantio quanto na formação e na produção, é outro motivo relevante. Em todos os casos de degradação no norte do Brasil, a segunda maior causa de degradação foi o superpastejo, ou seja, a taxa de lotação acima da capacidade suporte do pasto. Áreas muito grandes e pastoreio contínuo foram apontados como a terceira causa de degradação em 25% dos casos”, pontua Rafael.
Para se ter uma ideia, as queimadas frequentes geram perda de 100% do carbono, 98% do nitrogênio e 95% do enxofre da biomassa vegetal. “Causa também mudança na composição botânica da pastagem com eliminação gradativa da forrageira e das invasoras herbáceas, de mais fácil controle, onde serão substituídas por plantas de maior porte, com maior custo para controle”, alerta o consultor.
As pastagens geralmente são monoculturas, com grandes áreas sem diversidade vegetal. Isso facilita o desenvolvimento rápido de pragas como a cigarrinha-das-pastagens e a da cana. Esta última, há anos somente atingia canaviais e o capim-elefante. Hoje vem causando danos severos em pastagens de Braquiária Brizantha (Braquiarão), efeito da monocultura que gera adaptação das pragas para atingir novas forragens.
De acordo com Mazão, as plantas invasoras são outra causa de degradação dos pastos. “Elas competem com a forrageira por espaço e por fatores de crescimento (água, luz e nutrientes). As de folha larga protegem menos o solo do impacto das chuvas, do sol e do pisoteio dos animais e máquinas”.
Solos de baixa fertilidade natural ou os que foram férteis, mas estão esgotados, também facilitam a degradação do pasto. O declínio de fertilidade, por ausência de adubação, foi apontado em 50% dos casos como a principal causa de degradação nas regiões centro-oeste e norte do Brasil.  A adubação das pastagens é pouco frequente no país. Em torno de 2% (menos até) dos fertilizantes comercializados são destinados à pecuária, e menos de 1,6% das fazendas brasileiras adubam os pastos.
“O reflexo é a diferença no bolso. Mas nem todos os pecuaristas associam que a queda do rendimento da atividade é consequência da degradação de suas pastagens. Diversos outros fatores são atribuídos à redução do faturamento em projetos com boa gestão, desde a variação dos preços da arroba até a redução da taxa de prenhez das matrizes”, explica.
Confira algumas consequências da degradação:             
•        Menor produção de forragem, em razão da competição entre forrageira e invasora, dos erros de manejo e da queda de fertilidade do solo;
•        Menor capacidade suporte (unidade animal por hectare – UA/ha), causada pela queda na produção de forragem. A redução varia de 20% a 40% entre o primeiro e o segundo ano depois do plantio. O avanço do processo de degradação reduz em mais de 50% a capacidade de suporte a partir do quinto ano;
•        Queda no desempenho dos animais em razão da menor qualidade da forragem. Ocorre um empobrecimento da composição química, digestibilidade de capim. O ganho de peso diário cai de 0,5 a 0,7 kg/dia para 0,3 a 0,4 kg/dia;
•        Perda da produtividade da área com consequente redução da receita;
•        Aumento do custo de produção, com tentativas frustradas de recuperar ou renovar as pastagens degradadas. A falta de orientação técnica e de métodos adequados leva ao insucesso;
•        Ferimentos nos animais, sobretudo nos olhos, boca, pele e úbere, causados por plantas invasoras com espinhos;
•        Intoxicação e morte de animais que consomem plantas invasoras tóxicas. Em 2012, houve morte de 1,4 milhão de reses;
•        Maior incidência de ectoparasitas (bernes, carrapatos e moscas), que se abrigam nas folhas das plantas invasoras;
•        Degradação do solo e da água. A falta da palha deixa o solo desprotegido, aumentando a compactação superficial e reduzindo a infiltração da água, o que causa erosão;
•        Perda de competitividade da pecuária em relação aos outros usos da área. A redução da área de pastagens, nos últimos levantamentos realizados no país (1995 a 2006), foi de 5,35 milhões de ha, enquanto as de florestas e lavouras cresceram, respectivamente,  5,59 milhões e 34,9 milhões de ha. Até 2018, a área de pastagem no Brasil deve perder mais de 17 milhões de ha, pois a agricultura tem utilizado tecnologias modernas para intensificar o uso do solo, podendo operar com mais lucro e maior retorno sobre o capital investido.
De acordo com esclarecimentos de Mazão, não é fácil caracterizar os indicadores da degradação, pois não há metodologia uniforme para isso. “Uma pastagem tida como degradada em certa localidade pode ser considerada produtiva em outra região”, afirma.
Algumas características mais frequentes, independentes das características regionais, que ocorrem nas áreas de pastagens degradadas em todo país:
•        No estágio inicial de degradação, a área é insuficiente para mantença da capacidade suporte normal da forragem funcional, ou seja, uma área com acentuada redução de produtividade, e ainda, com ausência ou pouca presença de plantas invasoras.
•        Num estágio intermediário, as forragens estão mais escassas e as plantas invasoras são mais presentes, tornando-a ainda mais ineficiente quanto à produção de forragens. O vigor das pastagens está baixo, estão perdendo a capacidade de se recuperar naturalmente e de superar os efeitos nocivos das pragas, doenças e plantas invasoras.
•        A degradação no seu estágio avançado é mais notória, o solo está descoberto e compactado em grande parte da área, pode haver erosão e as plantas invasoras já dominaram as forragens.
“A falta de critério nas avaliações faz com que muitos pecuaristas confundam pastagens degradadas com solo degradado. Por isso que vários produtores consideram seus pastos em boas condições, enquanto já estão em estágio inicial ou intermediário, perdendo produtividade e rendimento em @/ha/ano”, ressalta.
Para recuperar uma pastagem é preciso restabelecer a produção de forragem, mantendo a mesma espécie ou cultivar. A recuperação e a renovação indiretas envolvem cultivos agrícolas em diversas modalidades: integração lavoura-pastagem; integração lavoura-pecuária; integração lavoura-pecuária-floresta e integração pecuária-floresta. Estes sistemas possuem muitas características favoráveis, com destaque para as seguintes:
•        Melhora a biologia do solo;
•        Reduz a incidência de pragas, doenças e plantas invasoras;
•        Aumento da reciclagem de nutrientes no solo e eficiência de seu e extração pelas plantas;
•        Maior estabilidade dos agregados do solo;
•        Melhor infiltração da água das chuvas;
•        Facilidade de conservação do solo (disponibilidade de maquinário);
•        Facilidade de substituição da espécie forrageira em razão do uso intensivo de máquinas e de herbicidas seletivos na agricultura;
•        Diversificação da produção da fazenda;
•        Possibilidade de otimizar o uso de máquinas e implementos ao longo do ano;
•        Redução dos custos de renovação ou recuperação da pastagem.
Há também benefícios ambientais, como a possibilidade de diminuir a velocidade do avanço da fronteira agrícola, a menor emissão de carbono e a queda da emissão de metano pelos animais, em consequência da melhor qualidade dos pastos.
Para Mazão, a relação benefício sobre custo no controle de plantas invasoras pode chegar a 4,4:1 dependendo do nível de infestação e do estande da forrageira. “Para cada real aplicado no controle das invasoras, há um retorno de R$4,40. O gasto com a limpeza de pastagens é muito pequeno, corresponde a 1,7% do total num rebanho de 500 UA, nas três fases da pecuária (cria, recria e engorda), assim não há razão econômica que justifique abandono dessa prática”, justifica.
Considerando a resposta apenas em termos de capacidade suporte, significa um retorno de até R$2,49 para cada real aplicado. Mas há outros ganhos, como o aumento do desempenho dos animais (ganho de peso, fertilidade, etc.) e da área (kg/ha), além da redução dos custos com controle de plantas invasoras.
A comparação dos índices zootécnicos de uma pastagem degradada com os de outra que recebe tais cuidados, mostra o expressivo retorno do investimento:
•        O desempenho por animal sobe de 0,3 para 0,6 kg/dia em média;
•        A capacidade suporte pode aumentar de 2 até 10 vezes (de 0,5UA/ha para 1 a 5 UA/ha);
•        A produtividade da área pode aumentar de 3 a 20 vezes, de 82 para 1.600 kg de peso corporal por hectare por ano (ANUALPEC, 2013).
Existem algumas instituições financeiras em parceria com projetos do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para liberação de crédito destinado à pecuária, com taxas de juros muito interessantes, facilitando o investimento nas áreas de pastagens degradadas, a fim de promover o produtor rural, seja ele pequeno, médio ou grande.
Todas as vantagens sejam para benefício biológico do solo e ambiental da propriedade, ou seja, quanto à redução de custos e maior produtividade da atividade, torna evidente que a recuperação deveria ser adotada pela maioria dos pecuaristas.
“A realidade é diferente. Muitos produtores avaliam somente os custos para recuperação ou renovação, e não ponderam os benefícios e retorno sobre o investimento que sempre é válido para intensificar a atividade, aumentar a produtividade e os rendimentos da fazenda, que deve ser vista como uma empresa rural”

Fonte: LN Comunicação

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Cooperativas catarinenses reúnem 4,2 milhões de cooperados e movimentam R$ 85,9 bilhões por ano

O ramo agropecuário continua sendo o mais expressivo, economicamente, respondendo por 64% do movimento de todo o sistema cooperativista catarinense. Balanço do setor foi apresentado pela Ocesc, que também fez projeções para 2024.

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O cooperativismo surgiu em Santa Catarina há mais de 130 anos e se transformou em um modelo de negócio que envolve mais de 4,2 milhões de catarinenses e movimenta R$ 85,9 bilhões por ano, tornando-se uma extraordinária força social que impulsiona o desenvolvimento em todos os setores da economia.

Balanço do setor foi apresentado pelo superintendente da Ocesc Neivo Luiz Panho e pelo presidente Luiz Vicente Suzin – Fotos: Divulgação/MB Comunicação Empresarial/Organizacional

O balanço do setor foi levantado pela Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) junto às suas 249 associadas e anunciado na última segunda-feira (29), em Florianópolis (SC) pelo presidente Luiz Vicente Suzin e pelo superintendente Neivo Luiz Panho.

O crescimento das receitas, em 2023, foi de 3,7%, acima, portanto da expansão do PIB (produto interno bruto) brasileiro no período (2,9%).

Um dos dados mais relevantes do levantamento é a expansão do número de associados (cooperados) que cresceu 9,6% no ano passado com o ingresso de mais de 370 mil pessoas. No conjunto, as cooperativas reúnem, agora, 4,2 milhões de catarinenses, o que representa mais da metade da população barriga-verde vinculada ao sistema cooperativista.

As que mais atraíram associados foram as cooperativas de crédito que têm atualmente 3,3 milhões de cooperados, as de infraestrutura que atuam em distribuição de energia elétrica (449.147 pessoas), as de consumo (382.728) e as agropecuárias (83.850). As cooperativas de saúde têm 14.172 associados e, as de transporte, 5.500 cooperados.

As cooperativas do agronegócio foram, novamente, as mais expressivas na geração de empregos diretos e de receita operacional bruta, respondendo por 64% dos postos de trabalho e também por 64% das receitas globais do universo cooperativista.

As cooperativas de crédito consolidaram duas conquistas: o maior crescimento em receitas totais – 23,5% para R$ 19,1 bilhões – e o maior número de associados, com 3,3 milhões de catarinenses cooperados. Isso significa que 78% dos cooperados em Santa Catarina fazem parte das cooperativas financeiras.

A carga tributária não poupou as cooperativas. Em 2023 elas recolheram R$ 3,4 bilhões aos cofres públicos em impostos sobre a receita bruta, um crescimento de 5% em relação ao exercício anterior.

O patrimônio líquido, no conjunto das cooperativas, cresceu 12,3% e atingiu R$ 31,6 bilhões.

Presidente da Ocesc, Luiz Vicente Suzin, realçou que um dos dados mais relevantes é a expansão do número de associados que cresceu 9,6% em 2023

Para atender seus associados com ações e serviços de qualidade, as cooperativas mantêm quadros funcionais qualificados. Em 2023 contrataram 8% mais e criaram 7 mil  novos postos de trabalho. Juntas, elas agora mantêm 95.400 empregados diretos.

As exportações das cooperativas catarinenses atingiram R$ 9,9 bilhões no ano passado com aumento de 2% e foram suportadas, basicamente, pelo agronegócio. As vendas externas de proteína animal responderam por 75% dos negócios no mercado internacional, seguindo-se cereais in natura, cereais processados, frutas e derivados, fertilizantes, sementes e leite e derivados. As projeções para 2024 indicam um aumento de 5% nas vendas das cooperativas catarinenses ao mercado mundial, o que significam R$ 10,4 bilhões em divisas.

O presidente da Ocesc prevê que continuará expressiva a participação das cooperativas nas exportações do agronegócio, que respondem por cerca de 30% do PIB catarinense e por 70% das vendas catarinenses no exterior, decorrente da imensa presença das cooperativas nas cadeias produtivas de grãos, leite, suínos e  aves.

Desempenho setorial

O ramo agropecuário continua sendo o mais expressivo, economicamente, respondendo por 64% do movimento de todo o sistema cooperativista catarinense.

As 49 cooperativas agropecuárias fecharam o ano com 83.850 cooperados, aumento de 2,7% no quadro social que foi encorpado com mais 2.221 associados. O setor também foi o que mais criou vagas – gerou 4.771 novos empregos – e, agora, as  cooperativas sustentam 60.827 postos de trabalho, o que representa um aumento de 8,5%.

A receita operacional total dessas cooperativas recuou 3% e totalizou R$ 54,7 bilhões. Queda de preço no mercado mundial e baixo desempenho no mercado interno explicam essa queda nas receitas. A recuperação ocorrerá em 2024: a previsão da Ocesc é de um crescimento de 15% para R$ 62,9 bilhões.

O ramo crédito ganhou uma cooperativa a mais em 2023: agora são 66 cooperativas financeiras que, no conjunto, reúnem o maior número de associados do sistema cooperativista catarinense: são 3,3 milhões de catarinenses. O quadro associativo desse ramo aumentou 10%, com o ingresso de 309.575 novos cooperados. O quadro funcional também cresceu 8%, com a contratação de 1.311 empregados e totaliza, agora, 17.845 trabalhadores nas agências e unidades administrativas.

As cooperativas de crédito contabilizaram receitas totais de R$ 19,1 bilhões, incremento de 23,5% em relação ao ano anterior. O crescimento, em 2024, deve situar-se em torno de 25%.

Evento oportunizou destacar que no conjunto as cooperativas reúnem, agora, 4,2 milhões de catarinenses

O ramo saúde cresceu 11% no ano passado em receitas totais, atingindo R$ 6,6 bilhões no exercício de 2023. Criou, no período, 1.061 vagas de empregos. As 30 cooperativas de saúde em operação no território catarinense mantêm 10.781 empregados e reúnem 14.172 associados (quadro associativo aumentou 3,4%). Em 2024, o ramo saúde tem expectativa de uma expansão de 10%.

O ramo de infraestrutura dedica-se, fundamentalmente, ao fornecimento de energia elétrica para extensas regiões do território barriga-verde. São 39 cooperativas que atendem 449.147 associados – número que evoluiu 5,6% no último ano. A receita operacional bruta aumentou 9% e fechou o ano em R$ 1,8 bilhão. É o segundo ramo em número de associados.

O ramo de consumo, dedicado a manutenção de supermercados entre outras atividades, é representado por 15 cooperativas que, em 2023, obtiveram receitas totais de R$ 1,6 bilhão – faturamento 9,6% superior ao ano anterior. O número de associados cresceu 11% e agora são 382.728 cooperados. O número de empregados manteve-se em 3.238. Em 2024, o crescimento projetado é da casa de 10%.

O número de cooperativas catarinenses do ramo de transporte baixou de 41 para 39, em 2023. Em consequência, o número de cooperados encolheu de 6.617 para 5.500. O desempenho econômico, entretanto, foi positivo e as cooperativas tiveram receitas no valor de R$ 1,9 bilhão, resultado 11,5% acima do ano anterior.

As 11 cooperativas do ramo de trabalho, produção de bens e serviços registraram discreta variação em seus índices de desempenho e encerraram o exercício com 1.377 cooperados e R$ 28,5 milhões em receitas

Fonte: Assessoria Ocesc
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Sindirações atinge produção de 82,9 milhões de toneladas em 2023

Produção brasileira de rações e suplementos minerais encerrou o último ano com crescimento de 1%.

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A produção brasileira de rações e suplementos minerais encerrou 2023 com crescimento de 1% e produção total de 82,9 milhões de toneladas de rações – 1,2% acima da quantidade de 2022, apesar do recuo apurado no segmento de sal mineral que somou 3,4 milhões de toneladas, totalizando 3,7% abaixo do montante de 2022.

Em 2023, a produção de rações para suínos (20,8 milhões de toneladas) e para frangos de corte (36,5 milhões de toneladas), resultou, respectivamente, no avanço de 1,2% e 2,1%, enquanto para poedeiras (6,9 milhões de toneladas) manteve-se estável. Para 2024, a previsão é de incremento da ordem de 1%, 3,5% e 1%.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A suinocultura deve alcançar recorde de exportações (5,7% acima do apurado em 2023, segundo perspectiva da Associação Brasileira de Proteína Animal/ABPA) e hipoteticamente, até ultrapassar o Canadá no ranking global de fornecedores, muito embora a China (principal cliente) venha gradualmente diminuindo as importações de carne suína.

A avicultura de corte, por sua vez, vai garantir suprimento doméstico suficiente e manter promissor desempenho no atendimento à demanda externa (3% superior àquela alcançada no ano passado, conforme previsão da ABPA), garantindo, mais uma vez, a liderança no pódio internacional, enquanto a oferta de ovos, ao longo de 2024, pode incrementar mais 6%, sobretudo, por causa daquele consumidor atento à alternativa proteica que melhor se ajusta ao seu orçamento financeiro.

Pecuária leiteira e de corte

A pecuária leiteira em 2023 teve redução de 2%, resultado da perda de 67% na margem bruta e do preço do leite pago ao produtor, que recuou 14% em relação ao exercício anterior, prejudicado principalmente pelo recorde das importações de litros equivalentes – 68,8% maior que as entradas apuradas em 2022, ao contrário do volume exportado de lácteos que recuou 40% (de acordo com estimativas disponibilizadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Cepea USP).

Para 2024, a produção aponta para estabilidade (conforme prevê a Confederação Nacional da Agricultura/CNA). Uma projeção positiva dependerá da melhora no preço do leite e do sucesso nas iniciativas de amenização das importações dos lácteos dos vizinhos do Mercosul.

Em relação à pecuária de corte, a arroba do boi valia R$ 300,00 em fevereiro de 2023, e apenas R$ 200,00 em agosto. No final do ano, fechou em R$ 250,00. O caso atípico de “vaca louca” suspendeu expedições para a China (importou metade dos embarques) e comprometeu exportações até meados de junho.

Além disso, mais de 40% de fêmeas foram para abate em 2023 (de acordo com resultados da Pesquisa de Abates do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE), os preços da reposição/bezerros desvalorizaram mais que a arroba do terminado e os preços da carne bovina recuaram mundo afora.

Para 2024, espera-se o início da virada no ciclo pecuário e a menor oferta de bezerros deve favorecer a retomada da recuperação no preço dessa reposição, estimular a retenção de fêmeas e passar a incrementar o preço do terminado.

Enquanto em 2023 a produção estimada da alimentação industrializada para bovinos de corte confinados/semiconfinados (5,86 milhões toneladas) e para vacas leiteiras (6 milhões de toneladas) recuou 1,6% e 2%, a perspectiva para 2024 é um incremento de 1,5% e estabilidade ou avanço (ainda que sensível) de pouco mais de 1%, respectivamente.

Piscicultura

Durante 2023, a produção estimada de rações para a piscicultura (1,43 milhão de toneladas) e a carcinicultura (190 mil toneladas) avançou 2,8% e 6,1%, respectivamente. Para 2024, o panorama aponta para crescimento de 4,6% na demanda de rações para aquicultura em geral.

A produção de tilápias em tanques rede foi bastante prejudicada em 2023, e causada pela alta mortalidade nas fases de produção de alevinos e juvenis causada pelo Vírus da Necrose Infecciosa Esplênica e Renal. A escassez provocou abate de peixes com menor peso que consumiram menos ração que tradicionalmente.

No caso dos camarões, a baixa margem de remuneração obrigou os produtores a diminuírem a densidade e o peso de despesca, além de aumentar a área de produção que pode disponibilizar mais alimentos produzidos naturalmente nos viveiros e, assim, diminuir o custo com a ração.

Pet food

Já o segmento de pet food (indústria e varejo) pode ter faturado em 2023, cerca de R$ 36,8 bilhões, ou seja, 78% de todo montante apurado pelos negócios voltados aos animais de estimação (conforme previsão da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação/Abinpet).

Segundo o Sindirações, a produção de alimentos para animais de companhia avançou 4,3% e alcançou 3,9 milhões de toneladas em 2023 e a perspectiva é superar a marca de 4 milhões de toneladas em 2024.

Desemprego x inflação

O progresso resultante da diminuição do desemprego e da inflação, contudo, pode pode ser anulado pelo afrouxamento da meta fiscal e a interrupção do ritmo de redução da taxa de juros nos Estados Unidos e mesmo no Brasil. O acirramento do conflito no Oriente Médio e seu potencial efeito negativo nas transações externas e a desvalorização da moeda local podem comprometer o consumo de proteína animal que modula o desempenho da indústria de alimentação animal.

Por enquanto, o setor espera incremento de 2,4%, algo em torno de 85 milhões de toneladas -, caso a cadeia produtiva de aves e suínos responda positivamente, principalmente pelas remessas externas, afora o impulso resultante do fenômeno da humanização dos pets – adicionados aos 3,5 milhões de toneladas de suplementos minerais – e ultrapassar 88 milhões de toneladas em 2024.

Fonte: Assessoria Sindirações
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Notícias Nesta terça-feira (07)

Abag promove webinar para debater posição do Brasil frente às regras internacionais que afetam o agronegócio

Evento virtual será realizado nesta terça-feira (07), das 10 horas ao meio-dia e contará com representantes do governo e lideranças do setor. As inscrições são gratuitas.

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Nesta terça-feira (07), das 10 horas ao meio-dia, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) promove o webinar AbagTalks – Agronegócio e Geopolítica: o papel do Brasil frente às novas regulamentações estrangeiras, para discutir oportunidades e desafios relacionados à Regulação Antidesmatamento da União Europeia e às mudanças recentes no cenário internacional. Inscrições gratuitas para o webinar, que terá participação do embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, entre outros convidados, podem ser feitas clicando aqui.

O webinar terá a participação do presidente da Abag, Caio Carvalho; da secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Renata Miranda; e de Marcelo Regunaga, coordenador-geral do Grupo de Países Produtores do Sul (GPS), rede formada por instituições particulares e especialistas no agronegócio de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O debate será mediado pelo vice-presidente da Abag, Ingo Ploger.

Durante o evento, Roberto Azevêdo vai tratar sobre a crescente interação entre comércio e desenvolvimento sustentável e seus efeitos para o Brasil, enquanto Renata Miranda aborda a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP-29), evento que será realizado em novembro, no Azerbaijão, como oportunidade para o país se posicionar frente às novas determinações das metas e compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa (NDCs) assumidos por países signatários do Acordo de Paris. E Marcelo Regunaga vai trazer a visão do GPS sobre a legislação europeia.

Fonte: Assessoria Abag
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