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Campos Rupestres abrigam bactérias benéficas capazes de capturar e disponibilizar fósforo para plantas

Descoberta abre caminhos para desenvolvimento de novas biotecnologias agrícolas mais sustentáveis baseadas na biodiversidade brasileira.

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Situados na região central do Brasil, os Campos Rupestres são considerados um hotspot da biodiversidade porque concentram muitas espécies de ocorrência única - Foto: Rafael Souza/GCCRC

Pesquisadores encontraram, nos Campos Rupestres – um hotspot de biodiversidade no Brasil – uma diversidade inédita de microrganismos altamente especializados em capturar e reciclar o fósforo disponível no solo. A descoberta abre caminhos para o desenvolvimento de novas soluções biotecnológicas agrícolas visando aumentar a absorção de fósforo por cultivares agrícolas e, simultaneamente, reduzir o uso de fertilizantes químicos.

A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira (19) no ISME Journal pelos pesquisadores do Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela Embrapa e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Os Campos Rupestres estão situados na região central do Brasil. São considerados um hotspot da biodiversidade porque concentram muitas espécies de ocorrência única nessa região e que atualmente estão ameaçadas por atividades de mineração e pecuária. “O solo desse ecossistema é extremamente pobre em fósforo e muito ácido, em razão das condições geológicas. Apesar disso, esse ecossistema abriga quase 15% da diversidade vegetal brasileira, e isso nos intrigou muito, já que aparentemente trata-se de um ambiente hostil para o desenvolvimento de plantas”, explica Isabel Gerhardt, pesquisadora da Embrapa Agricultura Digital e do GCCRC e uma das autoras do estudo.

“Já se estudou muito sobre a fisiologia dessas plantas com o objetivo de entender como elas crescem nesse ecossistema, mas pela perspectiva de nutrição associada com os microrganismos é a primeira vez”, diz Antônio Camargo, primeiro autor do estudo desenvolvido durante seu doutorado no GCCRC com bolsa Fapesp.

Os nutrientes do solo nem sempre estão em uma forma que as plantas conseguem absorver, mas os microrganismos são capazes de tornar esses nutrientes solúveis para a absorção pelas plantas. Um exemplo é a micorriza, um grupo de fungos que se estabelece na raiz e ajuda a planta a absorver nutrientes do solo e o Bradyrizobium, uma bactéria que ajuda a planta a absorver nitrogênio.

No caso do fósforo, já se sabe que sua absorção é intermediada por microrganismos. O diferencial do estudo do GCCRC foi encontrar grande diversidade e abundância de bactérias altamente eficientes em disponibilizar fósforo para a planta em um ambiente onde esse elemento está pouco disponível. “Nós encontramos muitas famílias de bactérias associadas ao fósforo com cerca de 25% mais de genes de solubilização do nutriente do que as até então catalogadas”, explica Camargo.

Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores estudaram duas plantas da família Velloziacea que são típicas dos Campos Rupestres. Uma delas cresce no solo e a outra na rocha. Eles então coletaram amostras das plantas, do solo e das rochas para analisar os microrganismos presentes ali. Todo material genético foi sequenciado e comparado com bancos públicos de genomas microbianos.

Ao todo foram identificados 522 genomas, metade dos quais era nova para ciência. O estudo adicionou 21 novas famílias de bactérias. Alguns filos pouco estudados estão significativamente expandidos, como são os casos dos filos Eremiobacterota e Acidobacteria. Ao comparar os genomas das bactérias das plantas que cresceram em rocha e no solo, os pesquisadores constataram que se trata de comunidades bem diferentes, contudo, compartilham sobreposições de espécies. “O mais interessante é que as bactérias associadas ao fósforo tendem a ser compartilhadas entre as duas plantas e são muito abundantes”, complementa o Camargo.

Outro aspecto analisado pelo grupo foi entender se o elevado número de genes relacionados à solubilização de fósforo das bactérias dos Campos Rupestres era característica geral das famílias ali descritas ou não. Para isso, os cientistas compararam a frequência destes genes com as bactérias evolutivamente relacionadas, mas encontradas em outros lugares. “Descobrimos que as bactérias dos Campos Rupestres de fato tendem a ter mais genes de solubilização de fósforo”, explicou Camargo.

Nesta busca por este nutriente raro no ambiente, as plantas também fazem sua parte. Os pesquisadores mostraram que elas secretam em suas raízes soluções que atraem as bactérias. “As plantas recrutam microrganismos que solubilizam fósforo secretando em suas raízes compostos orgânicos como aminoácidos e ácidos orgânicos que recrutam os microrganismos”, explicam os autores.

“Estes resultados nos mostram que os Campos Rupestres abrigam um repertório genético enorme e ainda pouco conhecido pela ciência. Toda essa informação pode gerar ativos tecnológicos valiosos em um modelo de bioeconomia”, complementa Gerhardt. “Essa é mais uma razão para buscarmos o uso sustentável dessas áreas e a preservação da biodiversidade ali existente”, finaliza a pesquisadora.

Soluções biotecnológicas sustentáveis

Uma das expectativas de desdobramento do estudo publicado é ajudar a selecionar bactérias solubilizadoras de fósforo para embasar novas tecnologias de biofertilizantes agrícolas. O fósforo é um dos três macronutrientes mais utilizados na adubação de lavouras no Brasil e com menores índices de aproveitamento pelas culturas agrícolas nos solos tropicais brasileiros. Cerca de 55% dos fertilizantes fosfatados são importados, sobretudo das minas do Marrocos, mas também da Rússia, Egito, China e EUA (saiba mais aqui).

Hoje para o produtor manter as altas produtividades no campo é preciso adicionar fertilizantes fosfatados, o que provoca impactos econômicos e ambientais. “Vemos nesta nova descoberta a possibilidade de desenvolver um bioproduto para enfrentar pelo menos três questões importantes para o país. A primeira é a redução da dependência externa de suprimento deste fertilizante, que mostrou sua vulnerabilidade com a guerra da Ucrânia. Segundo aspecto é o fato de o fósforo ser um recurso mineral não renovável que está se esgotando. Por fim, o terceiro ponto é a emissão de gases de efeito estufa. Para cada quilo de fertilizante fosfato é emitido um quilo de gases de efeito estufa” pontua Rafael Souza, pesquisador associado do GCCRC e um dos autores do artigo. Souza é cofundador da Symbiomics, startup brasileira de biotecnologia focada no desenvolvimento de biológicos de nova geração.

Inspirações para o uso de biofertilizantes já existem. Hoje, 80% da área plantada de soja no país faz uso de biofertilizantes. Isto representa uma economia de aproximadamente US$ 10 bilhões em fertilizante nitrogenado. “Esse trabalho mostra que aqui no Brasil podemos utilizar a biodiversidade para encontrar soluções mais sustentáveis para a produção de alimentos”, finaliza Souza.

Sobre o GCCRC

O Centro de Pesquisa Genômica para Mudanças Climáticas (GCCRC) é um centro de pesquisa conjunto Embrapa/Unicamp, cuja missão principal é a criação de ativos biotecnológicos por meio da genômica aplicada à adaptação de cultivos aos estresses associados às mudanças climáticas. O GCCRC construiu e expandiu a Unidade Mista de Pesquisa em Genômica Aplicada à Mudança Climática (UMiP GenClima), uma iniciativa entre Embrapa e Unicamp estabelecida em 2012. O centro reuniu cientistas em um laboratório de ponta financiado pela Fapesp por meio do programa Centros de Investigação em Engenharia (ERC) e do Programa de Apoio Microbioma, financiado pelo programa de investigação e inovação Horizon 2020 da União Europeia.

Fonte: Ascom Embrapa Agricultura Digital

Notícias Após oito anos

UFSM retoma tradicional Simpósio de Sanidade Avícola

Evento será realizado de forma on-line, entre os dias 05 e 07 de junho, permitindo a participação de estudantes e profissionais de diversas regiões do país.

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Foto: Julio Bittencourt

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está em clima de celebração com o retorno do Simpósio de Sanidade Avícola, que volta a acontecer após um hiato de oito anos. Este evento, anteriormente coordenado pela professora doutora Maristela Lovato Flores, teve sua última edição em 2016 e agora ressurge graças aos esforços do Grupo de Estudos em Avicultura e Sanidade Avícola da UFSM (Geasa/UFSM). O Jornal O Presente Rural será parceiro de mídia da edição 2024 do evento.

Sob a nova liderança dos professores doutores Helton Fernandes dos Santos e Paulo Dilkin, o evento chega a 11ª edição e promete manter o alto padrão técnico-científico que sempre marcou suas edições anteriores. “Estamos imensamente satisfeitos e felizes em anunciar o retorno deste evento tão importante para a comunidade avícola”, declararam os coordenadores.

O Simpósio está marcado para os dias 05, 06 e 07 de junho e será realizado de forma on-line, permitindo a participação de estudantes e profissionais de diversas regiões do país. “Com um programa cuidadosamente planejado ao longo dos últimos meses, o evento pretende aprofundar os conhecimentos sobre sanidade avícola, abrangendo temas atuais e pertinentes à Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia”, evidenciou o presidente do Geasa/UFSM, Matheus Pupp de Araujo Rosa.

Entre as novidades deste ano, destaca-se o caráter beneficente do evento. Em solidariedade às vítimas das recentes enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, 50% do valor arrecadado com as inscrições será doado para ajudar aqueles que foram afetados por essa adversidade.

Os organizadores também garantem a presença de palestrantes de renome, que irão abordar as principais pautas relacionadas à sanidade nos diversos setores da avicultura. “Estamos empenhados em proporcionar um evento de alta qualidade, que contribua significativamente para o desenvolvimento profissional dos participantes”, afirmaram.

Em breve, mais detalhes sobre os palestrantes, temas específicos e informações sobre inscrições serão divulgados. Para acompanhar todas as atualizações, você pode também seguir  o perfil oficial do Geasa/UFSM pelo Instagram. “O Simpósio de Sanidade Avícola é uma excelente oportunidade para a comunidade acadêmica e profissional se reunir, trocar conhecimentos e contribuir para o avanço da avicultura, enquanto também apoia uma causa social de grande relevância”, ressalta Matheus.

Fonte: O Presente Rural
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Carne de frango ganha competitividade frente a concorrentes

No caso da carne suína, as cotações iniciaram maio em alta, impulsionadas pela oferta mais “enxuta” e pelo típico aquecimento da procura em começo de mês. Quanto ao mercado de boi, apesar dos valores da arroba seguirem pressionados, as exportações intensas de carne podem ajudar a limitar a disponibilidade interna e, consequentemente, a sustentar os valores da proteína no atacado.

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Foto: Shutterstock

Enquanto a carne de frango registra pequena desvalorização em maio, frente ao mês anterior, as concorrentes apresentam altas nos preços – todas negociadas no atacado da Grande São Paulo.

Como resultado, pesquisas do Cepea mostram que a competitividade da proteína avícola tem crescido frente às concorrentes.

Para o frango, pesquisadores do Cepea explicam que a pressão sobre os valores vem da baixa demanda em grande parte da primeira quinzena de maio (com exceção da semana do Dia das Mães), o que levou agentes atacadistas a baixarem os preços no intuito de evitar aumento de estoques.

No caso da carne suína, levantamento do Cepea aponta que as cotações iniciaram maio alta, impulsionadas pela oferta mais “enxuta” e pelo típico aquecimento da procura em começo de mês.

Quanto ao mercado de boi, apesar dos valores da arroba seguirem pressionados na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, as exportações intensas de carne podem ajudar a limitar a disponibilidade interna e, consequentemente, a sustentar os valores da proteína no atacado.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Notícias Em apoio ao Rio Grande do Sul

Adapar aceita que agroindústrias gaúchas comercializem no Paraná

Medida é válida para agroindústrias do Rio Grande do Sul com selo de inspeção municipal ou estadual e tem validade de 90 dias. A Adapar enviou uma declaração expressa ao Ministério alinhada a essa autorização, e vai disponibilizar no site oficial uma lista dos estabelecimentos aptos a vender esses produtos.

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Foto: Mauricio Tonetto/Secom RS

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) vai aceitar que agroindústrias gaúchas com selo de inspeção municipal ou estadual vendam seus produtos em território paranaense.

A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou na última quarta-feira (15) a Portaria Nº 1.114, permitindo temporariamente a comercialização interestadual de produtos de origem animal do Rio Grande do Sul, em caráter excepcional.

A Adapar enviou uma declaração expressa ao Ministério alinhada a essa autorização, e vai disponibilizar no site oficial uma lista dos estabelecimentos aptos a vender esses produtos, garantindo a segurança e a qualidade alimentar para os consumidores.

A decisão atende a uma solicitação da Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios (AGL) pela flexibilização das regulamentações vigentes, com o objetivo de garantir a continuidade da venda dos produtos de origem animal produzidos em território gaúcho, tendo em vista o impacto das enchentes para os produtores rurais.

O assunto foi debatido em uma reunião online realizada na terça-feira (14) entre os órgãos e entidades de defesa agropecuária do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e o Mapa.

“Essa medida representará um alívio significativo para as pequenas empresas, com o escoamento de produtos que poderão ser revendidos nos estabelecimentos distribuídos por diversos estados brasileiros”, explica o diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins. As autorizações dispostas na Portaria do Ministério são válidas pelo prazo de 90 dias.

Para a gerente de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Adapar, Mariza Koloda, a iniciativa representa um importante passo na busca por soluções ágeis e eficazes para enfrentar os desafios impostos pelo cenário de crise no Rio Grande do Sul.

“A cooperação entre os órgãos de defesa agropecuária e o Ministério demonstra o compromisso em atender às necessidades dos produtores e consumidores, ao mesmo tempo em que se mantém a integridade e segurança dos alimentos comercializados em todo o País”, diz.

Segundo a AGL, a grande maioria das agroindústrias familiares depende de feiras, restaurantes, empórios, hotéis, vendas digitais para consumidor direto ou de compras institucionais pelo Poder Público. O impacto das chuvas prejudicou a comercialização das agroindústrias em todas as regiões, com produtores que perderam animais, lavouras e instalações.

Fonte: AEN-PR
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