Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas Airton Spies avalia

Cadeia do leite precisa fazer o que fizeram as cadeias de aves e suínos

Consultor acredita que nova era do leite vai eliminar muitos produtores, mas profissionalizar os que ficam e atingir o mercado externo

Publicado em

em

Arquivo/OP Rural

Nos anos 1980 Santa Catarina tinha cerca de 26 mil produtores de suínos. Hoje conta com cerca de 10 mil, mas produz quatro vezes mais. A indústria se profissionalizou, dividiu a produção em fases, ganhou eficiência, lucratividade, conquistou o mundo, mas só em Santa Catarina penalizou 16 mil propriedades rurais que não seguiram a profissionalização do setor. Assim vai acontecer com a cadeia do leite. Nos próximos anos, milhares de famílias rurais em todo o país vão deixar a atividade. Quem ficar, terá pela frente um caminho de mudanças desde a forma de produzir até na hora de receber o dinheiro. O preço do litro pouco vai importar. Haverá produtor de leite sem sala de ordenha, ou aquele que sequer tem uma vaca.

Quem explica melhor é o consultor Airton Spies, que foi secretário de Agricultura de Santa Catarina por nove anos e fez seu doutorado na Nova Zelândia, referência mundial na produção leiteira e que hoje responde por 45% das exportações mundiais dessa proteína. Spies falou a produtores de leite da cooperativa Copagril durante Seminário Anual, que aconteceu em maio, em Marechal Cândido Rondon, PR. Para ele, a nova era é de mais qualidade e abertura do mercado externo para o leite brasileiro. “No Brasil hoje o leite ainda lembra a suinocultura da década de 1980 no Sul”, sustenta.

“O leite está cheio de bons problemas, que são aqueles que têm solução. Já fizemos essa profissionalização com aves, boi, suínos, cana-de-açúcar, mas a cadeia do leite ainda está acanhada, tem muito dever de casa para fazer. No entanto, temos ótimas perspectivas. Uma verdadeira revolução está acontecendo na cadeia do leite. Queremos que o leite do Brasil possa bater as portas do mercado internacional. Para isso, precisamos produzir com qualidade, sustentabilidade e credibilidade do ponto de vista sanitário”, introduziu o consultor, que fez um paralelo entre a produção brasileira e neozelandesa.

O pequeno país da Oceania está em linha reta com a região Sul do Brasil e tem as mesmas características, por exemplo, de clima e regime de chuvas. Os três estados do Sul representam 40% da produção leiteira do Brasil. De acordo com Spies, até 2025 Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná serão responsáveis por 50% da produção nacional. De acordo com ele, há muito o que aprender com modelos como da União Europeia, Austrália e Nova Zelândia, país que exporta 94% de toda sua produção. “São os concorrentes que vamos encontrar no mercado internacional”, justifica.

“A Nova Zelândia tem um leite a custo baixo, qualidade alta e logística para vender a produção para o mundo inteiro. Eles exportam 94% dos 22 bilhões de litros produzidos. De cada 100 litros de leite exportados no mundo, a nova Zelândia é responsável por 45”, cita. É mais, por exemplo, do que toda a União Europeia (30% das exportações mundiais de lácteos).

Desafios do Brasil

Hoje o Brasil produz 35 bilhões de litros de leite, mas praticamente não exporta. No ano passado, de acordo com ele, o país exportou 1% de toda sua produção, mas importou 3% do leite consumido. Ou seja, ainda é importador. Como o crescimento da produção é maior do que o do consumo, avalia, a tendência é que em pouco tempo o Brasil tenha que vender o “excedente” no mercado internacional. “Em breve teremos que exportar. E para ser competitivo nesse mercado precisa leite de alta qualidade, a custo baixo, em pequenas propriedades, à base de pasto, em cadeias produtivas organizadas e eficientes, como a do frango e a do suíno, respeitando o meio ambiente e o bem-estar animal. A lógica do modelo da Nova Zelândia é produção a base de pasto, porém usando todo insumo que der lucro (ração, aditivos, solo, clima, planta, animal, mercado).

Naquele país, citou, a produção é subdividida. Há fazendas só para bezerras, outras só com vacas em lactação e até produtor que não tem vaca nem terra, mas trabalha cobrindo férias dos fazendeiros. A organização com a indústria foi fundamental, citou Spies, para que a Nova Zelândia chegasse a esse nível de profissionalização. “Temos que fazer isso no Brasil, ter contratos bem definidos com as especificidades de ambas as partes (indústria e produtores)”, defende.

Menos e maiores produtores

Para Spies, uma tendência é no Brasil a pecuária leiteira ter menos e maiores produtores. “Muitos vão deixar a atividade, mas vai surgir emprego em outras áreas afins, como aconteceu com a suinocultura. Hoje o Brasil tem 1,2 milhão de produtores de leite, segundo o IBGE, mas são cerca de 650 mil que entregam para a indústria. A pergunta é: Quantos sobrarão? Produtor de leite que ficar parado está andando pra trás”, aponta. “Quais as lições que veem de lá (Nova Zelândia): ênfase no pasto, escala e tecnologia. Vamos ter que aumentar escala. O que temos hoje vai mudar, vai haver uma reorganização de produtores e da indústria, teremos uma cadeia mais produtiva e eficiente”, aposta.

Os números mostram que a cadeia subdividida do leite na Nova Zelândia é muito mais eficiente que a brasileira, a começar pelo teor de sólidos no leite, que, segundo Spies, é o novo modo com o qual o produtor vai receber pelo leite. Quanto mais sólidos, melhor é o preço pago. De acordo com ele, o teor de sólidos (soma da gordura e proteína) do país da Oceania é 31% maior que no Brasil (8,9% contra 6,8%). “Leite precisa ser visto como matéria-prima para centenas de produtos industrializados. Portanto, pagamento por sólidos e por qualidade é essencial. Preço por litro um dia vai ser coisa do passado”, aposta.

Ainda, mencionou, enquanto a produção média de uma vaca na Nova Zelândia é de 4.489 litros por ano, no Brasil é de 2.050. No Paraná, chega a 3 mil litros/vaca/ano. O rebanho é de 11,6 milhões, com 4,99 milhões em lactação. O número médio de animais por propriedade é de 431. As fazendas têm em média 151 hectares e empregam uma pessoa para cada 147 vacas em lactação.

Um ponto mencionado como importante naquele país, citou Sipes, é que 27% dos produtores trabalham em parceria. Enquanto uns ficam responsáveis por uma fase, como a ordenha, outros trabalham com as vacas secas. É esse modelo, em sua opinião, o futuro da cadeia de leite no Brasil.

Papel do Sul

Spies demonstrou que a produção mundial e o consumo estão aumentando ao longo dos anos, com melhores perspectivas para os próximos anos, com a ascensão de países como China, Índia e as 55 nações do continente africano. Juntas, essas nações representam 3,75 bilhões de pessoas.  “O consumo mundial passou de 106 litros em 2010 pra 117 litros em 2018”, exemplifica.

Essa produção deve ser maior no Sul do país, onde a indústria trabalha com capacidade ociosa. “Em 2025 o Sul estará produzindo a metade do leite do Brasil. Hoje já é 40%, mas a população representa 15% do consumo. No Sul já temos capacidade ociosa. Em Santa Catarina temos capacidade industrial de 12 milhões de litros e produzimos 8,5 milhões de litros. A indústria está na frente, e o desenvolvimento da cadeia leiteira deve ocorrer mais fortemente no Sul. “O Sul será a nova meca para exportação de leite no Brasil”, sugere o consultor.

Sipes é coordenador da Aliança Láctea Sul Brasileira, órgão criado pelos três governos do Sul pra resolver problemas do leite com vistas a aproveitar as oportunidades através de ações conjuntas.

Qualidade do pasto à indústria

Para Spies, um dos principais deveres de casa é melhorar a qualidade da pastagem. “Sabemos bem tratar a lavoura de soja e milho, e o pasto? Temos dado o mesmo tratamento? Temos que chegar à agricultura de precisão também na produção de pastagem, aplicar os princípios agronômicos para otimizar a produção de pasto. É preciso produzir muita biomassa, mas ainda precisa converter, para isso usamos a genética, queremos máquinas (vacas) que convertem melhor a nossa biomassa”, garante. “No Brasil estamos bastante acostumados (ainda) com padrões da raça. A Nova Zelândia mostrou que a melhor vaca é aquela que mais converte pasto em leite e dinheiro. Hoje ainda somos pagos por litro de leite. Esqueça isso, no futuro não vai ser assim. A água do leite só serve pra fazer leite longa vida, mas para a indústria é ‘problema’. A indústria vai pagar por qualidade (Contagem de Células Somáticas – CCS – e Contagem Bacteriana Total – CBT) e por sólidos para exportar queijo, manteiga e leite em pó. Esse é o futuro”, expõe.

Um dos destaques, que segundo Spies garante maior eficiência na CBT, é resfriar o leite o mais rápido possível. Na Nova Zelândia, expôs, eles utilizam um pré-resfiador, que permite gelar o leite a 4º C praticamente quando a ordenha é finalizada. “A qualidade depende muito do frio eficiente. O segredo deles é o pré-resfriador. O leite chega a 4 graus praticamente quando acaba de ordenhar. As bactérias não têm chances com o frio. Hoje no brasil leva de três a quatro horas para chegar a 4 graus. E logo que chega vem o leite da outra ordenha. Para ter qualidade só tem um jeito, o frio tem que ser eficiente”, garante. “Toda vaca saudável dá leite bom, nós que estragamos depois que sai do ubre. A única forma de conservar é o frio”, reforça.

Dever de casa

O consultor cita cinco pontos para a cadeia do leite perseguir como dever de casa a ser feito. “1 – qualidade: aumenta o teor de sólidos e reduzir CBT e CCS, melhorar a refrigeração do leite e sanear brucelose, tuberculose e febre aftosa sem vacinação. 2 – custos: aumentar a escala de produção, com segmentação, alimentação e genética. 3 – organização setorial: formalização das relações entre os elos da cadeia, rotas de coleta e parceria entre produtores. 4 – infraestrutura: estradas para 4 eixos, energia trifásica e internet. E 5 – equilíbrio: eliminar assimetrias tributárias (estados e países)”.

Para cumprir o dever de casa, cita, é preciso “fodo, pesquisa e assistência técnica especializada e defesa agropecuária robusta”. Para Spies, o futuro é ganhar com o uso da terra, a produtividade dos animais e a produtividade da mão de obra, usando a estruturas e logística certas.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Embrapa propõe políticas para reaproveitamento de pastagens degradadas

Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção. de energia.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares (ha) de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção de energia. O volume de hectares equivale ao tamanho do estado do Rio Grande do Sul.

O cerrado é o bioma com o maior número de áreas em degradação. Os estados com as  maiores áreas são o Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

Para ter uma ideia das possibilidades de reaproveitamento, se toda essas áreas fossem usadas para o cultivo de grãos (arros, feijão, milho, trigo, soja e algodão) haveria uma aumento de 35% a área total plantada no Brasil (comparação com a safra 2002/2023).

A extensão do problema e as diferentes possibilidades de reaproveitamento econômico dessas áreas fizeram o governo federal a criar no final do ano passado o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (Decreto nº 11.815/2023).

Para implantar o programa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, publicou em um livro mais de 30 sugestões de políticas públicas, que o país tem experiência e tecnologia desenvolvida para implantação.

Planejamento 
Apesar da expertise acumulada, a efetivação é um desafio. Cada área a ser recuperada exige estudo local. O planejamento das ações “deve levar em consideração informações sobre o ambiente biofísico, a infraestrutura, o meio ambiente e questões socioeconômicas. Além disso, é preciso avaliar o histórico de evolução pecuária no local e entender quais fatores condicionam a adoção dos sistemas vigentes”, descreve o livro publicado pela estatal.

A partir do planejamento, é necessário criar condições para o reaproveitamento das áreas: crédito, capacitação dos produtores e assistência. “É preciso integrar políticas públicas, fazer com que os produtores rurais tenham acesso ao crédito, ampliar o serviço de educação no campo, e dar assistência técnica e extensão rural para a estruturação de projetos e para haja um trabalho contínuo e não uma coisa pontual”, assinala o engenheiro agrônomo Eduardo Matos, superintendente de Estratégia da Embrapa.

Nesta sexta-feira (26), a empresa faz 51 anos de funcionamento. A cerimônia de comemoração, nesta quinta-feira (25), contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um exemplar do livro foi entregue à comitiva presidencial.

No total, as áreas de pastagem ocupam 160 milhões de hectares, sendo aproximadamente 50 milhões de hectares formados por pasto natural e o restante pasto plantado. A área de produção de grãos totaliza 78,5 milhões de hectares, e as florestas plantadas para uso econômico ocupam uma área aproximada de 10 milhões de hectares.

De acordo com o IBGE, a atividade agropecuária ocupa mais de 15 milhões de pessoas no Brasil. Um terço desses empregos são na pecuária bovina (4,7 milhões). O país é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador (11 milhões de toneladas).

Fonte: Agência Brasil
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Rentabilidade ao produtor de leite melhora impulsionada pela redução dos custos de produção e pela sazonalidade da oferta

Mercado de leite enfrenta um cenário desafiador, marcado por incertezas, queda na oferta interna e nos preços ao consumidor.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mercado nacional e global de leite ainda segue sob grandes incertezas. Na área internacional, os preços perderam um pouco o ritmo de elevação, influenciado principalmente, por uma menor demanda chinesa. Além disso, o gigante asiático vem estimulando a produção interna substituindo parte da importação.

O leite em pó integral fechou em US$3.269/tonelada no leilão GDT do dia 16 de abril. No mesmo mês em 2023 este preço estava no patamar de US$ 3.100/tonelada. Na Argentina, a oferta de leite segue complicada por uma piora na rentabilidade nas fazendas. Nos dois primeiros meses do ano, a produção de leite da Argentina caiu 13,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Foto: Ari Dias

Já no mercado interno, as cotações de leite e derivados vêm reagindo, mas o cenário de menor competitividade em preços e queda de braço com as importações permanece. No primeiro trimestre de 2024, as importações brasileiras totalizaram 560 milhões de litros, com alta de 10,8% em relação a 2023. O diferencial de preços, tanto do leite em pó quanto do queijo muçarela, está mais favorável ao derivado importado.

Enquanto isso, governos estaduais tem se manifestado com medidas tributárias e fiscais para tentar reduzir a entrada de derivados lácteos oriundos do exterior. Vale lembrar que em 2023 as importações responderam por 9% da produção doméstica e um recuo nesse volume tende a deixar a oferta mais restrita, sustentando os preços internos. Mas também irá exigir uma resposta mais rápida da produção interna, suprindo a demanda brasileira.

Sazonalidade da produção de leite

A sazonalidade da produção de leite no Brasil é bastante pronunciada, mesmo considerando o crescimento dos sistemas de produção de maior adoção de tecnologias. Os meses de abril, maio e junho são aqueles de menor produção de leite e isso acaba refletindo nos preços neste momento. Os mercados de leite UHT e queijo muçarela tem registrado valorizações, ainda que modestas.

O preço ao produtor também vem registrando elevação, pelo quarto mês consecutivo.

Do ponto de vista macroeconômico, os indicadores de crescimento do PIB vêm melhorando, com perspectivas de expansão próxima de 2% em 2024. No comércio, as vendas dos supermercados seguem positivas, com expansão de 4,7% nos últimos 12 meses, enquanto a média do comércio em geral mostrou elevação de apenas 1,7%. Os indicadores do mercado de trabalho têm registrado crescimento importante. Em janeiro o salário real médio do brasileiro cresceu 4% sobre janeiro de 2023. O número de pessoas ocupadas também aumentou.

Foto: Fernando Dias

O preço dos lácteos ao consumidor, por outro lado, recuaram 2,8% nos últimos doze meses. No caso do UHT, a queda foi de 5,6%, o que acaba ajudando nas vendas. Neste mesmo período a inflação brasileira foi de 3,9%. Ou seja, os lácteos vêm contribuindo para redução da inflação brasileira neste momento.

Custo de produção

Na atividade de produção de leite, as informações de custo de produção têm mostrado um cenário mais positivo. Os preços de importantes insumos recuaram, contribuindo com queda no ICPLeite-Embrapa que, nos últimos 12 meses finalizados em março de 2024, apresentou recuo de 5,58%.

O farelo de soja recuou de 23% em relação a abril de 2023, ficando abaixo de R$2 mil/tonelada. No caso do milho, a queda foi também importante, com o cereal recuando 18,5% na comparação anual. Portanto, a combinação de recuo nos custos de produção com elevação no preço do leite vai sinalizando um ambiente de recuperação de rentabilidade para o produtor de leite, após um cenário difícil observado no segundo semestre de 2023.

Cadeia produtiva do leite

De todo modo, é importante avançar em uma agenda de competitividade da cadeia produtiva do leite, sobretudo com foco em melhorias na eficiência média das fazendas e na gestão. Tem sido observado uma heterogeneidade muito grande nos custos de produção de leite, em alguns casos com diferenças de até R$ 0,80 por litro. A importação traz perdas econômicas relevantes para o setor lácteo no Brasil, mas buscar cotações mais alinhadas ao cenário global é uma forma de reduzir estruturalmente as compras externas. Para isso a competitividade em custos é determinante. O momento ainda é de bastante incerteza, inclusive global. Internamente, a entressafra pode dar um fôlego para a alta recente dos preços de leite.

Fonte: Assessoria Centro de Inteligência do Leite
Continue Lendo
CBNA – Cong. Tec.

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.