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Bovinos / Grãos / Máquinas

Baianos apostam na silagem de capim para reduzir prejuízos com estiagem

A ensilagem de gramíneas forrageiras aparece como interessante opção de conservação de volumosos suplementares para bovinos

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Artigo escrito por Professor Dr. Danilo Gusmão, engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia pela Unesp Jaboticabal, pós-doutor em Forragens pela Universidade da Flórida, professor de Agronomia da Uneb – Barreiras; e Professor Dr. Guilherme Vieira, médico veterinário, doutor em História das Ciências, professor dos cursos de Veterinária da Unifacs e Unime, coordenador da Qualyagro- Farmácia na Fazenda e colunista de O Presente Rural

O efeito da seca que ocorre na maior parte do Brasil central pecuário sobre as pastagens constitui-se em um dos principais fatores responsáveis pelos baixos índices zootécnicos da pecuária de corte e de leite no Brasil. Nesse sentido, a ensilagem de gramíneas forrageiras aparece como interessante opção de conservação de volumosos suplementares para bovinos. A ensilagem é um método de conservação de forragem em seu estado úmido por meio da fermentação realizada por bactérias formadoras de ácido lático, as quais promovem um abaixamento do pH, que inibe o crescimento de microrganismos indesejáveis por um longo período de tempo.

Nesse contexto, a utilização da silagem de capim é uma boa alternativa na produção de ruminantes em virtude da melhoria do nível nutricional dos animais e do baixo custo de produção. Depois do milho e o sorgo, os capins são os que apresentam melhores características para ensilar, em face de sua alta produtividade, elevado número de variedades, grande adaptabilidade, facilidade de cultivo, boa aceitabilidade pelos animais e bom valor nutritivo.

Consequentemente, a ensilagem do excedente da forragem do pasto, que se concentra na época chuvosa do ano, torna-se uma opção viável aos criadores, minimizando assim os custos com a manutenção do rebanho e um aproveitamento mais eficiente da área cultivada. Basicamente isso é possível com a aquisição de uma máquina própria para essa finalidade.

A silagem, quando bem feita, apresenta valor nutritivo semelhante ao da forragem verde. A ensilagem não melhora a qualidade das forragens, apenas conserva a qualidade original. Portanto, uma silagem feita a partir de uma pastagem bem manejada vai ser bem melhor que uma silagem feita com pasto “passado” ou mal cuidado.

Das gramíneas utilizadas para a produção de silagens, os capins braquiária, mombaça, tifton e andropógon destacam-se por sua alta produção de matéria seca e bom valor nutritivo. É fato bem conhecido que, com a maturação, as plantas, ainda que aumentem a produção de massa seca, têm o seu valor nutritivo reduzido. Gramíneas colhidas mais jovens apresentam maior valor nutricional, porém nesse estágio possuem alto teor de umidade. Plantas ensiladas com elevada umidade produzem uma grande quantidade de efluentes, que carreiam nutrientes altamente digestíveis, açúcares, ácidos orgânicos, diminuindo o valor nutritivo da silagem. Isso, associado ao alto poder tampão, pode resultar em uma silagem de baixa qualidade.

Tanto a composição nutricional quanto o valor nutritivo das silagens podem ser alterados através da adição de vários produtos no momento da ensilagem, influenciando o curso da fermentação e favorecendo a conservação das silagens. Vários produtos têm sido adicionados à forragem no momento da ensilagem. Os objetivos de sua utilização incluem a elevação do teor de matéria seca (%MS), fornecimento de carboidratos solúveis e a redução do poder tampão, melhoria do padrão fermentativo, incremento do valor energético ou proteico e aumento da estabilidade aeróbica da silagem durante a fase de utilização. É fundamental lembrar que a utilização de aditivos não elimina os cuidados normais para obtenção de boas silagens.

Objetivando difundir essa tecnologia, foi realizado em abril na Fazenda Madras, em Riachão das Neves (BA), o Dia de Campo sobre Silagem. O evento atraiu mais de 120 produtores, que apostam na silagem como a grande opção para alimentação do gado na seca. Foram muitas caravanas de vários municípios da região Oeste da Bahia e outras regiões do Brasil.

O professor Danilo Gusmão, coordenador do evento, destacou a importância dos parceiros estaduais e nacionais que apoiaram essa iniciativa e fez o lançamento oficial da plataforma de atendimento online aos criadores de gado chamado de Faça sua Silagem, disponível no site www.farmacianafazenda.com.br e desenvolvido conjuntamente com o professor Guilherme Vieira, da Qualyagro Consultoria e Treinamento. Segundo Gusmão, “o produtor não pode somente ficar se lamentando pela falta de chuvas, mas se perguntar: o que eu posso fazer para garantir a produção de forragem?”.

O evento teve um enfoque muito prático, porém preservando todo o embasamento científico. Foram três horas para os grupos de cerca de 30 produtores percorressem cinco estações, que mostraram desde o cultivo de plantas para produção de silagem e as técnicas envolvidas na ensilagem até o manejo pós-abertura do silo, os custos e a utilização do alimento pelos animais.

Na primeira estação técnica, os produtores visitaram o experimento de seleção de variedades e híbridos de sorgo mais adaptados à região Oeste da Bahia, monitorado pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e Embrapa. Além de conhecer as melhores genéticas experimentais e comerciais, os participantes puderam conhecer os principais pontos do cultivo para obtenção de altas produtividades, tais como o espaçamento, a adubação, o controle de plantas daninhas e o combate das principais pragas.

Na segunda e terceira estações, as máquinas para ensilagem foram destaques. O ponto de colheita, a regulagem das máquinas, o tamanho correto de partícula, o rendimento de colheita e a logística de operacionalização foram debatidos. Os produtores, além de observar na prática os mecanismos de regulagem das máquinas para colheita do sorgo, tiveram a oportunidade de conhecer uma máquina que também ensila o capim da pastagem, com a vantagem de não se precisar cultivar plantas anuais e estar compatível com o perfil tecnológico da maioria dos pecuaristas.

Na quarta estação, os produtores observaram todos os cuidados na ensilagem, como o carregamento do silo, compactação da forragem, uso de aditivos e inoculantes na ensilagem, vedação do silo e as etapas do processo fermentativo que conservam a forragem.

Por fim, na quinta estação, que abordou o descarregamento do silo e a utilização da silagem, os participantes aprenderam os cuidados pós-abertura, avaliaram a qualidade sensorial da silagem, calcularam o custo de produção e a estimativa da necessidade de silagem na fazenda conforme o tamanho do rebanho e viram exemplos de rações contendo silagem para gado de leite e de corte.

O resultado alcançado foi acima das expectativas. Os produtores avaliaram como excepcional a qualidade das apresentações e a demonstração de know-how. O sentido didático da execução das dinâmicas e o embasamento técnico-científico foram decisivos para obter tamanho grau de satisfação dos participantes.

Os organizadores esperam que as tecnologias difundidas no âmbito da conservação de forragem contribuam para reduzir os prejuízos da estiagem sobre a reprodução dos animais e desempenho do rebanho, gerando maior renda aos criadores.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Bovinos / Grãos / Máquinas

Apesar de cinco meses de aumento, preço ao produtor de leite segue abaixo de 2023

Com alta acumulada de 12,9% no primeiro trimestre de 2024, valor ainda está 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais.

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Foto: Ari Dias/AEN

O preço médio do leite captado em março foi de R$ 2,3290/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, 4,1% maior que o do mês anterior, mas 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março). Com esse resultado, o preço ao produtor acumula alta real de 12,9% neste primeiro trimestre. Porém, a média dos três primeiros meses deste ano está 21,7% inferior à igual intervalo de 2023.

Esta é a quinta alta mensal consecutiva no preço do leite pago ao produtor, e esse movimento é explicado pela redução da oferta no campo. A limitação da produção, por sua vez, ocorre devido ao clima adverso (seca e calor) e à retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea seguiu em queda – o recuo foi de 2,5% de fevereiro para março. No acumulado do primeiro trimestre, a captação diminuiu 7,5%. Esse contexto reforça a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A valorização do leite cru, contudo, não foi repassada na mesma intensidade para o preço dos derivados lácteos. Segundo pesquisas do Cepea, as cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do estado de São Paulo subiram 3,9% e 0,3% em março, respectivamente. Agentes de mercado relatam consumo ainda sensível na ponta final da cadeia, de modo que os canais de distribuição pressionam a indústria por valores mais baixos.

Ainda assim, a média dos lácteos no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano passado registra queda menor que a verificada para o preço pago ao produtor. De janeiro a março, a baixa real nos valores do UHT e também da muçarela foi de 10,4%.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para agentes do mercado. Embora as compras externas de lácteos estejam em queda, o volume internalizado neste ano ainda supera o do ano passado. Dados da Secex apontam que, em março, as importações caíram 3,3% frente a fevereiro. Porém, essa quantidade ainda é 14,4% maior que a do mesmo período do ano passado. Considerando-se o primeiro trimestre do ano, as aquisições somaram quase 577,5 milhões de litros em equivalente leite, 10,4% acima do registrado nos três primeiros meses de 2023.

Nesse contexto, a expectativa de agentes de mercado é que o ritmo de valorização do leite ao produtor perca força em abril.

Gráfico 1 – Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de março/2024). Fonte: Cepea-Esalq/USP.

 

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Efeito do uso de levedura viva probiótica na eficiência alimentar de bovinos leiteiros

Consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes, as leveduras vivas probióticas promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta.

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Foto: Shutterstock

O uso de microrganismos vivos fornecidos diretamente como aditivo probiótico para bovinos tem aumentado significativamente nos últimos anos. Um desses exemplos é o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae, responsável pela melhoria no desempenho e na eficiência alimentar de bovinos.

Para vacas em lactação, por exemplo, o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae melhora o desempenho em todas as etapas de produção. Uma meta-análise realizada em 2010 envolvendo 14 experimentos e um total de 1.600 vacas leiteiras mostrou que o uso da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 melhorou significativamente a eficiência alimentar (+3% em kg de Leite Corrigido para Gordura/kg de Matéria Seca Ingerida) para vacas em início e no final da lactação (Figura 1).

Figura 1: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 na eficiência alimentar de vacas em lactação. (LCG = Leite Corrigido para Gordura; MSI = Matéria Seca Ingerida).

Esses ganhos obtidos em aumento da produtividade ou eficiência alimentar podem ser explicados pela capacidade que a levedura viva tem em modificar o ambiente ruminal. Uma vez presente no rúmen, a levedura viva interage com a população microbiana (bactérias, fungos e protozoários) e os nutrientes (fibra, amido e proteína) em um ambiente anaeróbico e essas interações promovem maior estabilidade do pH ruminal (reduzindo o risco de acidose subaguda), estímulo ao desenvolvimento de bactérias fibrolíticas e aumento da digestibilidade da fibra.

Exemplo dessas modificações do ambiente ruminal foram observados em um trabalho conduzido ainda em 2007. Esse experimento mostrou que vacas suplementadas com a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 apresentaram aumento do pH ruminal (Figura 2). A análise de dados da literatura mostra que esse aumento do pH ocorre porque a levedura viva estimula o crescimento das espécies de bactérias utilizadores do ácido lático ruminal, principalmente Megasphaera elsdenii e Selenomonas ruminantium.

Figura 2: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento do pH ruminal.

Além de promover melhora no pH ruminal, o uso da levedura viva também apresenta efeitos positivos na digestibilidade da fibra. Outro estudo mostrou que a levedura viva probiótica aumentou em 4% a digestibilidade da fibra em relação ao tratamento controle (Figura 3). Esses autores observaram também melhora na eficiência alimentar para os animais tratados com a levedura viva.

Figura 3: Efeito da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 no aumento da digestibilidade da fibra.

A digestibilidade da fibra é item primordial para maximizar o retorno sobre os custos com alimentação. Desafios ambientais (tais como estresse térmico) comprometem a função ruminal e, consequentemente, aumentam a concentração de nutrientes nas fezes. A suplementação com leveduras tem demonstrado efeitos positivos para a colonização de bactérias celulolíticas (tais como R. flavefaciens, por exemplo) e fungos, sugerindo um impacto particularmente marcante na quebra de ligações lignina-polissacarídeo e melhorando o aproveitamento dos nutrientes ingeridos.

Em conclusão, leveduras vivas são consideradas microrganismos benéficos em dietas para ruminantes porque promovem o crescimento da microbiota favorável do rúmen e estabilizam o pH ruminal. Diversos estudos mostram que a levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077 aumenta a digestibilidade da ração através de maior degradação da fibra (FDN do trato total), o que resulta em maior extração de nutrientes e energia da dieta. Os benefícios para os produtores são vários: redução do risco problemas metabólicos e maior retorno sobre o investimento com alimentação, pois o uso da levedura viva como aditivo probiótico melhora tanto a produção de leite quanto a eficiência alimentar.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: jmoro@lallemand.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Mateus Castilho Santos / Divulgação

Fonte: Por Mateus Castilho Santos, engenheiro agrônomo, mestre em Ciência Animal e Pastagens, PhD em Ciências Animais e Alimentares e gerente técnico da Lallemand Animal Nutrition para a América do Sul.
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Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

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Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
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