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Avicultura

Animais ABF e orgânicos são nova tendência

Consumidores estão mais preocupados com questões ambientais e procuram por alimentos que respeitam meio ambiente e bem-estar animal, mesmo pagando mais caro

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Mesmo com anos de discussão, os produtos orgânicos e a fabricação de produtos livres de antibióticos ainda gera muita dúvida e debates sobre como funciona a correta legislação e como esta nova tendência impacta o consumidor e a cadeia como um todo. Para falar sobre o assunto, durante a Conferência Facta, que aconteceu em maio, em Campinas, SP, foi feita uma mesa redonda para discutir “Antibióticos Free”. Participaram do painel o professor e pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), doutor Nilton Lincopan, o diretor comercial da Fazenda da Toca Orgânicos, Fernando Bicaletto, o consultor Leonardo Veja e a médica veterinária e representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Maria Cristina Bustamante.

Para explicar um pouco sobre o conceito das superbactérias que foram criadas a partir do uso descontrolado dos antibióticos, o professor doutor Lincopan iniciou o painel explanando sobre como pode ter ocorrido esta situação. De acordo com ele, desde 1969 já começam a surgir bactérias resistentes a antibióticos. Em 1985 surgem as primeiras superbactérias. “O que se notou foi a resistência ao antibiótico tanto na medicina humana quanto animal”, conta. Para ele, é possível que estejamos vivendo em uma era pós antibióticos. “Foi feito o uso exacerbado dos antibióticos, o que levou ao aumento da resistência e da emergência de superbactérias”, diz. Ele conta que em 2012 voltou a surgir nos jornais dúvidas de que poderiam estar de volta a era dos antibióticos, em que a população se perguntava se um microrganismo simples poderia matar.

Lincopan explica que a partir de 2015 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou no Brasil que nenhum paciente poderia mais adquirir nenhum antibiótico sem a prescrição médica. “Antes disso, qualquer pessoa poderia comprar qualquer medicamente sem a prescrição”, informa. Ele conta que a expectativa era que então a resistência às superbactérias diminuísse. “Mas não foi isso que aconteceu, na realidade piorou. Apareceram novas superbactérias com novos mecanismos de resistência”, conta. Definindo o que são superbactérias, o doutor explica que são bactérias que apresentam resistência a compostos antimicrobianos e podem ser divididas em bactérias multirresistentes e bactérias XDR. “Quando a bactéria fica super-resistente, ela fica resistente a vários antimicrobianos”, afirma.

O professor explica ainda como criar superbactérias na criação de animais. “Basta ter alta densidade de animais em um espaço reduzido; ter a presença de microbiotas nos animais de produção; e condições de higiene deficientes”, afirma. Ele informa que molecularmente como acontece em mecanismos de resistência, os microrganismos são tão versáteis que podem produzir enzimas que hidrolisam antibióticos. Lincopan esclarece que as superbactérias existem pelo uso excessivo de antibióticos também no agronegócio. “É importante e urgente desenvolvermos um programa de vigilância e resistência a essas bactérias. Além disso, ainda precisamos ter mais consciência sobre o uso racional dos antibióticos”, destaca.

Mercado Consumidor

O painel deu continuidade com o diretor comercial da Fazenda da Toca Orgânicos Fernando Bicaletto. Ele explicou que atualmente o consumidor tem uma grande preocupação em adquirir produtos que façam bem para ele, mas também para o planeta. “É uma tendência que está se consolidando”, afirma. Para o diretor, o setor está focado em criar um novo paradigma que equilibre a questão econômica, social e ambiental.

Bicaletto mostrou uma pesquisa, realizada em 60 países, sobre as tendências de comportamento do consumidor. De acordo com ele, a pesquisa procurou identificar quais os atributos que tendem a ser decisórios para que o consumidor escolha determinado produto para levar para casa. “Três se destacaram. O consumo consciente: o consumidor está preocupado com o bem estar dele e como o produto impacto o planeta; bem estar e saudabilidade: o consumidor deseja se alimentar bem, com produtos que não criam problemas para ele e à família; e o retorno às origens: cada vez mais os consumidores estão valorizando voltar a ter a comida caseira”, explica.

Outros números apresentados pelo diretor nesta mesma pesquisa mostram que 29% das pessoas entrevistadas informaram que preferem comprar de marcas que pratiquem práticas sustentáveis; 30% evita comprar de empresas que tenham um histórico ambiental ruim; 22% preferem comprar de empresas que fazem algo que dê retorno à sociedade, sendo um valor não somente econômico, mas social também; e 14% seguem empresas sustentáveis nas mídias sociais, tendo uma interação muito maior entre empresa e consumidor. “O que nós observamos são grandes movimentos, que começam a apontar e definir estratégias para atender a esta nova demanda do consumidor, já que as empresas estão sendo cobradas para isso”, afirma.

Pegando como exemplo o ovo orgânico, o Bicaletto compara o preço entre o mesmo produto no Brasil, Estados Unidos e Reuni Unido. De acordo com ele, o preço médio nos EUA varia de 40 a 140% o valor de um ovo comercial para um orgânico. Já no Reino Unido, este valor varia entre 50 e 150%. “No Brasil, esta diferença pode chegar de 100 a 300%. O preço aqui ainda é um inibidor para o crescimento deste mercado, uma barreira para o consumidor adquirir este tipo de produto. Muitas vezes, o consumidor tem a consciência, mas não tem condições de comprar produtos orgânicos”, informa. “Realmente, estes produtos ainda são muito limitados para o público de alta renda”, declara.

Porém, o diretor esclarece que o motivo dos altos preços dos produtos orgânicos se explica pelo fato de ainda ser um negócio de baixa escala. “Quando comparamos o consumo, entendemos porque no Brasil o preço ainda é um desafio a ser vencido pela indústria. Dados mostram que nos EUA foram produzidos 88 bilhões de ovos em 2016, o consumo foi de 279 unidades/habitante. A participação de ovos livres de antibióticos e orgânicos foi de 4,7%. No Reino Unido esta porcentagem vai para 1% e no Brasil é de 0,15% a 0,3%”, comenta. Mas, vendo o lado bom da situação, o diretor diz que isto mostra como é grande o potencial de crescimento deste mercado.

Bicaletto comenta que o grande desafio do crescimento no setor está atrelado à produção agrícola. Por conta da nutrição dos animais ser, principalmente, à base de grãos e neste setor ainda haver muito o uso dos antibióticos, principalmente nas sementes que são geneticamente modificadas. “Isso obriga o produtor a investir em uma alternativa na nutrição animal para diminuir a dependência dos grãos”, diz. Isso deve ser observado, já que, segundo o diretor, as aves que são criadas no sistema livre comem até 10% mais que as criadas no sistema convencional.

Para ele, a grande preocupação do consumidor atualmente é com o bem estar animal, questões do planeta e meio ambiente. “Esta nova geração, na faixa dos 18 aos 30 anos, tem um nível de informação maior do que as anteriores. Eles têm mais consciência a respeito destas questões, têm maior preocupação com temas como este. E isto é um sinal claro para a indústria de que precisamos buscar alternativas eficientes para tornar estes produtos acessíveis, porque é um mercado que vai crescer. É inevitável”, afirma.

Desafios da Produção de Frangos ABF

Mas, para atender este novo consumidor, é preciso que todos os envolvidos na cadeia produtiva façam um trabalho em conjunto. O consultor Leonardo Veja comenta que os agentes envolvidos na cadeia têm a necessidade de tomar uma decisão, podendo seguir por dois caminhos: ou continua com o auxílio dos antimicrobianos, mas utilizando de forma racional e otimizando o uso, ou faz uma guinada, buscando um novo caminho, que é atender a estas demandas de mercado que pede por produtos livres de antibióticos.

Veja conta que em maio de 2015 os principais atores da saúde global realizaram uma assembleia mundial, que resultou em cinco metas, em que os países deveriam dar os desdobramentos na sequência. “Os cinco pilares foram: melhorar a conscientização e respeito da resistência de antimicrobianos; reformar a base cientifica através da vigilância e pesquisa; reduzir a incidência de infecções com medidas eficazes; otimizar o uso de medicamentos; e fomentar investimentos e a criação de novas formas de tratamento, prevenção, vacina e diagnóstico”, conta.

Entre pontos citados, outro mencionado por Veja foi a importância da conscientização da sociedade. “Um dos planos de atuação é justamente elaborar e implementar planos de comunicação para gestores de saúde e setor regulado da sociedade. Quer dizer que a medida que o governo passa a comunicar as necessidades de alertar da importância de produzir com responsabilidade frente ao antimicrobianos, o consumidor passa a entender melhor e a cadeia”, diz.

A produção de alimentos orgânicos tem uma legislação brasileira clara, de como deve ser a produção e como tudo deve funcionar, explica o consultor. Porém, ainda não existe uma legislação sobre a produção de alimentos antibióticos free. Ele acrescenta que a legislação brasileira conta com instruções normativas que regulamentam a utilização de aditivos que pode haver na ração animal. “Este regulamento apresenta ferramentas que podem substituir os promotores de crescimento, como os probióticos, ácidos orgânicos, enzimas e os óleos essenciais”, diz citando a IN 44/2015. Ele comenta que o Brasil está seguindo o mesmo caminho da Europa, que também já conta com regulamento que classifica quais aditivos são permitidos e em quais categorias.

O consultor afirma que para atender o que há de mais rigoroso no mundo, o Brasil não está distante. “Só precisamos organizar a documentação que temos em casa, passar a usar alguns aditivos que consigam substituir a altura dos promotores de crescimento. Nós temos condições para isso”, afirma.

Desafios da Produção de Frangos Orgânicos

Os frangos orgânicos, que também já são uma grande tendência no mercado e procurados pelo consumidor, também ainda têm seus desafios para enfrentar. A médica veterinária e representante do Mapa, Maria Cristina Bustamante, falou sobre o assunto. De acordo com ela, existe legislação de toda a regulamentação da produção orgânica. “As coisas devem ser seguidas conforme está lá. Se não está, é porque não pode”, afirma.

Ela explica que existe a Instrução Normativa 46 que traz informações sobre a forma de produção vegetal e animal. “A animal tem muitos desafios em relação à vegetal. Isso porque é preciso considerar bem estar, ambiente de criação, práticas de manejo. São todas questões importantes na produção animal”, diz.

Maria Cristina citou alguns dos pontos em que existem mais desafios e falou sobre as tentativas de solução. De acordo com ela, a primeira delas é a alimentação. “Temos, por exemplo, o milho geneticamente modificado que não pode fazer parte da produção do animal orgânico. A alimentação deve ser necessariamente orgânica, originada na unidade de produção”, diz. Ela comenta que a questão da alimentação é um fator bastante limitante para a produção de animais no Brasil. “É permitido um percentual de até 20% de alimento não orgânico se não obtiver todos os vegetais orgânicos”, informa.

A medicação é outro desafio. “A lista de medicamentos é restrita. Pode ser usado somente em caso do animal está com dor ou sofrendo muito. Porém, esta exceção precisa ser confirmada”, alerta. Além disso, ela diz que a sanidade em granjas de criação de frangos orgânicos deve ser soberana. Maria Cristina informa que apesar de haver a homeopatia, ainda existe muita dúvida sobre a utilização desta ferramenta. “Há a necessidade de fazer um trabalho de pesquisa intenso em relação ao desenvolvimento de novos medicamentos”, pontua.

Deve haver ainda a atenção para a sanitização do local, afirma. “A lista de saneantes positiva dentro da Instrução Normativa é pequena, e da mesma forma deve ser utilizada somente em casos excepcionais de organismos, ou se não, o produtor pode perder a condição de área orgânica da propriedade”, diz. Ela comenta que o ambiente de criação merece esta atenção, já que para um animal ser considerado orgânico, ele deve ingressar neste ambiente já desta forma. “Além disso, não pode haver nenhum animal enclausurado ou com movimentação restrita”, alerta. A médica veterinária informa ainda que a iluminação artificial somente pode ser utilizada em pintinhos.

Os animais destinados à produção orgânica devem ser de raças rústicas, informa. Maria Cristina conta que pintinhos de frango de corte devem entrar com no máximo dois dias de vida, sendo a debicagem proibida. “Nesta fase é mesmo um desafio ensinar ao animal onde está o alimento e que ele pode sair”, comenta. Uma estratégia utilizada, segundo a médica veterinária, é a conciliação de galos junto às galinhas, já que o animal transmite tranquilidade e segurança à área externa.

Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura ARTIGO

Será que o Brasil sabe a dimensão do desastre no Rio Grande do Sul?

Você está fazendo tudo o que pode mesmo? Quem sabe você pode ajudar só um pouquinho mais

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Fotos : divulgação Governo do Estado

O Estado do RS acabou. Da forma como a gente o conhecia, ele não existe mais. Nos resta rezar a Deus e torcer para que o Brasil e o mundo nos ajude a enterrar nossos mortos e a reconstruir um pouco do que foi devastado pelas águas – e ainda vai ser devastado, pois vem mais ciclone por aí. Quem sabe, em meio ao caos, no fundo do poço, a gente encontre uma força que nem a gente saiba que tem, algo como o Japão que se reconstrói em tempo recorde após os terremotos. ou como a Flórida, que enfrenta dezenas de furacões anuais e continua em pé!
Talvez estas palavras iniciais sejam fortes, Mas, talvez a maioria das pessoas de outras regiões do Brasil não tenha se dado conta do tamanho da tragédia. Ela é muito pior do que você vê na TV ou nos vídeos de WhatsApp! Muito, mas muito pior! É como se todo mundo desta região aqui perdesse sua casa, se enchesse tudo isso de água, por dias e mais dias, fechando estradas, escolas, lar de idosos, empresas… tudo!

Você já parou para pensar!? Então, você vai ajudar mais!?

 

Muitos não ajudam pelo medo do julgamento alheio

Por outro lado, felizmente muitas regiões do país estão ajudando, botando a mão na massa, salvando pessoas.

Cito aqui o exemplo do Pablo Marçal, que vai e volta quase todo dia a São Paulo e salvou mais gente da água do que eu e você juntos – sem contar que deu uma aula em poucos minutos ali no centro de distribuição de doações. Eu estive lá em Hamburgo Velho e agradeci a Deus por estar do lado de cá dos gradis, que separavam a fila gigantesca para buscar donativos, das pessoas que foram doar ou tomar uma dose de coragem para ajudar mais!

O Marçal poderia estar torrando o dinheiro em Dubai, mas estava em cima de uma empilhadeira, no meio da rua, discursando para arrebanhar pessoas para ajudar daqui pra frente, pois talvez o pior esteja daqui pra frente, acredite! Você não precisa gostar dele, não precisa gostar da Globo, mas toda ajuda é muito bem-vinda! E, ao citar o Marçal, cito cada um aqui da região que está empenhado em ajudar, com grana, com barco, separando doações, tirando gente da água, doando…

Temos percebido muitos golpes, muita gente reclamando, muita gente se aproveitando para aparecer… e muita gente ou empresa querendo ajudar, mas não ajuda porque tem medo de que vão dizer que está querendo fazer propaganda. Vocês não têm noção a quantidade de pessoas (ou empresas) que vem me falar isso! Ora, vamos parar de ter medo destes juízes de sofá da sala, que se escondem em casa e ficam só metendo o pau nos outros; e não fazem nada! Deixe ‘essa gente pra lá’ e daí que a Globo só veio depois da Madona, e daí que alguns dizem que o Pablo Marçal está fazendo marketing, e daí que muitos só reclamam e apontam o dedo, daí que tem gente que vai na fila duas vezes pegar 2kg de arroz e 2 litros de leite, e daí, que se danem! Ora, manda a m… diz assim: “vá cuidar da tua vida”!
E se esta tragédia tocou seu coração, vai lá você e bota o pé na lama, porque você sabe que quem reclama não fará nada, estará muito ocupado dando opinião e reclamando.

O Brasil pode fazer muito mais

Se não tua casa, graças ao bom Deus, não teve mortes, somente alguns alagamentos, pessoas perderam bens materiais e… e estamos tocando nossa vida normalmente, limpando o guarda-roupa, fazendo uma comprinha maior para doar e… e deu! Era isso, a ajuda é só isso! Mas você pode fazer mais, todo mundo pode fazer mais!

Eu sinto que muita gente ainda não acordou para o tamanho da tragédia (e está tudo certo, cada um é cada um, não reclamo destes). Mas gostaria de ajudar, então, se você quiser dormir com a consciência tranquila, faça mais. “Teoricamente” só morreram 100, mas você sabe que esse número vai aumentar muito. Quantos idosos foram levados por não conseguir se locomover, quantos bebês morreram, quantos animais ainda estão ilhados ou foram levados, bichinhos de estimação que estão abandonados, quanta gente vai morrer de doença, de leptospirose, de hipotermia (vem o frio aí), e tem muitos outros problemas que vão aparecer.
Quantas crianças não terão mais aulas, quantas crianças não terão mais pais ou avós ou amiguinhos – que viraram estrelinhas ou ainda vão virar?
Quantas crianças perderam seu bichinho de estimação ou vão perder por falta de ração? Quantos avós perderam seus netos ou ainda vão perder!
A gente não sabe nada, não sabe a dimensão desta “desgraceira” toda! Não é uma enchentezinha que sobe, alaga e no dia seguinte volta para o rio, aí você vai lá e mete o lava-jato e tudo volta ao “normal”. Serão semanas, meses, vai ter lodo, lama até nos fios da luz.
Tem cidade inteira no Vale do Taquari que acabou, estão pensando em mudar a cidade de lugar, recomeçar. Você tem noção do tamanho da tragédia? Então, graças a Deus você está bem, seu vizinho está bem, mas tem muita gente que precisa de ti, tire um tempo, reserve um dinheiro, faça sua doação, ajude mais, você pode, sim! Se você não tem grana, não tem alimento, não tem colchão, doe tempo, doe uma palavra, vá lá no campo de batalha lutar, senão, jamais ouse cantar aquele pedaço do Hino Rio-grandense que diz “Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra”… eu não quero que “nossa façanha sirva de modelo a toda terra”, eu só peço a Deus e a você que ajude a salvar o máximo de gente possível “nesta ímpia e injusta guerra”.

 

Por
Mauri Marcelo ToniDandel
Jornalista – Dois Irmãos

Fonte: Mauri Marcelo ToniDandel
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Avicultura Defesa agropecuária

Prorrogado por mais 180 dias estado de emergência zoossanitária por gripe aviária

Até este momento, não há registro de circulação do vírus na criação comercial brasileira.

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Foto: Divulgação/Mapa

Foi publicada nesta terça-feira (07) a Portaria nº 680, que prorroga por mais 180 dias a vigência do estado de emergência zoossanitária, em todo território nacional, em função da detecção da infecção pelo vírus da Influenza aviária H5N1de alta patogenicidade (IAAP) em aves silvestres no Brasil.

“O Brasil é um dos quatro países do mundo que não tem gripe aviária no plantel comercial. O sistema de defesa agropecuária brasileiro é muito eficiente. Vamos manter o status de emergência para evitar uma possível crise que possa vir a acontecer”, disse o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

A prorrogação acontece de forma preventiva com objetivo de manter as condições do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em adotar medidas de erradicação do foco de forma rápida e a mobilização de verbas da União e a articulação com outros ministérios, organizações governamentais – nas três instâncias: federal, estadual e municipal – e não governamentais.

A emergência zoossanitária foi decretada, pela primeira vez, em 22 de maio de 2023 e prorrogada, uma vez, em 07 de novembro do mesmo ano, como uma medida do Mapa para evitar que a doença, também conhecida como gripe aviária, chegue na produção de aves de subsistência e comercial, bem como para preservar a fauna e a saúde humana.

Até este momento, não há registro de circulação do vírus na criação comercial, o que mantem o Brasil com status de país livre de Influenza aviária perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), exportando seus produtos para consumo de forma segura.

O primeiro caso de gripe aviária no Brasil foi registrado no dia 15 de maio de 2023, em aves silvestres. Perto de completar um ano da detecção, já foram identificados 164 focos, sendo apenas três em aves de subsistência nos estados do Espírito Santo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Para saber mais informações sobre a gripe aviária, clique aqui.

Fonte: Assessoria Mapa
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Avicultura

Especialista aponta desafios e novas estratégias na luta contra a Salmonella

Médico-veterinário Fernando Ferreira detalha fatores de risco a campo para controle de Salmonella spp., enfatizando a relevância da realização de estudos focados na prevenção da enfermidade.

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Fotos: Shutterstock

Garantir a segurança alimentar e a sanidade das aves são prioridades da cadeia avícola brasileira. Durante o 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura, realizado em abril na cidade de Chapecó (SC), o médico-veterinário Fernando Ferreira, especialista em Saúde Pública e coordenador geral de Prevenção e Vigilância em Saúde Animal (CGVSA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), abordou os fatores de risco a campo para controle de Salmonella spp., enfatizando a relevância da realização de estudos focados na prevenção da enfermidade.

Médico-veterinário, especialista em Saúde Pública e coordenador da CGVSA do Ministério da Agricultura e Pecuária, Fernando Ferreira: “Só se controla o que se conhece e exatamente por isso é fundamental que ocorram investigações dedicadas com posterior aplicação de medidas de controle, que devem ser periodicamente reavaliadas” – Foto: Arquivo pessoal

Em sua palestra, Ferreira aprofundou os desafios do controle da bactéria na avicultura. Segundo ele, diversos aspectos podem contribuir para a contaminação dos lotes, desde a origem das aves até a higiene da granja: através da aquisição de animais contaminados oriundos de matrizes infectadas, infecção cruzada no incubatório e equipamentos contaminados, contaminação ambiental nos galpões de criação devido ao baixo nível de higiene na granja, presença de roedores e insetos, limpeza inadequada e falta de vazio sanitário entre lotes, além da contaminação dos alimentos e da água potável.

O profissional destaca ainda que foi realizado um trabalho de campo com a execução do Termo de Execução Descentralizada (TED/Embrapa/Mapa), cujo resultado será apresentado em sua palestra, envolvendo a aplicação de questionários para identificar os fatores de risco associados.

Conforme Ferreira, o estudo teve como objetivo promover a identificação dos fatores de risco avaliados por meio do caso-controle realizado em estabelecimentos avícolas de Santa Catarina. “O estudo buscou relacionar a presença de Salmonella spp. em granjas envolvidas em surtos identificados no período do desenvolvimento do estudo com variáveis associadas à biosseguridade, investigadas por meio de aplicação de questionário estruturado. Adicionalmente, buscou-se avaliar a presença deste agente em amostras de diferentes fontes potenciais de contaminação – poeira, bebedouro, comedouro e ambiente – obtidas nas granjas selecionadas para inclusão no estudo”, explicou, acrescentado que o estudo foi realizado em parceria com a Divisão de Sanidade das Aves do Mapa, com a Embrapa Suínos e Aves, e contou com apoio  da Universidade de São Paulo (USP), da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (Cidasc) e do Centro de Diagnóstico de Saúde Animal (Cedisa).

Densidade populacional

A densidade populacional das aves em uma granja avícola desempenha um papel preponderante na disseminação de Salmonella spp. e de outras doenças. “Manejos com alta densidade de animais exigem uma maior dedicação na detecção de ocorrência de doenças, uma vez que a presença de um agente patogênico pode se propagar mais rapidamente em um ambiente com grande concentração de aves”, frisa Ferreira.

Nesse contexto, a atuação do responsável técnico se torna ainda mais fundamental, a fim de que se busque uma detecção rápida para ação precoce, visando promover um controle eficaz dos agentes em circulação nos sistemas de produção avícola. “Essa abordagem proativa é essencial para mitigar os riscos à saúde das aves e dos consumidores, garantindo a segurança alimentar e o bem-estar animal”, enaltece.

Qualidade da água

A água e a ração devem ser provenientes de fonte segura, na qual seja possível identificar a ausência de patógenos e contaminantes. “Tanto a ração como a água fornecidas às aves devem ser isentas de patógenos que ofereçam riscos à saúde dos animais, por isso é importante a realização de análises microbiológicas frequentes associadas a tratamento que promova a eliminação e/ou controle de patógenos que possam ser veiculados pela água e ração aos animais”, pontua.

Ferreira também reforça que os silos de ração devem estar localizados próximos às cercas, visando o abastecimento sem acesso à unidade de produção. “Os silos devem permanecer tampados de forma a impedir o acesso de moscas, ratos e pássaros ou outras aves de vida livre”, reforça.

Conforto térmico

Em relação aos efeitos do ambiente de criação, como temperatura e umidade, na sobrevivência e disseminação de Salmonella em frangos de corte, Ferreira destaca que esses dois fatores são frequentemente mencionados como predisponentes para ocorrência e sobrevivência de bactérias de maneira geral, sem mencionar os efeitos no animal. “Deve-se buscar o controle mais favorável possível, pensando na ave e na transmissão/disseminação dos agentes etiológicos. Manter condições ambientais adequadas, incluindo controle preciso de temperatura e umidade, é essencial para minimizar o risco de infecção por Salmonella e garantir o bem-estar das aves. Além disso, estratégias de manejo que promovam a higiene e a saúde das aves são fundamentais para reduzir a prevalência e a disseminação de Salmonella na produção avícola”, expõe.

Práticas de biossegurança

Programas de biosseguridade devem ser concebidos e implementados com base nos riscos de doença existentes e no status relacionado a estas. Isso inclui a revisão contínua da eficácia das medidas implementadas, a fim de identificar lacunas e adaptar os objetivos e métodos conforme necessário. Essa abordagem torna cada programa de biosseguridade único em sua aplicação.

No entanto, de maneira geral, se os estabelecimentos aplicarem as medidas previstas na Instrução Normativa nº 56/2007, podem obter redução do risco de ocorrência de Salmonella spp. e outros agentes etiológicos. Essas medidas estão divididas em três grandes dimensões: na primeira dimensão deve-se avaliar a localização geográfica e a proximidade com áreas de alta densidade produtiva, sítios de aves migratórias ou áreas urbanas e estradas; na segunda dimensão estão as questões estruturais, que compreendem as cercas, barreiras existentes, características internas do galpão e quaisquer equipamentos associados que possam contribuir na prevenção e adição de isolamento. E a terceira dimensão contempla as questões operacionais, que envolvem os protocolos e programas instituídos, ou seja, as atividades executadas com vistas à prevenção de patógenos. “Juntas, essas atividades podem contribuir com a prevenção, monitoramento e controle das diferentes doenças que acometem o sistema de produção avícola”, frisa o profissional.

Medidas de controle

Para o controle de Salmonella spp. o foco é sempre a prevenção, por meio da adoção de medidas de biosseguridade e procedimentos operacionais que visam prevenir, controlar e limitar a exposição das aves contidas em um sistema produtivo a agentes causadores de doenças. “A eficácia se dá justamente pela adoção conjunta, uma vez que é um agente etiológico de origem multifatorial”, menciona o médico-veterinário.

As ações com foco em biosseguridade estão previstas no Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), que define, por meio da Instrução Normativa nº 56/2007, os procedimentos para o registro, a fiscalização e o controle sanitário dos estabelecimentos avícolas de reprodução, comerciais e de ensino ou pesquisa. “As monitorias periódicas vão sempre oferecer informações, acerca da presença do agente. Só se controla o que se conhece e exatamente por isso é fundamental que ocorram investigações dedicadas com posterior aplicação de medidas de controle, que devem ser periodicamente reavaliadas”, ressalta.

Além disso, há previsão de risco diferenciado contemplado na Instrução Normativa nº 10/2013, que define um programa de gestão de risco diferenciado, baseado em vigilância epidemiológica e adoção de vacinas para os estabelecimentos avícolas considerados de maior susceptibilidade à introdução e disseminação de agentes patogênicos no plantel avícola nacional, bem como para estabelecimentos avícolas que exerçam atividades que necessitam de maior rigor sanitário.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da avicultura de corte e postura brasileiro acesse a versão digital clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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