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Suínos / Peixes

“O desempenho nasce no intestino”, sustenta doutor da UFPR

Professor da UFPR, doutor Luiz Felipe Caron, falou sobre o custo imune e sua relação com o desempenho durante o 1° Simpósio das Américas sobre Saúde e Nutrição Animal da Olmix

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Sanidade, ganho de peso, manejo. Estes são fatores que passam pela cabeça do produtor diariamente. Como melhorar cada um deste itens para ter uma produção melhor? O médico veterinário e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), doutor Luiz Felipe Caron, falou sobre o “Custo imune e sua relação com o desempenho” durante o 1° Simpósio das Américas sobre Saúde e Nutrição Animal da Olmix. O evento, que aconteceu entre os dias 28 e 30 de agosto em Itapeva, MG, reuniu profissionais do setor de toda a América Latina.

O especialista comenta que o que o produtor deseja saber no dia a dia é se a conversão alimentar melhorou, além da melhora na imunidade. De acordo com ele, existem dois fatores que devem ser melhorados na produção animal: a conversão alimentar e a diminuição das condenações no abate. “São dois fatores que têm a ver com a melhora na resposta imune do animal”, destaca. Caron afirma que se o produtor fizer um dia de vazio sanitário, a cada dia que ele fizer isto terá um ganho de três gramas na conversão alimentar por animal. “Agora, multiplique isso por cinco milhões por dia e você consegue entender como custo tem muito a ver com isso”, diz.

Ele acrescenta que os animais que vivem em um ambiente que não é desejado precisa usar a resposta imune o dia inteiro. “Não é interessante usar esta resposta imune todo o dia. Eu tenho que preparar o animal. Temos ferramentas que podemos usar hoje, mas a nossa estratégia tem uma hierarquia de investimento: primeiro vem a nutrição, depois o ambiente. Temos uma visão de como achamos que isso deve ser feito”, afirma.

Caron reitera que um ambiente melhor é mais limpo, e isso faz com que o animal ganhe mais peso. “Mas, como eu deixo o ambiente mais limpo? Eu lavo, desinfeto, faço com que esse animal esteja no melhor local possível”, comenta. O profissional afirma que no final das contas, o que todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva querem é provar que isso vai gerar desempenho produtivo, porque o desafio sanitário diminui. “Não queremos animais dentro de bolhas esterilizadas. Isso seria péssimo. Os nossos animais são imuno incompetentes, porque a genética fez isso com eles. Ainda bem, porque precisamos vender carne, e essas melhorias consequentemente perdemos a resposta imune”, diz. Mas, ele questiona como se faz para manter o desempenho produtivo nestas condições: “Temos que investir na relação animal com o mundo externo. De onde vem essa relação? Vem do tecido linfoide associado à mucosa. Isso é o que permite o contato do animal com o meio exterior”, explica.

O médico veterinário afirma que o maior órgão do sistema imune de um animal é o intestino. “90% das células que utilizamos para transmitir respostas imune estão lá”, conta. Ele diz que não é preciso ir muito longe para provar isso. “O animal é aquilo que ele come”, assegura. O profissional diz que é preciso melhorar o ambiente que o animal está que será possível fazer um equilíbrio para ter um melhor sistema imune. “O desempenho nasce no intestino”, afirma.

Além do mais, existe uma grande quantidade de ferramentas para sobreviver que é preciso utilizar de forma inteligente, se não, fica tudo muito caro. “E usar de maneira inteligente o sistema que nós inventamos, que não existe na natureza, que é o sistema de alta intensidade. Então, temos ferramentas que valem tanto, por isso que um dia de vazio sanitário significa três gramas a mais. Mas isso desde que o seu princípio de limpeza seja muito bom”, comenta.

Para Caron, o sistema imune paga um preço alto, isso porque existe um monte de desinformação. “Quando nós sabemos qual o real desafio, nós perdemos o medo. Tudo tem a ver com evidência científica, a melhora no desempenho, condição sanitária”, destaca. Ele explica que para ter uma boa prevenção, é preciso treinar as pessoas, limpar instalações, cuidar do trânsito, ter matéria prima segura, qualidade da água. “Tudo isso vem sempre em primeiro. O nosso manejo, de saber o que é certo, que nos ajuda que essas ferramentas nos tragam as três casas depois da vírgula que temos que manter”, considera.

Sistema imune

Caron afirma que conhecer os caminhos de como a resposta imune funciona é o segrego para um bom sistema imune. “Eu posso aumentar as barreiras e deixar ele mais impermeável. Muito daquilo que pode blindar o intestino, blinda também o desempenho, ou seja, é uma balança tênue. Aprender a usar produtos e ferramentas que melhorem por caminhos que eu consigo explicar que não comprometam nem a digestão nem a absorção, eu posso aumentar muito a minha produção”, afirma.

O profissional explica que são dois caminhos que podem ser seguidos pelo produtor: um que custa pouco e outra que custa muito. “O custo metabólico, a resposta inata, que é aquele inflamatório, pode custa pouco. Isso parou porque hoje ela é natural. Esses órgãos têm que construir da melhor forma possível, e eu digo construir porque se chama imunidade inata constitutiva. Tem que formar antes de nascer”, diz. Ele afirma que após o nascimento, os cuidados devem ser maiores ainda. “Porque aí sim eu posso manejar do jeito que eu quiser. Construir isso da melhor forma possível tem um custo baixo, mas, por outro lado, se eu não construir bem e a mesma resposta imune inata não tiver condições de segurar desafio, por qualquer patógeno, isso fará com que os custos sejam mais altos”, afirma.  Para ele, ficar esperando para chegar até este ponto é ficar sempre atrás. “Construir antes de acontecer é preservar essa condição. Temos muitas alternativas que funcionam de diferentes maneiras no intestino”, diz.

Indicadores de qualidade

A melhor forma de melhorar esta condição é utilizando indicadores de qualidade, afirma Caron. “Temos que melhorar a conversa entre as células, todas as vezes que modulamos ou equilibramos a conversa entre elas, melhoramos o ganho de peso”, conta.

O profissional destaca que é importante que o produtor aprenda a construir o sistema imune dos animais. “Como construir? Não existe papel e régua, existe análise de risco personalizada. E fazemos isso porque é uma gestão de risco. Quando entra um vírus ou uma bactéria, temos que ter uma resposta rápida, porque quanto mais tempo, mais derruba o desempenho e a sobrevivência”, explica.

Caron comenta que é importante fazer o melhor manejo para não perder desempenho. “É preciso ter qualidade em matéria prima, na água, ar, tempo de transporte. Porque, se não for assim, o animal já se acostumou que o mundo é difícil e tem que gastar mais energia. A nossa dificuldade é encurtar distâncias, não somente para desempenho, mas é também uma realidade do ambiente”, sugere.

O professor afirma que toda a qualidade da resposta imune começa no intestino. “E como melhora o desempenho? Com a melhora do sistema imune. Eu tenho que melhorar aquilo que me dá dinheiro, aquilo que demonstra que custa pouco”, diz. Caron conta que é preciso preparar o animal para investir naquilo que custa menos, e isso significa construir o sistema imune, para que ele saiba perceber isso.

Equilíbrio

De acordo com o especialista da UFPR, o sistema imune depende de equilíbrio. “Se não tiver equilíbrio, não funciona. A diferença é que usamos poucas ferramentas para entender como o equilíbrio é alcançável. O ponto de equilíbrio converge para o nível inflamatório mínimo, necessário, mas rápido”, diz. Ele afirma que é importante se atentar a estes detalhes porque a velocidade da evolução do animal é muito rápida. “Eu tenho que começar a perguntar como eu estimulo o sistema imune, porque ele é muito bom. Estimular é ensinar o animal que o mundo existe e dar ferramentas para transformação”, afirma.

O profissional afirma que se colocassem o animal em uma bolha esterilizada o sistema imune dele seria horrível. “Eu tenho que dar uma informação para ele perceber que tem que reagir”, conta. Caron acrescenta que é preciso ter a resposta imune e ela deve ser a maior possível.

Para o profissional, o Brasil está evoluindo, mas ainda é preciso algumas alterações. “Precisamos mudar o sistema de treinamento de pessoas, não podemos continuar fazendo o que fazíamos há 50 anos, os animais não são os mesmos de 50 anos atrás; então o treinamento não pode ser o mesmo. Nós temos que mudar e isso é um grande desafio”, diz. Além do mais, é preciso pensar para quem se está produzindo. “Estamos fazendo para quem quer comprar algo diferente. Há uma distância enorme até conseguirmos provar que tem como fazer isso. É uma construção, não um decreto. É algo simples, mas bastante trabalhoso”, assegura o doutor Caron. 

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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