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Variação no valor dos alimentos na mesa da população mundial

O mundo globalizado e os acontecimentos desses últimos dois anos estão causando efeitos em todos os setores.

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Arquivo/OP Rural

Sem dúvida, o atual momento do cenário global é crítico. O mundo globalizado e os acontecimentos desses últimos dois anos estão causando efeitos em todos os setores. A mundialização do espaço geográfico por meio da interligação econômica, política, social e cultural tem afetado principalmente os países emergentes, mas começa a ter reflexos nos países do G7 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido  (os mais ricos e influentes do mundo).

No agronegócio,  a guerra da Rússia e Ucrânia está castigando um sistema alimentar global já enfraquecido pela pandemia da covid-19, pelas mudanças climáticas e por um choque energético.  As exportações ucranianas de grãos e oleaginosas praticamente pararam e as da Rússia estão ameaçadas. Juntos, os dois países fornecem cerca de 14% das calorias, por meio do trigo, comercializadas pela humanidade.

Os preços do trigo, 53% mais elevados desde o início do ano, saltaram mais 6% em meados de maio deste ano, após a Índia afirmar que suspenderia suas exportações em razão de uma onda de calor alarmante. Além disso, temos os efeitos da cadeia logística, onde portos, containers, combustível e tempo de entrega tem mudado seus parâmetros e elevado os custos da cadeia produtiva.

O resultado disso são os preços dos produtos alimentícios nos supermercados. Mas, o problema não para por aí. O custo de produção para a próxima safra está alto, bem como os preços de combustíveis em geral e dos fertilizantes, juntos elevam os custos da mesa da população mundial. A Rússia e a Bielorrússia são responsáveis por uma grande parcela das exportações de fertilizantes ou matérias primas como adubos e suprimentos agrícolas, o que tem afetado bastante os preços para o agricultor.

Todo esse aumento do custo é repassado para o consumidor final. Assim, por parte do produtor, muita atenção na compra de insumos, uma vez que dólar e petróleo têm variado consideravelmente, e afetam em muito o custo de produção. Quanto à população, resta fazer muita pesquisa antes da compra, pois os preços dos alimentos devem variar bastante no comércio.

Como nação, o Brasil tem um papel fundamental nesse cenário global que se apresenta, uma vez que o mundo deve ganhar, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais dois bilhões de pessoas até 2050. Hoje as lavouras cultivadas por brasileiros alimentam quase um bilhão de pessoas no mundo.

Se chegarmos a esse patamar global em termos de população, o agronegócio brasileiro vai precisar dobrar de tamanho em menos de 30 anos, elevando sua produção para abastecer os lares de dois bilhões de pessoas. É uma grande oportunidade. Será necessário muita gestão, tecnologia, sustentabilidade  e inovação.

Fonte: Por Jorge Fernando Dietrich, coordenador nacional do Master em Gestão e Marketing do Agronegócio da ESPM

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Os impactos do endividamento do agro sobre os fornecedores

Setor representou cerca de 25% do PIB nacional, englobando tanto a produção agrícola quanto a agroindústria, que foi responsável por mais de 20% dos empregos formais no país e representou, aproximadamente, 46% de todas as exportações

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Foto: Divulgação/M2 Comunicação

O setor do agronegócio desempenha um papel fundamental na economia do país contribuindo significativamente para o PIB (Produto Interno Bruto) e para as exportações brasileiras. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2022, o setor representou cerca de 25% do PIB nacional, englobando tanto a produção agrícola quanto a agroindústria, que foi responsável por mais de 20% dos empregos formais no país e representou, aproximadamente, 46% de todas as exportações.

Mas então, o que explica o aumento da inadimplência dos produtores rurais? A conjuntura está a engendrar um cenário complexo para os laboriosos do agronegócio, haja vista a significativa influência exercida por diversos fatores extrínsecos sobre os preços do setor. O embate bélico entre Rússia e Ucrânia tem repercutido de forma direta nos valores de algumas commodities e, por conseguinte, nos custos das rações destinadas aos animais.

Ademais, o conflito armado também impactou o preço do petróleo no âmbito internacional, desencadeando uma espécie de “efeito cascata” nos custos de outras áreas do segmento agrícola.

A carência de fertilizantes provenientes da Rússia no mercado global acarretou em um acréscimo nos preços dos insumos e precipitou uma corrida dos países em busca de novos fornecedores. O risco iminente da escassez de fertilizantes, ou da manutenção de preços elevados, ainda paira como uma realidade amedrontadora para o planejamento das próximas safras.

Outrossim o cenário doméstico do setor agrícola tem sido desafiador. A alta taxa de juros tem dificultado o acesso a crédito por parte dos produtores rurais, o que tem prejudicado o financiamento de suas operações e a queda do preço de grãos, como a soja e o milho, também tem reduzido as margens e atrapalhado os produtores a planejarem suas safras.

Além disso, o setor agrícola também tem sido afetado por uma série de outros fatores, como a seca, as pragas e as doenças. Esses fatores têm prejudicado a produção agrícola e aumentado os custos de produção, o que tem pressionado os lucros dos produtores rurais.

Diante desses cenários globais e domésticos, o Indicador de Inadimplência do Produtor Rural, medido pela instituição Serasa Experian, a cada 3 meses, desvelou, no mês de março de 2023, a cifra de 27,4% dos mencionados produtores rurais, assinalando-se em “vermelho” seus nomes no território brasileiro.

A imagem fotográfica submetida a análise atestou uma oscilação de 0,4 pontos percentuais em relação ao derradeiro levantamento, realizado em novembro de 2022. Em relação ao Estado do Espírito Santo, posicionado em quinto lugar dentre aqueles que contam com menor contingente de lavradores endividados, a proporção alcança 24,9%.

Roraima, Amapá e Amazonas, encontram-se no top 3 da lista, com 50,3%, 48,0% e 47,5%, respectivamente, de produtores rurais endividados nos mencionados estados do norte do Brasil.

A inadimplência dos produtores rurais pode ter um impacto significativo nos fornecedores de máquinas e insumos agrícolas. Quando os agricultores enfrentam dificuldades financeiras e não conseguem cumprir com suas obrigações de pagamento, isso afeta diretamente a cadeia de suprimentos agrícolas.

Primeiramente, a inadimplência reduz a capacidade dos produtores de adquirir máquinas e equipamentos agrícolas necessários para suas operações. Isso pode levar a uma queda na demanda por máquinas agrícolas, afetando negativamente os fabricantes e revendedores desse setor. Menos vendas resultam em menor receita e, potencialmente, em dificuldades financeiras para os fornecedores de máquinas agrícolas.

Além disso, a inadimplência também afeta os fornecedores de insumos agrícolas, como fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas. Os produtores rurais podem ter dificuldades em honrar seus compromissos de pagamento desses insumos, o que pode levar a atrasos ou mesmo à falta de pagamento, afetando negativamente os fornecedores de insumos, que podem enfrentar uma diminuição na demanda e uma redução nas vendas.

Em última análise, a inadimplência dos produtores rurais pode gerar o referido “efeito cascata” na cadeia de suprimentos agrícolas, podendo as empresas do ramo experimentarem uma diminuição nas vendas, dificuldades financeiras e até mesmo o fechamento de negócios, caso não consigam lidar com os impactos financeiros da inadimplência.

Diante desse cenário de inadimplência, é fundamental buscar soluções que evitem o fechamento de negócios e promovam a recuperação financeira das empresas afetadas. Nesse contexto, o instituto da recuperação judicial surge como uma possibilidade viável para os fornecedores de máquinas e insumos agrícolas que enfrentam dificuldades financeiras.

O processamento da recuperação judicial é uma ferramenta legal disponível para empresas, incluindo os fornecedores de máquinas e insumos agrícolas, que enfrentam dificuldades financeiras e buscam reorganizar suas atividades a fim de evitar a falência. No contexto da inadimplência dos produtores rurais, a recuperação judicial pode ser uma alternativa tanto para os produtores quanto para os fornecedores que estão sofrendo com os impactos financeiros mencionados acima.

Essa medida pode ajudar o fornecedor a reavaliar sua estrutura de custos, buscar eficiência operacional e adotar medidas de reestruturação que permitam superar a crise causada pela inadimplência, permitindo, assim, que a empresa continue operando, evitando a quebra, preservando empregos e permanecendo com as atividades comerciais.

Por Filipe Denki, Laura Finholdt e Felipe Silveira

Fonte: M2 Comunicação
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Importância do direito rural na sucessão familiar

Especializada em direito no agronegócio, destaca os principais gargalos no Planejamento Patrimonial Rural para uma sucessão familiar harmoniosa dentro das propriedades.

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Foto: Divulgação/Arquivo OP Rural

Com vasta experiência no assessoramento de pequenas e médias empresas do setor agropecuário, a advogada Giovanna Sartório, sócia do Sartório, Reis Advogados,  traz uma visão muito alinhada aos desafios enfrentados recorrentes, oferecendo orientação jurídica estratégica para a gestão eficiente de propriedades rurais, garantindo uma sucessão familiar harmoniosa. “Entendemos a complexidade e a importância de uma transição patrimonial planejada, por isso asseguramos que os direitos de sucessão sejam respeitados e que a propriedade rural continue a prosperar nas mãos das futuras gerações”, inicia a especialista.

Com foco no Direito de Família e Planejamento Patrimonial, o Sartório, Reis Advogados atua dentro de uma abordagem personalizada para o planejamento sucessório, visando minimizar conflitos e garantir uma distribuição justa e eficiente dos bens. “Nossa equipe é proficientemente preparada para lidar com as nuances e implicações no âmbito familiar e patrimonial, oferecendo soluções que respeitam as vontades dos envolvidos e objetivam a continuidade dos negócios agrícolas ou pecuários familiares”, enaltece Giovanna.

Ela destaca que os principais desafios da sucessão familiar rural incluem a falta de planejamento adequado, comunicação deficiente entre as gerações, questões jurídicas e tributárias complexas, falta de capacitação dos sucessores, conflitos familiares sobre herança e papéis, viabilidade econômica da propriedade e pressões externas como mudanças de mercado e regulamentações governamentais. “Resolver esses problemas exige um planejamento cuidadoso, comunicação aberta, apoio profissional e um compromisso conjunto para garantir uma transição suave e bem-sucedida entre as gerações. Através de um profundo entendimento das particularidades, nossa equipe desenvolve um planejamento de sucesso visando a sustentabilidade das operações agrícolas, alinhando estratégias jurídicas com as necessidades específicas de cada família”, acrescenta.

Em suma, com a equipe do Sartório, Reis Advogados, pequenas e médias propriedades rurais contam com um atendimento especializado para viabilizar a transição e o planejamento futuro. “Este é um dos compromissos, aqui os produtores rurais passam a contas com um grande aliado em momentos delicados”, garante Giovanna.

Fonte: Assessoria Sartório, Reis Advogados
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Semeando igualdade: jornada das mulheres no agronegócio

É essencial continuar lutando por uma cultura organizacional mais inclusiva e equitativa, que reconheça e valorize o potencial em todos os níveis e setores.

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Coordenadora de Qualidade da Soesp, Larissa Neves - Foto: Divulgação/Soesp

Como mulher e profissional do agronegócio, minha jornada tem sido marcada por desafios, conquistas e uma busca constante por oportunidades de crescimento e reconhecimento. À medida que celebramos o Dia Internacional da Mulher todo 08 de março, é importante refletir não apenas sobre o progresso alcançado, mas também sobre os obstáculos que enfrentamos e as perspectivas para o futuro.

Ao longo dos 12 anos de carreira em uma empresa de desenvolvimento e comercialização de sementes para pastagem, superei desafios técnicos e gerenciais que exigiram dedicação e habilidades específicas. A implementação de normas técnicas rigorosas, como a ISO/IEC 17025:2017, e a busca pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro, foram processos complexos que demandaram tempo, esforço e conhecimento especializado. No entanto, o maior desafio não está apenas nas exigências do trabalho, mas na conciliação entre responsabilidades profissionais e as demandas familiares, que comumente são da mulher.

Equilibrar a vida profissional com os cuidados da casa, dos filhos e da família é uma realidade enfrentada por muitas. A pressão por desempenho e a necessidade de estar sempre disponível para as exigências do trabalho muitas vezes colidem com as outras expectativas. Criando um ambiente de constante malabarismo entre as múltiplas responsabilidades.

Essa capacidade de desempenhar múltiplas funções, por vezes, faz com que muitas figuras femininas se destaquem no mercado pelo alto grau de adaptabilidade e proatividade, porém, ao mesmo tempo, reflete o excesso de trabalho que enfrentam diariamente. Por serem consideradas obrigações inerentes das mulheres, essas tarefas domésticas muitas vezes não são reconhecidas como trabalho, o que torna ainda mais desafiadora a luta pela igualdade, não apenas no meio rural.

Porém, apesar desses desafios, existe um cenário promissor para as mulheres no agro. Cada vez mais, elas estão ocupando posições de liderança e assumindo papéis de destaque em todas as áreas da cadeia produtiva. Seja na gestão das propriedades rurais, na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, ou na representação de empresas e cooperativas, mostrando sua competência e habilidade em diferentes campos.

Os dados também confirmam essa tendência positiva. De acordo com estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em parceria com a Embrapa e o IBGE, as mulheres administram mais de 30 milhões de hectares de terras rurais no Brasil, representando aproximadamente 8,4% do total. Além disso, cerca de 30% dos profissionais do setor agro são mulheres, desempenhando papéis essenciais em áreas como insumos, agroindústria, agrosserviços e serviços primários.

Pesquisas conduzidas pela Food and Agriculture Organization (FAO) também revelam que em países menos desenvolvidos, mais de 70% das mulheres economicamente ativas trabalham na agricultura. No Brasil, as Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSAs) contam com cerca de 45% de trabalhadoras na força de trabalho e nas atividades produtivas. Ou seja, as mulheres rurais contribuem no desenvolvimento da agricultura, na promoção da segurança alimentar e no fortalecimento socioeconômico regional.

Além disso, há também a busca por formação e capacitação para ocupar espaços de liderança e alavancar os negócios. Como aponta o levantamento feito pela Agroligadas, entidade formada por profissionais do agronegócio, em que das mais de 400 mulheres entrevistadas, 95% delas priorizam a capacitação profissional para aumentar a produção em suas propriedades.

A criação de sistemas de formação e educação feminina é uma das principais estratégias para atingir essa equidade e ampliar o protagonismo. Cada vez mais conscientes de que são capazes de desempenhar funções de gestão e liderança nas empresas rurais.

Celebramos o Dia Internacional da Mulher e devemos valorizar as conquistas alcançadas até aqui. Mas também devemos renovar o compromisso em enfrentar os obstáculos. É essencial continuar lutando por uma cultura organizacional mais inclusiva e equitativa, que reconheça e valorize o potencial em todos os níveis e setores. Que o Dia Internacional não seja apenas mais uma data comercial e sim um momento de reflexão, celebração e empoderamento das mulheres, especialmente no setor.

Fonte: Por Larissa Neves, coordenadora de Qualidade da Soesp.
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Imeve Suínos março

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