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Tecnologias seletivas controlam capim-navalha sem causar danos às pastagens

As duas versões dos equipamentos, tratorizada e manual, estão voltadas à aplicação química dirigida, que permite tratar de forma seletiva o capim-navalha

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Dois modelos de aplicadores seletivos desenvolvidos pela Embrapa, a enxada química e a roçadeira Campo Limpo, podem ser a solução para milhares de produtores rurais da Amazônia que convivem com infestações de capim-navalha, principal planta invasora de pastagens na região. O uso dessas tecnologias reduz em até 95% a presença da praga e protege a forrageira, o solo e outras plantas dos efeitos do herbicida, devolvendo a capacidade produtiva do pasto, com ganhos econômicos e ambientais. As duas versões dos equipamentos, tratorizada e manual, estão voltadas à aplicação química dirigida, que permite tratar de forma seletiva o capim-navalha.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Carlos Maurício Andrade, responsável pelas pesquisas no Acre, os aplicadores seletivos podem mudar a realidade das pastagens amazônicas e de outras regiões do País. "Essas tecnologias atendem tanto o agricultor familiar, que precisa realizar o controle de invasoras de forma mais localizada, como grandes pecuaristas, que necessitam reformar extensas áreas afetadas, com o diferencial de preservar o pasto", explica.

Roçadeira Campo Limpo

Desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sul (RS), o aplicador tratorizado é indicado para o controle em larga escala. Batizada de roçadeira Campo Limpo, a tecnologia está disponível no mercado desde 2013 e tem sido adotada por pecuaristas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, entre outros estados, no controle do capim-annoni (Eragrostis plana) e capim-mourão (Sporobolus indicus), mais conhecido como capim-capeta.

"Embora nessas localidades o principal enfoque das pesquisas seja essas duas invasoras, a tecnologia se mostrou eficiente também no combate a diferentes espécies indesejáveis em pastagens, incluindo plantas tóxicas de folha larga como a maria-mole", esclarece o pesquisador da Embrapa Naylor Perez, um dos autores da tecnologia.

No Acre, testes com o equipamento iniciaram-se há dois anos e os resultados confirmam sua eficiência no controle do capim-navalha. "Com apenas duas aplicações, uma a cada semestre, é possível baixar para 5% os índices de presença da planta e manter as pastagens praticamente livres da praga", destaca Andrade.

Os aplicadores seletivos funcionam a partir de materiais absorventes que, embebidos com caldas herbicidas, molham as folhas da planta invasora. Com a roçadeira química Campo Limpo, essa dinâmica de contato é possibilitada por um conjunto de 50 cordas que ficam presas ao equipamento. Um sistema de regulagem eletrônica garante precisão à vazão, permitindo realizar as aplicações de acordo com o grau de infestação da área.

Enxada química

A versão manual do aplicador seletivo, chamada de enxada química, é recomendada para o tratamento do capim-navalha em pequenas áreas. A tecnologia representa uma alternativa eficiente para o controle da erva daninha entre agricultores familiares. Validado em 40 hectares de pastagens, no Município de Senador Guiomard (AC), o equipamento possibilita baixíssimos índices de retorno da praga.  

Segundo Andrade, após 60 dias do tratamento do capim-navalha, o nível de rebrotação das touceiras da planta foi inferior a 15%. "Em áreas formadas com gramíneas forrageiras estoloníferas, ou seja, que conseguem se alastrar pelo terreno, tais como a Brachiaria humidicola, o capim-tangola e a grama-estrela-roxa, após o controle da praga o pasto se reconstitui naturalmente. Já o controle da planta em pastos formados com capins de touceira, como mombaça e xaraés, deve ser associado ao replantio da forrageira", explica.

De fabricação e uso simples, a enxada química possibilita o mesmo processo de controle desempenhado pela roçadeira Campo Limpo, porém, de forma manual e em escala menor. A dinâmica de funcionamento consiste em passar a corda do equipamento nas folhas do capim-navalha, em movimentos de vaivém, com liberação gradativa da formulação química para o tratamento seletivo da planta.

Ainda conforme o pesquisador, o controle do capim-navalha com uso dos aplicadores seletivos deve ser realizado durante o início e o final do período chuvoso, uma vez que na estação seca a planta não consegue absorver o produto e em épocas muito chuvosas, tende a ser lavado pelo excesso de água, aspectos que comprometem os resultados.

Na região Sul do Brasil, a enxada química, também chamada de lambe-lambe, possui diferentes modelos de fabricação caseira, já utilizados no controle de diversas plantas invasoras em pastagens e na agricultura. Desde 2015, a versão artesanal da tecnologia, validada pela Embrapa Acre, está disponível para comercialização em casas agropecuárias de Rio Branco (AC).

Vantagens

Os aplicadores seletivos oferecem uma série de vantagens econômicas e para o meio ambiente, em relação a métodos de controle convencionais. Além de possibilitarem o tratamento de diversas espécies invasoras, as aplicações por contato eliminam a erva daninha preservando a pastagem, reduzem o risco de contaminação humana e impedem a deriva de substâncias químicas para culturas vizinhas.

Um diferencial da roçadeira Campo Limpo é a precisão na liberação do produto, aspecto que evita desperdício e proporciona economia para o produtor rural. Outra vantagem é que a tecnologia proporciona agilidade nas aplicações, permitindo otimizar o tempo de trabalho. Segundo Andrade, uma pessoa consegue tratar um hectare de pastagem em apenas 40 minutos. "Por métodos tradicionais, como o arranquio da planta, seriam necessários dez homens e oito horas para realizar a mesma atividade", diz o pesquisador.

A enxada química agrega particularidades que possibilitam a adoção da ferramenta em áreas rurais onde não é possível o uso de outras alternativas de controle. Por ser uma tecnologia manual, pode ser utilizada em localidades com diferentes características de relevo, inclusive em solos acidentados. Apesar das facilidades, é indispensável o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na operacionalização dos aplicadores seletivos. Além disso, cuidados como regulagem adequada dos equipamentos e preparo prévio da área a ser tratada ajudam a garantir melhor rendimento operacional e resultados mais efetivos.

Conforme explica Andrade, o controle de plantas invasoras depende também de procedimentos importantes para a manutenção da pastagem. "O tratamento de reforço para eliminar plantas remanescentes do capim-navalha e a adoção de práticas adequadas de manejo do pasto, incluindo o uso de forrageiras recomendadas pela pesquisa, adubações periódicas e respeito à capacidade de lotação das áreas pastejadas, entre outros cuidados, contribuem para o sucesso das tecnologias".

Invasoras

A infestação por plantas invasoras é considerada um grave problema de manejo de pastagens no Brasil, relacionado ao processo de degradação do pasto. Somente na Amazônia existem cerca de 500 espécies, e o capim-navalha é a mais agressiva e de maior dificuldade de controle, principalmente em áreas de solos úmidos. Presente em todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste, além do Maranhão, Pernambuco, São Paulo e Paraná a praga causa sérios prejuízos para os produtores. No Acre, afeta quase 100% das propriedades rurais envolvidas com a atividade pecuária, em diferentes níveis de infestação.

Entre outras consequências, o problema reduz a produtividade do pasto, limitando a oferta de alimento para o gado, prejudica o desempenho produtivo do rebanho e eleva o custo de reforma da pastagem. O método de controle mais utilizado é a pulverização dirigida das touceiras da planta, entretanto, a prática afeta também gramíneas forrageiras mais próximas da invasora.

Desafios

Nativo da América Central, o capim-navalha é uma espécie invasora extremamente agressiva, devido à alta capacidade de multiplicação na pastagem. Na Amazônia e parte do Estado do Mato Grosso, as infestações com essa planta começaram a surgir na década de 1990, como consequência do agravamento da síndrome da morte do capim-braquiarão, principal causa da degradação de pastagens na região.

O pesquisador da Embrapa Judson Valentim, especialista em forrageiras, considera que a situação mais desafiadora no processo de reforma de pastagens degradadas é a infestação por capim-navalha. "A rápida proliferação dificulta o controle da praga por métodos convencionais, como gradagem do solo e semeadura de novas variedades de gramíneas forrageiras, em decorrência da reinfestação da área, seja pela rebrotação de touceiras ou surgimento de novas plantas a partir de sementes existentes no solo", destaca.

Para Andrade, a ausência de herbicidas seletivos no mercado, que atuem nas plantas indesejáveis e, ao mesmo tempo, evitem danos às forrageiras, impõe desafios para o produtor rural e para a pesquisa científica. Os produtos disponíveis afetam também o pasto no entorno da planta invasora, dificultando a eliminação do problema. Por ser uma espécie de comportamento oportunista, o capim-navalha ocupa também os espaços deixados na pastagem com a perda de vigor da forrageira afetada no tratamento da praga.  "Disponibilizar métodos de controle adequados a diferentes realidades rurais é essencial para vencer essas dificuldades". 

Fonte: Embrapa

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Notícias Após oito anos

UFSM retoma tradicional Simpósio de Sanidade Avícola

Evento será realizado de forma on-line, entre os dias 05 e 07 de junho, permitindo a participação de estudantes e profissionais de diversas regiões do país.

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Foto: Julio Bittencourt

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está em clima de celebração com o retorno do Simpósio de Sanidade Avícola, que volta a acontecer após um hiato de oito anos. Este evento, anteriormente coordenado pela professora doutora Maristela Lovato Flores, teve sua última edição em 2016 e agora ressurge graças aos esforços do Grupo de Estudos em Avicultura e Sanidade Avícola da UFSM (Geasa/UFSM). O Jornal O Presente Rural será parceiro de mídia da edição 2024 do evento.

Sob a nova liderança dos professores doutores Helton Fernandes dos Santos e Paulo Dilkin, o evento chega a 11ª edição e promete manter o alto padrão técnico-científico que sempre marcou suas edições anteriores. “Estamos imensamente satisfeitos e felizes em anunciar o retorno deste evento tão importante para a comunidade avícola”, declararam os coordenadores.

O Simpósio está marcado para os dias 05, 06 e 07 de junho e será realizado de forma on-line, permitindo a participação de estudantes e profissionais de diversas regiões do país. “Com um programa cuidadosamente planejado ao longo dos últimos meses, o evento pretende aprofundar os conhecimentos sobre sanidade avícola, abrangendo temas atuais e pertinentes à Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia”, evidenciou o presidente do Geasa/UFSM, Matheus Pupp de Araujo Rosa.

Entre as novidades deste ano, destaca-se o caráter beneficente do evento. Em solidariedade às vítimas das recentes enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, 50% do valor arrecadado com as inscrições será doado para ajudar aqueles que foram afetados por essa adversidade.

Os organizadores também garantem a presença de palestrantes de renome, que irão abordar as principais pautas relacionadas à sanidade nos diversos setores da avicultura. “Estamos empenhados em proporcionar um evento de alta qualidade, que contribua significativamente para o desenvolvimento profissional dos participantes”, afirmaram.

Em breve, mais detalhes sobre os palestrantes, temas específicos e informações sobre inscrições serão divulgados. Para acompanhar todas as atualizações, você pode também seguir  o perfil oficial do Geasa/UFSM pelo Instagram. “O Simpósio de Sanidade Avícola é uma excelente oportunidade para a comunidade acadêmica e profissional se reunir, trocar conhecimentos e contribuir para o avanço da avicultura, enquanto também apoia uma causa social de grande relevância”, ressalta Matheus.

Fonte: O Presente Rural
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Notícias

Carne de frango ganha competitividade frente a concorrentes

No caso da carne suína, as cotações iniciaram maio em alta, impulsionadas pela oferta mais “enxuta” e pelo típico aquecimento da procura em começo de mês. Quanto ao mercado de boi, apesar dos valores da arroba seguirem pressionados, as exportações intensas de carne podem ajudar a limitar a disponibilidade interna e, consequentemente, a sustentar os valores da proteína no atacado.

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Foto: Shutterstock

Enquanto a carne de frango registra pequena desvalorização em maio, frente ao mês anterior, as concorrentes apresentam altas nos preços – todas negociadas no atacado da Grande São Paulo.

Como resultado, pesquisas do Cepea mostram que a competitividade da proteína avícola tem crescido frente às concorrentes.

Para o frango, pesquisadores do Cepea explicam que a pressão sobre os valores vem da baixa demanda em grande parte da primeira quinzena de maio (com exceção da semana do Dia das Mães), o que levou agentes atacadistas a baixarem os preços no intuito de evitar aumento de estoques.

No caso da carne suína, levantamento do Cepea aponta que as cotações iniciaram maio alta, impulsionadas pela oferta mais “enxuta” e pelo típico aquecimento da procura em começo de mês.

Quanto ao mercado de boi, apesar dos valores da arroba seguirem pressionados na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, as exportações intensas de carne podem ajudar a limitar a disponibilidade interna e, consequentemente, a sustentar os valores da proteína no atacado.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Notícias Em apoio ao Rio Grande do Sul

Adapar aceita que agroindústrias gaúchas comercializem no Paraná

Medida é válida para agroindústrias do Rio Grande do Sul com selo de inspeção municipal ou estadual e tem validade de 90 dias. A Adapar enviou uma declaração expressa ao Ministério alinhada a essa autorização, e vai disponibilizar no site oficial uma lista dos estabelecimentos aptos a vender esses produtos.

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Foto: Mauricio Tonetto/Secom RS

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) vai aceitar que agroindústrias gaúchas com selo de inspeção municipal ou estadual vendam seus produtos em território paranaense.

A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou na última quarta-feira (15) a Portaria Nº 1.114, permitindo temporariamente a comercialização interestadual de produtos de origem animal do Rio Grande do Sul, em caráter excepcional.

A Adapar enviou uma declaração expressa ao Ministério alinhada a essa autorização, e vai disponibilizar no site oficial uma lista dos estabelecimentos aptos a vender esses produtos, garantindo a segurança e a qualidade alimentar para os consumidores.

A decisão atende a uma solicitação da Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios (AGL) pela flexibilização das regulamentações vigentes, com o objetivo de garantir a continuidade da venda dos produtos de origem animal produzidos em território gaúcho, tendo em vista o impacto das enchentes para os produtores rurais.

O assunto foi debatido em uma reunião online realizada na terça-feira (14) entre os órgãos e entidades de defesa agropecuária do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e o Mapa.

“Essa medida representará um alívio significativo para as pequenas empresas, com o escoamento de produtos que poderão ser revendidos nos estabelecimentos distribuídos por diversos estados brasileiros”, explica o diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins. As autorizações dispostas na Portaria do Ministério são válidas pelo prazo de 90 dias.

Para a gerente de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Adapar, Mariza Koloda, a iniciativa representa um importante passo na busca por soluções ágeis e eficazes para enfrentar os desafios impostos pelo cenário de crise no Rio Grande do Sul.

“A cooperação entre os órgãos de defesa agropecuária e o Ministério demonstra o compromisso em atender às necessidades dos produtores e consumidores, ao mesmo tempo em que se mantém a integridade e segurança dos alimentos comercializados em todo o País”, diz.

Segundo a AGL, a grande maioria das agroindústrias familiares depende de feiras, restaurantes, empórios, hotéis, vendas digitais para consumidor direto ou de compras institucionais pelo Poder Público. O impacto das chuvas prejudicou a comercialização das agroindústrias em todas as regiões, com produtores que perderam animais, lavouras e instalações.

Fonte: AEN-PR
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