Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas

Simpósio do Leite de Erechim apresenta propostas para melhorar produção e qualidade no setor

Publicado em

em

Produtores, técnicos e estudantes vindos de vários estados brasileiros participaram entre a terça e quarta-feira da 11ª edição do Simpósio do Leite de Erechim. O evento que agregou ainda discussões no Fórum Nacional de Lácteos além da Mostra de Trabalhos Científicos, terminou de forma bastante positiva, de acordo com o coordenador e presidente da Associação dos Médicos Veterinários do Alto Uruguai, Walmor Vanz.
De acordo com ele o público presente e a qualidade das palestras e discussões feitas, já eram esperadas. “Foram palestras bastante valiosas, levaram conhecimento aos presentes, um grande público que transforma nosso evento em sucesso”, salientou Vanz. “O retorno que tivemos durante o próprio evento já se mostrou positivo, as pessoas gostaram muitos dos temas tratados e debatidos. Tivemos uma grata satisfação referente a Mostra de Trabalhos, com ampliação significativa de pesquisas participantes o que mostra a importância que nosso evento está tendo no setor”, acrescentou Vanz.
E de acordo com ele, os trabalhos para a 12ª edição do Simpósio reiniciam em pouco tempo. “Nos próximos 30 dias já estaremos iniciando os trabalhos para o evento do próximo ano. Vamos trabalhar para manter o mesmo formato e a qualidade4 dos debatedores e palestrantes, que tem sido uma marca em nosso evento”, frisou.
O Simpósio do Leite de 2015 já tem data definida. Vai ser realizado entre os dias 23 de 24 de junho, novamente no Pólo de Cultura, junto ao Parque da Accie em Erechim. Vanz agradeceu ainda os patrocinadores e parceiros envolvidos no Simpósio deste ano. “Os próprios patrocinadores e importantes cooperativas fizeram questão de trazer seus técnicos e produtores para participar do evento. Isso é muito significante para nós organizadores”, completou Vanz.
Fizeram parte do evento deste ano discussões sobre irrigação de pastagens e a sucessão na propriedade familiar, dentro do Fórum Nacional de Lácteos, na última terça-feira. Nesta quarta, segundo e último dia do evento, também foram premiados os vencedores da Mostra de Trabalhos Científicos, além da realização de cinco importantes palestras técnicas, todas ligadas a produção e qualidade do leite brasileiro.
Camas de compostagem
A qualidade do leite em sistema de cama de compostagem foi tema de palestra proferida pelo professor, epidemiologista, especialista em qualidade do leite, José Pantoja, da Faculdade de Medicina da Unesp, SP. De acordo com ele, o alojamento de vacas livres em camas manejadas pelo sistema de compostagem (“compostbedded pack”) tem crescido rapidamente ao redor do mundo. “Pesquisas realizadas na América do Norte indicaram que as principais razões para a adoção do sistema foram o conforto dos animais, aumento da longevidade (diminuição de problemas de casco e lesões em geral), facilidade em completar tarefas diárias de manejo e menor custo de implantação quando comparado aos freestalls tradicionais. Uma das principais motivações para a implantação seria também a redução drástica na quantidade de dejetos animais eliminados no meio ambiente, o que poderia contribuir substancialmente para a sustentabilidade da pecuária leiteira”, destacou o professor.
Segundo ele, o sistema de compostagem é iniciado com uma camada de cerca de 40 cm de uma base orgânica como serragem ou maravalha espalhada em um galpão coberto. Uma vez que as vacas comecem a defecar e urinar sobre a cama, a atividade das bactérias composta o material e produz calor, o que provoca um aquecimento da camada profunda (temperaturas entre 40 e 60 graus centígrados são observadas a 20 cm de profundidade). “A cama deve ser aerada com subsoladores e/ou enxadas rotativas duas a três vezes ao dia (durante o intervalo entre ordenhas) para que ocorra incorporação dos dejetos animais e descompactação do material. A presença de ar é fundamental para a eficiência do processo. Cama nova é normalmente adicionada em intervalos regulares para controle da umidade e adição de substrato para os microrganismos. Após um período de seis meses a um ano a cama pode ser substituída e usada ou vendida como fertilizante”, frisou Pantoja. 
De acordo com o palestrante, é importante notar que, em geral, a cama em compostagem não deve ser considerada como uma ferramenta para a melhoria da qualidade do leite. “A cama é apenas um fator entre vários que influenciam a ocorrência de mastite, como o manejo dos animais, higiene de ordenha, equipamento de ordenha, e muitos outros. A cama em compostagem é de natureza orgânica e portanto um bom substrato para o crescimento de bactérias causadoras de mastite. Entretanto, quando a cama é bem manejada, há pouca aderência do material à pele das vacas, as quais permanecem em ótimas condições de higiene e conforto. Dessa forma, o impacto da cama na qualidade do leite é relativo. Em comparação a sistemas de semi-confinamento, nos quais as vacas são geralmente alojadas em péssimas condições de higiene, o confinamento no sistema de compostagem poder ser uma alternativa extremamente beneficial. Por outro lado, camas bem manejadas de areia contém uma concentração muito menor de bactérias causadores de mastite. A decisão de mudança de sistema dever ponderar vários fatores como custo, impacto ambiental, manejo e objetivos de qualidade do leite e saúde animal”, acrescentou.
Índices Zootécnicos 
Os índices zootécnicos, numa leitura que de acordo com o palestrante, doutor Rodrigo de Almeida, da Universidade Federal do Paraná, o produtor deveria saber, foi o tema de uma das palestras do Simpósio do Leite nesta quarta-feira, em Erechim. O professor e doutor destaca que os Índices Zootécnicos são parâmetros técnicos que produtores e profissionais podem e devem usar no seu dia a dia em busca de um incremento da atividade. “Embora existam centenas de índices zootécnicos, nesta palestra vou me restringir aos 10 que considero mais relevantes. Estes índices são parâmetros que toda fazenda leiteira, independente do seu tamanho e do seu grau de tecnificação, deveriam seguir ou pelo menos se preocupar em busca da viabilidade do seu negócio”, salienta Rodrigo.
Para ele, a principal razão na utilização destes índices é que a grande maioria dos rebanhos leiteiros não fazem controle leiteiro oficial. “Embora existam programas estaduais de gerenciamento de rebanhos leiteiros nos principais estados produtores, infelizmente não há uma cultura entre os produtores brasileiros de gerir o seu negócio profissionalmente. Se a adesão do produtor de leite a um programa de controle leiteiro oficial não é uma possibilidade (por razões econômicas, por exemplo), temos que ao menos estimular o produtor a gerar ele próprio estes índices, dentro da sua fazenda”, acrescenta o professor e palestrante do Simpósio do Leite. 
“Cada um destes índices tem as suas metas ou valores ideais. Quando um produtor calcula o seu índice zootécnico, ele pode comparar o índice obtido no seu rebanho com este valor ideal. Ele também pode comparar seus índices com os rebanhos da sua região, permitindo uma competição salutar entre os produtores de uma determinada bacia leiteira. Após fazer esta comparação, e ao constatar que algo deve ser melhorado, ele pode buscar auxílio de um técnico em busca dos valores desejáveis”, enfatiza Rodrigo, que atua no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná. 
Silagem com grão úmido
O uso da silagem de grão úmido na produção de leite foi tema da palestra proferida pelo médico veterinário, consultor em nutrição animal e doutor Luiz Zampar. A intenção de Zampar foi conseguir levar ao produtor e técnicos ligados ao setor, as vantagens desta técnica, os conceitos, a forma de uso e manejo além das vantagens que ela leva a propriedade. “Basicamente passei ao produtor as vantagens em utilizar a silagem de grão úmido em substituição ao milho seco nas dietas para gado de leite, destacando principalmente o aumento da digestibilidade. Outro aspecto a ser abordado, foi como obtemos uma silagem de grão úmido de alta qualidade, destacando os passos essenciais para sua confecção, maquinários necessários e manejo ideal para seu uso”, explica o consultor e palestrante do Simpósio.
Para ele, o produtor pode ter ganhos significativos ao usar este tipo de silagem. “A maior rentabilidade é verificada pelo menor custo do milho ensilado na propriedade, em detrimento se ele compra o milho seco no mercado ou colhe e armazena em silos de terceiros.Consequentemente, as dietas ficam mais baratas.Também ganhamos com o aumento da produção de leite”, acrescenta Zampar.
Ele cita ainda as principais vantagens que o produtor pode ter ao usar a silagem de grão úmido. “As principais vantagens são econômica (exemplo: não paga taxas e fretes), desocupa a área antes, o que favorece o estabelecimento de uma nova cultura, maior digestibilidade, menor ou nenhum ataque de roedores além do aumento da produção de leite”, pontua o palestrante.
Neste sentido ainda há desafios e avanços a ser buscados. “Os desafios para os produtores são inúmeros, principalmente se ele começar a gastar mais tempo para pensar a sua atividade, identificar, por exemplo, que é na nutrição do rebanho, um fator direto e de maior impacto nos custos de produção. O produtor tem que entender, que o mais importante, não é o preço recebido pelo leite, e sim o modo de como toca o seu negócio. Aqui, buscamos o máximo de eficiência”, completa Luiz Zampar.
Afecções de casco de gado leiteiro
Afecções de casco em gado de leite, pelo doutor Emerson Alvarenga, foi tema de outra palestra técnica durante o Simpósio do Leite de Erechim, nesta quarta-feira.  De acordo com Alvarenga, as perdas de produtividade, relacionadas aos problemas de casco, são representadas por baixa produção leiteira, diminuição do peso corporal, baixo desempenho reprodutivo, tratamento dos animais doentes e descarte. “Cada vez mais, animais estão sendo descartados mais cedo por problemas de casco. Antes dessa decisão, as perdas e custos já se fizeram presentes de maneira impactante”, destaca Alvarenga.
O estresse causado pela dor leva a diminuição da produção de leite. “Um menor consumo de alimentos, que de maneira geral ocorre em casos de doenças, é exacerbada nos problemas de cascos, já que o animal evita se locomover. Tudo isso, acarreta em perda de condição corporal, que prejudica ainda mais a produção. Animais com afecções de casco não realizam a monta, o que prejudica a identificação do cio. A concepção em animais mancos é menor além do que os animais passam mais tempo deitados, muitas vezes em locais inadequados”, pontua o médico veterinário e palestrante.
Ele explica ainda que o tratamento exige alto custo com medicamentos, descarte de leite com resíduos, necessidade de mão de obra especializada, aumento da mão de obra na rotina. Ele também abordou maneiras de combater as afecções podais de bovinos. “A cada dia esta pergunta gera mais inquietudes entre funcionários de fazendas, gerentes, produtores e técnicos. Os problemas dos cascos em bovinos é uma das mais prevalentes e dispendiosas doenças. Depois das mastites e dos problemas reprodutivos, as afecções podais são consideradas como uma das condições mais importantes, que afetam a produção e a produtividade dos rebanhos bovinos. A atuação em afecções podais deve ter como base a gestão de um programa de saúde. Envolver, primeiramente, o conceito de gestão, ou seja, a organização de pessoas com atitude em busca de um objetivo comum. Segundo, atuar com um programa de saúde efetivo, que trabalhe a prevenção e o tratamento das lesões que impactam a viabilidade do sistema de produção”, enfatiza o médico veterinário.
Desempenho da vaca leiteira no periparto
O professor Cassio Brauner apresentou aos presentes no Simpósio do Leite de Erechim, o desempenho da vaca leiteira no periparto, os desafios e alternativas para o aumento de produtividade. De acordo com ele este é um período situado próximo a três semanas antes do parto e três semanas após o parto.
Segundo cassio, este é um período importante que implica na quantidade de leite que a vaca vai produzir, na qualidade, na saúde do animal e também na eficiência reprodutiva. Cassio explica que o produtor tem que ficar atento a este período. “É um momento em que podem surgir várias doenças e isso vir a prejudicar a produção do leite, a qualidade e também o animal. Por isso é importante estar atento as movimentações e alerta quanto a necessidade de tratamentos e cuidados, fazendo com que a vaca passe por este período da melhor maneira possível”, completou o professor.

Fonte: Ass. Imprensa do Simp. do Leite de Erechim

Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Por que suplementar?

O uso de suplementos possibilita a melhoria da produção animal no Brasil.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A produção animal no Brasil, pecuária de corte, leite, avicultura e suinocultura, apresentou um avanço nos últimos 30 anos tornando o país um dos maiores produtores e exportadores de proteína animal do mundo. Tudo isso motivado por vários fatores como o avanço do melhoramento genético, aliado as melhorias dos manejos sanitário e nutricional.

Outro fator que merece destaque é o uso de suplementos vitamínicos, minerais e aminoácidos (injetáveis, oral, ou em pó) por parte dos produtores. Vale citar que o uso de suplementos minerais e proteinados na pecuária de corte e leite corrige e previne as carências.

Segundo Vieira (2024) o desenvolvimento e aprimoramento dos suplementos minerais (sal mineral), dos proteinados, dos suplementos vitamínicos injetáveis, orais e premix[2] contribuíram para o desenvolvimento da produção animal, na prevenção de doenças de origens nutricionais, na correção das deficiências minerais, vitamínicas, potencializando a produção de carne, leite e ovos.

Bútolo (2010) destaca os avanços da pesquisa técnica e científica da nutrição animal nos últimos cinquenta anos, no qual possibilitou a melhoria da produção animal e consequentemente a produção de alimentos. Enfatiza que os estudos, além de avaliarem o valor nutritivo dos alimentos, evoluiu para os estudos de avaliação dos processos fisiológicos e como eles são afetados.

Tais estudos levaram ao desenvolvimento de compostos e suplementos que atuam no metabolismo, aumentando a eficiência fisiológica (principalmente na utilização de alimentos) e consequentemente aumentando a produção animal.

Um dos exemplos, pode citar os suplementos injetáveis múltiplos, nos quais cada nutriente tem uma ação específica.

Lobão (1984) compara o animal como uma empresa industrial. Segundo o autor, na empresa industrial existem três fatores importantes: matéria-prima, máquina e produto. Ao fazer a comparação, seu corpo é uma máquina, aquilo que entra no animal é a matéria-prima (alimento). Ele precisa deste alimento para produzir (em seus processos biológicos) e o produto final é carne, leite, bezerro, ovos, excreções, entre outros. Mas precisa haver um balanço desses fatores, senão haverá desgaste da máquina e cessa a produção. O animal, como qualquer outra máquina, precisa ter sua manutenção durante o processo produtivo passando por manutenções preventivas e corretivas (caso as deficiências nutricionais). O uso de suplementos é uma poderosa ferramenta para a manutenção do organismo animal, considerando que nem todos os nutrientes estão presentes na composição de sua dieta.

Por que suplementar? Esta é a pergunta que grande parte dos produtores fazem aos técnicos sempre olhando pelo lado econômico, sem se preocupar com o lado técnico e fisiológico da questão.

Diante do exposto, o artigo pretende responder aos questionamentos do uso dos diversos tipos de suplementos.

O que é suplementar? Por que suplementar?

De acordo com Veiga (1984), Nunes (1998), suplementar significa complementar; adicionar; suprir.

Segundo Veiga (1984) quando se faz uso de qualquer suplemento, completa-se, corrige-se a composição das dietas, ou atende-se as necessidades dos animais, desta forma responde-se aos questionamentos do porquê suplementar. O mesmo autor esclarece que as quantidades de nutrientes exigidas pelos animais para o perfeito desenvolvimento de suas funções são expressas em termos das necessidades. Essas necessidades são expressas em duas ordens, a se destacar:

  • Necessidades para manutenção: representam as quantidades de nutrientes exigidas por um animal sadio, mantido em um local compatível com sua saúde, suficiente parta manter seu organismo em perfeito “funcionamento” sem ganhar ou perder peso;
  • Necessidades para produção: representam as quantidades exigidas pelo animal para geração de alguma finalidade produtiva. Consideram-se como produções: crescimento, engorda, reprodução, produção de carne, leite, ovos, entre outros.

Vale enfatizar outras reflexões respondendo aos questionamentos da necessidade de suplementar os animais, principalmente quando se trata da produção de bovinos de corte e leite.

Teoricamente, as forragens consideradas de alta qualidade, devem ser capazes de fornecer os nutrientes necessários para atender as exigências dos animais em pastejo, quais sejam energia, proteína, vitaminas e minerais (Paulino, 2004).

Entretanto, a qualidade das pastagens no Brasil tem na sazonalidade climática (pastagens verdes na época das chuvas e secas nas épocas de estiagens) um dos fatores limitantes para o desenvolvimento produtivo dos animais, comprometendo a reprodução, engorda, recria e demais índices produtivos (Vieira, 2019).

Paulino et al (2004) sugere que nos locais produtivos, onde não há possibilidade de produção e fornecimento contínuo de pastagens de qualidade ao longo do ano, o uso de sistemas de alimentação combinando pastagens, fornecimento de silagens, feno (grifo meu), suplementos adicionais (minerais e proteinados) são requeridos para viabilizar o ajuste nutricional necessário e com isso atender as necessidades nutricionais dos animais.

No caso das vitaminas, minerais e aminoácidos, além do fornecimento de silagens, fenos de boa qualidade (mais econômico), a suplementação pode ser oferecida por meio de rações concentradas, suplementos alimentares em pó e suplementos injetáveis.

Por que fazer a suplementação a pasto com suplementos minerais e proteinados?

De acordo com Reis et al (1997), a “suplementação a pasto” atua como o ato de adicionar os nutrientes à nutrição dos animais na pastagem, relacionando-os com a exigência dos animais em pastejo. Conforme citado anteriormente, os suplementos são comumente utilizados para adicionar nutrientes extras ou suprir aqueles limitantes ao desempenho do animal.

Utiliza-se a suplementação a pasto no Brasil em virtude das alterações quantitativas e qualitativas observadas nas pastagens ao longo do ano, principalmente no período seco do ano, quando a qualidade nutricional tem uma queda significativa, principalmente nos valores proteicos e minerais levando a baixa produção de carne e leite neste período.

Assim surge-se a necessidade de ofertar suplementos minerais (corrigir as deficiências minerais) e suplementos minerais proteinados (alto teor de proteínas) com a finalidade de corrigir as deficiências proteicas presentes nas pastagens.

No período chuvoso administra-se o suplemento proteinado energético no intuito de potencializar o ganho de peso dos animais.

São várias as vantagens de se utilizar a suplementação a pasto, a se destacar: corrige a deficiência de nutrientes das forragens, aumenta a capacidade de suporte das pastagens, auxilia no manejo das pastagens, previne as doenças carenciais, mantém o peso dos animais no período seco e em muitos casos dependendo do tipo de proteinado ofertado (médio ou alto consumo), ocorre uma engorda relativa.

Alguns autores como Lobão (1984), Nunes (1998) e Paulino et al (2004) fazem considerações, nas quais considera-se pertinente quanto a utilização dos suplementos minerais e proteinados, a fim de:

  • Os suplementos minerais devem ser administrados durante os 365 dias do ano, em todas as categorias animais, e se possível com o teor de fósforo adequado para cada finalidade produtiva (reprodução, engorda, crescimento, entre outros);
  • O mercado oferece um suplemento proteinado para cada época do ano;
  • Vários fatores interferem na ingestão dos suplementos, nos quais os produtores e técnicos devem ficar atentos, como: patologias na boca dos animais, animais doentes, mistura inadequada, temperatura ambiente, cocho descoberto (interferência das chuvas), altura do cocho, largura do cocho muito curta e localização do cocho. Todos esses fatores podem levar os animais a uma ingestão inadequada e como consequência levar as deficiências nutricionais.

Por que utilizar os suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos?

A deficiência de vitaminas e minerais é uma realidade cada vez mais comum nos manejos nutricionais da produção animal.

Apesar dos pecuaristas oferecerem volumosos e suplementação mineral/proteica aos animais, os produtores darem ração aos animais para manter uma saúde equilibrada e aumentar a produção, algumas fases da produção exigem muito do organismo animal como a reprodução, a gestação, a produção intensiva (confinamento, semiconfinamento e engorda de leitões), a produção leiteira, quadro de doenças infecciosas, parasitárias que podem levar a uma carência de nutrientes importantes para a saúde dos animais e comprometer o processo produtivo.

Nesses casos, a suplementação a base de vitaminas, sais minerais e aminoácidos pode ser uma alternativa para repor esses nutrientes e evitar problemas de saúde decorrentes da deficiência nutricional.

Uma das opções de suplementação é a via oral, em que as vitaminas e minerais são ingeridos por meio de comprimidos, pós ou líquidos. No entanto, nem sempre essa opção é suficiente para garantir a absorção completa dos nutrientes pelo organismo.

Outro fator a enfatizar é a administração via oral de suplementos a base de líquidos para determinadas espécies como os bovinos, suínos, cujo manejo dos animais impedem uma melhor administração dos suplementos.

Nesse sentido, o uso dos suplementos injetáveis surge como uma alternativa interessante para garantir uma absorção mais rápida e completa dos nutrientes. A grande vantagem do uso dos suplementos injetáveis é que eles são absorvidos de forma mais rápida pelo organismo, adentram na corrente sanguínea promovendo ações aceleradas, no que tange a prevenção e na correção dos sintomas carenciais.

Atualmente a indústria tem desenvolvido suplementos injetáveis com múltiplos nutrientes, cuja finalidade principal é desempenhar simultaneamente várias funções no organismo.

Os suplementos injetáveis a base de minerais e aminoácidos, acrescidos ou não de vitaminas atuam também com potencializadores de desempenho e são aplicados antes e durante (manutenção) o processo produtivo, como na reprodução (fêmeas e machos), produção intensiva (confinamento e semiconfinamento) e recria acelerada.

Os suplementos injetáveis também são utilizados em animais convalescentes após as cirurgias, na recuperação (auxílio) de patologias toxicológicas e nos casos de animais com dificuldades de se alimentarem.

Portanto, o uso de suplementos tem contribuído para o aumento da produção animal.

Suplementar significa acrescentar, complementar, suprir e o seu uso baseia-se nas necessidades de manutenção e produção por parte dos animais e são utilizados para corrigir ou suprir as deficiências, de acordo com as necessidades.

O uso da suplementação a pasto, com suplementos minerais e proteinados, cuja principal função é a correção das deficiências nutricionais presentes nas pastagens, e também o uso de suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos em suas várias formas de administração, destacando-se os suplementos injetáveis múltiplos, desempenham funções simultâneas, no qual conferem absorção rápida pelo animal e segura.

As referências podem ser solicitadas ao autor pelo e-mail guilherme@farmacianafazenda.com.br.

Fonte: Por Guilherme Augusto Vieira, médico-veterinário, professor universitário e doutor em História das Ciências; estudos foram realizados em parceria com a Noxon Saúde Animal (Megabov).
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Governo Federal publica medidas excepcionais para apoiar setor lácteo no Rio Grande do Sul

Iniciativa vai simplificar a coleta do produto no estado gaúcho. O ministro Fávaro reforçou que a Pasta está comprometida em desenvolver ações emergenciais em apoio ao estado gaúcho.

Publicado em

em

Foto: Juliana Sussai

Diante do cenário de calamidade pública em diversos municípios do Rio Grande do Sul, na última quinta-feira (09), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria nº 1.108/24 que autoriza, temporariamente, a implementação de medidas excepcionais que simplifica as regras a serem cumpridas pelos estabelecimentos produtores de leite e derivados registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) na região.

A Portaria visa fornecer suporte aos produtores afetados, permitindo-lhes adotar medidas que possibilitem a continuidade das operações diante das adversidades enfrentadas. “O governo está trabalhando para dar total apoio ao agro no Rio Grande do Sul. Nós do Mapa estamos desempenhando um papel ativo para apoiar o produtor gaúcho. O Brasil reconhece a importância do estado. A preservação do produtor vai ser feita”, reforçou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

A norma busca mitigar os impactos econômicos enfrentados pelo setor de laticínios, garantindo a manutenção do abastecimento para a população e evitando tanto a escassez quanto o aumento dos preços dos produtos lácteos. Além disso, são estabelecidas regras sanitárias adaptadas à situação de crise, preservando a rastreabilidade e a inocuidade desses alimentos de origem láctea.

Uma das medidas emergenciais adotadas pelo Mapa foi a coleta de leite e derivados, que possuem registro no SIF), ser realizada diretamente das propriedades rurais, localizadas nos municípios afetados pela situação de calamidade, sem a necessidade de cadastro prévio dos produtores no Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF) ou de realizar previamente as análises laboratoriais dos produtos.

Ainda, a medida reforça que o empréstimo de embalagens e produtos controlados entre os estabelecimentos de leite e derivados, registrados sob diferentes esferas de inspeção sanitária, deverá ser realizado mediante controle da cessão e recebimento dos produtos ou embalagens, com a emissão de documentos ou registros da quantidade e destinação para fins de arquivo e controle.

Fonte: Assessoria Mapa
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Ferramenta de seleção para facilidade de parto em novilhas Nelore reduz distocias e aumenta a rentabilidade

Publicado em

em

Foto: Gabriel Faria

Tradicionalmente, a seleção genética nas raças zebuínas é focada em características relacionadas ao crescimento, devido à importância produtiva, econômica e por apresentarem resposta favorável à seleção quando aplicadas como critério de seleção. Contudo, nos últimos tempos há uma preocupação emergente sobre a seleção focada em características de crescimento em idades jovens e o impacto no tamanho adulto, composição da carcaça, fertilidade e produtividade nos rebanhos zebuínos.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A seleção para precocidade sexual e fertilidade também tem notoriedade dentro do melhoramento genético de zebuínos. A antecipação da prenhez é uma característica que possibilita melhorar a fertilidade e a precocidade sexual, e apresenta alta variabilidade genética aditiva, justificando sua aplicação como critério de seleção na pecuária de corte.

Diante disso, na seleção para maiores taxas de crescimento e precocidade sexual, nota-se que a incidência de problemas ao parto (distocia) aumentou nos últimos anos, provavelmente devido ao maior peso ao nascer do bezerro e menor idade ao primeiro parto de novilhas precoces, como consequência do incremento da precocidade sexual dos rebanhos. A distocia em novilhas tem efeitos desfavoráveis na fertilidade, proporcionando menores taxas de reconcepção, descarte de matrizes, além de prejudicar a viabilidade e aumentando a taxa de mortalidade de bezerros.

Atualmente, a característica peso ao nascer (PN) é o critério de seleção adotado para indicar dificuldade de parto nas raças zebuínas. As estratégias de acasalamento envolvem o uso de DEPs (diferença esperada na progênie) moderadas a baixas para PN visando menor incidência de distocias. No entanto, estudos evidenciam que a seleção para baixo PN pode interferir no desenvolvimento animal, prejudicando o ganho de peso e peso vivo em idades mais avançadas. Em vista disso, são necessárias alternativas de seleção genética que possibilitem solucionar essa questão.

Nas raças taurinas, a característica facilidade de parto (FP) é um componente essencial da eficiência reprodutiva. Já nas raças zebuínas ainda são escassos relatos dessa característica. Embora a seleção indireta para baixo PN possa contribuir para reduzir distocias, a seleção direta para FP associada com a seleção para PN seria uma interessante alternativa e resultaria em ganho genético em longo prazo.

Estudo avalia a importância da facilidade de parto

O cenário da pecuária de corte atual busca aumentar de forma sustentável a rentabilidade do rebanho e reduzir a incidência de problemas ao parto. Diante disso, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) em parceria com a USP, Unesp e Embrapa Cerrados realizou um estudo com o intuito de analisar a importância da adoção da facilidade de parto como critério de seleção, quantificar a variabilidade genética dessa característica e a associação genética entre FP e outras características como crescimento, reprodução, carcaça e eficiência alimentar em primíparas da raça Nelore.

O conjunto de dados fenotípicos utilizados foi fornecido pelo programa de melhoramento genético Nelore Brasil da ANCP. Os dados de FP de novilhas primíparas foram coletados

de 21 rebanhos distribuídos pelo Brasil. Os animais foram classificados quanto à necessidade de assistência ao parto, sendo 88% dos partos sem assistência e 12% necessitaram de assistência.

O estudo, que teve início em 2019, comprovou que a correlação genética estimada entre FP e características indicadoras de precocidade sexual das fêmeas foi moderada, sugerindo que a seleção para antecipação do parto em novilhas aumentaria a incidência de problemas de parto nessa categoria, o que traz consequências negativas para a fertilidade, reforçando a importância da seleção para facilidade de parto como critério auxiliar de seleção, principalmente em rebanhos selecionados para precocidade sexual.

Entre peso ao nascer e facilidade de parto as estimativas de correlação genética foram moderas e negativas, indicando que a seleção para menor peso ao nascer reduziria a incidência de distocia. Apesar da correlação genética moderada com FP, a estimativa não é alta o suficiente para afirmar que a característica PN possa substituir ou servir como indicador direto de FP em bovinos Nelore. Além disso, a seleção para baixo PN pode proporcionar impacto negativo nos pesos subsequentes após o desmame. Assim, é possível inferir que a FP é um componente crucial a ser considerado para reduzir problemas de parto em vacas primíparas da raça Nelore.

Para características de crescimento pós-desmame, as estimativas de correlação genética foram baixas e próximas de zero, indicando que a seleção para desempenho pós-desmame não influenciaria a FP. Esses resultados reforçam que se o objeto de seleção é reduzir problemas de parto, é mais vantajoso aplicar a seleção direta para FP ao invés da seleção para PN, uma vez que a seleção para baixo PN poderia potencialmente retardar o crescimento animal, dada a sólida e favorável correlação genética entre PN com peso ao desmame e sobreano.

Em relação às características de carcaça, as estimativas de correlações genéticas com FP foram baixas, sugerindo que a seleção para facilidade de parto não afetaria o rendimento de carcaça, a deposição de gordura intramuscular ou a espessura da gordura subcutânea. Da mesma forma, as estimativas de correlações genéticas obtidas entre FP com características indicadoras de eficiência alimentar foram baixas. Assim, se é desejável obter seleção genética para carcaça, eficiência alimentar e bom desempenho ao parto, todos esses critérios de seleção devem ser trabalhados em conjunto, uma vez que essas características apresentam correlações desfavoráveis.

A seleção para FP em primíparas é um critério importante a ser considerado na raça Nelore, dado o impacto dos efeitos genéticos diretos e maternos sobre esta característica. As estimativas de herdabilidade para FP obtidas no estudo indicaram que a seleção para essa característica é viável para reduzir os problemas ao parto em novilhas precoces.

Outro ponto importante evidenciado neste estudo é a seleção e acasalamento de fêmeas precoces, onde a FP deve ser levada em consideração para reduzir problemas de parto nessa categoria. Além disso, a associação genética entre FP e PN apontou que selecionar apenas para baixo peso ao nascer para reduzir problemas de parto não é a estratégia mais adequada para aumentar a facilidade de parto em novilhas Nelore.

Portanto, os resultados indicam que a adoção de um modelo de seleção multicaracterística combinando a seleção para FP com características reprodutivas e de crescimento melhoraria a seleção para precocidade sexual, resultando em maior sucesso reprodutivo, com menor incidência de problemas ao parto, sem prejudicar o desempenho das características de crescimento, eficiência alimentar e de carcaça.

Os cinco anos de estudo científico resultaram na criação da DEP para facilidade de parto para a raça Nelore que será lançada de forma inédita ao mercado brasileiro no 28° Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores da ANCP, que acontece no dia 16 de agosto, em Uberaba (MG).

Fonte: Por Maria Paula Marinho de Negreiros, médica-veterinária e mestre em Ciências. Atua no setor de Genótipos da ANCP.
Continue Lendo
CBNA – Cong. Tec.

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.