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Seis estratégias para o uso inteligente de probióticos

Equilíbrio da microbiota e sua modulação inteligente com uso de probióticos têm sido ferramentas importantes na produtividade sustentável da pecuária

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Arquivo/OP Rural

 Artigo escrito por Gabriel Jorge Neto, médico veterinário e CEO Cinergis Agronegócios e Ghenvet Saúde Animal

Inicialmente vamos definir de modo sumário os quatro “bióticos”. Antibióticos são medicamentos que matam as bactérias. Probióticos são bons micro-organismos vivos (bactérias e leveduras) que quando ingeridos trazem benefícios ao hospedeiro. Prebióticos são alimentos (fibras e açúcares) não digeridos pelo hospedeiro que são consumidos pela microbiota favorecendo sua multiplicação; E simbióticos é o uso conjunto, com efeito sinérgico de probióticos e prebióticos na alimentação do hospedeiro.

O Projeto do Microbioma Humano, iniciado em 2007 e ainda em andamento, tem trazido conhecimento inédito sobre a saúde e bem-estar. Descobriu-se que os humanos e animais são colonizados por dez bactérias para cada célula corporal. Estas bactérias são definidas como “microbiota” e são essenciais para a saúde do hospedeiro, influenciando em sua digestão, imunidade, produtividade e qualidade de vida. Mensalmente são publicadas novas pesquisas com surpreendentes descobertas, mostrando novas ações da microbiota em saúde mental, depressão, autismo, alergias, imunidade, etc.

O equilíbrio da microbiota e sua modulação inteligente com uso de probióticos têm sido ferramentas importantes na produtividade sustentável da pecuária e têm apresentado avanços constantes e consideráveis nos últimos anos. Os conceitos da década passada sobre o assunto estão totalmente ultrapassados. Há muitas estratégias para o uso inteligente dos probióticos e vamos destacar seis delas.

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Uso de bactérias não residentes, mas melhoradoras da saúde intestinal, geralmente do gênero Bacillus (Bacillus subtilis, Bacillus licheniformes, entre outras) que precisam ser esporuladas e, por não serem residentes e não colonizarem o intestino, devem ser de uso contínuo. Elas estimulam a produção de ácidos graxos pela microbiota, melhoram o ambiente intestinal, os sintomas da clostridiose e a produtividade com boa relação custo/benefício, mas nas avaliações pela técnica “spot on the lawn” não inibem diretamente a Salmonella e Esclerichia coli pois não formam halos de inibição. São também boas bactérias para colonizarem a cama e galpão das aves, trazendo melhorias ambientais nítidas. São bactérias multi espécies e são usadas também em agricultura aumentando a produtividade de milho, cana de açúcar, e outras culturas. Quando fornecidas em sua forma esporulada resistem à peletização, mas não ao expander ou extrusão.

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Uso de bactérias residentes que, historicamente, são colonizadoras do intestino e compõem a microbiota benéfica, como as do gênero Lactobacillus, Enterococcus, Pediococcus, entre outras. Bactérias que há milhares de anos colonizam naturalmente as aves, são ácido láticas, habitam o sistema digestório e são produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) como os ácidos acético, lático, propiônico. Elas são efetivas no combate à Salmonellas e Esclerichia coli, melhoram a imunidade e o desempenho, diminuem os sintomas de clostridiose e devem ser obrigatoriamente originadas na espécie onde serão aplicadas, os seja, devem ser de aves para aves. Por não serem resistentes a temperaturas elevadas, devem ser micro encapsuladas por processos que as permitem resistir às partes ácidas do trato digestório e ser disponibilizadas nos locais adequados do intestino onde irão colonizar e proteger contra patógenos. Conforme a técnica de micro encapsulamento e a quantidade fornecida por grama de ração, podem resistir parcialmente à peletização, perdendo no processo um a dois logaritmos, chegando ao comedouro com 104 bactérias por grama, suficientes para uma excelente colonização intestinal. O preço de compra, no caso de se optar por produtos comerciais compostos por bactérias residentes não encapsulados, deve ter um bom desconto.

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Uso de bactérias residentes que adsorvem toxinas e micotoxinas, como o Lactobacillus rhamnosus (ATCC 7469), que devem ser micro encapsuladas. O uso dessas bactérias merece um artigo próprio pois elas podem compor múltiplas estratégias.

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Uso de bactérias que transformam os ácidos (AGCC) produzidos pelas bactérias da microbiota em ácido butírico como o Clostridium butyricum (esporulado), melhorando a alimentação do enterócito. É o programa que combate com mais intensidade os sintomas da clostridiose (enterite necrótica). Essa estratégia é uma das mais interessantes ferramentas e deve vir associada sempre com probióticos compostos por bactérias residentes ácido láticas. A disponibilidade de ácido butírico, principal alimento dos enterócitos, é elevada e fisiologicamente equilibrada na luz intestinal.

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Consiste em associar múltiplas estratégias (exemplo: 1+2, 1+2+3, ou todas). Nesse caso é necessária a assistência de médicos veterinários especializados que podem definir o melhor programa e que compreendam os mecanismos de ação dos simbióticos.

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Acrescentar o uso de combinações de prebióticos à estratégia cinco (simbióticos). A técnica laboratorial “spot on the lawn” é a maneira mais eficaz para escolher o probiótico ideal para nossa granja e consiste em cultivar no mesmo meio de cultivo a bactéria patogênica isolada em nossas granjas com a bactéria probiótica e observar se há ou não a formação do halo de inibição. Devemos escolher as bactérias probióticas que formaram os maiores halos de inibição para compor o probiótico que usaremos na criação. É evidente que para isso a produtora do probiótico necessita ter um banco de bactérias probióticas comprovadas.

Múltiplas espécies e gêneros

O uso de probióticos com múltiplas espécies e gêneros de bactérias é sempre melhor que com uma única bactéria. Mas devemos escolher probióticos multi espécies de empresas que consigam provar que há o mecanismo de “Quorum sensing” entre suas combinações bacterianas. O “Quorum sensing” é um mecanismo de comunicação e colaboração entre bactérias que aumenta a efetividade e atuação do probiótico, trazendo um benefício muito maior à produtividade e saúde do plantel. Quando há o mecanismo de comunicação entre bactérias, quanto mais espécies houver, melhor é o probiótico.

A quantidade de bactéria probiótica viável ingerida pela ave é também relevante. Devemos oferecer pelo menos 103 bactérias por grama de ração em fornecimento contínuo. Quando fornecermos via água o ideal é 104 por mililitro de água bebida. O fornecimento do probiótico para colonização da ave deve preceder o alojamento na granja para colonizar o intestino com boas bactérias antes de serem colonizadas pelas bactérias do galpão.

Mar de oportunidades e desafios

Baseado nos experimentos realizados nos últimos anos em minha granja no Maranhão (700 mil frangos de corte), na evolução dos conhecimentos descobertos pelo Projeto do Microbioma Humano, na constatação cada vez mais consistente dos mecanismos de resistência bacteriana aos antibióticos e em uma legislação de uso de aditivos cada vez mais sustentável, posso afirmar com segurança que em poucos anos todas as empresas irão utilizar probióticos em suas rações.

Temos resultados de campo com uso de probióticos e simbióticos muito bons, com custo/benefício equivalente ao uso de promotores de crescimento antibióticos, mas com melhor saúde intestinal, menos positividade de propés para Salmonellas em camas de aviários e com diminuição de tratamentos curativos de enterites.

A manipulação da microbiota por diferentes estratégias de uso de probióticos e simbióticos é um mar de oportunidades e desafios, podendo ser um diferencial para a sobrevivência e crescimento econômico das empresas e para produzir um alimento mais saudável e sem resíduos para um consumidor cada vez mais esclarecido e exigente.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2019.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Em meio ao Siavs 2024, Facta promove simpósio sobre quadro atual e avanços científicos da Influenza aviária

Especialistas do Brasil e da Europa debatem migração, gestão de crise e experiências de quem já enfrentou o problema.

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Coordenador do simpósio e presidente da Facta, Ariel Mendes: "Como único país entre os grandes produtores a permanecer livre de registros no plantel comercial, o Brasil precisa avaliar constantemente seus erros e acertos para fortalecer ainda mais não apenas a sua biosseguridade, como também a sua agilidade em uma eventual reação" - Foto: Divulgação/Facta

A Fundação de Apoio às Ciências e Tecnologias Avícolas (Facta) promoverá um amplo debate sobre a conjuntura internacional e as pesquisas relativas à Influenza aviária, em simpósio que acontecerá durante o Salão Internacional de Proteína Animal (Siavs), programado entre os dias 06 e 08 de agosto, no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP).

Evento tradicional da programação dos Siavs, o Simpósio Facta será dividido em dois blocos nesta edição. Na primeira etapa, abordará o papel das aves migratórias e mamíferos marinhos na ecopidemiologia da enfermidade, principais rotas na América do Sul, além das origens e contenções de casos na região. Especialistas como Jansen de Araújo, da Universidade de São Paulo, Priscilla Prudente do Amaral  da ICMBio e Mário Sérgio Assayag  da Aviagen participarão do painel, que será mediado pela auditora fiscal federal agropecuária, Taís Oltramari Barnasque.

Na segunda etapa, a chefe da Divisão de Gestão de Planos de Vigilância do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa/DF), Daniela de Queiroz Baptista, e o pesquisador Sjaak de Wit, da Universidade de Utrech da Holanda, vão apresentar experiências diferentes no enfrentamento da enfermidade, indo das lições aprendidas pelo Brasil sobre as ocorrências em aves silvestres e de fundo de quintal, chegando ao debate atual em torno do desenvolvimento de vacinas para a enfermidade. A jornalista Juliana Azevedo mediará o debate.

“Estamos em um contexto em que a Influenza aviária deixou de ser um tema estritamente de prevenção, e se tornou rotina na produção avícola global. Como único país entre os grandes produtores a permanecer livre de registros no plantel comercial, o Brasil precisa avaliar constantemente seus erros e acertos para fortalecer ainda mais não apenas a sua biosseguridade, como também a sua agilidade em uma eventual reação”, avalia o coordenador do simpósio e presidente da Facta, Ariel Mendes.

As inscrições para a programação de palestras do Siavs já estão abertas. Preços promocionais e mais informações podem ser encontradas clicando aqui.

Fonte: Assessoria Siavs
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Avicultura

Vendas externas de carne de frango voltam a crescer em março

No balanço do primeiro trimestre de 2024, as vendas externas totalizam 1,2 milhão de toneladas, 7,2% menos que no mesmo período do ano passado.

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As exportações brasileiras de carne de frango voltaram a crescer em março, depois de dois meses em queda.

Segundo dados da Secex analisados pelo Cepea, foram embarcadas 418,1 mil toneladas (entre produtos in natura e industrializados), volume 5,2% maior que o de fevereiro/24, mas 18,7% inferior ao de março/23.

No balanço do primeiro trimestre de 2024, as vendas externas totalizam 1,2 milhão de toneladas, 7,2% menos que no mesmo período do ano passado.

À China – ainda maior parceira comercial do Brasil –, os envios caíram 7,4% entre fevereiro e março, passando para 38 mil toneladas.

Apesar disso, pesquisadores do Cepea apontam que o setor avícola nacional está confiante, tendo em vista que oito novas plantas frigoríficas foram habilitadas para exportar à China.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Avicultura Saúde intestinal e saúde óssea

Impacto sobre a rentabilidade e qualidade das carcaças de frangos de corte

Dentre as afecções que podem comprometer a saúde intestinal dos bezerros está a Colibacilose, que tem como agente etiológico a bactéria Escherichia coli.

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A saúde intestinal e a saúde óssea estão em conexão por mecanismos que envolvem, principalmente, a microbioma intestinal e a comunicação com as células ósseas. O equilíbrio e estabilidade da microbiota intestinal influencia diretamente a homeostase óssea. “Um dos mecanismos que vem sendo estudado é o papel da microbiota sobre a regulação da homeostase do sistema imune intestinal. Alterações na composição da microbiota intestinal podem ativar o sistema imunológico da mucosa, resultando em inflamação crônica e lesões na mucosa intestinal”, explica a doutora Jovanir Inês Müller Fernandes, durante a Conexão Novus, evento realizado em 07 de março, em Cascavel, no Paraná.

Conforme salienta a palestrante, a ativação do sistema imunológico pode levar a produção de citocinas pró-inflamatórias e alteração na população de células imunes que são importantes para manter a homeostase orgânica e controlar os processos inflamatórios decorrentes, mas simultaneamente pode reduzir os processos anabólicos como a formação óssea. “Isso porque os precursores osteoclásticos derivam da linhagem monócito/macrófago, células de origem imunitária” frisa.

Consequentemente, o sistema imunológico medeia efeitos poderosos na renovação óssea. “As células T ativadas e as células B secretam fatores pró-osteoclastogênicos, incluindo o ativador do receptor de fator nuclear kappa B (NF-kB), o ligante do receptor ativador do fator nuclear kappa B (RANKL), interleucina (IL) -17A e fator de necrose tumoral (TNF-α), promovendo perda óssea em estados inflamatórios”, detalha a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Problemas

Além disso, doutora Jovanir também ressalta que o intenso crescimento em reduzido tempo das atuais linhagens de frangos de corte resulta em sobrecarga sobre um sistema ósseo em mineralização. Ela frisa ainda que o centro de gravidade dos frangos tem sido deslocado para frente, em comparação com seus ancestrais, o que afeta a maneira como o frango se locomove e resulta em pressão adicional em seus quadris e pernas, afetando principalmente três pontos de choque: a quarta vértebra toráxica e as epífises proximais da tíbia e do fêmur. “Nesses locais são produzidas lesões mecânicas e microfraturas, e tensões nas cartilagens imaturas, especialmente na parte proximal dos ossos. As lesões mecânicas danificam e rompem os vasos sanguíneos que chegam até a placa de crescimento e, como consequência, as bactérias que circulam no sangue conseguem chegar às microfaturas e colonizá-las, iniciando as inflamações sépticas”, relata.

O aumento do consumo de água e a produção de excretas que são depositadas na cama, associado a uma menor digestibilidade da dieta, segundo a médica veterinária, resultam em aumento da umidade e produção de amônia. “Camas úmidas aumentam a riqueza e diversidade da microbiota patogênica, que pode alterar o microbioma da ave e desencadear a disbiose intestinal, pode favorecer a translocação bacteriana pelas lesões de podermatite e afetar a mucosa respiratória pelo aumento da produção de amônia que, consequentemente, resulta em desafios à mucosa respiratória e aumento da sinalização imunológica por citocinas e moléculas inflamatórias” enfatiza a profissional.

lém desses fatores, doutora Jovanir explica que a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites, a exemplo dos isolamentos já feitos no Brasil de cepas patogênicas de Enterococcus faecalis. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado nos aviários”, elucida.

Segundo a médica-veterinária, devido a dor e a dificuldade locomotora, as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. “Isso também contribui para a ocorrência de pododermatite, dermatites e celulites. Importante ainda destacar que esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, bem como a ocorrência de artrites assépticas. Nesse sentido, é fundamental a manutenção de um microbioma ideal para modular o remodelamento ósseo das aves” adverte.

Importância do microbioma intestinal nos ossos

“Pesquisadores mostram que a comunicação entre microbioma e homeostase óssea garante a ação dos osteoblastos maior que a ação dos osteoclastos, com isso, garantindo boa remodelação óssea. Ou seja, forma mais osso sólido do que se rarefaz’, complementa Jovanir Fernandes.

Além disso, ela informa que a composição da microbiota do intestino impacta na absorção dos nutrientes, promovendo aumento de assimilação de cálcio, magnésio e fósforo – vitais na saúde óssea. “Durante o processo de fermentação, os micróbios intestinais produzem numerosos compostos bioativos, que são importantes para a saúde óssea, como vitaminas do complexo B e vitamina K. As bactérias intestinais produzem também ácidos graxos de cadeia curta (ácido butírico), importantes na regulação dos osteocitos e massa óssea”, ressalta.

Os estudos, de acordo com a palestrante, indicam que esses ácidos graxos inibem a reabsorção óssea através da regulação da diferenciação dos osteoclastos e estimulam a mineralização óssea. “Age também ativando células Treg (potencializadoras de células tronco nos ossos). Hormônios produzidos no intestino pela presença de bactérias boas desempenham um papel importante na homeostase e metabolismo ósseo”, aponta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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