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Secagem de vacas leiteiras

Decisão da duração do período seco depende das instalações disponíveis e do sistema de manejo de cada rebanho

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Artigo escrito por Alex de Souza, médico veterinário, PhD em reprodução animal, atua na gerência de técnica de bovinos da Ceva Saúde Animal

Como é conhecido, o período seco é o intervalo entre as lactações no qual as vacas de leite devem ficar sem serem ordenhadas em preparo para a próxima lactação. Normalmente este período dura aproximadamente 60 dias, porém sob certas condições de manejo e nutrição específicas, períodos secos mais curtos de até 45 dias podem ser viáveis. Um grande número de pesquisas mostram que períodos secos muito longos maiores que 70 dias tendem a aumentar a incidência de problemas metabólicos no pós parto; e períodos de secagem menores que 45 dias normalmente fazem com que a vaca produza menos leite na lactação subsequente – desta forma não sendo indicados. Além disso, vacas com gestações gemelares e picos de estresse térmico ambiental tendem a antecipar partos em até 2 semanas. Portanto, a decisão da duração do período seco depende das instalações disponíveis e do sistema de manejo de cada rebanho.

Em geral, o processo de secagem deve ser efetuado de forma abrupta, associado à utilização higiênica de antibióticos intramamários específicos para vacas secas em conformidade com a duração do período seco de forma a evitar resíduos de antibióticos após o parto. O antibiótico utilizado também deve ser específico de forma a tratar os principais tipos de infecções que ocorrem no rebanho – isso é importante pois cada rebanho tende a ter uma característica individual quanto aos patógenos mais comuns em vacas contaminadas. Nesse sentido a cultura do leite de forma a identificar possíveis patógenos, associado a análise de contagem de células somáticas de cada animal, e em casos especiais até mesmo de quartos individuais, antes da secagem e após o parto são de suma importância no gerenciamento veterinário de mastites clínicas e sub-clínicas, assim como avaliar as taxas de cura durante o período seco. Outro aspecto importante que deve ser explorado de forma proativa pelo produtor e seus consultores é o descarte de animais mais velhos contaminados por certos tipos de
micro-organismos como, estafilococos aureus e animais em qualquer idade com teste de cultura positiva para micoplasma. Estes animais, cronicamente contaminados por estas bactérias, dificilmente têm um sucesso no tratamento antibiótico e representam um alto risco para o restante do rebanho.   

O manejo de vacas no período pré-secagem é muito variável nas fazendas brasileiras e, na verdade, em todo o mundo. Infelizmente, muitas produtores com o intuito de diminuir a produção de leite no final da lactação, submetem as vacas, em especial as mais produtoras, a períodos de restrição alimentar e eventualmente hídrica que pode durar de 1 a 4 semanas antes de realizar o procedimento de secagem. Este manejo é conhecido como secagem gradual. Obviamente, restringir água ou alimentos no período pré-secagem causa um grande estresse no animal e, portanto, este tipo de manejo não é recomendado por inúmeros motivos de ordem fisiológica para o animal, não inibe problemas de vazamento de leite após secagem (Gott, Rajala-Schultz et al. 2016), aliado ao fato desses animais se encontrarem no terço final de gestação, fase crítica para o desenvolvimento do bezerro no útero da vaca. Dessa forma, vacas lactantes devem ser mantidas em suas dietas balanceadas e rotina de ordenha constante até o momento da secagem, que deve ser conduzida preferencialmente de forma abrupta. Após a secagem as vacas devem ser mantidas em dietas especificamente formuladas para vacas secas, com particular atenção em tentar evitar, por exemplo, excesso de potássio, que pode atrapalhar o mecanismo de remoção de cálcio dos ossos em adaptação à nova lactação. Vale ressaltar que trocas de dietas, diminuição de frequência de ordenha ou movimentações frequentes para diferentes lotes geram um grande estresse no animal e devem ser evitados a todo custo.

Durante esta “pausa” entre lactações, a glândula mamária ou simplesmente “úbere” tem que passar por um processo bastante ativo a nível celular e endócrino de involução e posterior renovação deste tecido glandular produtor de leite em preparação para a próxima lactação. Como seria de se esperar, vacas com maiores produções de leite no momento da secagem são mais propensas a se contaminarem com micro-organismos causadores de mastite (Newman, Rajala-Schultz et al. 2010) e, portanto, o processo de secagem em vacas produzindo mais de
15 kg no dia da secagem tende a ser mais problemático. Por exemplo, maiores produções de leite no momento da secagem induzem mais edema, dor e casos de vazamento de leite, que podem afetar mais de 40% das vacas sob certas condições de manejo, atrasando a formação do tampão de queratina no canal do teto, o que representa uma importante via de contaminação do úbere (mastites).

Não se sabe muito sobre os efeitos desses diferentes tipos de estresse na vaca, na próxima lactação ou mesmo no feto da vaca que está gestante no momento da secagem. Obviamente estas interações de estresse e consequente cascata hormonal são extremamente complexas. Vários grupos de pesquisa descreveram recentemente que o estresse térmico, por exemplo, induz uma condição de resistência de insulina na vaca parecida de certa forma com a diabetes em humanos: o estresse térmico desencadeia um mecanismo de sobrevivência que aumenta o aporte de energia (glicose) para o sistema imune do animal. Porém, já se sabe que isso afeta o bezerro no útero da vaca gestante, fazendo com que a vaca adulta proveniente de uma mãe exposta ao estresse térmico produza menos leite por toda sua futura vida produtiva!

Uma característica a ser manejada muito cuidadosamente durante o período seco é a condição corporal das vacas – normalmente classificado de 1 (vacas extremamente magras) a 5 (vacas extremamente gordas). Sabe-se que animais mais gordos (acima de 3.5 na escala de condição corporal mencionada anteriormente) diminuem sua ingestão de matéria seca muito antes em relação ao parto que animais com condição corporal mais ideal (3.0 a 3.5). Estas mesmas vacas mais gordas tem claramente mais problemas metabólicos no pós-parto e sua fertilidade medida em termos de taxa de concepção é muito pior, principalmente para vacas que perdem mais peso nas primeiras semanas após o parto (Carvalho, Souza et al. 2014). Pesquisas em andamento também indicam que vacas que perdem condição corporal entre o momento da secagem e o parto tem muito mais problemas de saúde no pós-parto e são descartadas do rebanho mais frequentemente. Portanto, especial atenção é necessária em se manejar a condição corporal de vacas leiteiras no período pré-secagem, peri-parto, assim como no pós-parto.

Uma série de ferramentas e técnicas estão atualmente disponíveis ao produtor e veterinários para melhorar a condição da vaca durante a secagem e período seco. Existe por exemplo uma forte tendência em se trabalhar com períodos secos mais curtos de aproximadamente 45 dias que utilizam uma dieta única de média-baixa energia, ao contrário do manejo de duas dietas conhecido como “far-off e close-up”, que parece estar relacionada a menores incidência de problemas metabólicos no pós-parto (Dann, Litherland et al. 2006). Pesquisas recentes também indicam que altas taxas de lotação, principalmente nas semanas próximas ao parto, prejudicam a ingestão de matéria seca, o que pode causar maiores problemas metabólicos no pós-parto. Portanto, é recomendado uma taxa de lotação não maior que 80% no período de transição (3 semanas antes a 3 semanas pós-parto). Além disso, vacas primíparas devem, se possível, ser mantidas separadas de vacas mais velhas antes e depois do parto de forma a aumentar a ingestão de matéria seca nestes animais mais jovens – pois o padrão alimentar de uma vaca mais jovem é muito diferente de vacas mais velhas que tendem a comer menos vezes ao longo do dia e em maiores porções por vez.

Atualmente no Brasil, também existem estratégias e apresentações farmacológicas que podem diminuir problemas relacionados ao vazamento e mesmo ao excesso de edema do úbere pós-secagem. Por exemplo, selantes de teto e mais recentemente, o facilitador de secagem que diminui as concentrações de prolactina (como a cabergolina) ajudam em muito com o problemas de vazamento de leite pós-secagem e diminuem a chance de contaminação por bactérias e outros patógenos invasores. Na verdade, drogas que diminuem a prolactina também diminuem o acúmulo de leite na glândula e o excesso de edema, assim como melhoram a imunidade celular (maior concentração de células de defesa) e inata do úbere (aumenta as concentrações de lactoferrina – um bacteriostático natural do leite), protegendo a glândula nos dias mais críticos durante a involução após a secagem (Bach, De-Prado et al. 2015, Boutinaud, Isaka et al. 2016).

Fonte: Assessoria

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Notícias Após oito anos

UFSM retoma tradicional Simpósio de Sanidade Avícola

Evento será realizado de forma on-line, entre os dias 05 e 07 de junho, permitindo a participação de estudantes e profissionais de diversas regiões do país.

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Foto: Julio Bittencourt

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está em clima de celebração com o retorno do Simpósio de Sanidade Avícola, que volta a acontecer após um hiato de oito anos. Este evento, anteriormente coordenado pela professora doutora Maristela Lovato Flores, teve sua última edição em 2016 e agora ressurge graças aos esforços do Grupo de Estudos em Avicultura e Sanidade Avícola da UFSM (Geasa/UFSM). O Jornal O Presente Rural será parceiro de mídia da edição 2024 do evento.

Sob a nova liderança dos professores doutores Helton Fernandes dos Santos e Paulo Dilkin, o evento chega a 11ª edição e promete manter o alto padrão técnico-científico que sempre marcou suas edições anteriores. “Estamos imensamente satisfeitos e felizes em anunciar o retorno deste evento tão importante para a comunidade avícola”, declararam os coordenadores.

O Simpósio está marcado para os dias 05, 06 e 07 de junho e será realizado de forma on-line, permitindo a participação de estudantes e profissionais de diversas regiões do país. “Com um programa cuidadosamente planejado ao longo dos últimos meses, o evento pretende aprofundar os conhecimentos sobre sanidade avícola, abrangendo temas atuais e pertinentes à Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia”, evidenciou o presidente do Geasa/UFSM, Matheus Pupp de Araujo Rosa.

Entre as novidades deste ano, destaca-se o caráter beneficente do evento. Em solidariedade às vítimas das recentes enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, 50% do valor arrecadado com as inscrições será doado para ajudar aqueles que foram afetados por essa adversidade.

Os organizadores também garantem a presença de palestrantes de renome, que irão abordar as principais pautas relacionadas à sanidade nos diversos setores da avicultura. “Estamos empenhados em proporcionar um evento de alta qualidade, que contribua significativamente para o desenvolvimento profissional dos participantes”, afirmaram.

Em breve, mais detalhes sobre os palestrantes, temas específicos e informações sobre inscrições serão divulgados. Para acompanhar todas as atualizações, você pode também seguir  o perfil oficial do Geasa/UFSM pelo Instagram. “O Simpósio de Sanidade Avícola é uma excelente oportunidade para a comunidade acadêmica e profissional se reunir, trocar conhecimentos e contribuir para o avanço da avicultura, enquanto também apoia uma causa social de grande relevância”, ressalta Matheus.

Fonte: O Presente Rural
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Notícias

Carne de frango ganha competitividade frente a concorrentes

No caso da carne suína, as cotações iniciaram maio em alta, impulsionadas pela oferta mais “enxuta” e pelo típico aquecimento da procura em começo de mês. Quanto ao mercado de boi, apesar dos valores da arroba seguirem pressionados, as exportações intensas de carne podem ajudar a limitar a disponibilidade interna e, consequentemente, a sustentar os valores da proteína no atacado.

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Foto: Shutterstock

Enquanto a carne de frango registra pequena desvalorização em maio, frente ao mês anterior, as concorrentes apresentam altas nos preços – todas negociadas no atacado da Grande São Paulo.

Como resultado, pesquisas do Cepea mostram que a competitividade da proteína avícola tem crescido frente às concorrentes.

Para o frango, pesquisadores do Cepea explicam que a pressão sobre os valores vem da baixa demanda em grande parte da primeira quinzena de maio (com exceção da semana do Dia das Mães), o que levou agentes atacadistas a baixarem os preços no intuito de evitar aumento de estoques.

No caso da carne suína, levantamento do Cepea aponta que as cotações iniciaram maio alta, impulsionadas pela oferta mais “enxuta” e pelo típico aquecimento da procura em começo de mês.

Quanto ao mercado de boi, apesar dos valores da arroba seguirem pressionados na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, as exportações intensas de carne podem ajudar a limitar a disponibilidade interna e, consequentemente, a sustentar os valores da proteína no atacado.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Notícias Em apoio ao Rio Grande do Sul

Adapar aceita que agroindústrias gaúchas comercializem no Paraná

Medida é válida para agroindústrias do Rio Grande do Sul com selo de inspeção municipal ou estadual e tem validade de 90 dias. A Adapar enviou uma declaração expressa ao Ministério alinhada a essa autorização, e vai disponibilizar no site oficial uma lista dos estabelecimentos aptos a vender esses produtos.

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Foto: Mauricio Tonetto/Secom RS

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) vai aceitar que agroindústrias gaúchas com selo de inspeção municipal ou estadual vendam seus produtos em território paranaense.

A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou na última quarta-feira (15) a Portaria Nº 1.114, permitindo temporariamente a comercialização interestadual de produtos de origem animal do Rio Grande do Sul, em caráter excepcional.

A Adapar enviou uma declaração expressa ao Ministério alinhada a essa autorização, e vai disponibilizar no site oficial uma lista dos estabelecimentos aptos a vender esses produtos, garantindo a segurança e a qualidade alimentar para os consumidores.

A decisão atende a uma solicitação da Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios (AGL) pela flexibilização das regulamentações vigentes, com o objetivo de garantir a continuidade da venda dos produtos de origem animal produzidos em território gaúcho, tendo em vista o impacto das enchentes para os produtores rurais.

O assunto foi debatido em uma reunião online realizada na terça-feira (14) entre os órgãos e entidades de defesa agropecuária do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e o Mapa.

“Essa medida representará um alívio significativo para as pequenas empresas, com o escoamento de produtos que poderão ser revendidos nos estabelecimentos distribuídos por diversos estados brasileiros”, explica o diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins. As autorizações dispostas na Portaria do Ministério são válidas pelo prazo de 90 dias.

Para a gerente de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Adapar, Mariza Koloda, a iniciativa representa um importante passo na busca por soluções ágeis e eficazes para enfrentar os desafios impostos pelo cenário de crise no Rio Grande do Sul.

“A cooperação entre os órgãos de defesa agropecuária e o Ministério demonstra o compromisso em atender às necessidades dos produtores e consumidores, ao mesmo tempo em que se mantém a integridade e segurança dos alimentos comercializados em todo o País”, diz.

Segundo a AGL, a grande maioria das agroindústrias familiares depende de feiras, restaurantes, empórios, hotéis, vendas digitais para consumidor direto ou de compras institucionais pelo Poder Público. O impacto das chuvas prejudicou a comercialização das agroindústrias em todas as regiões, com produtores que perderam animais, lavouras e instalações.

Fonte: AEN-PR
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