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Reflexos da guerra sobre o agro

Grandes áreas à espera de sementes que não virão. Tanques no lugar de máquinas agrícolas. Não há como plantar e, assim, não haverá o que colher em uma das regiões agrícolas mais férteis do planeta.

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Divulgação/Pexels

Em momentos de conflitos e tragédias, nenhuma imagem ou notícia supera o drama humano, a destruição de vidas, a interrupção de sonhos. O impacto imediato, súbito, devastador, comove o mundo e afronta a nossa humanidade. Principalmente quando não se enxerga a rota de saída, o resgate da normalidade.

Nos destroços de almas e edifícios na Ucrânia não existe esta visão. Vislumbra-se o choque e nada mais. À medida em que o diálogo fracassa, passamos a entender que a dor que hoje é local se estenderá ao resto do mundo por meio da escassez e a elevação de preços de alimentos e de combustíveis, entre outros impactos diretos e indiretos. Insegurança é a palavra que une a todos, em diferentes formas. Onde não há bombas, será crescente o risco da fome.

Lavoura ou campo de guerra?

Nas imagens que nos chegam da Ucrânia, vê-se tropas e pessoas se deslocando por paisagens com solo descoberto, a neve branca se abrindo para uma terra escura. Grandes áreas planas à espera de sementes que não virão. Tanques no lugar de máquinas agrícolas. Não há como plantar e, assim, não haverá o que colher em uma das regiões agrícolas mais férteis do planeta.

Nesse sentido, culturas como o girassol, em que a Ucrânia é líder global de produção, já estão comprometidas. Outras, como a cevada e o trigo, em que as sementes são lançadas antes do inverno e ficam dormentes sob o gelo para brotarem na primavera, também devem contar com perdas significativas, já que o manejo das lavouras também não deve ocorrer de forma minimamente desejável.

Qual o tamanho das perdas? Impossível calcular por enquanto. O que se sabe é que não será pequeno e resultará em uma oferta significantemente menor dessas commodities ao redor do mundo.

Protecionismo alimentar

Ainda que o conflito cesse em um prazo curto, a debacle nas estruturas de produção e logística na Ucrânia e na Rússia (afetada pelas sanções impostas internacionalmente) acionou gatilhos protecionistas em outros países, que já manifestaram sua intenção de restringir as exportações de commodities agrícolas para evitar o desabastecimento interno. Indonésia, Argentina e Hungria, por exemplo, estão entre os pioneiros a adotar medidas de protecionismo alimentar.

A situação da Indonésia explica bem o impacto desse tipo de ação. Maior exportador mundial de óleos comestíveis (sobretudo o de palma), o país decretou que uma cota de 30% dos volumes embarcados para o exterior deve ser destinada ao mercado local. É 20% a mais do que o previsto até antes da guerra na Ucrânia. A decisão fez com que a cotação do óleo de palma no mercado internacional subisse 13%, atingindo um novo recorde histórico.

O agro e a neutralidade brasileira

Desde a eclosão do conflito, o governo brasileiro tem optado por um discurso de neutralidade. Embora tenha votado a favor de moções da Organização das Nações Unidas que reprovam a invasão do território ucraniano por forças russas, o Brasil manifestou-se contrário à adoção de sanções que afetam a realização de negócios com empresas da Rússia.

Uma das razões apontadas para esse posicionamento seria, na visão de muitos, a influência de entidades e parlamentares que representam agricultores brasileiros, preocupados com o abastecimento de fertilizantes no mercado brasileiro. O país importa 85% dos fertilizantes utilizados em nossas lavouras e a Rússia seria responsável por cerca de 30% desse fornecimento.

A preocupação é evidente e justificada, portanto. Os preços dos insumos agrícolas já viviam um processo de alta, provocada pela demanda excessiva no mercado global, bem antes de os primeiros disparos serem dados na Ucrânia. O acirramento do conflito e o bloqueio dos fluxos logísticos e financeiros agravaram ainda mais o quadro, fazendo prever escassez de fertilizantes e, assim, uma disputa maior pelo insumo disponível — o que resultará, certamente, numa elevação ainda maior dos preços.

O que não se justificaria, porém, seria tomar uma posição que agrade a Rússia para defender o fornecimento de fertilizantes, mas que ao mesmo tempo desagrada aos países da União Europeia, que em bloco são um dos maiores compradores de produtos agrícolas brasileiros. Analisando números, verifica-se que a opção seria ilógica: os negócios agrícolas com a Rússia totalizaram, em 2021, cerca de US$ 7,2 bilhões, sendo deficitária para o Brasil em US$ 4,1 bilhões. Já com a União Europeia, o valor total exportado em 2021 teve um aumento de 32%, sendo que apenas quatro dos 28 países do bloco, compraram mais de US$ 6,3 bilhões em produtos agrícolas brasileiros.

Interesses comerciais são parte importante na definição de políticas de relações diplomáticas. Não são, entretanto, fator prioritário ou único na tomada de decisões. Se a questão dos fertilizantes é importante para o agronegócio brasileiro, também são fundamentais para as nossas vendas externas assuntos como a preservação da Amazônia ou as relações com a China, de longe a maior parceira do agronegócio brasileiro, com mais de US$ 34 bilhões em vendas para eles em 2021. Nem por isso, porém, esses temas têm pautado as decisões do governo brasileiro.

Não é improvável que questões ambientais sejam postas à mesa, por exemplo, em uma eventual discussão de parceria com governos e empresas com os quais o Brasil busque alternativas aos fertilizantes que podem deixar de vir da Rússia ou de Belarus. O Canadá – maior produtor de potássio do mundo, com que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já iniciou conversações – é um dos mais ativos em debates sobre a urgência da descarbonização da economia global. Outra opção de fornecedor seria a própria China, que indica disposição em preservar para si a maior parte da produção, já que tem projetos para a expansão agrícola em seu próprio território.

Paralelamente às opções externas, a crise global provocada pela situação ucraniana revelou a urgência de uma revisão da estratégia brasileira em busca de uma redução da dependência internacional de fertilizantes minerais. Não há solução de curto prazo, mas a dimensão do problema demonstra que não há tempo a perder ou uma bala de prata disponível para resolver a questão. É preciso avaliar todas as alternativas disponíveis e investir em várias delas.

A primeira e mais óbvia seria a ampliação da produção local desses fertilizantes. Não é, de forma alguma, algo simples, mas com investimentos feitos de forma adequada e estratégica, seria possível garantir, por exemplo, todo o potássio consumido no Brasil nas próximas décadas.

Melhor ainda: levantamentos demonstram que mais de dois terços das reservas a serem exploradas estão fora da área da Amazônia Legal e nenhuma estaria dentro de terras indígenas homologadas. Com isso, além de ficar mais fácil obter licenças ambientais e de se evitar mudanças na legislação brasileira, também a imagem do agronegócio brasileira seria preservada.

Desafio e oportunidade

O Plano Nacional de Fertilizantes, que o governo pretende lançar até o fim deste mês, deve levar em consideração dados como esses, sem perder de vista que do levantamento à produção são necessários muito tempo e grande volume de recursos. A própria indicação de que o plano terá como objetivo reduzir em até 85% a dependência externa em 30 anos demonstra isso.

Em outras frentes, a emergência leva a uma mobilização que pode trazer aspectos positivos. A Embrapa, por exemplo, vai utilizar sua capacidade de organizar caravanas temáticas para promover uma campanha em torno da racionalização do uso de fertilizantes, sempre baseada em conhecimento técnico. O objetivo é ajudar os agricultores a economizarem cerca de US$ 1 bilhão em fertilizantes.

Da mesma forma, a busca de opções pode levar à aceleração do desenvolvimento de soluções que ficaram adormecidas ou eram economicamente pouco interessantes em tempos de abundância de fertilizantes minerais. A rochagem, por exemplo, é uma delas. O processo prevê a transformação de resíduos da mineração em substitutos ao potássio – em alguns casos com vantagens na sua incorporação ao solo. Com isso, a vantagem seria dupla: ajudaria a resolver um problema ambiental da mineração e contribuiria para o aumento da produtividade nas lavouras. O desafio aqui seria dar escala ao processo de rochagem, de forma a atender maiores fatias do mercado de fertilizantes.

Agricultura regenerativa, rotação de culturas e técnicas para fixação de nitrogênio no solo, hidrogênio verde, fertirrigação com aproveitamento de materiais orgânicos resultantes de atividades agropecuárias… É hora de olhar para o todo e enxergar como ser ainda mais responsável com a gestão dos nossos recursos naturais. Os novos tempos exigem mais de todos nós.

Fonte: Por Aline Locks, engenheira ambiental

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Sindiavipar critica decisão do STF sobre desoneração da folha de pagamento

Sindicato faz um apelo aos membros do Congresso para que intervenham e revertam essa decisão, visando preservar as condições já estabelecidas para os setores empresariais afetados.

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Foto: Jonas Oliveira

O Sindicato das Indústrias Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) manifestou, nesta sexta-feira (26), sua preocupação diante da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, de suspender a desoneração de impostos da folha de pagamentos dos setores empresariais que mais empregam no país.

Anteriormente, esta medida havia sido aprovada pelo Congresso Nacional com ampla maioria de votos.

De acordo com o Sindiavipar, a decisão do STF responde a um pedido do governo federal e pode impactar negativamente o emprego, elevar os custos de produção, agravar a inflação e acentuar a insegurança jurídica no país.

Diante disso, o sindicato faz um apelo aos membros do Congresso para que intervenham e revertam essa decisão, visando preservar as condições já estabelecidas para os setores empresariais afetados.

Confira a nota na íntegra: 

É com extrema preocupação e profunda decepção que o Sindicato das Indústrias Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) recebe a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin, de suspender a desoneração de impostos da folha de pagamentos dos setores empresariais que mais empregam no país, que havia sido duplamente referendada pelo Congresso Nacional por esmagadora maioria de votos dentro do mais transparente processo democrático.

Além de ferir o princípio constitucional da equidade dos três poderes, a lamentável medida, que atende inoportuno pedido do governo federal, expõe mais uma intromissão indevida do STF em atribuições que são exclusivas do legislativo, com potencial para levar à demissão milhões de trabalhadores, restringir novas contratações, elevar os custos de produção com forte impacto inflacionário e aumentar a insegurança jurídica do Brasil, fator que já vem desestimulando novos investimentos na economia e travando o crescimento nacional.

O Sindiavipar espera que os senadores e deputados federais, representantes legítimos dos interesses e das aspirações da população brasileira, tomem as necessárias e urgentes providências para derrubar o ato infeliz do ministro do STF e restaurar a vontade soberana do Parlamento, evitando um grave retrocesso que trará desastrosos prejuízos econômicos e sociais para o país.

Sindiavipar

Curitiba, 26 de abril de 2024

Fonte: O Presente Rural
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Com presença de autoridades, 89ª ExpoZebu será aberta oficialmente neste sábado

Expectativa é que 400 mil pessoas passem pela maior feira da pecuária zebuína do mundo até o dia 6 de maio, 35 comitivas internacionais com 700 estrangeiros.

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Foto: Divulgação/ABCZ

Será aberta oficialmente neste sábado (27), a 89ª ExpoZebu – Genética Além das Fronteiras. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Gabriel Garcia Cid, fará a abertura da solenidade às 10 horas no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).

Confirmaram presença no evento o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Carlos Goulart.

A expectativa é que 400 mil pessoas passem pela maior feira da pecuária zebuína do mundo até o dia 6 de maio, 35 comitivas internacionais com 700 estrangeiros.

A ExpoZebu deste ano ressalta a força da cadeia produtiva da carne e do leite destacando avanços da genética zebuína, a relevância dos subprodutos da pecuária, trazendo ampla gama de produtos e serviços especializados.

Além disso, evidencia para criadores, investidores, profissionais do setor, estudantes e toda a comunidade as mais recentes técnicas de produção, manejo de rebanhos, nutrição animal, inovação tecnológica e oportunidades de negócios, apresentando muito mais do que uma exposição de gado.

Esta edição conta com 2.520 animais que participarão dos julgamentos entre os dias 28 e abril a 4 de maio. A programação também inclui o 2º Congresso Mundial de Criadores de Zebu (Comcebu), o 44º Torneio Leiteiro, 38 leilões, 8 shoppings de animais, palestras educativas, workshops práticos, demonstrações ao vivo voltadas ao impulsionamento da eficiência e produtividade porteira adentro.

Além disso, atrações para todos os públicos como a tradicional Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas, a 39º Mostra do Museu do Zebu e shows, o que contribui para a movimentação da economia com geração de 4.200 empregos diretos e indiretos.

O Parque Fernando Costa estará aberto para visitação durante os dias de feira das 7h30 às 22h. Especialmente neste sábado, os visitantes poderão degustar pipoca e algodão doce gratuitamente no período da manhã.

A ‘89ª ExpoZebu – Genética Além das fronteiras’ é uma realização da ABCZ, com patrocínio de Cervejaria Petrópolis – Itaipava, Neogen, Banco do Brasil, Cachaça 51: uma boa ideia, Sistema CNA/Senar, Programa leilões, Chevrolet, SETPAR empreendimentos e Caixa – Governo Federal e apoio de Geneal, Sicoob Credileite, Prefeitura de Uberaba – Geoparque, Sindicato Rural de Uberaba e Fazu.

Fonte: Assessoria ABCZ
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ABCZ lança campanha para valorização do produtor rural e da produção de carne e leite

Vídeos educativos serão exibidos em painéis no Parque Fernando Costa, durante a 89ª ExpoZebu.

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A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) inicia a 89ª ExpoZebu, maior feira de pecuária zebuína do mundo, uma campanha de valorização do produtor rural e da produção de carne e leite. Trata-se de vídeos educativos com informações importantes sobre o setor.

‘Conhecer para Admirar’ é uma série de 3 episódios com histórias de personagens que tiveram as vidas transformadas pelo agronegócio. A ABCZ também divulgará dois vídeos educativos evidenciando os benefícios da carne e do leite.  “Nós precisamos ampliar o diálogo com a população para combater informações equivocadas sobre a pecuária e agronegócio. Por isso, na campanha, mostraremos exemplo de trabalho e superação na produção rural, além dos benefícios da carne e do leite: empregos gerados, produtos e subprodutos, e principalmente as qualidades nutricionais indispensáveis para a nossa saúde. Tudo isso é fruto do melhoramento genético”, destaca o presidente da ABCZ, Gabriel Garcia Cid.

O trabalho desenvolvido pela ABCZ contribuiu para o desenvolvimento da genética no país. Entidade ligada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a ABCZ é responsável pelos registros de animais zebuínos no Brasil. Ao longo de seus 105 anos, a associação já registrou cerca de 23 milhões de animais. E esse progresso genético levou o Brasil ao topo do ranking de exportadores de carne bovina.

Os vídeos serão lançados nesta sexta-feira (26), durante reunião da Frente das Associações de Bovinos do Brasil (FABB). Em seguida, serão publicados nas redes sociais da ABCZ e serão divulgados nos telões do Parque Fernando Costa, durante a 89ª ExpoZebu, por onde passam cerca de 400 mil pessoas.

Fonte: Assessoria ABCZ
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CBNA – Cong. Tec.

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