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Bovinos / Grãos / Máquinas

Qualidade de leite para atender mercado passa por genética

Seleção genômica e outras tecnologias de melhoramento tem elevado a cadeia leiteira; trabalhos mostram que tanto vacas puras quanto mestiças produzem a mesma quantidade

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Muito mais do que produzir leite, hoje o produtor precisa se preocupar em produzir com qualidade, respeitando as normativas e com critérios que atendam às exigências do novo consumidor. Algo que tem permitido que estas melhorias possam ser feitas é o melhoramento genético. Para mostrar um pouco do que esta tecnologia tem auxiliado os produtores de leite, o médico veterinário e professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), doutor André Thaler Neto, falou sobre o “Impacto futuro de um adequado programa de melhoramento genético na qualidade composicional do leite” durante o 7º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite, que aconteceu em novembro, em Chapecó, SC.

De acordo com o doutor é preciso que hoje o produtor pense em um produto que vá fazer com que o atual mercado seja devidamente atendido. “Temos diversos produtos lácteos. Hoje o mercado está em expansão, principalmente o mercado dos derivados lácteos e dos produtos mais específicos”, comenta. Ele afirma que em termos de composição, é preciso pensar em um leite com bom nível de gordura e especialmente com uma gordura de alta qualidade.

Para Neto, não há dúvida de que o setor produtivo é o primeiro pagador de contas. “Isso começa com o volume de leite vendido. Só que felizmente esse nosso mercado hoje não é mais um mercado produtivo. É lucrativo e para isso logicamente precisamos trabalhar com uma vaca saudável”, comenta. Ele acrescenta que é preciso que o produtor atenda aos requisitos legais, porque enquanto alguns estão prontos para produzir determinado produto, outros estão com problemas sérios de atendimento a estes requisitos e adequação às normas de pagamento de leite. “O que todo mundo precisa entender é que quando falamos em sustentabilidade na cadeia produtiva do leite, falamos em melhoramento genético”, diz.

ANSEIOS DO MERCADO

Falando em melhoramento e mercado, o médico veterinário comenta que é preciso lembrar que quando se fala nos dois aspectos é necessário observar que os resultados aparecem somente a partir de três anos. “Qualquer decisão de mercado, estamos falando de 2020 para frente. Antes de no mínimo três anos não temos qualquer tipo de resultado palpável no programa de melhoramento”, afirma. Neto diz que é preciso pensar no consumidor e no que ele vai desejar, além do que a indústria vai precisar. “A indústria está no meio da cadeia e vai responder aquilo que o produtor quer”, comenta.

Atender a indústria e consumidor não é somente nacional, mas também internacional. O Brasil foi autorizado em vender leite para o Japão e há ainda negociações para vender também para o Chile. “Nós vamos ter que nos adaptar a estes mercados. Eles estão tentando ver se tem uma luz no nosso mercado, com produtos que podem ser interessantes. Nós temos que sair da nossa caixinha. Se ficarmos dentro dela vamos pensar sempre da mesma maneira e não vamos progredir”, diz o professor.

Para Neto o primeiro grande desafio básico da cadeia leiteira brasileira é atender as normativas existentes. “Quando estamos falando de composição, temos o desafio de ter o mínimo de 2% de gordura. Pode parecer simples para alguns, mas é um verdadeiro desafio para outros”, menciona. Segundo o professor, na primavera e no verão o produtor tem um problema sério no atendimento das normativas, chegando a meses com quase 40% das propriedades em não conformidade em termos de estrato seco e desengordurado. Um exemplo é o caso da CCS. “Quando dividimos propriedades em diferentes níveis de escala, tendo no topo as consideradas sadias, com menos de 200 mil, eu vou ver que a lógica ao longo do ano é a mesma. Entretanto, estes produtores com alta CCS têm muito mais problemas de não atingir as metas do que os produtores com menos CCS”, comenta. Neto explica que isso acontece, principalmente por conta da grande redução dos índices de lactose.

E o que isso tem a ver com genética? O doutor explica que ao longo dos anos, com o melhoramento que vem sido feito, a qualidade do leite tem melhorado, principalmente em gordura e proteína. “De onde vem esse sucesso da cadeia produtiva? Principalmente da inseminação artificial, que desde os anos 1950 tem sido o carro-chefe do melhoramento genético, que é sem dúvida nenhuma no mundo o grande sucesso da pecuária leiteira”, diz.

VACAS MESTIÇAS X VACAS PURAS

O professor cita três aspectos que são mais importantes na seleção: a escolha da raça, o cruzamento e a seleção em si. “A opção da raça é uma escola a curto prazo. A escolha do cruzamento começa a colocar mais volume. O que notamos? A maior parte dos trabalhos internacionais mostram que a produção de 93% do volume de leite quem produz é a vaca pura Holandesa”, comenta. Ele acrescenta que, no entanto, trabalhos brasileiros mostram que na produção de leite de vacas mestiças – Holandesa e Jersey – não existe diferença significativa entre as vacas meio sangue e as puras.

Já quando o assunto são os sólidos, os trabalhos mostram que a produção de gordura em vacas mestiças é o mesmo que em vacas holandesas em valores diários. “Os trabalhos mostram resultados um pouco superiores com as mestiças em relação às puras. Esses são trabalhos que envolvem Holandesas, Jerseys e mestiças”, comenta. A eficiência alimentar também é um ponto que deve ser notado. Neto explica que em termos de eficiência alimentar e sólidos as mestiças se equiparam a Jersey e à Holandesa; e em termos de eficiência para volume de leite as mestiças se aproximam das Holandesas.

Para o doutor, sem dúvida, a seleção é fundamental, considerando que qualquer uma das etapas anteriores à seleção não fará nada sozinha. “A primeira característica é a produção do leite, gordura e proteína. Teoricamente é muito fácil de melhorar, mas há um grande gargalo que é o fato das vacas terem a produção genética negativa com a produção de leite”, diz.

ESTRATÉGIAS

Neto afirma que a utilização de índices de seleção é fundamental para pensar em uma vaca equilibrada. “Quando eu olho diferentes índices de seleção mundo afora, vou ver que todos eles usam características de proteína e gordura, assim como todos utilizam características funcionais”, diz. Além disso, se for selecionar somente índices na população, a expectativa média de ganho para volume de leite é em torno de 1,8 mil libras em uma década, o que seria em torno de 850 quilos. Já em torno de 100 libras de gordura e 68 de proteína, seria mais ou menos 50 quilos de gordura e 40 quilos de proteína. “Tudo isso sem selecionar diretamente para estas proteínas”, comenta.

Para ele, outro grande ganho que a cadeia produtiva leiteira vem tendo é a seleção genômica. “Aí nós temos o grande feito que vai fazer a análise estatística de como relacionar todos os cromossomos do animal com marcadores que estão relacionados a determinadas características. No caso do leite, gordura e proteína são as células somáticas que nos interessam”, diz. “Isso tudo fez com que ganhássemos, pelo menos, três anos de intervalo de gerações de marca”, complementa. Para Neto, a ferramenta ainda precisa ser muito explorada, pensando em mercados futuros, como por exemplo a beta caseína, que é um leite produzido que não causa alergia, já muito difundido em outros países, como Austrália.

Para o professor, algo que é fundamental e que o produtor deve se atentar é que a maior parte do ganho genético vem da seleção de touros. “É preciso se atentar ao volume de gordura, proteína, baixo CCS e valores adequados para serem utilizados”, comenta. Além do mais, Neto diz que a seleção genômica é uma grande oportunidade se bem-feita. “Logicamente que isso somente faz sentido se eu tiver adequada ambiência e manejo”, assinala.

Mais informações você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de novembro/dezembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

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Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Embrapa propõe políticas para reaproveitamento de pastagens degradadas

Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção. de energia.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares (ha) de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção de energia. O volume de hectares equivale ao tamanho do estado do Rio Grande do Sul.

O cerrado é o bioma com o maior número de áreas em degradação. Os estados com as  maiores áreas são o Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

Para ter uma ideia das possibilidades de reaproveitamento, se toda essas áreas fossem usadas para o cultivo de grãos (arros, feijão, milho, trigo, soja e algodão) haveria uma aumento de 35% a área total plantada no Brasil (comparação com a safra 2002/2023).

A extensão do problema e as diferentes possibilidades de reaproveitamento econômico dessas áreas fizeram o governo federal a criar no final do ano passado o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (Decreto nº 11.815/2023).

Para implantar o programa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, publicou em um livro mais de 30 sugestões de políticas públicas, que o país tem experiência e tecnologia desenvolvida para implantação.

Planejamento 
Apesar da expertise acumulada, a efetivação é um desafio. Cada área a ser recuperada exige estudo local. O planejamento das ações “deve levar em consideração informações sobre o ambiente biofísico, a infraestrutura, o meio ambiente e questões socioeconômicas. Além disso, é preciso avaliar o histórico de evolução pecuária no local e entender quais fatores condicionam a adoção dos sistemas vigentes”, descreve o livro publicado pela estatal.

A partir do planejamento, é necessário criar condições para o reaproveitamento das áreas: crédito, capacitação dos produtores e assistência. “É preciso integrar políticas públicas, fazer com que os produtores rurais tenham acesso ao crédito, ampliar o serviço de educação no campo, e dar assistência técnica e extensão rural para a estruturação de projetos e para haja um trabalho contínuo e não uma coisa pontual”, assinala o engenheiro agrônomo Eduardo Matos, superintendente de Estratégia da Embrapa.

Nesta sexta-feira (26), a empresa faz 51 anos de funcionamento. A cerimônia de comemoração, nesta quinta-feira (25), contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um exemplar do livro foi entregue à comitiva presidencial.

No total, as áreas de pastagem ocupam 160 milhões de hectares, sendo aproximadamente 50 milhões de hectares formados por pasto natural e o restante pasto plantado. A área de produção de grãos totaliza 78,5 milhões de hectares, e as florestas plantadas para uso econômico ocupam uma área aproximada de 10 milhões de hectares.

De acordo com o IBGE, a atividade agropecuária ocupa mais de 15 milhões de pessoas no Brasil. Um terço desses empregos são na pecuária bovina (4,7 milhões). O país é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador (11 milhões de toneladas).

Fonte: Agência Brasil
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Rentabilidade ao produtor de leite melhora impulsionada pela redução dos custos de produção e pela sazonalidade da oferta

Mercado de leite enfrenta um cenário desafiador, marcado por incertezas, queda na oferta interna e nos preços ao consumidor.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mercado nacional e global de leite ainda segue sob grandes incertezas. Na área internacional, os preços perderam um pouco o ritmo de elevação, influenciado principalmente, por uma menor demanda chinesa. Além disso, o gigante asiático vem estimulando a produção interna substituindo parte da importação.

O leite em pó integral fechou em US$3.269/tonelada no leilão GDT do dia 16 de abril. No mesmo mês em 2023 este preço estava no patamar de US$ 3.100/tonelada. Na Argentina, a oferta de leite segue complicada por uma piora na rentabilidade nas fazendas. Nos dois primeiros meses do ano, a produção de leite da Argentina caiu 13,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Foto: Ari Dias

Já no mercado interno, as cotações de leite e derivados vêm reagindo, mas o cenário de menor competitividade em preços e queda de braço com as importações permanece. No primeiro trimestre de 2024, as importações brasileiras totalizaram 560 milhões de litros, com alta de 10,8% em relação a 2023. O diferencial de preços, tanto do leite em pó quanto do queijo muçarela, está mais favorável ao derivado importado.

Enquanto isso, governos estaduais tem se manifestado com medidas tributárias e fiscais para tentar reduzir a entrada de derivados lácteos oriundos do exterior. Vale lembrar que em 2023 as importações responderam por 9% da produção doméstica e um recuo nesse volume tende a deixar a oferta mais restrita, sustentando os preços internos. Mas também irá exigir uma resposta mais rápida da produção interna, suprindo a demanda brasileira.

Sazonalidade da produção de leite

A sazonalidade da produção de leite no Brasil é bastante pronunciada, mesmo considerando o crescimento dos sistemas de produção de maior adoção de tecnologias. Os meses de abril, maio e junho são aqueles de menor produção de leite e isso acaba refletindo nos preços neste momento. Os mercados de leite UHT e queijo muçarela tem registrado valorizações, ainda que modestas.

O preço ao produtor também vem registrando elevação, pelo quarto mês consecutivo.

Do ponto de vista macroeconômico, os indicadores de crescimento do PIB vêm melhorando, com perspectivas de expansão próxima de 2% em 2024. No comércio, as vendas dos supermercados seguem positivas, com expansão de 4,7% nos últimos 12 meses, enquanto a média do comércio em geral mostrou elevação de apenas 1,7%. Os indicadores do mercado de trabalho têm registrado crescimento importante. Em janeiro o salário real médio do brasileiro cresceu 4% sobre janeiro de 2023. O número de pessoas ocupadas também aumentou.

Foto: Fernando Dias

O preço dos lácteos ao consumidor, por outro lado, recuaram 2,8% nos últimos doze meses. No caso do UHT, a queda foi de 5,6%, o que acaba ajudando nas vendas. Neste mesmo período a inflação brasileira foi de 3,9%. Ou seja, os lácteos vêm contribuindo para redução da inflação brasileira neste momento.

Custo de produção

Na atividade de produção de leite, as informações de custo de produção têm mostrado um cenário mais positivo. Os preços de importantes insumos recuaram, contribuindo com queda no ICPLeite-Embrapa que, nos últimos 12 meses finalizados em março de 2024, apresentou recuo de 5,58%.

O farelo de soja recuou de 23% em relação a abril de 2023, ficando abaixo de R$2 mil/tonelada. No caso do milho, a queda foi também importante, com o cereal recuando 18,5% na comparação anual. Portanto, a combinação de recuo nos custos de produção com elevação no preço do leite vai sinalizando um ambiente de recuperação de rentabilidade para o produtor de leite, após um cenário difícil observado no segundo semestre de 2023.

Cadeia produtiva do leite

De todo modo, é importante avançar em uma agenda de competitividade da cadeia produtiva do leite, sobretudo com foco em melhorias na eficiência média das fazendas e na gestão. Tem sido observado uma heterogeneidade muito grande nos custos de produção de leite, em alguns casos com diferenças de até R$ 0,80 por litro. A importação traz perdas econômicas relevantes para o setor lácteo no Brasil, mas buscar cotações mais alinhadas ao cenário global é uma forma de reduzir estruturalmente as compras externas. Para isso a competitividade em custos é determinante. O momento ainda é de bastante incerteza, inclusive global. Internamente, a entressafra pode dar um fôlego para a alta recente dos preços de leite.

Fonte: Assessoria Centro de Inteligência do Leite
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