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Avicultura Saúde Animal

Quais são os pontos-chave na hora da escolha de um adsorvente de micotoxina?

Conhecimento da composição do adsorvente e, sobretudo, seu modo de ação, devem ser verificados cuidadosamente em análises tanto in vitro quanto in vivo

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Kelen Zavarize, nutricionista e gerente Técnica de Aves da Kemin América do Sul

Os grãos, como o milho e a soja são os principais ingredientes utilizados para a alimentação das aves. Para a produção de um quilo de carne são necessários em média 1,8 kg de ração, que tem a composição aproximadamente 70% de milho e 20% de farelo de soja. Assim, grande parte dos custos de produção estão nos grãos utilizados na alimentação. Com isso, a qualidade dos grãos é de fundamental importância para o desempenho das aves, mas pode ser comprometida por ação dos fungos.

A contaminação por fungos e a deterioração dos grãos podem ocorrer ainda no campo, agravando-se durante as operações de colheita, transporte, secagem, beneficiamento e armazenamento. Dessa forma, todas as medidas que venham a controlar o crescimento fúngico e a produção de seus metabólitos são importantes para evitar perdas na qualidade da ração e saúde das aves.

O crescimento fúngico depende de diversos fatores, como umidade, temperatura, presença de oxigênio, contaminação por microrganismos, entre outros. Algumas espécies de fungos produzem metabólitos tóxicos secundários que são as micotoxinas. Uma das grandes questões relacionadas às micotoxinas é a periculosidade que apresentam à saúde, pois mesmo em baixas concentrações são capazes de provocar doenças, tornando-se um importante fator de risco para a segurança alimentar, o bem estar animal e o desempenho animal.

A ingestão de rações contaminadas por micotoxinas pode produzir toxicidades agudas (curto prazo) ou crônicas (a médio/longo prazo). A toxicidade aguda pode resultar em morte e efeitos clínicos diversos, já a toxidade crônica, que está relacionada com a exposição a longo prazo e baixos níveis de micotoxinas, causa uma variedade de sintomas que podem ser muito inespecíficos. Os efeitos dependem da dose e da duração da exposição, idade e estado de saúde dos animais, e interação com outros fatores de estresse. Mesmo sintomas secundários, tais como doenças oportunistas, podem ocorrer devido a supressão da imunidade.

O controle deve ser composto pela prevenção da contaminação e crescimento fúngico. As práticas com objetivo de melhorar a conservação dos grãos durante o armazenamento são capazes de eliminar os fungos, mas não são capazes de eliminar as micotoxinas. Portanto, a utilização dos adsorventes de micotoxinas como uma proteção dos efeitos adversos para as aves torna-se uma ferramenta indispensável atualmente.

Como funcionam os adsorventes

Os adsorventes são substâncias de alto peso molecular que, ao atingir o sistema gastrintestinal (meio aquoso), são capazes de se ligar às micotoxinas, evitando sua absorção e permitindo a excreção fecal deste complexo adsorvente-micotoxina. Desta forma, o processo de adsorção da micotoxina reduz o efeito tóxico para a ave, além de evitar a deposição nos produtos consumíveis (carne e ovos).

Existem no mercado diversos tipos de adsorventes de micotoxinas, que vão desde produtos à base de rochas vulcânicas até o uso de enzimas. Porém, mesmo entre os adsorventes de composição similar existem diferenças na eficiência de adsorção das micotoxinas.

A adsorção é essencialmente um fenômeno de superfície, sua eficácia é influenciada por diversas características físicas, como tamanho e distribuição dos poros, carga total e sua distribuição. Por outro lado, as propriedades relacionadas às micotoxinas também tem influência no processo de adsorção, como polaridade, forma, tamanho, baixa área superficial e solubilidade, bem como desacoplamento e distribuição de carga.

Vários estudos apontam que as argilas e seus derivados (sepiolita, aluminossilicato de sódio e cálcio hidratados, bentonitas e a diatomitas) são os adsorventes de micotoxinas mais versáteis e potentes. Por outro lado, as argilas com composição química semelhantes às vezes mostram atividades de ligação de toxinas completamente diferentes. Esta variação observada está na “ativação da estrutura” do material, portanto alguns processos químico, físico e térmico são necessários para alterar as propriedades físico-químicas e, assim, mudar a capacidade de ligação a diferentes micotoxinas.

O processo de ativação dos minerais de argila consiste em várias etapas, incluindo moagem, secagem e ativação química. Na prática, as camadas de sílica da argila são reduzidas a partículas menores, aumentando a área de superfície, modificando o tamanho dos poros entre as placas e afetando a distribuição das cargas (Figura 1). Este processo pode ser controlado para fornecer um produto com máxima adsorção de micotoxinas.

Figura 1. Modificação da estrutura da argila durante um processo de ativação

O mecanismo de adsorção que causa a ligação das micotoxinas à superfície dos minerais depende das cargas encontradas na superfície de ambos. Este mecanismo é comparável à atração de ímãs, no qual os polos opostos se atraem. O material mineral mostrará similar comportamento: áreas com carga positiva na superfície atrairão as regiões com carga negativa da molécula de micotoxina e vice-versa. As cargas idênticas se repelem e, por esse motivo, não resultam em adsorção (Figura 2).

Figura 2. Adsorção de micotoxinas em nível molecular

O processo de ativação pode ser controlado a fim de melhorar as propriedades de ligação entre as camadas de sílica e a micotoxina. Os íons que unem as camadas de sílica podem ser modificados, com a separação completa das camadas para aumentar a superfície ativa, tornando a superfície interna disponível. Além disso, alterar o tipo e a quantidade de íons entre as camadas pode criar o espaço para permitir a melhor adsorção das micotoxinas. Esse processo pode modificar as cargas na superfície, o que promove a reatividade para um amplo espectro de micotoxinas (Figura 3).

Figura 3. Adsorção de micotoxinas na camada intermediária, bordas e superfícies basais

É nessa polaridade que se baseia o principal modo de ação dos adsorventes minerais, ou seja, a troca de cargas entre o agente sequestrante e a molécula da micotoxina. A inclusão nas dietas do adsorvente depende da capacidade de ligação do adsorvente, além da concentração de micotoxina.

Critérios para escolha de um adsorvente

Para a escolha do adsorvente de micotoxina é importante verificar a eficiência de adsorção das micotoxinas, que leva em consideração a porcentagem de adsorção e dessorção no intestino das aves (Figura 4). Essa avaliação inclui a estabilidade da ligação adsorvente-micotoxina e sua eficácia em faixas de pH diferentes, uma vez que se espera que o produto atue em todo o trato gastrintestinal.

Os valores de pH variam ao longo do trato digestivo, desde condições ácidas (pH 3 ou 4) até básicas (pH 6 ou 7), portanto a capacidade de ligação dos produtos pode ser influenciada por mudanças de pH, levando ao risco de que as micotoxinas sejam adsorvidas em uma parte e liberadas (dessorvidas) em outra parte do trato digestivo. Neste contexto, os testes tanto in vitro e in vivo são necessários para comprovar a eficácia dos agentes desintoxicantes de micotoxinas.

Figura 4. Esquema da eficiência de adsorção de micotoxinas

Pensando nisso, os testes in vitro são o início para entendermos a eficiência de adsorção das micotoxinas. Em um trabalho realizado no Brasil (Instituto Samitec) com adsorvente de micotoxinas a base de minerais de argila (bentonita e sepiolita) foi determinado o valor de adsorção para aflatoxina e fumonisina em pH 3 e 6 conforme Tabela 1. Pode-se verificar que existe alto coeficiente de adsorção (>90%) para ambas as micotoxinas em ambos pHs, portanto é o primeiro fator para a escolha de um bom adsorvente de micotoxina.

No entanto, para determinar a eficácia real do adsorvente para aves é necessário a realização de alguns parâmetros in vivo. É importante ressaltar que em experimentos com adsorventes de micotoxinas são utilizadas dosagens altas, tanto do adsorvente quanto das micotoxinas testadas, para que ocorra o desafio para as aves.

Foi avaliado o efeito da inclusão de 0,5% de adsorvente a base minerais de argila (bentonita e sepiolita) sobre a conversão alimentar e consumo de ração de frangos de corte aos 21 dias. Os resultados demonstram que a adição dos minerais de argilas na ração contaminada com 100 ppm de fumonisina foi eficiente no controle da micotoxina como descritos na Figura 5. A conversão alimentar do grupo adsorvente mais micotoxina foi semelhante ao controle, mostrando a eficácia na adsorção. Lembrando que a fumonisina é uma das micotoxinas mais encontradas no Brasil e que sua ingestão por períodos longos e com baixos níveis, leva a modificações na morfologia do intestino, queda no desempenho produtivo e desuniformidade dos lotes das aves.

Figura 5. Resultados de Conversão Alimentar e Consumo de ração de frangos de corte aos 21 dias intoxicados com fumonisina e com a adição de adsorvente de micotoxina.

A ocorrência simultânea de duas ou mais micotoxinas podem ocasionar um efeito sinérgico, ou seja, a somatória e/ou potencialização dos efeitos tóxicos destas perante os animais. Muitas vezes quantidades não tóxicas de uma determinada micotoxina pode se tornar tóxica agindo concomitantemente com outras micotoxinas.

Pensando nesse cenário é importante verificar a eficácia do adsorvente quando existe a contaminação por mais que uma micotoxina. No estudo realizado com frangos de corte alimentados com ração contaminada com uma mistura de micotoxinas (aflatoxinas, ocratoxina A, toxina T-2 e citrinina) e usando um adsorvente a base de minerais de argila e hapatoprotetores (bentonita, sepiolita, betaína e silimarina) observa piora na conversão alimentar e no ganho de peso aos 35 dias para o tratamento apenas com a mistura de micotoxinas, sendo este efeito superado pela suplementação do adsorvente (Tabela 2). Os resultados também mostram que a adição do adsorvente não diminuiu o valor nutricional da ração por meio de ligação não específica, que é um parâmetro muito importante para ser analisado.

 

Outro indicador é o efeito das micotoxinas em órgãos internos, ocorrendo a mudança no tamanho, como o aumento do fígado, baço e rins e a diminuição da bursa e timo. Somando-se a alterações de tamanho, ocorrem alterações na coloração e textura dos órgãos. Por exemplo, o fígado de aves com aflatoxicose tem como característica a coloração amarelada e friável, com acentuada infiltração de gordura.

Em estudo com a mistura de micotoxinas e adição do adsorvente a base minerais de argila e hepatoprotetores foi verificado aumento significativo no grupo com micotoxinas de 40% do peso relativo do fígado em comparação ao controle (2,74 vs. 1,96%); o grupo com a adição do adsorvente teve o mesmo peso relativo do fígado em relação ao controle. Também houve uma clara influência negativa das micotoxinas nos rins. O tratamento incluindo apenas micotoxinas apresentou 0,85% do peso do rim, enquanto o peso do rim para o controle e o adsorvente foi de 0,62 e 0,63%, respectivamente (Tabela 3).

A avaliação visual do fígado (Figura 6) confirmou que o adsorvente eliminou com sucesso a micotoxicose, devido à ligação das diferentes micotoxinas, o que as torna indisponíveis para absorção através da parede intestinal.

Figura 6. Efeito do adsorvente na saúde do fígado.

Uma avaliação importante para os adsorventes é o poder de ligação com as micotoxinas. As informações sobre a atividade do adsorvente com as micotoxinas devem incluir também dados de excreção, para isso é necessário medir os níveis de micotoxinas nas excretas das aves.

Sendo assim, um estudo foi realizado para frangos de corte com a inclusão do adsorvente a base de minerais de argila (bentonita e sepiolita) e a contaminação da ração com uma mistura de micotoxinas (aflatoxina AfB1 e fumonisina FB1).  Como resultado foi verificado diferentes excreções de micotoxinas e, como esperado, nenhuma micotoxina foi encontrada no grupo de controle (Tabela 4). Os resultados demonstram que a concentração de AFB1 e FB1 nas excretas das aves alimentadas com ração contaminada e tratada com adsorvente foi maior do que no grupo micotoxina. Logo, o adsorvente administrado com uma mistura de micotoxinas demonstrou adsorver AFB1 e FB1, limitando assim sua biodisponibilidade para os animais e aumentando a excreção de micotoxinas.

Resumindo

Foram levantados diversos pontos importantes na escolha de um adsorvente de micotoxina. O conhecimento da composição do adsorvente e, sobretudo, seu modo de ação, devem ser verificados cuidadosamente em análises tanto in vitro quanto in vivo. Essas análises devem demonstrar a ação do adsorvente sobre a micotoxina, sendo apresentados dados de adsorção/dessorção, desempenho, morfometria de órgão e excreção de micotoxinas nas fezes.

Outras notícias você encontra na edição de Avicultura de julho/agosto de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Apesar de isolado, foco de Newcastle no Rio Grande do Sul preocupa setor

Uma eventual suspensão das compras de carne de frango brasileira que exceda os 21 dias do embargo já imposto pelo próprio País pode resultar em um aumento acentuado da disponibilidade interna da proteína, seguido de fortes quedas de preços.

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Foto: Shutterstock

A confirmação de um foco da doença de Newcastle numa granja comercial de frangos no município de Anta Gorda (RS), na região do Vale do Taquari, no final da semana passada, vem deixando o setor em alerta.

Segundo pesquisadores do Cepea, uma eventual suspensão das compras de carne de frango brasileira que exceda os 21 dias do embargo já imposto pelo próprio País pode resultar em um aumento acentuado da disponibilidade interna da proteína, seguido de fortes quedas de preços, podendo, inclusive, afetar a relação de competitividade com as concorrentes bovina e suína.

Diante disso, no curto prazo, pesquisadores do Cepea explicam que devem ocorrer ajustes no alojamento de aves.

O Brasil é, atualmente, o maior exportador de carne de frango do mundo. No segundo trimestre, os embarques superaram em 12,1% os dos três primeiros meses do ano e em 4,1% os de abril a junho do ano passado, conforme dados da Secex compilados e analisados pelo Cepea.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Avicultura

Área de emergência zoossanitária para contenção da doença de Newcastle é limitada a cinco municípios gaúchos

Durante sua vigência, há o isolamento sanitário da área afetada, com a restrição da movimentação de material de risco relacionado à disseminação da doença, incluindo o direcionamento de trânsito por vias públicas para desinfecção, ou mesmo o bloqueio de acessos.

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Foto: Julia Chagas

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) restringiu a área de abrangência da emergência zoossanitária para contenção da doença de Newcastle, limitando-a aos municípios que estão no raio de dez quilômetros a partir do foco confirmado: Anta Gorda, Doutor Ricardo, Putinga, Ilópolis e Relvado. O Governo do Estado publicou, na quinta-feira (25), decreto em que declara estado de emergência de saúde animal nos mesmos municípios.

Inicialmente, o Ministério havia publicado, em 18 de julho, uma portaria colocando todo o Rio Grande do Sul em estado de emergência zoossanitária. “O trabalho da Secretaria da Agricultura foi essencial para a revisão do perímetro do estado de emergência zoossanitária no Rio Grande do Sul. Foi com nossos dados e informações que o Ministério se embasou para tomar esta decisão”, detalha a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDA/Seapi), Rosane Collares.

O estado de emergência tem duração de 90 dias, podendo ser prorrogado em caso de evolução do estado epidemiológico. Durante sua vigência, há o isolamento sanitário da área afetada, com a restrição da movimentação de material de risco relacionado à disseminação da doença, incluindo o direcionamento de trânsito por vias públicas para desinfecção, ou mesmo o bloqueio de acessos.

Até quarta-feira (24), o Serviço Veterinário Oficial do estado já havia vistoriado todas as propriedades dentro do raio de três quilômetros (área perifocal) e iniciava revisitações a estes locais. Foram visitados 78% dos estabelecimentos incluídos no raio de dez quilômetros (área de vigilância) a partir do foco. Somando as duas áreas, são 858 propriedades no total, entre granjas comerciais e criações de subsistência.

As barreiras sanitárias continuam funcionando, ininterruptamente, em quatro pontos na área perifocal e dois locais na área de vigilância. Até o momento, foram abordados 726 veículos alvo na área perifocal e 415 na área de vigilância.

Após o caso confirmado que levou ao decreto de estado de emergência zoossanitária, não houve novas suspeitas de foco da doença. Duas amostras coletadas no município de Progresso, com suspeita fundamentada de síndrome respiratória e nervosa das aves, foram encaminhadas para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (SP) e apresentaram resultado negativo.

Todas as suspeitas da doença, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves, devem ser notificadas imediatamente à Secretaria da Agricultura, por meio da Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária, pelo sistema e-Sisbravet ou pelo WhatsApp (51) 98445-2033.

Fonte: Assessoria Seapi
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Avicultura

Carne de frango ganha cada vez mais espaço na mesa do brasileiro

Preço acessível, alto valor nutricional e ampla aceitação cultural e religiosa estão entre as vantagens da proteína.

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Produção do frango é mais rápida e sustentável do que outras proteínas - Foto: Jonathan Campos

Considerada uma das melhores opções nutricionais para compor o cardápio, a carne de frango é a proteína animal mais consumida no Brasil. A preferência é atribuída a vários fatores, incluindo preço acessível, alto valor nutricional, versatilidade na culinária e ampla aceitação cultural. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2023, o consumo per capta de carne de frango no país chegou a aproximadamente 45,1 kg, confirmando suas vantagens nutricionais e acessibilidade econômica. Em 2009, o consumo individual no Brasil era de 37,5 kg por ano, mas vem crescendo a cada ano.

Nesse mercado, o Paraná é o maior produtor e exportador de aves e derivados do Brasil. O estado é responsável por cerca de 36% da produção nacional, além de 42% do volume de exportações do segmento. O empresário Roberto Kaefer, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), destaca que os mercados nacional e internacional estão atentos às vantagens e ao custo-benefício da carne de frango, o que vem impulsionando a demanda gradativamente. “Além do consumo interno, o produto brasileiro tem compradores em diversos países, em especial na Ásia e Oriente Médio, que são locais com grande demanda em função de questões religiosas e culturais”, analisa.

Em países com predominância de culturas muçulmanas e hindus, o consumo de carne bovina é proibido ou restrito devido às práticas religiosas. O frango, por outro lado, é amplamente aceito, pois não está sujeito às mesmas restrições religiosas. “Além disso, a culinária asiática e do Oriente Médio inclui muitas receitas tradicionais que utilizam carne de frango”, comenta Kaefer.

Custo-benefício

A eficiência produtiva da carne de frango é outro diferencial. Cassiano Marcos Bevilaqua, diretor associado de Marketing LatCan, explica que a produção de frango possui um ciclo significativamente mais curto e econômico comparado a outras proteínas animais. Segundo ele, um frango consome cerca de 1,5 kg de ração para cada quilo de carne produzida, levando aproximadamente 42 dias para atingir o peso ideal de abate. O prazo é bem inferior ao da produção de suínos e bovinos, que têm ciclos de produção muito mais longos e menos eficientes.

Bevilaqua fala que um porco, por exemplo, precisa consumir 3 kg de ração e leva mais de 150 dias para ser abatido. No caso do boi, a taxa de conversão é de 4×1 e precisa de pelo menos dois anos para ser abatido. “Por ter um ciclo mais rápido e mais eficiência produtiva, o frango elimina menos dejetos, consome menos alimento e necessita de menos espaço para a produção, o que torna a carne de frango muito mais sustentável do que as demais”, esclarece.

Dieta equilibrada

Foto: Divulgação/OP Rural

Um dos grandes atrativos da carne de frango é o seu valor nutricional. Trata-se de um alimento rico em proteínas de alta qualidade e que fornece todos os aminoácidos essenciais que o corpo humano necessita, segundo a USDA National Nutrient Database. Em 100 gramas de peito de frango cozido, por exemplo, há cerca de 31 gramas da proteína, essencial para o crescimento e reparação dos tecidos.

Outra vantagem é o baixo teor de gorduras saturadas, especialmente quando consumida sem pele, com aproximadamente 3,6 gramas de gordura total por 100 gramas, e um total de 165 kcal. A carne de boi, por outro lado, contém mais gorduras saturadas (10g de gordura total por 100g de carne magra cozida) e é mais calórica (250 kcal por 100g). O mesmo ocorre com os suínos, que tem de 10 a 12g de gordura total por 100g de carne magra cozida e 242 kcal.

Composição nutricional

Roberto Alexandre Yamawaki, gerente de Serviços Técnicos e Produtos para a América Latina da Hubbard, aponta outros benefícios nutricionais. Ele pontua a presença de nutrientes que são essenciais para a dieta, tais como aminoácidos essenciais e proteínas de alta qualidade, importantes para a construção e reparação de tecidos, bem como para a produção de enzimas e hormônios.

Segundo o especialista, o consumo regular de carne de frango oferece múltiplos benefícios para a saúde. A inclusão da proteína na dieta pode ajudar no controle de peso, fortalecer o sistema imunológico, melhorar o crescimento muscular e fornecer energia sustentável.

Entre os nutrientes presentes no frango estão Omega-6 e colina, vitaminas do Complexo B – como Vitamina B3 (Niacina), Vitamina B6 (Piridoxina) e a Vitamina B12 (Cobalamina) –, além de minerais como fósforo, selênio e zinco. “A carne de frango possui vários benefícios específicos que a torna uma escolha adequada e popular para o consumo. Pois ela possui uma grande versatilidade culinária, o que a torna uma opção prática para diferentes refeições e estilos de culinária”, reforça.

Sindiavipar

O Sindiavipar representa as indústrias de produtos avícolas. A carne de frango produzida no Paraná é exportada para 150 países.

O processamento de aves no Paraná se concentra em 29 municípios e 35 indústrias. Além disso, a avicultura gera 95,3 mil empregos diretos e cerca de 1,5 milhão de empregos indiretos no Estado. São mais de 19 mil aviários, aproximadamente e 8,4 mil propriedades rurais distribuídas em 312 municípios paranaenses. As indústrias associadas ao Sindiavipar são responsáveis por 94% da produção estadual.

Segundo o Relatório da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil ocupa o primeiro lugar no mercado global de carne de frango, sendo o principal exportador do produto.

 

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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