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Avicultura

Produtora usa próprio negócio como exemplo que deu certo para disseminar conceito de sustentabilidade na avicultura

Sustentabilidade na avicultura brasileira é um caminho sem volta, uma jornada que o setor começou a caminhar, mas para atingir escalas maiores é preciso direcionar esforços para viabilizar projetos para todos os produtores.

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Produtora rural, Luciana Dalmagro: “A sustentabilidade ter que ser vista como uma jornada. Uma caminhada, passo a passo, mas com embasamento técnico e olhar pragmático. Deve ser trabalhada em forma de projetos, mas também como uma transformação de cultura dentro das empresas e propriedades rurais” - Fotos: Arquivo pessoal

Promover desenvolvimento sustentável em qualquer segmento agropecuário é um enorme desafio para produtores e profissionais da área, especialmente em períodos em que há outras preocupações, como a alta dos custos para se produzir proteína animal no Brasil.

Entretanto, quando o processo de sustentabilidade é implementado na propriedade rural, uma série de benefícios para o meio ambiente e para a sociedade em geral são percebidos.

Luciana Dalmagro ao lado de colaboradores na Fazenda Alta Conquista

Portanto, oportunizar políticas e empregar práticas de sustentabilidade nas cadeias produtivas ligadas ao agronegócio é algo que está se tornando indispensável para se manter “vivo” diante aos desafios e crescentes exigências do mercado consumidor.

Um ótimo exemplo de sustentabilidade na avicultura de corte vem do município de Sales Oliveira, interior do Estado de São Paulo, mais precisamente da Fazenda Alta Conquista.

A proprietária, Luciana Dalmagro, de 35 anos, assumiu a gestão do negócio da família em 2015, e desde então a produção cresce cerca de 10% ao ano. Saltou de 100 mil aves por ciclo para 500 mil.

Todos os anos saem da granja cerca de três milhões de frangos em seis ciclos de produção. A produção atende o mercado gourmet Europeu, onde há uma demanda maior por alimentos produzidos de forma sustentável.

O foco da produtora foi investir em modernos equipamentos e em sistemas sustentáveis para a criação das aves. O aviário tem sensores automatizados que monitoram os sistemas de pesagem dos pintinhos, de medição digital de temperatura, aquecimento, pesagem e verificação da qualidade do ar. A propriedade possui ainda energia solar e biocompostador.

Segundo Dalmagro, o paradigma comum no passado, de que desenvolvimento sustentável e altos índices de produtividade não andariam juntos, simplesmente caiu por terra. “Eu diria que andam e devem andar colados. Eficiência é uma palavra de ordem na avicultura, assim como em sustentabilidade”, afirma.

Para ela, o desafio é internalizar a sustentabilidade como cultura nas lideranças, para assim tornar os negócios verdadeiramente pautados pela agenda sustentável. Segundo ela, quando a liderança tem a mentalidade pautada na sustentabilidade, consegue trazer todo o time para “está cultura apaixonante que é a sustentabilidade”, destaca.

Conforme Dalmagro, o crescimento de forma correta e consciente não traz impactos negativos. “Muitas vezes, na verdade, o jogo vira e o impacto fica positivo no ecossistema. Já existem modelos de produção que compravam esse fato”, aponta.

Ser sustentável

Na fazenda existem duas usinas de geração de energia solar. Juntas, geram 50 mil quilowatts hora/mês, o suficiente para atender a demanda da granja

A cultura da sustentabilidade traz inúmeras vantagens. A primeira, de acordo com a produtora, é o sentimento de contribuir positivamente com o ecossistema em que está inserida, algo muito valioso para o agronegócio. “O sentimento motiva a nós produtores rurais e a nossos times”, destaca.

Para Luciana, a sustentabilidade não é boa somente para o meio ambiente, mas também faz bem aos negócios. “Vejo como excelente investimento, geração de energia solar, por exemplo, tem um retorno muito atrativo”, menciona.

Luciana cita ainda a economia circular, conceito que utiliza os resíduos das operações como insumo para outras. “Isso é muito importante em sustentabilidade e vai ganhar cada vez força”, afirma. Na avicultura isso é muito evidente quando a cama de frango e a mortalidade conseguem servir de adubo/fertilizante para lavouras. “No final, além de contribuir com redução de emissões, por que deixamos de utilizar uma parte de adubos químicos, também se torna margem para o produtor”, completa.

Princípios sustentáveis

Alguns princípios básicos precisam ser considerados para atingir a sustentabilidade na avicultura de corte. Dalmagro resume em cinco principais pontos que merecem maior atenção na avicultura, mas que também podem valer para outras atividades agropecuárias.

O primeiro ponto abordado por Dalmagro diz respeito aos impactos dos insumos e resíduos ao meio ambiente. Ela elenca a eficiência na conversão alimentar; o uso de fontes de energia limpa; o reuso e cuidados com a água e a correta compostagem dos resíduos. “Estes, sem sombra de dúvidas, são os pontos que merecem maior cuidado quando avaliamos as entradas e saídas de uma granja e seu consequente impacto no meio ambiente”, menciona.

Biocompostador acelera a compostagem e transforma as carcaças de frango em um composto utilizado como fertilizante nas lavouras da própria fazenda

O próximo ponto é a sustentação econômica, ou seja, como garantir a viabilidade dos projetos, com remuneração justa a todos os elos da cadeia, e ainda assim garantir proteína de frango de forma acessível ao consumidor.

O terceiro princípio mencionado por Dalmagro faz referência ao bem-estar animal. “Essa é uma premissa da produção animal brasileira, felizmente. E vai ganhar cada vez mais corpo conforme os conceitos de sustentabilidade forem evoluindo”, pontua.

A qualidade de vida das pessoas envolvidas na produção é o quarto ponto abordado por Dalmagro. Segundo ela, o bem-estar animal é uma premissa para a produção, e isso deve valer também para as pessoas envolvidas nas criações. “Somente assim garantiremos a sucessão familiar e estímulo para trabalhadores permanecerem no campo”, afirma.

O quinto e último ponto mencionado por Dalmagro é a segurança dos alimentos. Para ela, falar de alimentos seguros também é falar de sustentabilidade. “Fornecer alimentos com a maior qualidade para as mãos dos consumidores faz parte da agenda ESG. E felizmente já é também um grande gol da avicultura brasileira”, pontua.

Desafio

Um dos gargalos para ampliar o número de propriedades que produzem de forma sustentável é a escassez de incentivos públicos, afinal, de acordo como Luciana, ainda há muito para avançar nesse sentido. “Nosso grande desafio agora é como trazer escala para mais produtores adotarem os projetos que realmente dão certo”.

Fazenda possui um sistema de cisterna para captação de água da chuva com capacidade para 3 milhões de litros

Conforme Dalmagro, isso vai depender da disponibilidade de crédito para haver investimento em geração de energia, reuso de água e modelos construtivos eficientes. “Um exemplo seria taxas de juros menores ou uma bonificação pelo produto que é produzido de forma diferente”, salienta.

Segundo ela, também é preciso adequar e ajustar a jornada da sustentabilidade para diferentes tamanhos de propriedades: pequenas, médias e grandes.

Outro desafio apontado por Dalmagro são as metas de Carbono Neutro e Net Zero para cumprir, o que segundo ela, inevitavelmente vai depender de inovação no campo da descarbonização. “Este também sem dúvida é um enorme desafio”, diz.

Outra consciência

A forma que vemos o mundo hoje não será a mesma que veremos daqui a 20 ou 30 anos. A maneira de ver e encarar os desafios e as possibilidades mudam com o passar do tempo, assim como a mentalidade das pessoas e, consequentemente, os processos de produção. “Não tenho dúvidas que a minha geração é de uma turma que pensa diferente. Não é uma crítica às gerações anteriores, de forma alguma. É só uma questão de modelo”.

Luciana cita o exemplo que teve em casa, com seus pais e avós. O objetivo, segundo Luciana, era apenas prosperar, plantar e colher para alimentar a própria família e outras, de funcionários e parceiros. “Já a minha geração começou a pensar na forma com que o alimento é produzido, e isso se torna parte fundamental do produto. E é aí que entra a sustentabilidade, justamente no questionamento de como produzir e preservar/regenerar, tudo ao mesmo tempo”, ressalta Dalmagro.

Futuro da sustentabilidade

O Brasil é um grande expoente mundial no tema sustentabilidade, especialmente no agronegócio. De acordo com Dalmagro, o país é referência pelas práticas sustentáveis e lidera o tema com uma enorme vantagem competitiva frente aos demais países adotadas. “Quem mais no mundo tem condições de produzir em grande escala, mas também com altos índices de sustentabilidade?”, questiona.

O avanço gradativo da sustentabilidade na produção da Fazenda Alta Conquista foi, segundo Dalmagro, fruto da união das mãos de toda a família e do time de profissionais envolvidos na rotina de trabalho na granja. “Com passos pequenos ao longo de 15 anos, porém de forma consolidada, com baixo endividamento e com a cultura da sustentabilidade como nossa força motriz”, destaca.

A preocupação com o futuro da sustentabilidade na produção avícola e a forma como as propriedades serão entregues para as gerações seguintes, tanto economicamente como também em relação ao desenvolvimento social e de biodiversidade, precisa ser debatido para enraizar a cultura da sustentabilidade a ponto de ser algo intrínseco. “Falando em futuras gerações, que é a geração do meu filho e das minhas sobrinhas, ah esses já nascem com o chip da sustentabilidade instalado, incrível”.

Para Luciana, a sustentabilidade na avicultura brasileira é um caminho sem volta, uma jornada que o setor começou a caminhar, mas para atingir escalas maiores é preciso direcionar esforços para viabilizar projetos para todos os produtores. “E a hora é agora. Se estamos preocupados com o futuro, não podemos descuidar do presente”, menciona.

Além de ser uma empreendedora nata e gestora empresarial na atividade avícola, Luciana Abeid Ribeiro Dalmagro é formada em Farmácia e mestre em Ciências. Ela também recebeu o Prêmio Mulheres do Agro em 2020 e foi embaixadora do mesmo prêmio em 2021 e 2022. Participa de diversos projetos com foco em sustentabilidade e foi eleita pela Bloomberg Línea uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura – Corte & Postura.

Avicultura Após oito anos

UFSM retoma tradicional Simpósio de Sanidade Avícola

Evento será realizado de forma on-line, entre os dias 05 e 07 de junho, permitindo a participação de estudantes e profissionais de diversas regiões do país.

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Foto: Julio Bittencourt

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está em clima de celebração com o retorno do Simpósio de Sanidade Avícola, que volta a acontecer após um hiato de oito anos. Este evento, anteriormente coordenado pela professora doutora Maristela Lovato Flores, teve sua última edição em 2016 e agora ressurge graças aos esforços do Grupo de Estudos em Avicultura e Sanidade Avícola da UFSM (Geasa/UFSM). O Jornal O Presente Rural será parceiro de mídia da edição 2024 do evento.

Sob a nova liderança dos professores doutores Helton Fernandes dos Santos e Paulo Dilkin, o evento chega a 11ª edição e promete manter o alto padrão técnico-científico que sempre marcou suas edições anteriores. “Estamos imensamente satisfeitos e felizes em anunciar o retorno deste evento tão importante para a comunidade avícola”, declararam os coordenadores.

O Simpósio está marcado para os dias 05, 06 e 07 de junho e será realizado de forma on-line, permitindo a participação de estudantes e profissionais de diversas regiões do país. “Com um programa cuidadosamente planejado ao longo dos últimos meses, o evento pretende aprofundar os conhecimentos sobre sanidade avícola, abrangendo temas atuais e pertinentes à Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia”, evidenciou o presidente do Geasa/UFSM, Matheus Pupp de Araujo Rosa.

Entre as novidades deste ano, destaca-se o caráter beneficente do evento. Em solidariedade às vítimas das recentes enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, 50% do valor arrecadado com as inscrições será doado para ajudar aqueles que foram afetados por essa adversidade.

Os organizadores também garantem a presença de palestrantes de renome, que irão abordar as principais pautas relacionadas à sanidade nos diversos setores da avicultura. “Estamos empenhados em proporcionar um evento de alta qualidade, que contribua significativamente para o desenvolvimento profissional dos participantes”, afirmaram.

Em breve, mais detalhes sobre os palestrantes, temas específicos e informações sobre inscrições serão divulgados. Para acompanhar todas as atualizações, você pode também seguir  o perfil oficial do Geasa/UFSM pelo Instagram. “O Simpósio de Sanidade Avícola é uma excelente oportunidade para a comunidade acadêmica e profissional se reunir, trocar conhecimentos e contribuir para o avanço da avicultura, enquanto também apoia uma causa social de grande relevância”, ressalta Matheus.

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

No Dia Mundial do Frango, foco setorial se concentra na garantia de abastecimento

Além da segurança alimentar, setor detém importante papel socioeconômico no Brasil.

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Foto: Shutterstock

Hoje, 10 de maio, é o Dia Mundial do Frango, data criada pelo Conselho Internacional da Avicultura (IPC, sigla em inglês) para celebrar a cadeia produtiva e estimular o consumo de uma das mais importantes e versáteis proteínas animais do mundo.

Neste ano, a avicultura do Brasil abordará uma perspectiva diferente dos anos anteriores. A celebração deste ano exaltará a importância desta proteína para a garantia de segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Em toda a cadeia produtiva, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Apenas nas fábricas são mais de 300 mil postos de trabalho de um setor com Valor Bruto de Produção superior a R$ 90 bilhões.

É uma enorme força de trabalho que produziu no ano passado 14,8 milhões de toneladas em território brasileiro – desde 2013, o Brasil adicionou cerca de 2,5 milhões de toneladas em sua produção.

Quase 35% disto é direcionado a mais de 150 países nos cinco continentes – capilaridade que proporcionou ao Brasil a liderança mundial nas exportações da proteína, sendo responsável por 38% do total do comércio internacional. Para fins de comparação, as agroindústrias brasileiras exportaram no último ano mais que as vendas internacionais de Estados Unidos e União Europeia – segundo e terceiro maiores, respectivamente – somadas, e é maior do que toda a produção da Rússia (quinto maior produtor global da proteína). São embarques que geram receitas próximas a US$ 10 bilhões (dados de 2023).

O impacto econômico e social da carne de frango para o Brasil não está apenas nos dados macroeconômicos. O peso social individualizado da proteína se vê em seu consumo per capita. Cada brasileiro consome, em média, 45 quilos da proteína – índice alcançado em 2020 e que se mantém desde então. É, de longe, a proteína animal mais consumida pelo brasileiro.

São números que mostram a relevância e a missão deste setor com o Brasil – para onde é destinada 65,3% de toda a produção nacional. “Nossa cadeia produtiva é continental, e tem papel determinante nos hábitos, na economia e na cultura gastronômica de Norte a Sul. Do campo às fábricas, são bilhões em investimentos em tecnologia de ponta para garantir a qualidade e a sanidade dos produtos, com maior produtividade. É um dos alicerces alimentares do País, e pilar econômico de diversas regiões. Neste dia, celebramos um setor resiliente, que cumpre seu papel e que seguirá atuando para que não falte o acesso a este alimento de alta qualidade para as famílias de todo o país”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Especialista aponta umidade e profundidade da cama como fatores críticos ao desenvolvimento das aves

Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

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Fotos: Shutterstock

O manejo adequado da cama de frangos de corte é uma peça fundamental no quebra-cabeça da produção avícola. Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

Bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou: “Não há um sistema de gestão único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos” – Foto: Arquivo pessoal

A bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou, elenca que o manejo correto da cama visa garantir um ambiente propício para o desenvolvimento saudável das aves. “Para alcançar esse objetivo é essencial gerenciar e manter as propriedades benéficas da cama, como absorção, evaporação, isolamento e amortecimento, com foco especial em conservar a umidade entre 20 e 25%”, ressalta Connie. Ela vai tratar deste assunto no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que acontece entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, SC.

Controlar a umidade da cama é fundamental para prevenir o crescimento de microrganismos patogênicos e garantir a saúde das aves. Uma cama bem manejada também proporciona um ambiente confortável para as aves se movimentarem, descansarem e se alimentarem, contribuindo assim para o bem-estar animal e o desempenho produtivo. Além disso, o manejo correto da cama pode ter benefícios ambientais, como a compostagem do material usado, que pode ser reaproveitado como fertilizante orgânico, contribuindo para a sustentabilidade da operação avícola.

Qualidade da cama

A qualidade da cama é de extrema importância no desempenho das aves e na saúde intestinal. A especialista em avicultura, ressalta que se a cama for mal gerida, pode se tornar um ambiente ideal para o desenvolvimento de agentes patogênicos nocivos, que podem acabar afetando as aves e provocando doenças. “Níveis excessivos de umidade na cama podem contribuir para o desenvolvimento de lesões nas patas das aves. Além disso, a cama desempenha um papel importante na produção de amônia, se não for cuidadosamente gerenciada, pode levar a níveis elevados de amônia no ambiente, o que foi demonstrado em pesquisas como prejudicial ao sistema respiratório das aves, impactando a função do sistema imunológico, podendo também aumentar o risco de proliferação de bactérias oportunistas.

Vários fatores podem influenciar a umidade da cama, incluindo o uso de água pelas aves, a densidade e as taxas de ventilação. De acordo com a doutora em Gestão Ambiental de Aves, a melhor maneira de abordar o manejo da cama é monitorar a umidade relativa do aviário constantemente e manter um registro histórico de qual é a umidade relativa do ar no aviário ao longo da vida do lote, entre lotes, para entender quão bem está sendo feito o trabalho dentro do aviário, a fim de garantir um equilíbrio adequado de umidade.

Connie diz que nos Estados Unidos aprendeu-se ao longo dos últimos 20 anos que o sucesso da gestão da cama é fortemente influenciado pela educação do produtor. “Existem diversos sistemas de gestão disponíveis para manejo das camas, porém, o sucesso deles depende da capacitação adequada dos produtores. Não há um sistema único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos”, salienta.

Quanto aos sinais de que a cama precisa ser renovada, a especialista conta que nos Estados Unidos a troca acontece quando começa a aparecer areia na cama ou quando se torna muito profunda. “Um sistema não precisa de uma cama com mais de seis polegadas, cerca de 15 cm de profundidade, pois uma cama mais profunda pode dificultar o gerenciamento da amônia e da umidade”, aponta.

Quanto ao reaproveitamento da cama, quando gerenciado corretamente, pode ser mais benéfico do que prejudicial. Isso ocorre porque a cama reutilizada já possui uma população microbiana estabelecida, o que pode acelerar o desenvolvimento da imunidade das aves. “Já em camas novas é muito mais imprevisível quais microrganismos irão povoar as aves desse alojamento, o que pode impactar o desenvolvimento do sistema imunológico dos frangos”, expõe.

Ventilação

Quanto ao manejo adequado da ventilação, seu impacto na qualidade da cama e na saúde das aves é significativo. O objetivo principal da ventilação é remover a umidade gerada pelas aves, o que está diretamente ligado à qualidade da cama e à saúde das aves. “Sem um programa de ventilação adequadamente executado, nunca será possível alcançar uma boa qualidade da cama e, consequentemente, uma boa saúde das aves. Portanto, o manejo adequado da ventilação é essencial para garantir um ambiente saudável e higiênico para as aves durante todo o ciclo de produção”, frisa a mestre em Nutrição de Aves.

Preparação do alojamento

Para garantir um ambiente saudável para as aves, as melhores práticas para a preparação inicial do alojamento antes da chegada dos pintinhos incluem o gerenciamento dos níveis de umidade, mantendo-os abaixo de 20%, e garantindo uma profundidade adequada da cama para acompanhar a deposição de umidade das aves. “É importante observar a aparência da cama, pois se ela ficar muito fina, há maior chance de níveis mais elevados de amônia. Se não houver opção de tratamento de cama para reduzir a amônia no início do lote, torna-se ainda mais crítico gerenciar”, salienta a bacharel em Ciência Animal.

Controle da proliferação de patógenos na cama

Em relação ao controle da proliferação de patógenos na cama, como Salmonella e Escherichia coli, é importante entender que nunca será possível controlar totalmente esses microrganismos, mas apenas gerenciá-los. “A área do microbioma nos aviários ainda é muito mal compreendida, e há muito a ser aprendido sobre como esses organismos interagem. No entanto, uma estratégia eficaz é gerenciar a umidade da cama, pois a água é um dos principais fatores que esses microrganismos precisam para sobreviver”, expõe Connie, acrescentando: “Mantendo a cama o mais seca possível e pelo maior tempo possível, podemos reduzir as chances de crescimento desses patógenos a níveis que impactariam negativamente nossas aves”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: O Presente Rural
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CBNA – Cong. Tec.

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