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Suínos / Peixes

Papel dos óleos e gorduras e dos sufactantes na nutrição de suínos

Outras virtudes dos lipídios como ingredientes, referem-se à melhora da palatabilidade que conferem à dieta, favorecendo a preferência e o consumo, em especial para os mamíferos

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Artigo escrito por Caio Abércio da Silva, doutor em Medicina Veterinária e professor Departamento de Zootecnia – Universidade Estadual de Londrina; Guillermo Vaquero, químico, PhD e especialista em Pesquisa e Desenvolvimento da Kemin; José Arnaldo Dibbern Favero, Químico, DSc e diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Kemin; e Mara Cristina Ribeiro da Costa, médica veterinária, DSc e gerente de Serviço Técnico Suínos da Kemin

Nas últimas décadas as indústrias de ração vêm ampliando o uso de fontes lipídicas como ingredientes com o objetivo de incrementar a densidade energética destes alimentos e, por consequência, promover o desempenho zootécnico. No segmento suinícola sua inclusão nas rações é referenciada entre 1 a 5% da dieta, correspondendo, depois das fontes protéicas e dos carboidratos, ao terceiro ou quarto ingrediente em volume nas rações, estando em concordância com valores utilizados regularmente pelas empresas de alimentos para suínos no Brasil, validando a sua importância na nutrição desta espécie.

Devido ao alto valor energético que detêm, os lipídios fornecem mais energia que os carboidratos e as proteínas, constituindo o principal atrativo para seu uso nas formulações. Adicionalmente, se apresentam também como importantes fontes de vitaminas lipossolúveis e de ácidos graxos essenciais, além de imprimirem um baixo incremento calórico, atributos que valorizam sua participação.

Outras virtudes dos lipídios como ingredientes, referem-se à melhora da palatabilidade que conferem à dieta, favorecendo a preferência e o consumo, em especial para os mamíferos. Atribui-se também que o conteúdo de gordura de uma grande variedade de matérias-primas utilizadas na elaboração de rações evita a liberação de compostos voláteis lipofílicos que têm importantes efeitos olfativos negativos, podendo comprometer o consumo.

Paralelamente, as gorduras melhoram os aspectos de pulverulência das rações, reduzindo assim a perda de nutrientes durante a preparação destas. Além disso, diminuem a rejeição do alimento pelo animal, causada pelo desconforto que as partículas muito finas da ração (pó) podem conferir durante o ato de comer.

Fator econômico

Do ponto de vista econômico a adição de lipídios geralmente aumenta o custo da dieta, embora, em contrapartida, colabore com a viabilização do uso de ingredientes energeticamente mais pobres na ração, especialmente cereais, resultando em um produto final com um valor energético maior com um custo menor.

Para animais em fase de crescimento e terminação a inclusão de lipídios na dieta reduz a síntese endógena de novo das gorduras. Este conduta nutricional permite que o perfil lipídico no animal seja parcialmente modulado pelo tipo de gordura utilizada como ingrediente na ração, atendendo, assim, as demandas alimentares voltadas à saúde do homem.

Fator zootécnico

Do ponto de vista zootécnico, o aumento isolado de lipídios na ração, sem o proporcional incremento proteico, não se traduz diretamente em melhora do ganho de peso nos suínos. Por outro lado, pelo incremento que confere à concentração energética da dieta, este procedimento pode efetivamente melhorar a conversão alimentar, mesmo em dietas consideradas tradicionais, formuladas à base de milho e farelo de soja.

A maioria dos alimentos comercialmente destinados aos suínos contém algum ingrediente lipídico adicionado como fonte energética complementar à energia demandada, sendo que durante certas fases, como a creche e o crescimento e terminação, a incorporação de lipídios às dietas mostra-se necessária para aumentar a ingestão energética diária, atendendo aos requerimentos cada vez maiores desta espécie.

Um importante efeito do uso de lipídios nas rações é o baixo incremento calórico (efeito extra-calórico do nutriente) que este confere no processo digestivo, comparado com os carboidratos e com as proteínas, melhorando o estado de desconforto e de redução de consumo que algumas categorias têm (principalmente animais em fases finais de engorda e matrizes em lactação).

Nas lactantes a redução do consumo é um recurso inerente da categoria para minimizar os efeitos extra-calóricos da dieta, porém, como conseqüência, principalmente a partir do 10º de lactação, a produção leiteira, piora, comprometendo a saúde e o desempenho dos leitões, além de aumentar o estado catabólico da matriz, cujas repercussões são bastante negativas.

Especialmente nos períodos prévios ao parto e durante a lactação, a adição de lipídios nas rações é também um procedimento importante, pois aumenta a porcentagem de gordura no colostro e no leite, tendo grande repercussão na saúde e no desenvolvimento do leitão.

Diante da importância qualitativa e quantitativa desta classe de ingredientes nas dietas, sua utilização deve ser otimizada, mesmo considerando a alta digestibilidade que geralmente tem, estimada entre 85 a 95%.

Alguns fatores

Alguns fatores de ordem física e química vinculados à própria matéria-prima graxa têm relação com o aproveitamento deste nutriente pelo animal. Destacam-se, assim, o tamanho da cadeia molecular (o aumento da cadeia carbônica reduz a digestibilidade), a natureza da gordura (ou o número de insaturações), seu ponto de fusão (quanto menor, maior será sua absorção), sua capacidade de emulsificação e a relação entre os ácidos graxos instaurados e saturados.

Também, fatores inerentes ao animal, como a idade, têm influência sobre a digestão das gorduras, Animais mais jovens produzem menos bílis e, portanto, apresentam reduzida digestibilidade da gordura. Esta observação é relevante para leitões desmamados, em fase de creche, na qual os valores energéticos demandados das rações são altos, sendo muitas vezes obtidos pela inclusão de gorduras nas formulações.

Outro aspecto é o estado de saúde, em especial aquele relacionado com o comprometimento da integridade intestinal. Diarréias, micotoxinas e lesões na mucosa intestinal pioram a absorção da gordura.

Benefícios

Por estas razões inúmeros recursos para incrementação do aproveitamento das gorduras dietéticas têm sido motivo de estudos, destacando o uso de biosurfactantes. Nesta linha, aditivos como os lisofosfolipídios cumprem efetivamente estas funções, incrementado vários parâmetros de interesse zootécnico, em especial a digestibilidade da gordura.

Os lisofosfolipídeos e os monoglicerídeos são componentes oriundos do óleo de soja com potente ação biossurfactante/emulsificante, com comprovadas funções em nível biológico e fisiológico.

A utilização dos biosurfactantes, como aditivos dietéticos, proporciona o aumento da emulsificação e a hidrólise lipídica (agindo juntamente com os sais biliares melhora a ação da enzima lipase), favorecendo a digestão e a absorção das gorduras e demais nutrientes. Recentes estudos demonstraram também que os biosurfactantes agem na modulação da expressão gênica de compostos como o colágeno, entre outros, que no intestino colaboram com a manutenção e o desenvolvimento das microvilosidades, promovendo a saúde intestinal e a absorção dos nutrientes.

A inclusão dos biosurfactantes na dieta conduz ao melhor uso da energia lipídica e dos nutrientes dietéticos, beneficiando a conversão alimentar, o ganho de peso e a saúde intestinal; e no caso de matrizes em lactação, o incremento quantitativo e qualitativo do leite. Além disso, possibilita a redução dos níveis de inclusão das gorduras e óleos nas rações, minimizando os custos destas, mantendo ao mesmo tempo o nível de desempenho almejado, melhorando os lucros do segmento.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2018.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Pesquisadores adaptam técnica que acelera o crescimento do tambaqui

Por meio de um equipamento de pressão, é possível gerar um par a mais de cromossomos no peixe, gerando animais triploides e favorecendo o seu crescimento. Técnica foi adaptada de versões empregadas em criações de truta e salmão no exterior. Método gera animais inférteis, o que possibilita criações em regiões em que o tambaqui é exótico, uma vez que eventuais escapes não impactarão a fauna aquática local no longo prazo.

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Além do crescimento mais rápido e do peso maior do tambaqui, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa - Foto: Siglia Souza

A Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) estuda uma técnica capaz de deixar o tambaqui (Colossoma macropomum) aproximadamente 20% maior e mais pesado. A técnica consiste em gerar, por meio de aplicação de pressão nos ovos fertilizados, peixes com três conjuntos de cromossomos (triploides) – em condições naturais são dois conjuntos – para deixar o peixe infértil. Com isso, ele cresce e engorda mais rápido do que em condições normais. A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Aldessandro Costa do Amaral, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob a orientação da pesquisadora Fernanda Loureiro de Almeida O´Sullivan.

Além do crescimento mais rápido, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa. “Quando você tem um peixe estéril, abre a possibilidade de regularização de seu cultivo em uma região onde ele seja exótico”, ressalta a pesquisadora. Isso porque, em caso de escape para a natureza, os animais estéreis não ofereceriam risco de se reproduzir em regiões das quais eles não fazem parte como, por exemplo, a Bacia do Prata, no Pantanal. “Assim, você expande os locais em que a espécie pode ser cultivada, mediante a regularização da atividade”, destaca a cientista.

A tecnologia já é empregada no exterior em peixes como salmão e truta, e o maior desafio era adaptá-la para o tambaqui, a segunda espécie mais produzida no Brasil. “Nas pisciculturas de truta na Escócia, o peixe cultivado tem que ser obrigatoriamente triploide, para não desovar. Como essas espécies são criadas em gaiolas no mar, precisam ser estéreis para não se reproduzir, o que causaria uma contaminação genética na população natural. Por isso é uma obrigação que todos os peixes sejam triploides”, explica a pesquisadora, acrescentando que a técnica em si não é nova; a novidade está na aplicação em peixes nativos brasileiros. “É uma tecnologia antiga, relativamente simples e de grande efeito na aquicultura, que estamos adaptando para o tambaqui.”

Equipamento de pressão para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes – Foto: Jefferson Christofoletti/Embrapa

Equipamento importado
A pesquisa faz parte do projeto Aquavitae, o maior consórcio científico já realizado para estudar a aquicultura no Atlântico e no interior dos continentes banhados por esse oceano. Por meio do Aquavitae, a Embrapa utilizou de 2019 até 2023, para os primeiros testes dessa técnica, um equipamento de pressão próprio para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes. A empresa norueguesa Nofima cedeu o equipamento para os experimentos na Embrapa Pesca e Aquicultura. Trata-se de aparelho de grande porte que opera de forma automática, bastando regular a pressão e o tempo desejados. A máquina é inédita no Brasil. “O aparelho que mais se assemelha pertence à Universidade de Santa Catarina, porém, a aplicação da pressão é manual”, conta a pesquisadora.

Como é a técnica utilizada?
O´Sullivan explica que a pesquisa buscou definir três parâmetros cruciais para induzir à triploidia. Primeiro, o tempo após a fecundação do ovo em que se deve iniciar o choque de pressão. Depois, foi preciso definir a intensidade da pressão a ser aplicada para o tambaqui, e, por fim, a equipe teve que descobrir a duração ideal da pressão. “Tivemos que identificar esses três parâmetros para o tambaqui ao longo do projeto”, explica a cientista.

Para realizar a técnica, são utilizados um milhão de ovos recém fertilizados, que vão para a máquina de pressão. Em seguida ao choque de pressão, os ovos vão para as incubadoras comumente usadas e o manejo é igual à larvicultura tradicional e à alevinagem. A quantidade de ração também é a mesma por biomassa; apenas os peixes começam a crescer mais. A pesquisadora conta que o protocolo para obtenção de 100% de triploides levou cinco anos para ser alcançado, após vários testes-piloto.

À esquerda, animais convencionais e, à direita, peixes submetidos ao processo de indução de poliploidia. Ambos originários da mesma desova e de idades idênticas.

Em seis meses, 20% maior
Durante a pesquisa, que avaliou o ciclo de crescimento e engorda do tambaqui triploide durante seis meses, observou-se que o peixe ficou 20% maior e mais pesado que os irmãos que não tinham passado pelo choque de pressão (usados como controle). O próximo passo da pesquisa é fazer uma avaliação durante o ciclo completo de crescimento da espécie, que dura 12 meses. “Produzimos um novo lote de triploides que deixaremos crescer até chegarem a um quilo. Se o resultado for o mesmo que tivemos com o peixe de seis meses, eles vão chegar a um quilo em menos de 12 meses”, calcula a pesquisadora, acrescentando que também estão sendo avaliadas a sobrevivência larval e a ocorrência de deformidades nesses peixes.

Outra característica que preocupa os pesquisadores são as consequências da triploidia no sistema imunológico destes peixes. Resultados preliminares indicam que o tambaqui triploide pode ter uma resistência reduzida a condições desafiadoras, como alteração da temperatura da água. Por isso, segundo a pesquisadora, antes que a tecnologia seja repassada para o setor produtivo, serão realizados estudos para a validação completa da técnica de produção de tambaquis triploides. “O primeiro passo era conseguir obter um protocolo que nos desse 100% de triploidia em tambaqui. Ficamos muito felizes e esperançosos de termos alcançado esse objetivo. Agora, outros estudos vão avaliar as vantagens e possíveis desvantagens dessa técnica na produção da espécie”, conclui Fernanda O’Sullivan.

Produção de tilápia usa outra técnica
Embora a infertilidade dos peixes seja uma vantagem para o crescimento do animal e para a expansão a novas regiões de produção, a triploidia não é indicada para a tilápia (Oreochromis niloticus), a espécie mais produzida no Brasil. Segundo a pesquisadora, há para a tilápia uma técnica mais econômica, que promove a criação do monosexo do macho pelo tratamento com hormônio para esse fim.

“A tilápia também tem protocolo de triploidia desde 1980, mas não estão mais usando, pois fica mais barato fazer a masculinização pela ração”, ressalta O´Sullivan. Ao contrário do tambaqui, em que as fêmeas são maiores do que os machos, na tilápia, os machos é que são maiores. Assim, foram desenvolvidas técnicas para masculinizar as larvas da tilápia. Ainda, para se fazer a triploidia, os ovos devem ser fertilizados in vitro, ou seja, artificialmente. E a produção de larvas de tilápias hoje se baseia na reprodução natural dos casais e coletas dos ovos já em desenvolvimento.

No caso da criação de monosexo da tilápia, quando os alevinos começam a comer, é oferecida ração com metiltestosterona. Isso faz com que todos os peixes se tornem machos. Com a produção exclusiva de machos, além de acelerar o crescimento, evita-se problemas de reprodução desenfreada da espécie, que é exótica no Brasil.

A pesquisadora ressalta que a técnica do monosexo nada tem a ver com a triploidia. “A técnica empregada no peixe triploide está ligada ao crescimento e à esterilidade. A esterilidade é muito importante, porque é uma característica que o monosexo não tem. Os peixes são do mesmo sexo, porém são férteis”. Ela conta que a Embrapa já está pesquisando produzir monosexo de tambaqui feminino, também pelo uso da ração – no caso, acrescida de estradiol.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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