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Suínos / Peixes

Otimização dos aditivos funcionais em nutrição animal

Aditivos que dão suporte específico à saúde intestinal incluem, entre outros, os (sais de) ácidos orgânicos, leveduras e produtos de parede celular de leveduras, componentes de extratos botânicos, prebióticos e probióticos

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Artigo escrito pelo doutor Tim Goossens, gerente de desenvolvimento de negócios em Performance digestiva da Nutriad na Bélgica

Uma das mudanças mais importantes ocorridas na pecuária nas duas últimas décadas foi o reconhecimento de que a saúde intestinal é um fator primordial para o desempenho do animal. Esse fenômeno foi acelerado pela crescente conscientização sobre o impacto na rentabilidade proveniente de um bom manejo dos animais e da importância da prevenção de doenças, bem como da busca por meios para reduzir o uso de antibióticos.

Portanto, não surpreende que muitos aditivos funcionais destinados a alimentação animal, ou seja, componentes adicionados em baixas concentrações a esses alimentos visando desencadear efeitos que vão além de seu valor nutricional, tenham sido desenvolvidos com o intuito de influenciar especificamente o resultado desses fatores de modo positivo. Aditivos que dão suporte específico à saúde intestinal incluem, entre outros, os (sais de) ácidos orgânicos, leveduras e produtos de parede celular de leveduras, componentes de extratos botânicos, prebióticos e probióticos.

À medida que o conhecimento científico acerca da saúde e função intestinais continua crescendo, descobertas e métodos científicos recentes vão sendo utilizados por pesquisadores nos aditivos, em um esforço para otimizar a eficácia desses produtos. Neste artigo, apresentarei exemplos dessa utilização para duas classes de aditivos funcionais destinados a alimentação animal: butirato e extratos botânicos.

Butirato: Em que ponto do trato gastrintestinal (TGI) liberá-lo?

O butirato de sódio é um sal de ácido butírico, ácido graxo de cadeia curta, formado como produto final da fermentação de carboidratos por bactérias anaeróbicas no intestino grosso. É uma molécula bem conhecida por sua capacidade de estimular vários efeitos em níveis celular e microbiológico em diversos tecidos. Ela pode, por exemplo, ser usada como fonte de energia por células epiteliais que revestem o trato intestinal; sabe-se também que ela reduz a produção de citocinas pró-inflamatórias, induz a produção de hormônios entéricos e fortalece as junções celulares entre enterócitos, para citar apenas alguns de seus efeitos.

Diversos tipos diferentes de células e bactérias encontrados em todo o TGI são sensíveis ao butirato. Sendo assim, qual parte desta ampla variedade de efeitos dependentes do butirato será ativada vai depender fortemente do local entérico em que o sal será liberado após sua ingestão por via oral. Por exemplo, o butirato não protegido será facilmente absorvido e metabolizado na primeira parte do trato digestivo, o estômago. A porção não prontamente metabolizada pela mucosa gástrica será transportada através da veia porta para o fígado e daí para as veias hepáticas.

Uma vez que os animais também se beneficiarão do butirato liberado mais diretamente na mucosa intestinal (ou seja, pela ligação aos receptores de células enteroendócrinas presentes no lúmen e, assim, estimulando a liberação de hormônios entéricos), os produtores de aditivos tentaram criar produtos em que o butirato esteja protegido contra a absorção gástrica. Para tal, utilizam uma das duas abordagens seguintes: revestimento do butirato e/ou uso de derivados como as butirinas.

Em geral, produtos revestidos são compostos por grânulos contendo butirato incorporados em uma matriz de gordura vegetal. Os produtos que contêm apenas uma pequena quantidade de gordura (em geral, cerca de 30%) não oferecem uma proteção significativa para o butirato, embora tenham um odor menos pungente do que os que contêm butirato não protegido. Nos produtos cujo teor de gordura está em torno de 70%, uma parte significativa do butirato só será liberada a partir do momento em que a lipase for secretada no duodeno, quebrando a matriz lipídica protetora e, assim, resultando em uma liberação gradual do butirato no trato intestinal; essa liberação é normalmente chamada de “liberação objetiva”.

Por outro lado, mono-, di- e tributirinas são compostas por um esqueleto de glicerol ao qual estão ligadas, respectivamente, uma, duas ou três unidades de butirato. Pode-se supor que essas moléculas, que são triglicerídeos de cadeia curta, não serão absorvidas no estômago, mas que as ligações que estão na porção externa do glicerol serão clivadas pela lipase pancreática, liberando o butirato na parte proximal do intestino delgado.

Essas hipóteses sobre a cinética de liberação do butirato foram testadas in vitro e in vivo. A avaliação in vitro é feita, principalmente, pela incubação dos produtos com uma solução que imita o ambiente gástrico ou intestinal. A simulação gástrica é feita em pH baixo e na presença de pepsina, enquanto a incubação intestinal ocorre em pH mais alto e na presença de pancreatina ou de lipase. A quantidade de butirato liberada pelo produto é medida ao longo do tempo, constituindo uma aproximação do perfil de liberação daquele produto in vivo.

Com base nesses ensaios in vitro, as regiões do TGI onde o butirato é liberado pelos diferentes produtos. Uma observação importante que fizemos é que vários produtos (50-30%) contendo butirato revestido por gordura (50-70%) liberam este sal já durante a etapa gástrica, não oferecendo qualquer proteção para liberação no alvo.

Esses perfis foram posteriormente validados in vivo, analisando-se a concentração de butirato em diferentes partes do TGI de animais alimentados com aqueles produtos.

Extratos botânicos: Como buscar efeitos sobre a atividade microbiana

Comparado ao do butirato, o estudo do uso dos extratos botânicos como aditivos é ainda mais complexo, uma vez que esses extratos são, em geral, uma mistura de muitos componentes. Numerosos produtos fitoquímicos, além de ervas secas, extratos de plantas e óleos essenciais têm sido descritos como tendo efeitos benéficos sobre uma enorme variedade de parâmetros, como digestão, pressão sanguínea, anti-inflamação e proteção hepática. É, portanto, um desafio desenvolver, de forma racional, uma mistura de aditivos para alimentação animal contendo extratos botânicos: como selecionar ingredientes dentre uma infinidade de componentes derivados de plantas, cada um deles capaz de ativar diversas respostas fisiológicas, com o intuito de dar o máximo possível de suporte à saúde e desempenho animais?

Diversos aditivos fitogênicos para alimentos destinados a animais, que objetivam apoiar a saúde intestinal e o desempenho de rebanhos, têm como alvo, portanto, a composição e atividade da microbiota intestinal. Isso pode ser explicado pelo fato de que, em anos recentes, tem havido um acúmulo de evidências sobre o papel fundamental da microbiota intestinal na manutenção da saúde de diversos órgãos e tecidos, inclusive do TGI. Ao selecionar ingredientes que afetem as bactérias intestinais, como os constituintes dos extratos botânicos, muitos produtores de aditivos para alimentos destinados a animais apoiam-se em experimentos in vitro, que demonstram seu efeito bacteriostático. Contudo, os componentes ativos desses extratos botânicos chegam ao trato digestivo dos animais em concentrações muito menores do que a concentração mínima necessária para inibir o crescimento das bactérias (patogênicas). Sendo assim, uma abordagem mais confiável para selecionar esses ingredientes seria focar nos efeitos que os extratos botânicos podem ter em concentrações muito mais baixas e que possam ser relevantes para o controle da atividade bacteriana e aumento da saúde intestinal.

Um dos possíveis mecanismos dos aditivos contendo extratos botânicos que pode ser considerado é o seu efeito sobre o quorum sensing (QS). Continuamente as bactérias secretam sinais QS que lhes permitem sincronizar seu comportamento. Mais especificamente, quando o número (o quorum) de uma certa espécie ou grupo bacteriano em um dado ambiente aumenta, há também um aumento na concentração dos sinais QS que essas bactérias secretam. Se um limiar específico dessas moléculas for atingido, vias sinalizadoras dependentes do QS serão ativadas no interior das bactérias, resultando em respostas bioquímicas frequentemente associadas à sua patogenicidade, como a produção de toxinas.

Em consequência, compostos ativos na interrupção do QS estão sendo cada vez mais investigados na medicina humana como alternativas potenciais aos antibióticos devido à sua eficácia em baixas concentrações e à baixa probabilidade de que as bactérias desenvolvam resistência contra essas moléculas não letais.

Mas o QS também tem sido considerado importante para patógenos veterinários e zoonóticos, incluindo Clostridium perfringens, Yersinia pseudotuberculosis, Campylobacter jejuni e Salmonella entérica subespécie entérica. Uma vez que os aditivos contendo extratos botânicos já foram aceitos no setor agrícola como meio de melhorar a saúde intestinal e o desempenho animal, é muito provável que a triagem de compostos fitogênicos por sua capacidade de inibir o QS seja adicionada ao arsenal dos produtores desses aditivos ao desenvolver produtos que apresentem alta atividade em baixas concentrações.

Conclusão

A saúde intestinal é de importância vital para o bem-estar e o desempenho dos animais. Diversos aditivos em alimentação, como os butiratos e produtos à base de extratos botânicos, têm sido comercializados como suporte ao desenvolvimento e funcionamento intestinais. Descobertas recentes em fisiologia digestiva, microbiologia e imunologia revelaram alguns dos mecanismos biológico-celulares que, provavelmente, levam a esses efeitos benéficos. Além disso, elas fornecem elementos para avaliar a atividade biológica desses produtos in vitro. Esses ensaios de avaliação podem ser usados como fundamento para o desenvolvimento futuro dos aditivos aumentando, assim, a sua probabilidade de eficácia in vivo.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Cadeia do peixe mira profissionalização e negócios

Profissionais capacitados e atualizados são essenciais para impulsionar a inovação, aumentar a eficiência produtiva e garantir a competitividade no mercado global.

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Foto: Jaelson Lucas

A piscicultura e a pesca no Brasil têm se mostrado setores de vital importância econômica e alimentar, com um potencial de crescimento extraordinário. No entanto, para que esse potencial seja plenamente alcançado, é crucial enfatizar a constante profissionalização dessas áreas como uma ferramenta fundamental para impulsionar seu desenvolvimento.

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo no número de congressos e feiras de negócios dedicados à piscicultura e pesca. Recentemente, o evento Inovameat em Toledo e os próximos eventos organizados pelo IFC Brasil em Foz do Iguaçu, Itajaí e Belém até o fim deste ano destacam-se como importantes plataformas para a troca de conhecimento, experiências e tecnologias inovadoras.

Esses eventos não são apenas oportunidades para networking, mas também são catalisadores para a profissionalização do setor. Eles oferecem espaços para debates sobre as melhores práticas, novas técnicas de produção, avanços tecnológicos e questões regulatórias, fundamentais para elevar os padrões de qualidade, segurança e sustentabilidade da piscicultura brasileira.

É inegável que a profissionalização é um dos principais impulsionadores do crescimento desses setores. Profissionais capacitados e atualizados são essenciais para impulsionar a inovação, aumentar a eficiência produtiva e garantir a competitividade no mercado global. Além disso, a profissionalização contribui para a valorização do trabalho no campo, incentivando a adoção de práticas sustentáveis e responsáveis.

Um dos aspectos mais promissores é que a produção de peixes no Brasil vem crescendo a uma taxa superior à média das outras proteínas animais. Esse crescimento é resultado não apenas do potencial natural do país, mas também do esforço contínuo de profissionalização e modernização do setor.

É fundamental que os governos, instituições acadêmicas, empresas e profissionais do setor continuem investindo na profissionalização da piscicultura e da pesca. Isso inclui o desenvolvimento de programas educacionais, capacitação técnica, acesso a tecnologias inovadoras e apoio à pesquisa e desenvolvimento.

Ao destacar a importância da profissionalização, reconhecemos que ela não é apenas uma necessidade, mas sim uma oportunidade para transformar a piscicultura e pesca brasileira em um setor ainda mais próspero, sustentável e competitivo no cenário internacional.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Giuliano De Luca, jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural.
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Suínos / Peixes

Primeiro trimestre registra crescimento expressivo nas exportações brasileiras de peixe de cultivo

Foram US$ 8,73 milhões movimentados no setor entre janeiro e março, maior valor registrado para o período desde 2020.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Consideráveis aumentos de 48% em valor e de 20% em peso estão entre os principais resultados das exportações brasileiras da piscicultura nos três primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Foram US$ 8,73 milhões movimentados no setor entre janeiro e março, maior valor registrado para o período desde 2020, quando a Embrapa começou a acompanhar sistematicamente esse mercado. Detalhando por mês, foram US$ 2,58 milhões em janeiro, US$ 2,61 milhões em fevereiro e US$ 3,54 milhões em março.

Foto: Cláudio Neves

Ainda representando percentual pequeno com relação a toda a produção nacional, as exportações brasileiras da piscicultura têm aumentado de maneira consistente nos últimos anos. De acordo com Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura na área de economia aquícola, o aumento da produção e da profissionalização da cadeia da piscicultura são alguns dos fatores que explicam o crescimento das exportações. “Apesar do mercado nacional absorver a grande maioria da produção, as empresas do setor têm buscado diversificar os canais de venda por meio das exportações”, expõe.

Entre as categorias de produtos, a mais exportada no primeiro trimestre de 2024 foi a de filés frescos ou refrigerados, que respondeu por 65% de todo o valor movimentado: U$ 5,65 milhões. Na sequência, com 23% do valor movimentado no período, aparece a categoria de peixes inteiros congelados. Esses e outros dados estão disponíveis de maneira gratuita no Informativo de Comércio Exterior da Piscicultura – Trimestre 01/2024. O boletim é editado pela Embrapa Pesca e Aquicultura e conta com a parceria da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Série histórica

A edição referente ao primeiro trimestre de 2024 é a 17ª ininterrupta. O trabalho da Embrapa de acompanhamento das exportações brasileiras da piscicultura começou em 2020; portanto, está entrando no quinto ano seguido. O que já permite construir uma série histórica e apontar algumas características desse setor. Manoel explica que a consolidação da tilápia como carro-chefe é a principal característica verificada ao longo desse período. “A importância do mercado norte-americano como principal destino das vendas e o crescimento dos embarques de filés frescos de tilápia são outros pontos de destaque”, ressalta.

Entre janeiro e março deste ano, 95% de todo o peixe exportado pelo Brasil foi tilápia. A espécie movimentou U$ 8,31 milhões. Na sequência, ambos com 2% de participação, aparecem bagres e curimatás.

E, também conforme dito pelo pesquisador, os Estados Unidos, novamente, foram o principal destino das exportações brasileiras da piscicultura no primeiro trimestre de 2024. Com 89% de participação, os valores movimentados chegaram a U$ 7,77 milhões. A seguir, cada país com 2%, estão China, Japão, Colômbia e Canadá. Diferença significativa entre o primeiro e os demais destinos.

Tilápia

Fazendo o recorte para a principal espécie exportada (que também é a mais cultivada no Brasil), dos U$ 8,31 milhões movimentados pela tilápia, U$ 5,64 milhões (ou 68%) foram na categoria de filés frescos ou refrigerados. Na sequência, com 23% da movimentação financeira (U$ 1,87 milhão), aparece a categoria de tilápia inteira congelada.

Com relação ao preço, quatro das cinco categorias tiveram aumento no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. A categoria que conseguiu maior preço foi a de filé fresco ou refrigerado, com U$ 7,57 por kg, registrando aumento de 17% com relação ao preço do primeiro trimestre do ano passado, que foi de U$ 6,45 por kg.

Paraná (com 81% dos valores), São Paulo (responsável por 12%) e Bahia (com 4% do total movimentado) foram os três estados que mais exportaram tilápia no primeiro trimestre de 2024. Nos três, a categoria de filés frescos ou refrigerados foi a líder.

E para os próximos trimestres, alguma mudança relevante pode acontecer? Quem responde é o pesquisador Manoel: “as exportações de outros peixes de cultivo têm crescido, em particular do tambaqui. Organizações e empresas da cadeia do tambaqui têm realizado ações para abertura de mercados no exterior (ex: Estados Unidos) e é possível que isso resulte num aumento das exportações nos próximos meses de 2024”.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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Suínos / Peixes

Propriedade no Paraná é reconhecida modelo em sustentabilidade

O que diferencia o trabalho da família Zanatta é sua abordagem holística, que abrange desde a conservação de nascentes de água até a adoção de energia solar na piscicultura, visando tornar sua propriedade completamente autossustentável.

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Foto: Divulgação

Quando em 2016 decidiram ingressar na piscicultura, o casal de produtores Jairo e Sandra Zanatta assumiram o compromisso de preservar a área verde, conservar os recursos naturais e adotar boas práticas sustentáveis para garantir a longo prazo o equilíbrio do ecossistema e a sustentabilidade da sua propriedade, localizada na linha Marrecos, distrito de Margarida, no interior de Marechal Cândido Rondon (PR).

Casal de piscicultores Sandra e Jairo Zanatta produzem tilápia há oito anos e recentemente recebeu o 1º lugar do Prêmio Produtor Rural Sustentável: reconhecimento classificou a propriedade para a etapa nacional da premiação – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com uma área de 12,6 alqueires, a fazenda possui 12 tanques escavados destinados à criação de tilápias, com possibilidade para alojar até 500 mil peixes por ciclo produtivo, que varia de 10 a 11 meses. “São 70 mil metros quadrados de lâmina d’água”, conta o piscicultor. “Dependendo da época que alojamos os peixes, atingimos uma produção de 1,2 a 1,3 lotes por ano”, complementa.

A produção anual alcança entre 400 a 450 toneladas, com uma média de peso de 950 gramas por peixe. De acordo com os produtores, há espaço para ampliar o negócio em mais 30 mil metros quadrados de lâmina d’água, o que possibilitaria chegar até 100 mil metros quadrados em seu sistema produtivo.

Recentemente, Zanatta foi reconhecido entre mais de 300 produtores com o 1º lugar do Prêmio Produtor Rural Sustentável, iniciativa promovida pelo Sicoob Central Unicoob no Paraná, destacando sua propriedade como autossustentável. A premiação o classificou junto com outras 11 propriedades na etapa nacional, sendo ele o único representante do Paraná. “Independente de ganhar ou ficar entre os primeiros, figurar entre as propriedades mais sustentáveis do Brasil é muito gratificante, além de ser uma demonstração do reconhecimento do trabalho que realizamos para preservar e conservar as nascentes e a área verde, do cuidado com o manejo da atividade e o uso da geração de energia limpa”, salienta, contando que uma equipe da cooperativa já esteve na propriedade para validar as informações repassadas e a data prevista para divulgação do resultado da etapa nacional é em meados de maio. “Nossa expectativa é figurar entre os seis melhores do Brasil”, ressalta.

Compromisso inabalável com a sustentabilidade

O que diferencia o trabalho da família Zanatta é sua abordagem holística, que abrange desde a conservação de nascentes de água até a adoção de energia solar na piscicultura, visando tornar sua propriedade completamente autossustentável.

Propriedade possui duas usinas de minigeração de energia renovável através de placas fotovoltaicas que atende toda a propriedade, incluindo os aeradores, os alimentadores automáticos e o bombeamento de água para os tanques escavados

Sua visão vai além da mera produção, Jairo entende que cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade compartilhada e que, ao adotar práticas sustentáveis, não apenas preserva os recursos naturais, mas também garante a viabilidade de seu negócio a longo prazo. “Ao iniciarmos na piscicultura, priorizei a preservação das nascentes. Hoje são quatro minas de água preservadas. Também priorizamos a mata no entorno da propriedade, inclusive com plantio de novas árvores. Também instalamos duas usinas para minigeração de energia renovável através de placas fotovoltaicas e para garantir a qualidade da água nos tanques escavados usamos probióticos uma vez por semana. Além disso, a propriedade foi totalmente automatizada, incluindo a alimentação dos peixes, realizada por alimentadores automáticos em cada açude, integrados ao sistema de geração de energia limpa. E os peixes mortos são destinados à compostagem”, explica.

Na usina principal, instalada em 2021, com 280 placas, é produzida energia para toda a propriedade, incluindo os aeradores e os alimentadores automáticos. Na segunda usina, 28 placas geram energia dedicada exclusivamente ao bombeamento de água para os tanques escavados. O investimento total foi de cerca de R$ 450 mil nos dois sistemas. “Desde que temos as usinas conseguimos uma redução de custos com energia elétrica de aproximadamente 95%. Embora o investimento ainda não esteja totalmente pago, já se mostra altamente vantajoso”, exalta Jairo.

Aprimorar operações

Jairo e Sandra destacam que, embora a propriedade seja considerada autossustentável, a busca por melhores práticas é constante. “Estamos empenhados em aprimorar nossas operações diariamente, buscando tecnologia e inovação para tornar nossa produção ainda mais sustentável”, enaltecem, acrescentando: “É muito gratificante ver que, como resultado desse esforço contínuo, fomos reconhecidos pela cooperativa Sicoob, que nos projetou para buscar o título de propriedade autossustentável a nível nacional”.

Qualidade da água

Para garantir a qualidade da água para o cultivo e o bem-estar dos peixes, Jairo conta que a água utilizada tem origem em uma mina do Rio Marrecos. “Além disso, realizamos medidas sanitárias rigorosas, como manejo adequado e alimentação de qualidade. A qualidade da água é priorizada, sendo tratada semanalmente com probióticos para mitigar o estresse hídrico causado pelo calor excessivo. Contamos também com o suporte da equipe veterinária e técnica da C.Vale, cooperativa à qual somos integrados”, mencionam os produtores.

Propriedade fica localizada na Linha Marrecos, Distrito de Margarida, no interior de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná

Desafios

O casal de piscicultores afirma que o desafio atual que persiste na criação de tilápia é relacionado ao estresse hídrico devido às altas temperaturas, que, em alguns dias chegaram a superar 40ºC. “Isso nos obriga a reduzir a quantidade de alimentação, resultando em um ganho de peso diário menor, o que acaba comprometendo a conversão alimentar. Essa situação afeta não apenas nossa propriedade, mas toda a piscicultura. Apesar dos desafios, realizamos um controle rigoroso e manejo cuidadoso para buscar constantemente melhorias”, enfatizam.

Outra forma de garantir o bem-estar e o conforto térmico para controlar a temperatura da água devido ao calor excessivo é por meio do bombeamento e renovação de água, além da aeração. “Essas práticas de manejo são essenciais para proporcionar conforto aos peixes, controlar a mortalidade e garantir a sanidade do ambiente”, afirma Jairo.

Prêmio Produtor Rural Sustentável

O Prêmio Produtor Rural Sustentável é uma iniciativa promovida pelo Sicoob Central Unicoob, com o propósito de reconhecer e premiar os produtores rurais cooperados que se destacam por suas práticas sustentáveis no setor agropecuário brasileiro. Nesta edição foram oito produtores do Paraná reconhecidos por suas boas práticas de sustentabilidade. Somente a família Zanatta se classificou para a etapa nacional.

O prêmio valoriza as ações implementadas por produtores rurais financiados pelo Sicoob, que adotam práticas de produção sustentável alinhadas com os princípios do ESG (ambiental, social e governança). Este reconhecimento destaca tanto as iniciativas ambientais quanto as sociais e de governança desses produtores, contribuindo para o avanço da sustentabilidade no campo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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